Lynn M. e Hope A. Hilton
Tradutor Elson C. Ferreira - Curitiba/Brasil - Setembro/2010
Começamos da premissa de que os registros de Néfi escreveu são de fatos que realmente aconteceram. Inspirado por Deus, Mórmon havia incluído em seu livro, os próprios registros de Néfi, sem resumi-lo.
Inspirado por Deus, o Profeta Joseph Smith o havia traduzido literalmente e fielmente. A hipótese e as confusões que apresentaremos, certamente são meras tentativas; mas a história da nossa busca pela rota de Leí é uma aventura emocionante que resultou em algumas conclusões básicas a respeito das placas mencionadas no Livro de Mórmon.
Um dos fatores encorajadores em nossa busca foi a descoberta da grande atemporalidade da península arábica. É um lugar imutável, não apenas geograficamente mas também culturalmente. Muito desse lugar tem permanecido igual por mais de dois mil anos. Mil anos lá tem pouca diferença de cem anos.
Os locais onde tem água tem muito a ver com essa atemporalidade da Arábia: onde há água, há vida — este é um fato da vida na Arábia — e o grande oásis da península arábica não muda de lugar. Cidades não podem prosperar no deserto e há um limite de quão longe os subúrbios podem se estender da grande poço central e nascentes. A localização da água pode ser a indicação para as localizações da jornada de Leí.
O Senhor conhecia a programação, o método e a rota da jornada de Leí. Como leitores do Livro de Mórmon, também sabemos o tempo dessa programação, e estávamos determinados a juntar todas as pistas que pudessem ajudar no nosso entendimento do método e na rota.
Começamos com O Livro de Mórmon. Lemos. Leia junto conosco enquanto descobrimos o que ele nos diz a respeito daquela jornada e considere algumas questões que vêm a nossa mente enquanto nós lemos vez após vez estas passagens de Primeiro Néfi.
Nota do tradutor: logo em seguida a todos os versículos do Livro de Mórmon (ou parte deles) citados pelo autor e por mim traduzidos conforme me pareceu mais adequado ao contexto, incluí o texto integral do(s) versículo(s) citado(s), os quais foram extraídos diretamente da versão oficial das Escrituras (ver website oficial d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias’ (http://scriptures.lds.org/pt/contents). Esse texto integral aparece “entre aspas” e tipograficamente menor que o texto traduzido do original, seguido do nome do livro e os números dos capítulos e versículos, que aparecem entre parêntesis e em azul, um link para a versão em inglês da escritura, no site oficial d’A Igreja: http://scriptures.lds.org/en/contents.
Primeiro, no capítulo um, lemos que Leí “habitou em Jerusalém em todos os seus dias”.
“Pois aconteceu no começo do primeiro ano do reinado de Zedequias, rei de Judá (tendo meu pai, Leí, morado todos os seus dias em Jerusalém); e apareceram muitos profetas, nesse mesmo ano, profetizando ao povo que todos deveriam arrepender-se ou a grande cidade de Jerusalém precisaria ser destruída.” (1 Ne. 1:4.)
Leí “saiu” e então “retornou para sua casa em Jerusalém.”
“Portanto aconteceu que meu pai, Leí, enquanto seguia seu caminho, orou ao Senhor, sim, de todo o coração, em favor de seu povo.
E aconteceu que enquanto ele orava ao Senhor, apareceu uma coluna de fogo que permaneceu sobre uma rocha, diante dele; e foi muito o que ele viu e ouviu; e tremeu e estremeceu intensamente por causa das coisas que viu e ouviu.
E aconteceu que ele retornou para sua casa em Jerusalém e jogou-se sobre a cama, dominado pelo Espírito e pelas coisas que vira.” (1 Ne. 1:5, 7.)
Isto significaria que ele saiu de Jerusalém e depois voltou para Jerusalém? Que assuntos o tirariam de Jerusalém?
No capítulo 2, o Senhor ordena a Leí “partir para o deserto”.
O que deserto significaria para Leí? Significaria somente um lugar desabitado? Uma floresta? Um deserto? (do dicionário: selva, sertão, imensidão, vastidão, lugar selvagem, infinidade).
Mais tarde eles deixaram “a terra de sua herança e seu ouro, e sua prata, e suas coisas preciosas.”
“E aconteceu que ele partiu para o deserto. E deixou sua casa e a terra de sua herança e seu ouro e sua prata e suas coisas preciosas; e nada levou consigo, a não ser sua família e provisões e tendas; e partiu para o deserto.”(1 Ne. 2:4.)
Por que ele não desejaria pegar ouro e prata? Eles não precisariam pelo menos de algum dinheiro? Leí “nada levou consigo, a não ser sua família e provisões e tendas”. Que tipo de provisões eles poderiam ter levado? Como eles viajariam levando tendas? Este estilo de vida não seria parecido com a vida nômade dos beduínos na Arábia contemporânea?
Alguns indícios a respeito da sua direção estão no versículo 5:
“E ele desceu pelas fronteiras junto à costa do Mar Vermelho; e ele viajou no deserto nas fronteiras que estão mais perto do Mar Vermelho.”
“E desceu pelos limites perto da costa do Mar Vermelho; e viajou pelo deserto, do lado mais próximo do Mar Vermelho; e viajou pelo deserto com sua família, que consistia em minha mãe, Saría, e meus irmãos mais velhos, Lamã, Lemuel e Sam.” (1 Ne. 2:5)
Isto é realmente intrigante. Qual a diferença entre “fronteiras perto” e “fronteiras mais perto”? Pelo menos o Mar Vermelho é um marco divisório definitivo. Há uma trilha que vai “perto” e “mais perto”? No próximo versículo o relato especifica que “quando eles haviam viajado três dias no deserto, ele armou sua tenda em um vale ao lado de um rio de água”.
“E aconteceu que depois de haver viajado três dias pelo deserto, ele armou sua tenda num vale, à margem de um rio de águas”. (1 Ne. 2:6.)
Nota: três dias de viagem no deserto depois de terem chamado no Mar Vermelho, não três dias de Jerusalém. Seria possível identificar esse rio e esse vale?
Em outro versículo há um indício ainda mais específico: “Ele [o rio] desaguava no Mar Vermelho; e o vale estava nas margens perto de sua desembocadura.”
“E aconteceu que deu ao rio, que desaguava no Mar Vermelho, o nome de Lamã; e o vale ficava nas margens, perto de sua desembocadura.” (1 Ne. 2:8.)
É possível que as tendas de Leí poderiam ter sido do interior do Mar Vermelho? Este é o vale que ele chamou de Lemuel e o rio ele chamou de Lamã, e em descrevê-lo, nós conseguimos mais algumas pistas: “O rio desaguava na fonte do Mar Vermelho”. A palavra fonte sugere algo especial? Leí disse a Lamã que ele deveria ser “igual ao rio, continuamente correndo na fonte de toda retidão!
“E quando meu pai viu que as águas do rio desaguavam na fonte do Mar Vermelho, falou a Lamã, dizendo: Oh! Tu poderias ser como este rio, continuamente correndo para a fonte de toda retidão!” (1 Ne. 2:9.)
Há rios continuamente correndo na Arábia? Leí desejou que Lemuel fosse “como esse vale, firme e constante e inamovível em guardar os mandamentos do Senhor!”
“E também disse a Lemuel: Oh! Tu poderias ser como este vale, firme, constante e imutável em guardar os mandamentos do Senhor!” (1 Ne. 2:10.)
Então Néfi explica, “E habitou meu pai numa tenda.” (1 Ne. 2:15.) Ele quis dizer que isso implica em algum tipo de situação mais duradoura?
Quando as viagens de ida e volta para Jerusalém começaram, o registro faz algum tipo interessante de mudança de linguagem. Por exemplo, quando Néfi e seus irmãos foram para buscar as placas de latão, eles pegaram suas tendas e “subiram para a terra de Jerusalém”
“E eu, Néfi, e meus irmãos empreendemos a viagem pelo deserto com nossas tendas, para subirmos à terra de Jerusalém.”
