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Brant
Gardner
Copyright 1998
A
pesquisa sobre egípcio reformado
deve começar no próprio Livro de Mórmon, que é onde o termo é usado. O que
significa? O que poderia significar quando os termos foram escritos [pela
primeira vez]? Estas questões requerem necessariamente que comecemos uma
análise do próprio texto d’O Livro de Mórmon.
Comecemos
com 1 Néfi 1:2
“Sim,
faço um registro na língua de meu pai, que consiste no
conhecimento (ou aprendizado) dos
judeus e na língua dos egípcios.”
Temos
dois elementos:
1.
O
aprendizado dos judeus, e
2.
A Linguagem dos egípcios.
Sorenson
considera que o “aprendizado dos
judeus” [tradução livre do original em inglês] significa
todo o contexto cultural, e seria, inclusive, o aprendizado do próprio idioma (Sorenson, 1985, An Ancient American Setting for the Book of Mormon, p. 74). Ele então segue com uma análise da
“linguagem dos egípcios”. Isto está baseado pesadamente no seguinte texto de
Mórmon:
“E agora, eis que
nós escrevemos este registro de acordo com nosso conhecimento, nos caracteres
que são chamados entre nós de egípcio reformado, sendo transmitidos e alterados
por nós, de acordo com a nossa maneira de falar.” (Mórmon 9:32 – tradução livre do idioma
inglês)
De
acordo com Sorenson, isto significaria que Mórmon usou sinais do idioma egípcio
para descrever o hebraico (Sorenson 1985, p. 76). Esta [idéia] pode ser
reforçada pelo texto a seguir:
“E se nossas placas
tivessem sido suficientemente grandes, teríamos escrito em hebraico; mas o
hebraico também foi alterado por nós; e se tivéssemos escrito em hebraico, eis
que nenhuma imperfeição encontraríeis em nosso registro.” (Mórmon 9:33)
O
problema conceitual com esta ligação é o tempo entre a chegada [do grupo de
Leí] as Américas e a época em que Mórmon escreveu nas placas. Algo em torno de
mil anos separam as declarações de Néfi e de Mórmon. Mórmon indica claramente
que tanto os caracteres egípcios quanto os hebraicos haviam sido alterados. As
alterações são suficientes para que sua “linguagem” seja desconhecida por
qualquer outro povo, conforme indicado pelo versículo seguinte:
“Mas o Senhor sabe as coisas que escrevemos e também que nenhum
outro povo conhece nossa língua; e porque nenhum outro povo conhece nossa língua,
ele preparou, portanto, meios para a sua interpretação.”
Declaração
similar é feita sobre a ininteligibilidade da linguagem jaredita em Éter 3:22-24:
22 E eis que quando vieres a mim, tu as escreverás e selarás, a fim
de que ninguém as possa interpretar; porque tu as escreverás em uma linguagem
que não possa ser lida.
23 E eis que eu te darei estas duas pedras e tu também as selarás juntamente com as coisas que
escreveres.
24 Porque eis que eu confundi a língua em que irás escrever;
portanto farei com que, no meu devido tempo, estas pedras esclareçam aos olhos
dos homens as coisas que irás escrever.)
Embora
não seja claro quais aspectos da “linguagem” estão envolvidos neste versículo,
a mensagem é que seu idioma é único. Isto deve deixar de fora uma interpretação
simplista de “linguagem”, como [se referindo ao] hebraico, já que esta linguagem
ainda é conhecida. Na época em que Mórmon escreveu, [já tinha] havido uma
mudança nos dois componentes da linguagem escrita:
1º
- Seja o que for que o texto represente este não é em hebraico, por explícita
declaração de Mórmon (9:33).
2º
Também sabemos que, seja qual for a ortografia, [o texto] não foi [escrito] em
“puro” idioma egípcio, mas em vez disso, Mórmon (9:32) informa que é “em
caracteres que são chamados entre nós [de] egípcio reformado (tradução livre do inglês).
Em
outras palavras, na época de Mórmon, o qual escreveu a grande maioria do texto
[d’O Livro de Mórmon], o hebraico não é mais o hebraico [original] e o egípcio
não é mais o egípcio [original]. É importante lembrar que o termo “egípcio
reformado” apenas ocorre quase 1000 anos depois de Leí deixar Jerusalém. Então,
procurar por egípcio reformado no Velho Mundo é inútil, nos textos
que estão fora d’O Livro de Mórmon.