Por que eles levaram suas tendas consigo? Estava Jerusalém “acima” de todos os pontos da bússola? Eles teriam problemas com Labão e decidiram “descer à terra de [sua] herança e reuniram um pouco do seu ouro e prata que haviam deixado.
“E aconteceu que descemos à terra de nossa herança e recolhemos nosso ouro e nossa prata e nossas coisas preciosas.” (1 Ne. 3:22.)
Então eles “subiram novamente” para a casa de Labão em Jerusalém.
“E depois de havermos reunido essas coisas, subimos novamente à casa de Labão.” (1 Ne. 3:23,)
“Ora, depois de haver eu dito estas palavras, ainda estavam irritados e continuaram a murmurar; não obstante, seguiram-me até chegarmos às muralhas de Jerusalém.
E também lhe disse: Certamente o Senhor nos ordenou que procedêssemos assim; e não seremos diligentes em guardar os mandamentos do Senhor? Se quiseres, portanto, descer ao deserto, ao encontro de meu pai, terás lugar conosco.
E aconteceu que Zorã criou coragem com minhas palavras. Ora, Zorã era o nome do servo; e ele prometeu que desceria para o deserto até o lugar onde estava nosso pai. Sim, e jurou também que permaneceria conosco daquele momento em diante.” (1 Ne. 4:4, 34, 35)
“E aconteceu que depois de havermos descido para o deserto até nosso pai, eis que ele se encheu de alegria; e minha mãe, Saria, também se alegrou muito, pois verdadeiramente havia pranteado por nossa causa.”(1 Ne. 5:1.)
Isso é muito intrigante. Para onde eles teriam “descido”, para ir à terra de sua herança depois de terem “subido” para Jerusalém? Seriam na mesma direção o desertos e a terra de sua herança? E quão longe eram do acampamento de Leí junto ao Mar Vermelho?
Quando Néfi retornou com as placas de latão, Leí “ofereceu sacrifício e ofertas queimadas ao Senhor”.
“E aconteceu que se regozijaram muito e ofereceram sacrifícios e holocaustos ao Senhor; e renderam graças ao Deus de Israel.” (1 Ne. 5:9.)
De onde vieram os animais sacrificiais? Eles os teriam trazido consigo ou havia pessoas por perto de quem eles poderiam ter comprado os animais? No capítulo 7 Néfi e seus irmãos retornaram para buscar a família de Ismael e vemos a mesma terminologia de “subir” para Jerusalém e “descer” para o deserto.
“E aconteceu que o Senhor lhe ordenou que eu, Néfi, e meus irmãos retornássemos à terra de Jerusalém e trouxéssemos Ismael e sua família para o deserto.
E aconteceu que eu, Néfi, viajei novamente com meus irmãos pelo deserto, para subirmos a Jerusalém.
E aconteceu que subimos à casa de Ismael e obtivemos favor aos olhos de Ismael, de maneira que lhe transmitimos as palavras do Senhor.
E aconteceu que o Senhor enterneceu o coração de Ismael e também de sua casa de tal maneira que eles desceram conosco ao deserto, à tenda de nosso pai.” (1 Ne. 7:2–5.)
Quão longa foi espera entre o tempo em que eles pegaram as placas de latão e a o tempo em que eles fizeram essa segunda viagem de volta?
No capítulo 16 eles receberam a Liahona e “[reuniram] todas as coisas que [deveriam] levar para o deserto e todo o restante das [suas] provisões que o Senhor havia dado a [eles]. Havia outras provisões além das que haviam trazido consigo de Jerusalém? “e pegamos sementes de toda espécie”.
“E aconteceu que reunimos todas as coisas que deveríamos levar para o deserto e todo o restante das provisões que o Senhor nos dera; e juntamos sementes de toda espécie a fim de levarmos para o deserto.” (1 Ne. 16:11.)
Onde eles pegaram sementes? Eles as haviam colhido? Comprado? Eles as trouxeram consigo?
No versículo seguinte lemos: “Pegamos nossas tendas e partimos para o deserto, através do rio Lamã.”
“E aconteceu que tomamos nossas tendas e partimos para o deserto, atravessando o rio Lamã.” (1 Ne. 16:12.)
Isto significa que o acampamento de Leí teria sido do lado oeste do rio? Eles agora prosseguiam para o sul, no lado leste? Então, em 16:13 eles fazem uma jornada de, parece, quatro dias “aproximadamente na direção sul-sudeste”, finalmente armando suas tendas num acampamento que eles chamaram de Sazer. Onde eles pararam depois de uma viagem de quatro dias?
“E aconteceu que viajamos pelo espaço de quatro dias, na direção aproximada sul-sudeste; e novamente armamos nossas tendas e demos ao lugar o nome de Sazer.” (1 Ne. 16:13)
“E nós prosseguimos novamente [então eles devem ter ficado lá, pelo menos um pouco] no deserto, seguindo a mesma direção [deve ser sul-sudeste] mantendo-nos nas partes mais férteis do deserto, que era nas fronteiras perto do Mar Vermelho.”
“E aconteceu que tomamos nossos arcos e nossas flechas e saímos pelo deserto, à procura de caça para nossas famílias; e depois de havermos obtido a caça, voltamos outra vez para junto de nossas famílias no deserto, no lugar chamado Sazer. E saímos novamente pelo deserto, seguindo na mesma direção, mantendo-nos nas partes mais férteis do deserto, que acompanhavam os limites próximos ao Mar Vermelho.” (1 Ne. 16:14.)
O que seriam estas partes mais férteis ?
E quão longo foi esse tempo? A resposta de Néfi é: “pelo espaço de muitos dias [o que significaria uma jornada mais agradável, mas contínua?] matando comida pelo caminho, com nossos arcos e nossas flechas e nossas pedras e nossas fundas”
“E aconteceu que viajamos pelo espaço de muitos dias, caçando pelo caminho com nossos arcos e nossas flechas, nossas pedras e nossas fundas.” (1 Ne. 16:15)
“E depois de havermos viajado pelo espaço de muitos dias, armamos nossas tendas por algum tempo, a fim de novamente descansar e obter alimento para nossas famílias.” (1 Ne. 16:17).
Até eles precisavam descansar. Então aconteceu um desastre.
No versículo 18 diz que o arco de Néfi, “feito de aço fino” quebrou e seus irmãos ficaram aborrecidos porque “seus arcos [haviam] perdido sua elasticidade.”,
“E aconteceu que quando eu, Néfi, saí para caçar, eis que quebrei meu arco, que era feito de aço puro; e tendo quebrado meu arco, eis que meus irmãos se zangaram comigo por causa da perda de meu arco, porque não conseguimos alimento.” (1 Ne. 16:18)
“Ora, aconteceu que eu, Néfi, fiquei aflito, juntamente com meus irmãos, pela perda de meu arco; e tendo os seus arcos perdido a elasticidade, as coisas tornaram-se muito difíceis, sim, tanto que não podíamos conseguir alimento.” (1 Ne. 16:21.)
“E aconteceu que eu, Néfi, fiz um arco de madeira e, de uma vara reta, fiz uma flecha; portanto me armei de um arco e flecha, uma funda e pedras. E perguntei a meu pai: Aonde deverei ir para obter alimento? E aconteceu que matei animais selvagens e, desse modo, obtive alimento para nossas famílias.” (1 Ne. 16:23, 31)
O que faria com que um arco de aço se quebrasse e outros perdessem a elasticidade?
Depois que Néfi fez um arco de madeira e caçou por alimento, eles “novamente [tomaram sua jornada, viajando aproximadamente no mesmo curso [que é importante na determinação da sua direção]... pelo espaço de muitos dias”. Então Néfi especifica que [armaram suas] tendas novamente [isto soa familiar, não é?] para que [pudessem] permanecer pelo espaço de algum tempo.
Que tipo de madeira ele poderia encontrar no deserto? Que tipo de animais ele poderia caçar?
“E aconteceu que reiniciamos nossa viagem, tomando aproximadamente o mesmo rumo do princípio; e depois de havermos viajado pelo espaço de muitos dias, armamos novamente nossas tendas a fim de pararmos por algum tempo.” (1 Ne. 16:33.)
Onde isto retia acontecido? O que é “o” espaço de “um” tempo? É quase como se houvesse um período definido de tempo) Então Ismael “morreu, e foi enterrado no lugar que era chamado Nahom.”
“ E aconteceu que Ismael morreu e foi enterrado no lugar chamado Naom.” (1 Ne. 16:34.)
Chamado Nahom por quem? Por que eles o enterraram ali? Quanto tempo provavelmente poderiam ter durado os períodos de doença pré-morte, enterro e cerimonias de luto?
No capítulo 17 diz que eles começaram a viajar novamente, mas desta vez se dirigiram “aproximadamente a leste daquele tempo em diante.” (Foi esta a direção até que chegaram no fim de sua jornada? “E viajamos e vadeamos até o fim com muita aflição no deserto”.
“E aconteceu que reiniciamos a jornada pelo deserto e, dali em diante, viajamos na direção aproximada do leste. E viajamos e passamos por muitas aflições no deserto; e nossas mulheres tiveram filhos no deserto.”(1 Ne. 17:1.)
Há alguma diferença entre viajar e vadear? O que significa “muita aflição”?
No versículo 2 nós os descobrimos vivendo “de carne crua”. Era isto as “muitas aflições”? Por que eles teriam necessitado comer carne sem a cozinhar?
“E tão grandes foram as bênçãos do Senhor que, enquanto vivemos de carne crua no deserto, nossas mulheres tiveram bastante leite para seus filhos e eram fortes, sim, tanto quanto os homens; e começaram a suportar as viagens sem murmurar.”(1 Ne. 17:2)
Depois eles “[permaneceram no deserto pelo espaço de muitos anos, sim, oito anos no deserto.” (1 Ne. 17:4),
“Chegamos à terra que chamamos Abundância, por causa dos seus muitos frutos e também do mel silvestre.” Mel implica que lá havia flores e culturas de floração como a alfafa. “E vimos o mar, que chamamos Irreântum [deve ser diferente do Mar Vermelho], que, sendo interpretado, é muitas águas.”
O mar Vermelho (árabe:Bahr el-Ahmar, hebraico Yam Suf ou Hayam Haadóm) é um golfo do oceano Índico entre a África e a Ásia. Ao sul, o mar Vermelho comunica com o oceano Índico pelo estreito de Bab el Mandeb e o golfo de Aden. Ao norte se encontram a península do Sinai, o golfo de Aqaba e o canal de Suez (que permite a comunicação com o mar Mediterrâneo)
“E chegamos à terra a que demos o nome de Abundância, por causa das muitas frutas e também do mel silvestre; e todas essas coisas foram preparadas pelo Senhor, a fim de que não perecêssemos. E vimos o mar, ao qual demos o nome de Irreântum, que significa muitas águas.” (1 Ne. 17:5.)
Irreântum era maior que o Mar Vermelho? Então eles armaram suas tendas “pela beira do mar”.
“E aconteceu que armamos nossas tendas perto da costa e, apesar de havermos sofrido muitas aflições e dificuldades, sim, tantas que não podemos escrevê-las todas, ficamos imensamente contentes quando chegamos à costa; e demos ao lugar o nome de Abundância, devido a suas muitas frutas.”(1 Ne. 17:6.)
Então deve ter havido uma praia hospitaleira ou pelo menos um trecho como um campo onde eles pudessem colocar suas tendas e animais. No versículo 7 Néfi diz que “subiu à montanha” e inquiriu ao Senhor onde “encontrar minério para fundir”. Haveria somente uma montanha? Ela deveria estar perto.
“E aconteceu que depois de estar eu, Néfi, pelo espaço de muitos dias na terra de Abundância, ouvi a voz do Senhor, dizendo: Levanta-te e vai à montanha. E aconteceu que me levantei e subi à montanha e clamei ao Senhor.” (1 Ne. 17:7)
“E eu disse: Senhor, aonde irei a fim de encontrar minério para fundir e fazer ferramentas, com o fito de construir o navio do modo que tu me mostraste?”(1 Ne. 17:9.)
(Haveria jazidas por perto?) Ele então fez “ferramentas do minério que [fundiu] da rocha.”
“E aconteceu que fiz ferramentas com o metal que fundi da rocha.” (1 Ne. 17:16.)
Quão longo foi esse processo? Que tipo de ferramentas ele teria precisado?
Os irmãos de Néfi se rebelaram por causa de suas dificuldades e quando Néfi os castigou, eles ficaram irados e “vieram para lançar suas mãos sobre [ele]... para lançá[-lo] nas profundezas do mar”.
”E então aconteceu que, depois de eu ter dito estas palavras, iraram-se contra mim e tiveram desejo de lançar-me nas profundezas do mar; e quando se aproximaram para deitar-me as mãos, falei-lhes, dizendo: Em nome do Deus Todo-Poderoso, ordeno-vos que não me toqueis, porque estou cheio do poder de Deus a ponto de consumir-me a carne; e quem me deitar as mãos definhará como uma cana seca e será como nada diante do poder de Deus, porque Deus o ferirá.” (1 Ne. 17:48.)
Não se pode lançar alguém às profundezas do mar das areias de uma praia; parece que deveria haver falésias ou penhascos em Abundância.
Frustrados pelo poder de Deus, que fez com que eles tremessem, começaram a cooperar com Néfi na construção do navio, o que ele salienta por três vezes em 18:2, que o navio “não era conforme a maneira dos homens”
“Ora, eu, Néfi, não trabalhei a madeira pelo método que os homens conheciam nem construí o navio pelo método dos homens; mas construí-o pelo método que o Senhor me havia mostrado; não foi, portanto, igual ao dos homens.” (1 Ne. 18:2)
Como ele sabia como era a construção naval “conforme a maneira dos homens? Como ou em quê seu navio era diferente? De que ele era feito? Onde, em Abundância, havia árvores grandes o suficiente para dar forma às madeiras do navio? Finalmente, “de termos preparado todas as coisas, muitos frutos e carne (ou comida) do deserto, e mel em abundância, e provisões,... descemos para o navio, com toda nossa carga e nossas sementes.”
“E aconteceu que, no dia seguinte, depois de havermos preparado todas as coisas, muitas frutas e carne do deserto e mel em abundância e provisões de acordo com o que nos havia ordenado o Senhor, fomos para o navio com todas as nossas cargas e nossas sementes e com tudo o que havíamos trazido conosco, cada um de acordo com sua idade; portanto entramos todos no navio com nossas mulheres e nossos filhos.” (1 Ne. 18:6.)
Néfi cita sementes mais uma vez. Eles teriam colhido outra safra? Que provisões eles provavelmente teriam que levar? Uma viagem de quanto tempo seria esperada? A terra de Abundância era relativamente pequena de modo que não foi elaborada uma jornada para ir caçar no deserto?
Essas são algumas das dicas que Néfi nos dá e foram algumas das questões que vieram à nossa mente. Então começamos a pensar, juntando possíveis respostas às nossas questões e examinando trabalhos de pesquisas antigas e modernas para conseguir qualquer ajuda que poderiam nos dar.
Enquanto nos preparávamos para fazer nossa jornada, escrevemos cartas para mais de uma centena de amigos árabes em sete países do Oriente Médio, explicando nossos planos. Ficamos espantados e cheios de gratidão por suas respostas entusiásticas e ofertas de ajuda.
Tão importante quanto as informações que colhemos com nossas pesquisas era a interpretação dessa pesquisa e e sua compreensão, bem como as informações compartilhadas espontâneamente por uma hoste de amigos. Nós, particularmente, não teríamos sido capazes de ser bem sucedidos sem os esforços de “segunda milha” e a cooperação de Salim Saadm de Amman, Jordânia; Angie Chukri, do Cairo, Egito; Hassibe Dajani, de Jiddah, Arábia Saudita; Sheik Helwan Habtar, de Abha, Arábia Saudita; Sa’adi Fatafitah, de Tarqumia, Westbank via Israel; e Nabeel Mustakim, de Jerusalém, Westbank, via Israel.