Ficamos
com dois períodos de tempo com palavras similares, mas com possíveis
significados diferentes. Certamente que durante o tempo de Leí não havia
alterações significativas no [idioma hebraico]. Não é claro porque as alterações
teriam ocorrido nos caracteres egípcios durante a época [em que] Néfi viveu. Assumindo
que Néfi os conhecia, ele teria poucas razões para mudá-los; no entanto, os
mesmos termos aparecem mil anos mais tarde, com a ressalva de que já não mais
descrevem o que descreviam antes.
O
que eles poderiam já ter descrito? Nas holográficas placas menores de Néfi há
outra referência muito específica à escrita egípcia:
“Porque não teria sido possível a nosso pai, Leí, lembrar-se de
todas estas coisas para ensiná-las a seus filhos, se não fosse pelo auxílio
destas placas; pois tendo ele sido instruído no idioma dos egípcios podia, portanto, ler estas gravações e ensiná-las
a seus filhos, para que assim eles pudessem ensiná-las a seus filhos...” (Mosias 1:4 - entretanto, isto se refere às placas
de Labão!)
Neste
ponto temos a possibilidade de encontrar uma representação mista de linguagens,
com o significado de uma, escrita nos caracteres de outra. De fato, este
processo tem justificação histórica. William Hamblin observa um paralelo
bastante impressionante de semítico e egípcio:
“O exemplo mais antigo conhecido de
linguagem semítica mista com hieróglifos egípcios modificados são as inscrições
Byblos Syllabics (Século XVIII a.C.),
da cidade de Byblos na costa fenícia.[6] Esta escrita é descrita
como um “silabário” claramente inspirado no sistema hieroglífico egípcio, e de
fato é a mais importante ligação conhecida entre os hieróglifos e o alfabeto
cananita”.[7] Interessantemente, a maioria dos textos em Byblos Silábico
foram escritos sobre placas de cobre.
Desse modo, não seria razoável
descrever os textos Byblos Silábicos como uma linguagem semítica escrita sobre
placas de metal em “caracteres egípcios reformados,"[8] o que
precisamente é o que O Livro de Mórmon descreve." (William J. Hamblin, Reformed Egyptian. FARMS, 1995).
Parece
razoável dizer que no início d’O Livro de Mórmon, as placas de latão são uma
conflação (combinação) do aprendizado dos judeus e a linguagem dos egípcios
similarmente ao que é demonstrado pelas inscrições Byblos Silábicas, o que
antecipa significativamente o tempo d’O Livro de Mórmon. É razoável e
internamente documentado, que esta conflação de linguagem e sistema de escrita
(assumindo que interpretamos o versículo para indicar esta idéia em particular)
mudou ao longo do tempo e se tornou algo bastante diferente da forma quando
começou. Já que Mórmon nunca disse se a “reforma” era pequena ou grande, somos
deixados com a possibilidade, pelo menos, de que restava pouco do idioma egípcio
mil anos depois.
Rastreando a Linguagem n’O Livro de
Mórmon
A
análise acima repousa pesadamente sobre a suposição de que a “linguagem dos
egípcios” se refere ao seu sistema de escrita. Embora o texto de Mosias reforce
essa hipótese (como a linguagem dos egípcios era lida nas placas), este não é o
único lugar onde o termo “linguagem” é usado.
4 “Pois não era possível que nosso pai,
Leí, pudesse ter lembrado [de] todas estas coisas para tê-las ensinado a seus
filhos, exceto pela ajuda dessas placas; pois tendo sido ele ensinado na
linguagem dos egípcios, portanto ele podia ler essas gravações e ensiná-las a
seus filhos, ...” (Mosias 1:4 - tradução livre do inglês)
O
uso do termo “linguagem” em outros textos indica que ele tinha múltiplos
significados quando Joseph Smith o usou. Isto é particularmente importante por
causa da fraseologia de 1 Néfi 1:2:
"Sim, faço um registro na
linguagem de meu pai, a qual consiste no aprendizado dos judeus e na linguagem
dos egípcios.” (tradução livre inglês)
A
hipótese prevalecente é que a “linguagem de meu pai” se refere ao idioma
hebraico, e que a “linguagem dos egípcios” se refere à forma escrita (apesar de
que pode facilmente ser estendido à própria linguagem).