Armados com as recomendações de muitos, começamos imediatamente a fazer pesquisas nas bibliotecas. Entrevistas com estudiosos do Oriente Médio da Brigham Young University prepararam nossas mentes para o trabalho a fazer.
Gradualmente uma clara imagem começou a emergir. Descobrimos que uma leitura superficial do Livro de Mórmon poderia dar a impressão de que Leí e sua família viajou para um deserto vazio, estéril de pessoas e de civilização; entretanto, uma leitura mais cuidadosa do texto fornece vários indícios que indicam regiões habitadas. Leí não poderia viajar sem comida e água para sua família e seus animais de carga. Néfi não relata algum maná miraculosamente descendo do céu para eles; eles tinham que trabalhar duro para conseguir sua comida e algumas vezes eles reclamaram por causa da fome. Não foi reportado que água jorrasse milagrosamente das rochas do monte Horebe, como Moisés havia produzido com o toque do seu cajado. A família, portanto, deve ter viajado e sobrevivido como os outros viajantes de seus dias o fizeram nessa mesma região, indo de um poço público a outro. Naturalmente que eles tinham a Liahona enviada do céu para ajudá-los.
Enquanto viajamos pelo Oriente Médio, nunca vimos um poço de águas frescas que não tivesse pessoas, onde a água é tão preciosa, é improvável que muitos poços de água sejam desconhecidos.
O local de acampamentos chamado Nahom, pode ter sido um local colonizado, porque Néfi diz que ele “era chamado Nahom” mas a todos os outros locais de acampamento - o vale de Lemuel, Sazer, a terra de Abundância - eles mesmo deram o nome. Certamente que esses lugares também podem ter sido oásis comuns que foram simplesmente renomeados por Leí. É um hábito do povo semita nomear coisas conforme suas experiências pessoais, e porque esses lugares tinham tão grande significado para o grupo, Leí aparentemente deu-lhes nomes particulares conhecidos por todas as pessoas da família para ajudar a implantar e arraigar seus ensinamentos.
Néfi periodicamente nos diz que o grupo ofereceu animais em sacrifício. De onde esses animais vieram? Cabras e rebanhos de ovelhas, que andam por toda a paisagem à procura de forragem teriam retardado sua jornada ao ritmo de um caracol, em ao contrário dos camelos, cabras e ovelhas requerem água todos os dias; entretanto, Leí poderia ter comprado ou negociado esses animais de pastores locais e ainda teriam viajado na velocidade normal de uma caravana.
Com respeito à presença de outras pessoas, não deve haver dúvida de que tribos nômades de beduínos ocupavam a península Arábica desde tempos muito antigos. Por exemplo, Jetro, o “sacerdote de Midiã” e sogro de Moisés, viveu como beduíno na terra de Midiã.
“E o sacerdote de Midiã tinha sete filhas, as quais vieram tirar água, e encheram os bebedouros, para dar de beber ao rebanho de seu pai.” (Ex. 2:16)
“E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, a Horebe.” (Ex. 3:1.)
Esta região no noroeste da Arábia Saudita, através da qual Leí provavelmente jornadeou, tinha uma grande população de animais: os exércitos de Israel depois de conquistarem Midiã, tomaram como pilhagem 675 mil ovelhas além de muitos outros tesouros.
“Foi a presa, restante do despojo que tomaram os homens de guerra, seiscentas e setenta e cinco mil ovelhas; e setenta e dois mil bois; e sessenta e um mil jumentos; e setenta e dois mil bois; e sessenta e um mil jumentos; e, das mulheres que não conheceram homem algum, deitando-se com ele, todas as almas foram trinta e duas mil.
E a metade, que era a porção dos que saíram à guerra, foi em número de trezentas e trinta e sete mil e quinhentas ovelhas. E das ovelhas, o tributo para o SENHOR foi de seiscentas e setenta e cinco. E foram os bois trinta e seis mil; e o seu tributo para o SENHOR setenta e dois. E foram os jumentos trinta mil e quinhentos; e o seu tributo para o SENHOR sessenta e um. E houve de pessoas dezesseis mil; e o seu tributo para o SENHOR trinta e duas pessoas.
E deu Moisés a Eleazar, o sacerdote, o tributo da oferta alçada do SENHOR, como o SENHOR ordenara a Moisés. E da metade dos filhos de Israel que Moisés separara da dos homens que pelejaram, (a metade para a congregação foi, das ovelhas, trezentas e trinta e sete mil e quinhentas; e dos bois trinta e seis mil; e dos jumentos trinta mil e quinhentos; e das pessoas humanas dezesseis mil).
Desta metade dos filhos de Israel, Moisés tomou um de cada cinqüenta, de homens e de animais, e os deu aos levitas, que tinham cuidado da guarda do tabernáculo do SENHOR, como o SENHOR ordenara a Moisés.” (Num. 31:32-43.)
Outra evidência de regiões habitadas ao longo da rota de Leí é encontrada quando Néfi começa a construir seu navio. Ele especifica que ele não “construiu o navio conforme a maneira dos homens.” Ele poderia ter escrito essa declaração se não tivesse visto outros navios? Foi extremamente esclarecedor para nós descobrirmos que ao longo de toda a extensão da costa do Mar Vermelho existem vilas de construtores navais onde essa antiga arte tem sido praticada de geração a geração.
Que havia vilas e civilização bem estabelecida no estéril deserto ao longo da costa do Mar Vermelho nos dias de Leí foi verificado por nós, nos registros de duas testemunhas oculares. (Ver Fig.1.)
Fig. 1 - Dois antigos registros possivelmente relacionados com a trilha de Leí
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1. É um “deserto” da Judéia até Petra (Strabo 16:4:21.)
2. Mercadorias são transportada via terrestre de Leucê Comê até Petra. (16:4:24.)
3. Muitas pessoas vivem ao longo da rota. (16:4:21.)
4. Relatos da estrada da caravana de Petra até Leucê Comê poderiam guiar um “exército”. (16:4:23.)
5. Arábia estéril por falta de água (16:3:1) e um calor escaldante. (16:3:3.)
6. Os árabes mantêm rebanhos de camelos. (16:3:1.)
7. “Nenhuma árvore” cresce na costa do Mar Vermelho. (16:3:6.)
8. Há uma grande riqueza no sul da Arábia. (16:4:3.)
9. Em Ma’rib, o incenso é trocado por mercadores de Aqaba, que fazem a jornada em setenta dias. (16:4:4.)
1. Nabataeanos controlam a estrada de Leucê Comê até Petra. (Periplus 19.)
2. Diferentes tribos habitam toda a extensão da Arábia, de Leucê Comê até o Oceano Índico. (Periplus 19.)
3. Em Muza há povos nômades que têm ovelhas e camelos. (Periplus 20.)
4. Muza é repleta de árabes, propeietários de barcos e navegadores e está ocupada com o comércio. (Periplus 21.)
5. Ocelis é uma cidade do comércio e um balneário. (Periplus 25.)
6. Camelos carregam incenso na Arábia. (Periplus 27.)
7. Em Moscha (provável “Abundância” da trilha de Leí) o incenso “encontra-se em montões por todo o país”, e é exportado deste local. (Periplus 32.)
Usando relatos de primeira mão, Strabo, um historiador grego, escreveu sobre um malfadado exército romano de 10 mil homens de infantaria que deixaram o Egito no ano 24 a.C., sob comando de Aelius Gallus para capturar o “país do incenso” no sul da Arábia. Os soldados viajaram muito do que apresentaremos como a provável trilha de Leí e confirmou que muitas pessôas viviam ao longo dessa rota; que a própria rota era importante e bem conhecida, se estendendo ao norte de onde eles desembarcaram na Arábia em Leucê Comê até Petra, na Jordânia; essa jornada foi difícil; a maioria deles morreram de fome, sede e doenças, principalmente por causa da deslealdade de seu guia; e que eles tinham que levar águas em camelos e comprar provisões dos “vendedores ambulantes e comerciantes árabes” (Strabo of Amasia, The Geography of Strabo, trans. Horace Leonard Jones, London: William Heinemann LTD, 1930, 7:353–63.)
Um autor grego desconhecido escreveu um diário de viagem chamado The Periplus of the Erythraean Sea (O Periplo do Mar da Eritréia) por volta do ano 57 d.C. Ele navegou ao redor da península Arábica, parando em muitos portos que ficam ao longo da provável trilha de Leí. Este volume dá a verificação de uma testemunha ocular de que dentro dos 600 anos do tempo de Leí havia muitas vilas e mercados, um pesado tráfico de incenso vindo de Omã, uma extensiva navegação e regulares ventos das monções ao longo da rota. (The Periplus of the Erythraean Sea, trans. Wilfred H. Schoff, New Delhi, India; Oriental Books Reprint Corp., 1974.)
Antigo mapa do Século XVII, mostrando a localização do Periplus do Mar da Eritréia.
O Periplo do Mar da Eritréia (Grego: Περίπλους τὴς Ἐρυθράς Θαλάσσης, Latin: Periplus Maris Erythraei) é um periplo grego que descreve a navegação e as oportunidades de comércio desde os portos Romanos Egípcios, como Berenice, ao longo da costa do Mar Vermelho, e outras ao longo do Nordeste da África e Índia. O texto tem sido atribuído a diferentes datas entre os Séculos I e III d.C., mas uma data em meados do primeiro século é atualmente mais comumente aceita. Apesar de que seu autor é desconhecido, fica clara uma descrição de primeira mão por alguém familiarizado com a área e é quasúnico em fornecer acurada compreenção de que o antigo mundo sabia a respeito das antigas terras ao redor do Oceano Índico.
Apesar de que Mar da Eritréia (Grego: Ἐρυθρά Θάλασσα) literalmente significa "Mar Vermelho", para os Gregos ele inclui o Oceano Índico e o Golfo Pérsico.
O Periplo consiste de 66 capítulos, a maioria dos quais de um parágrafo.
Em muitos casos, a descrição dos lugares é suficientemente precisa para identificar inequivocamente as localizações atuais; em outros casos, nem tanto. Por exemço, ele menciona Rhapta como o mercado mais importante da costa africana de Azania, mas há pelo menos cinco localidades que se ajustam à descrição, desde o sul de Tanga até o delta do rio Rufiji. A descrição da costa hindú menciona explicitamente o río Ganges, mas a China é confusamente descrita como a grande cidade interior Thina, produtora de seda.
Outra característica interessante do periplo é que algumas palavras que descrevem objeto de comercio não são vistas em nenhuma outra obra literária, com o que seu significado real é somente uma elucubração. Ol périplo descreve também como Hípalo foi o primeiro a descobrir a rota direta desde o Mar Vermelho até a Índia.
O texto que chegou até nós deriva de um manuscrito bizantino do Século X, guardado nas coleções da Universidade de Heidelberg, e de uma cópia do Século XIV ou XV nol Museu Britânico. No primeiro, o texto se atribui a Flavio Arriano, provavelmente pelo único motivo de sua cercanía temporal con o Periplus Pontus Euxini, escrito por le. A primeira edição moderna do texto foi publicado em 1553 por Segismundo Gelenio.
Nomes, rotas e localidades do Periplo do Mar da Eritréia.
Foi uma grande descoberta para nós, constatar que tanto mapas antigos quanto modernos da região, mostram que entre as estradas mais movimentadas do mundo antigo geralmente eram trilhas bem conhecidas ao longo das quais mercadores consideravam o incenso como o principal item de comércio.
Uma dessas estradas vai ao longo da costa do Mar Vermelho por quase três quartos do comprimento da península Arábica, então vira para o oriente. Em Najran ela novamente vira ao sul, para o Yêmen. A segunda rota é quase paralela à primeira por 160 Km ou mais para o interior, interceptando a rota costeira em Najran.
Casa de barro no Oásis de Najran
Esta rota, entretanto, vai a leste de Najran para Salalah. Estas rotas estavam em comum há, pelo menos 900 anos antes dos dias de Leí e provavelmente até mesmo a 2.200 anos antes. (Ver The Periplus, pp. 120–21.) Evidências dessas duas rotas são amplas até mesmo hoje em dia. (Ver Fig.2.) Ambas as rotas são facilmente seguidas desde as ruínas de fortes de pedras estrategicamente construídos no Século X a.C. pela civilização dos Sabeus.
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Figs. 2, 3 - Antiga Trilha do Incenso, de Salalah até o Egito e o Mediterrâneo - goma de incenso
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Inscrição sabéia endereçada ao deus
Almaqah, mencionando cinco deuses da
Arábia do Sul, dois soberanos reinantes
e dois governadores, século VII a.C.
Também, da Jordânia até Najran, no sul da Arábia Saudita, perto do nonagésimo grau de latitude norte, a trilha é facilmente identificável no deserto graffiti esculpido por milhares de condutores de camelos nas rochas planas dos montes em ambos os lados da trilha. Esses comerciantes dobraram sua maneira monótona de conduzir para o norte camelos pesadamente carregados cuja preciosa carga de incenso alimenta o apetite insaciável dos templos em Jerusalém, Egito e Babilônia.
Devemos observar que o termo trilha é possível de ser enganoso. Não se trata de caminhos ou estradas bem definidas, relativamente estreitas, mas a rotas mais gerais que seguem através desse vale, daquele cânion, etc. A largura da rota muda conforme a geografia, variando de 1 a 18 Km. Os comerciantes podem assim acampar a grandes distâncias um dos outros e ainda estar no mesmo ponto da mesma trilha.
Nós descobrimos que existe uma rota muito utilizada na direção sul-sudeste, ao longo da costa do Mar Vermelho. Pensamos que Leí poderia não ter deixado um caminho estabelecido para vaguear por montanhas sem água e desérticas. O Livro de Mórmon não diz se ele estava se escondendo nesta parte de sua jornada, nem se estava ainda fugindo, como alguns pensam; então é provável que ele tenha evitado os caminhos conhecidos durante o dia. Outra evidência para essa suposição é a declaração de Néfi de que eles viajaram nas margens do Mar Vermelho (1 Ne. 2:5.), bem onde a rota do incenso existiu desde tempos muito antigos.
Além disso, é dito que a trilha do incenso segue a linha de oásis e poços d’agua antigos. Num mapa moderno, produzido pelo Ministério dos Recursos Naturais da Arábia Saudita, a rota mostra 118 poços d’água numa distância de 30 Km um do outro. Leí não poderia ter feito para si e os seus, uma trilha sem água, e para um habitante da cidade descobrir uma linha de poços d’água dos quais os habitantes do deserto também não tinham conhecimento é uma perspectiva improvável..
Uma vez na trilha, Leí e sua família deveriam encontrar muitos estranhos pelo caminho, a maioria dos quais não seriam israelitas. Nós descobrimos que os árabes eram os principais caravaneiros na época de Leí, e os sabeus de Sana’a (atual capital do Iêmem) podem ter sido freqüentes visitantes na tenda de Leí e ele nas suas.
O templo Bar'an em Marib. Construído no século VIII a.C.,
esteve em funcionamento por quase 1000 anos.
Os sabeus, em data desconhecida, entraram na Arábia setentrional vindos do norte e fundaram o Reino de Sabá no território do atual Iêmem, cerca de 370 quilômetros a noroeste de Áden. A civilização dos sabeus principiou entre os séculos XII e X a.C. e seus governantes são mencionados nas crônicas Assírias de fins do século VIII e início do século VII a.C.. Os sabeus deixaram uma expressiva quantidade de inscrições que cobrem cerca de 1300 anos de sua história e só terminam com a extinção do reino, no século VI a.D.. Todavia, as informações contidas nestas inscrições não permitem traçar uma idéia precisa do que foi a sociedade sabéia e deixam margem para muitas dúvidas.