Enquanto
examinamos o uso da palavra “linguagem” n’O Livro de Mórmon, a encontramos
frequentemente no contexto que não permite facilmente a interpretação de uma
linguagem falada ou escrita:
“Eis, aconteceu que eu, Ênos, conhecendo
meu pai, que ele era um homem justo, pois ele ensinou-me em sua linguagem, e
também na educação e admoestação do Senhor, e abençoado seja o nome de meu Deus
por isto.” (Ênos 1:1 - tradução livre do inglês)
Embora
seja certamente possível que Ênos queria dizer que ele aprendeu a mesma
linguagem que seu pai falava o que é uma coisa tão banal que não haveria razão
para declará-lo. Quando Ênos diz que ele foi ensinado na linguagem de seu pai,
ele pode querer dizer algo mais do que apenas a sua maneira de falar.
Similarmente:
“E aconteceu que ele teve três filhos,
e ele chamou seus nomes [de] Mosias, e Helorum, e Helamã. E ele fez com que
eles fossem ensinados em toda a linguagem de seus pais, para que por esse meio
eles pudessem se tornar homens de entendimento; e para que eles pudessem saber
concernente às profecias que haviam sido faladas pelas bocas de seus pais, que
lhes foram transmitidas pela mão do Senhor”. (Mosias
1:2 - Ver também Mosias 9:1 e Alma 5:61 - tradução livre do inglês)
Nenhuma
dessas passagens faria sentido se assumíssemos que elas devem ser tomadas com o
significado literal de “linguagem”. Certamente não é incomum que uma criança
aprenda a “linguagem” de seu pai. Neste caso, o termo “linguagem” parece seguir
o conceito que Nefi usou quando disse que foi ensinado no “aprendizado dos
judeus”.
Portanto,
uma das precauções que devemos ter ao interpretar passagens d’O Livro de Mórmon
a respeito da linguagem é que o texto pode ter significados para a palavra diferentes
daquele que nos falaria a respeito do vocabulário ou da sintaxe. Esse possível
significado de “cultura” que está anexo à palavra “linguagem” torna difícil
saber como interpretar a seguinte versículo:
“E ele escolheu mestres dentre os
irmãos de Amulon em cada terra que era possuída por seu povo; e assim a
linguagem de Néfi começou a ser ensinada entre todo o povo dos lamanitas”. (Mosias 24:4 - tradução livre do inglês)
Não
fica muito claro se era a cultura ou a própria linguagem que estava sendo
ensinada. A palavra é igualmente ambígua em Ômni 1:17:
“E na época [em] que Mosias os
descobriu, eles haviam se tornado excessivamente numerosos. No entanto, eles
haviam tido muitas guerras e sérias contendas, e haviam caído pela espada de
tempos em tempos; e sua linguagem havia se corrompido; e eles não haviam
trazido registros com eles; e eles negavam a existência do seu Criador; e nem
Mosias, nem o povo de Mosias podia entendê-los.”
Apesar
de a frase “sua linguagem havia se corrompido” ser seguida da provável cláusula
explicativa “eles não haviam trazido registros”, esses registros poderiam muito
facilmente ter preservado tanto a cultura quanto a fala. Não pode ser
determinado com certeza que significado deve ser aplicado aqui.
A
passagem mais óbvia na discussão da palavra “linguagem” com o significado de
“fala” vem da descrição da fusão dos povos de Néfi e Muleque em Zarahenla:
“Mas aconteceu que Mosias fez com que
eles fossem ensinados em sua linguagem. E aconteceu que depois de eles serem
ensinados na linguagem de Mosias, Zarahemla deu a genealogia de seus pais, de
acordo com sua memória; e ela foi escrita, mas não nessas placas.” (Ômni 1:18)
Neste
caso temos a mais alta probabilidade de que havia dois povos falando linguagens
diferentes (ou pelo menos dialetos diferentes), consequentemente o ensino da
linguagem seria uma tarefa preliminar importante para juntar os povos. Também é
significativo que Zarahenla tenha dado sua genealogia depois de aprender
a linguagem dos nefitas. Parece que a instrução na “linguagem” motivou uma
melhora na habilidade de se comunicar.
A
migração dos nefitas para Zarahemla é uma linha divisória no exame das
possibilidades linguísticas para os povos d’O Livro de Mórmon. Cito Sorenson na
questão da continuação do idioma hebraico depois desse ponto:
“Que
os mais numerosos e sujeitados ‘mulequitas’ haviam todos aprendido a linguagem
que Mosias trouxe entre eles uma geração antes parece altamente improvável.
Julgando pela história da maioria dos contatos desse tipo, a nobreza menos
numerosa teria feito a mudança, pelo menos em longo prazo... O conhecimento da
fala hebraica possivelmente continuou entre os governantes nefitas por algum
tempo, mas que tal conhecimento da elite perdurou até a época de Cumôra é
difícil de acreditar.” (Sorenson,
1985, p. 76).
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