Como resultado dos estudos que fizemos antes de nossa viagem, sentimos que havíamos encontrado pelo menos uma possível rota ao sul para a família de Leí, mas sua existência levantava mais questões. Por que o incenso era tão valioso? Autores têm registrado que grandes caravanas de camelos indo para o norte, levavam 225 Kg cada um. (Ver Van Beek, pp. 40–41.) Nos voltamos para o texto bíblico para em busca de pistas e descobrimos que quando o Senhor Jeová ordenou, através de Moisés, aos antigos israelitas, que usassem o incenso para adorá-lo, na sua adoração, Ele lhes deu uma fórmula para sua composição: partes iguais de estoraque, onicha, gálbano e incenso puro. Essa mistura era sagrada e não podia ser usada para outros propósitos nem queimada por qualquer pessoa não autorizada. (Ver Ex. 30:7–9, Ex. 30:34–38; Lev. 10:1–7.) O incenso era especialmente um simbolismo da oração ascendendo a Deus (ver Salmos 141:2, Apocalipse 8:3–5) e originalmente era queimada junto ao véu que ocultava o Santo dos Santos. Também pode ter sido usado como um “desodorizador” contra odores causados pela matança e queima dos animais sacrificiais. No dia da expiação, o incenso era queimado dentro do Santo dos Santos para que o propiciatório fosse “envolvido numa nuvem de fumaça perfumada”.
Folha da qual se extrai o famoso e valioso bálsamo aromático da Ásia Menor
Estudos posteriores mostraram que os judeus não estavam sozinhos ao combinarem a adoração com o incenso; ele era “comum nas cerimônias religiosas de quase todas as antigas nações (Egito, Babilônia, Assíria, Fenícia, etc.)”
Agora nós sabemos porque a demanda por incenso era tão grande. Mas por que era tão custoso, e de onde ele vinha? Logo aprendemos que o incenso é uma goma sêca, macia e amarela extraída da árvore do incenso de Salalah, uma pequena área em forma de foice na parte inferior da Península Arábica.
Salalah (Arábico: صلالة) está situada na costa do Mar da Arábia no estado de Dhofarn, no sultanato de Oman. É a capital e trono do governador de Wali, no sul da província de Omani província de Dhofar. Sua população em 2009 era de 197.169 pessoas.[1]
Incenso
Há quatro espécies principais de Boswellia que produzem o verdadeiro franquincenso e cada tipo de resina é disponível em vários graus. Os graus dependen do tempo da coleta, e a resina é classificada manualmente para garantir sua qualidade.
O nome franquincenso é provavelmente devido ao fato de ter sido reintroduzido na Europa pelos Francos, já olíbano é derivado do árabe al-lubán ("o leite"), em referência à seiva leitosa que sai ao golpear a árvore de olíbano.
cuja espécie a maioria dos incensos derivam
O olíbano é usado generosamente em ritos religiosos. De acordo com o Evangelho de Mateus 2:11, ouro, olíbano e mirra foram os três presentes dados a Jesus pelos Reis Magos que vinham do oriente. O surgimento do cristianismo empobreceu o mercado do olíbano durante o século IV, a desertificação fez com que as rotas de caravanas que cruzavam sobre o Rub' al-Khali se tornassem mais difíceis e o incremento das incursões dos nômades no Oriente Próximo facilitaram o fim do comércio do olíbano ao redor do ano 300.
Diz a lenda que o imperador romano Nero queimou durante um ano olíbano valioso para a cidade de Roma no funeral de sua esposa, Poppaea.
O olíbano tem sido importante fonte de renda para a região nordeste da Etiópia. Diz na Bíblia que a rainha de Sabá conhecedora da famosa sapiência do rei Salomão, partiu do seu reino e o ofertou com valioso presentes,entre eles o Incenso de Olíbano. [carece de fontes] [3]
As árvores são “leitadas” duas vezes por ano. A goma pegajoza resultante que tem um aroma forte e picante, pode ser mascado ou queimado. Atualmente as crianças árabes a mascam pois seu pequeno custo é menor que o de uma goma de mascar ocidental, apesar de que nos tempos bíblicos o incenso e a mirra foram dados junto com ouro como adequados presentes para o menino Jesus. (Ver Mat. 2:11.)
Esta informação levantou várias questões em nossas mentes. Obviamente Leí era um homem de considerável riqueza. A lista casual de “ouro, e... prata, e... coisas preciosas” que Néfi faz indica rendimentos maiores do que a média.
Leí tinha tendas - já as tinha quando fabricá-las era um processo laborioso que demandava muito tempo em tecelagem de pelos de cabra que era bem durável. De acordo com um de nossos guias, Salim Saad, um eminente historiador, os viajantes na Judeia geralmente acampam em cavernas; tendas eram para os viajantes do deserto. Por que um habitante da cidade como Leí possuía tendas prontas para quando precisasse viajar?
Salim especulou que Leí poderia ter vivido nas “terras de sua herança” que talvez ficasse a alguns quilômetros longe da cidade de Jerusalém. Nessas terras, ele poderia criar cabras, ovelhas, cultivar frutos e grãos, com o que ele supria um dos mercados, ou suqs, no passado, junto aos muros da cidade de Jerusalém. Outra possibilidade é que a riqueza real de Leí pode ter sido feita em conjunção com alguns negócios que o faziam sair para o deserto com alguma frequência, tal como comprar suprimentos das caravanas árabes. Nesta linha de raciocínio, ele poderia ter precisado de tendas nas quais se abrigar enquanto esperava as caravanas do deserto no sul de Jerusalém.
Tudo isso é especulativo, obviamente; mas se Leí tinha algum tipo de negócios com os povos do deserto, isto pode explicar várias coisas:
1) Por que ele aparentemente tinha tendas e animais suficientes para se mudar com sua família sem fazer grandes preparativos
2) Por que seus filhos souberam como lidar com as tendas e viajar no deserto, e
3) Como Leí tinha conhecimento suficiente das principais rotas e poços d’água para sobreviver antes de receber a Liahona.
Estamos em terreno ligeiramente mais firme quando falamos sobre como eles finalmente deixaram a região de Jerusalém. É quase certo que o principal animal de carga em Jerusalém e na região montanhosa da Judeia era o jumento, melhor “equipado” do que o camelo para andar pelos caminhos rochosos e curvas dos becos da cidade, com seus arcos e varandas. Uma das razões porque o comércio de camelos era ignorado em Jerusalém (viajantes de Jerusalém saiam para encontrar as caravanas enquanto elas passavam para o leste) era porque o solo é rochoso, com pedras afiadas que podem cortar as patas dos camelos, que são grandes e sem cascos, parecidos com almofadas. Seguindo pelo caminho arenoso da costa oeste e a relativamente liso Caminho do Rei, uma estrada do Século XXIII a.C. que vai a leste do Rio Jordão, na Síria, para o Golfo de Áqaba, as caravanas de camelos continuam indo para o norte. (“King’s Highway,” The New Bible Dictionary, J. D. Douglas, ed., Grand Rapids, Michigan, Win. B. Eerdmans Publishing Co., 1973, p. 700)
Numersos estados antigos, incluindo Edom, Moab, Amon e vários and various Aramaean polities dependeram grandemente do Caminho do Rei para seu comércio. O Caminho do Rei começa em Heliopolis, Egito, e dalí segue a leste, para a China, (moderna Suez), atravvés da Passagem Mitla e dos fortes egípcios de Nekhl e Themed, no deserto do Sinai para Eilat e Áqaba. Dalí o Caminho vira para o norte através de Arabah, passa por Petra e Ma'an, para Udruh, Sela, e Shaubak. Ele passa por Kerak e pela terra de Moab para Madaba, Rabbah Ammon/Philadelphia (moderna Aman), Gerasa, Bosra, Damasco e Tadmor, terminando em Resafa no Eufrates superior.
“Por favor, deixa-nos passar através do seu país. Nós não passaremos pelos campos ou vinhas, nem beberemos agua dos seus poços; nós iremos ao longo do Caminho do Rei; nós não nos viraremos para a direita nem para a esquerda até que tenhamos passado pelo teu território.”
Depois de um intenso estudo, sentimos quase prontos para fazer uma hipotética lista de viagem e um itinerário para a partida de Leí de Jerusalém. Começamos com seu grupo. Sabíamos que Leí tinha esposa e quatro filhos. O grupo poderia incluir filhas também, já que Néfi casualmente menciona suas irmãs, muitos anos depois quando eles já estavam na terra prometida. Mas elas podem ter nascido no deserto.
“Portanto aconteceu que eu, Néfi, levei comigo minha família, assim como Zorã e sua família; e Sam, meu irmão mais velho, e sua família; e Jacó e José, meus irmãos mais jovens, e também minhas irmãs e todos os que me quiseram acompanhar.”(2 Ne. 5:6)
Mais tarde o grupo foi aumentado por Ismael e sua esposa, pelo menos dois filhos casados e suas famílias, cinco filhas solteiras e Zoram, o antigo servo de Labão.
“E aconteceu que durante a viagem pelo deserto, eis que Lamã (1) e Lemuel (2) e duas das filhas de Ismael (4) e os dois filhos de Ismael (6) e suas famílias (duas esposas e dois filhos de cada, 12) se revoltaram contra nós; sim, contra mim, Néfi (13), e Sam (14); e contra o pai deles, Ismael (15), e sua mulher (16) e suas três outras filhas (19).” (1 Ne. 7:6). [Somando Leí (20), Saria (21), Jacó (22), José (23), Ismael (24), a esposa de Ismael (25), Zoram (26) e sua esposa (27), a filha mais velha filha de Leí]
O Elder Erastus Snow observou que o Profeta Joseph Smith disse que as filhas de Leí se casaram com dois dos filhos de Ismael. (JD, 23:184.) Parece seguro estimar que o grupo de Leí que enfrentou o deserto era, pelo menos, de vinte a vinte e sete pessoas.
Por que Leí escolheu a família de Ismael e não qualquer outra? Obviamente, era mais que conveniente que Ismael tivesse cinco filhas, o número exato necessário para prover esposas para os quatro filhos de Leí e para Zoram, o antigo servo de Labão, seu parente. Mas essa seria a única razão pela qual Leí escolheu essa família em particular? Uma declaração do Presidente Erastus Snow pode derramar luz sobre esse assunto. Ele declarou que, de acordo com o Profeta Joseph Smith, os “filhos de Ismael casaram na família de Leí.” (JD, 23:184.) O Livro de Mórmon menciona “os dois filhos de Ismael e suas famílias”, o que indica que Ismael tinha dois filhos, e que ambos já eram casados quando deixaram Jerusalém. Juntando esse fato com a proposta declaração de Joseph Smith, pode-se possivelmente concluir que Leí tinha duas filhas mais velhas e que as duas famílias se juntaram por casamento antes de eles deixarem Jerusalém. É natural que Leí desejasse trazer o restante de sua família para que eles, então, pudessem escapar da destruição de Jerusalém.
“E aconteceu que durante a viagem pelo deserto, eis que Lamã (1) e Lemuel (2) e duas das filhas de Ismael (4) e os dois filhos de Ismael (6) e suas famílias (duas esposas e dois filhos de cada, 12) se revoltaram contra nós; sim, contra mim, Néfi (13), e Sam (14); e contra o pai deles, Ismael (15), e sua mulher (16) e suas três outras filhas (19).” (1 Ne. 7:6). (Somando Leí (20), Saria (21), Jacó (22), José (23), Ismael (24), a esposa de Ismael (25),
Simplesmente para o propósito de visualizar este grupo de viajantes em termos mais humanos, especulamos quanto às idades de alguns indivíduos. Estimamos que Néfi era um adolescente quando saiu de Jerusalém. Na época que ele retornou a Jerusalém para obter as placas de Labão, entretanto, Néfi havia crescido fisicamente o suficiente para que descrevesse a si mesmo como “sendo excessivamente jovem, no entanto, ... grande em estatura”.
“E aconteceu que eu, Néfi, sendo muito jovem, embora de grande estatura, e tendo também grande desejo de saber dos mistérios de Deus, clamei, portanto, ao Senhor; e eis que ele me visitou e enterneceu meu coração, de maneira que acreditei em todas as palavras que meu pai dissera; por esta razão não me revoltei contra ele, como meus irmãos.” (1 Ne. 2:16)
E agora eu, Néfi, sendo um homem de grande estatura e havendo também recebido muita força do Senhor, lancei-me sobre o servo de Labão e segurei-o, para que não fugisse.(1 Ne. 4:31.)
Ele tinha força física suficiente para agarrar e segurar Zorã e para cortar a cabeça de Labão.
“Obedeci, portanto, à voz do Espírito e peguei Labão pelos cabelos e cortei-lhe a cabeça com sua própria espada.” (1 Ne. 4:18).
Ele tinha também idade suficiente para que tivesse grandes experiências espirituais, inclusive uma visão do Salvador.
“E aconteceu que o anjo me falou novamente, dizendo: Olha! E olhei e vi o Cordeiro de Deus ser levado pelo povo; sim, o Filho do Deus Eterno foi julgado pelo mundo; e vi e testifico. “(1 Ne. 11:32.)
Algum tempo mais tarde, ele e seus irmãos retornaram para Jerusalém novamente e trouxeram Ismael e sua família até onde estava Leí; Néfi agora tinha idade suficiente para se casar, e sua esposa lhe deu filhos no deserto.
“E aconteceu que eu, Néfi, tomei para aesposa uma das bfilhas de Ismael; e meus irmãos também tomaram para esposas as filhas de Ismael; e cZorã também tomou para esposa a filha mais velha de Ismael.”(1 Ne. 16:7)
“E Jacó e também José, sendo jovens e tendo necessidade de muito alimento, sofreram por causa das aflições de sua mãe; nem minha mulher, com suas lágrimas e súplicas, nem meus filhos haviam conseguido abrandar o coração de meus irmãos, para que me soltassem.” (1 Ne. 18:19).
Estas considerações nos levam a estimar a idade de Néfi quando deixou Jerusalém em 16 anos; talvez 17 anos de idade quando o Senhor o visitou; talvez 18 quando decapitou Labão e segurou Zoram; e talvez 19 anos de idade quando se casou com uma das filhas de Ismael.
Uma revisão similar do texto levou o Presidente George Q. Cannon a concluir que “Néfi provavelmente não tinha mais de 15 anos” quando deixou Jerusalém. (George Q. Cannon, The Life of Nephi, the Son of Lehi, Salt Lake City: The Contributor Co., 1888, p. 14.)
Assumindo que os irmãos mais velhos de Néfi tivessem nascido a intervalos de dois anos, podemos estimar suas idades. Se Saria tivesse uma idade estimada de dezesseis anos quando teve o primeiro filho, ela teria quarenta e quatro anos de idade quando lhe nasceu José, seu último filho que nasceu no deserto, nada além da experiência de muitas mulheres daquela época e de ainda hoje.Pelo costume, Leí provavelmente teria uma idade estimada de 10 anos a mais que sua esposa, de acordo com informação de nossos amigos do Oriente Médio.
Ismael poderia ser mais velho porque ele tinha dois filhos casados e já com família. enquanto que Leí não tinha. Estimamos que Ismael fosse uns quatro anos mais velho que Leí, com uma esposa dez anos mais jovem.
Entretanto, com apenas seis pessoas alistadas no grupo original de Leí, quantos jumentos teriam deixado Jerusalém? Estimamos, de quatro a doze para levar as provisões, pertences pessoais e as tendas. Nos foi assegurado, pelos beduínos que visitamos que as tendas pesariam aproximadamente 225 Kg e teriam sido embaladas separadamente (panos das paredes, divisórias e teto) carregados por três jumentos, de modo que sendo necessários três jumentos para levar cada tenda e um jumento para levar as provisões de cada uma das pessoas, teríamos no mínimo nove jumentos. A chegada do grupo de Ismael, logicamente faria aumentar a quantidade necessária de provisões.
Agora, quanto à escolha do caminho pelo qual sairiam da cidade de Jerusalém ou seus arredores, descobrimos que havia três rotas, (ver Fig. 5) cada uma das quais os levaria à cidade de Aqaba, na cabeceira do Mar Vermelho, o grande cruzamento das trilhas do franquincenso e o único portão sul ao longo do Mar Vermelho. Uma rota ia do leste de Jerusalém até Jericó através do desolado deserto judeu, então cruzado pelo Rio Jordão se unia à Estrada do Rei, descendo a margem leste do Mar Morto, pelas cidades de Madaba, Karak, e Petra, até Aqaba — atualmente todas elas pertencem ao Reino de hashemita da Jordânia. Esta é a principal estrada antiga que vai de norte a sul, rodeando montanhas e passando por wadis, que são vales cheios de areia entre montanhas que recebem o escoamento das águas da chuva vindas das montanhas escarpadas ao seu redor. Assim, durante a estação das chuvas, os wadis podem ser perigosos devido às torrentes lamacentas. Mas durante a estação sêca, eles são “súper autoestradas” com amortecimento de areia com aclives levemente inclinados e passagens confortáveis através das acidentadas e, de outra forma intransponíveis, montanhas.
Aqaba[1] ou Acaba (em árabe: العقبة al-ʿAqabah; em hebraico: עקבה) é uma cidade costeira do extremo sul da Jordânia, capital da província jordaniana homônima. Único porto marítimo do país, a cidade é de importância estratégica para a Jordânia. A cidade limita com Eilat, em Israel, e conta com um posto de fronteira onde é possível atravessar para o país vizinho. Tanto Aqaba quanto Eilat encontram-se no extremo norte do golfo de Acaba. A cidade é conhecida hoje como um balneário de mergulho e praia. Entretanto, a atividade industrial também é relevante para a região e a cidade exporta fosfato e conchas. Aqaba é um centro administrativo importante no sul da Jordânia. Sua população é estimada em 95.408 habitantes (2008)[2] e sua área é de 375 km².
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Fig. 5 - Três possíveis rotas de Jerusalém a Áqaba, 600 a.c.
Fig. 5b - O Golfo de Ácaba
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Rota 1:Vai a leste de Jericó através do Rio Jordão, então segue a Estrada do Rei, da cidade de Ma’daba, descendo até Aqaba.
Rota 2: Vai quase para o leste de Jericó, para o sul ao longo da costa oeste do Mar Morte, então através do Wadi al ‘Araba, até Aqaba.
Rota 3: Vai ao sul para Hebrom, ao sul-sudeste até Bersebá, continua descendo o Wadi al ‘Araba, até Áqaba. Uma variação da rota três deixa aquela trilha em Hebrom e se une à rota 2 no sul de En-gedi.
Leí deveria ter passado pelos reinos de Amon, Moabe e Edom na sua rota leste; e embora sua família não estivesse sofrendo qualquer perigo, eles quase certamente foram taxados em cada uma das fronteiras.
Outra possível rota deixa Jerusalém e vai para o sul de Hebrom, então segue a sudeste para Bersebá, e então desce o Wadi al Araba, até Áqaba. Uma variação dessa rota vira ao leste para Hebrom e cruza as Montanhas de Sal na trilha que ainda hoje é usada, desce uma encosta e emerge na costa oeste do Mar Morto, bem abaixo do oásis de En-gedi, juntando-se nesse ponto a outra possível rota que será descrita a seguir. Esta rota parece uma alternativa complicada e de difícil acesso.
A terceira rota vai a leste de Jerusalém na mesma estrada que a rota um, virando ao sul bem antes de Jericó, passando o Mar Morto no oeste, indo passar pelas grutas e falésias de Qumran, e então através do Wadi al Araba para emergir em Áqaba. Nossos amigos no Oriente Médio, aprenderam na história de seu país, disseram-nos, que esta última é a rota mais provável; mas não importa qual rota Leí usou para deixar Jerusalém, todas as três convergem ao sul do Mar Morto no Wadi al ‘Araba, que leva para Áqaba na cabeceira do Mar Vermelho, no Golfo de Áqaba. Estar em Áqaba deve ter sido muito instrutivo para Néfi, porque este local é um centro de usinagem e de construção de navios, cujas indústrias mais tarde se tornaram muito úteis para Néfi.
Áqaba, antigamente chamada de Ezion-geber, era a principal cidade do antigo reino de Edom. Ela está situada no único caminho entre Jerusalém e a antiga estrada costeira no Mar Vermelho, a interceção da civilização naquele mundo antigo.
Os leitores recordarão que Néfi menciona o fato de chegarem nas “bordas perto da praia do Mar Vermelho” e então viajarem “três dias no deserto” antes de armarem suas tendas no vale Lemuel.
“E desceu pelos limites perto da costa do Mar Vermelho; e viajou pelo deserto, do lado mais próximo do Mar Vermelho; e viajou pelo deserto com sua família, que consistia em minha mãe, Saría, e meus irmãos mais velhos, Lamã, Lemuel e Sam.” (1 Ne. 2:5)
“E aconteceu que depois de haver viajado três dias pelo deserto, ele armou sua tenda num vale, à margem de um rio de águas”. (1 Ne. 2:6.)
Então, é possível que o acampamento de Leí naquele vale ficasse a apenas três dias de viagem deste principal porto e cidade industrial do Mar Veremelho no antigo território israeliita, hoje Edomita. Em suas várias viagens através de Áqaba até Jerusalém, Néfi pode ter aproveitado a oportunidade para estudar sua tecnologia. De fato, o Livro de Mórmon relata mais quatro dessas viagens por essa área, em idas e vindas para obter as Placas de Latão e para trazer Ismael.
Mas para onde Leí teria ido depois de sair de Áqaba: Toda a península arábica estava diante deles, mas a bem concorrida trilha do franquincenso que vai a sul-sudeste ao longo de toda a linha costeira do Mar Vermelho, com os 118 poços de água conhecidos espalhados ao longo de sua trilha. Neste ponto de nosso estudo, um item da História da Igreja se torna muito elucidativo: o Profeta Joseph Smith disse que “Leí desceu pelo Mar Vermelho até o grande Oceano do Sul, e cruzou por sobre esta terra” significando a América. (Teachings of the Prophet Joseph Smith, p. 267.)
Uma vez que o Mar Vermelho não corre diretamente de norte a sul, o grupo de Leí poderia ter vindo “aproximadamente... ao sul-sudeste” enquanto eles vinham em direção paralela à costa. Então, depois da morte de Ismael em Nahom, eles viraram aproximadamente para o leste, até chegarem às muitas águas.
E aconteceu que viajamos pelo espaço de quatro dias, na direção aproximada sul-sudeste; e novamente armamos nossas tendas e demos ao lugar o nome de Sazer.(1 Ne. 16:13)
“E aconteceu que reiniciamos a jornada pelo deserto e, dali em diante, viajamos na direção aproximada do leste. E viajamos e passamos por muitas aflições no deserto; e nossas mulheres tiveram filhos no deserto.”(1 Ne. 17:1)
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Fig. 6 - Provável esquema da trilha de Leí
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O cuidado de Néfi em especificar a direção aproximada sul-sudeste e depois aprixunada leste, nos permite fazer uma especulação muito plausível a respeito da localização de seu destino, a terra de Abundância.
Com Néfi descreveu, a terra deve conter água, frutos, grandes árvores para a madeira do navio, uma praia, um despenhadeiro de frente para o mar, e minério de ouro. Por mais incrível que possa parecer, o desaguadouro do Mar Vermelho em Aden Sur, na parte mais a leste da península, perto do Golfo de Oman, há apenas um lugar em toda sua extensão de 2.250 Km que combina com essa descrição. É uma pequena terra, curvada em forma de foice, curvada ao redor de uma pequena baía, com quase 45 Km de comprimento e apenas 11 Km de largura, encostada nas Montanhas de Qara. Por três meses no ano, as nuvens das monções se reúnem nas encostas de frente para o mar e a cobrem com nevoeiros, neblina e chuvas.
Salalah, estado de Dhofar, Sultanado de Omã
Este lugar é Salalah, no estado de Dhofar, o Sultanado de Omã. A costa se estende em ambas as direções numa esterelidade ininterrupta. Repetimos, este é a única praia em toda a Península Arábica que recebe quantidades significativas de chuvas e onde crescem grandes árvores, e sabe-se que este caminho existiu por bem ais de dois mil anos.
Depois nós descobrimos a razão da existência dessa antiga rota: Salalah é o único lugar na terra onde crescem de forma nativa as árvores das quais se extrai o franquincenso. Mudas têm sido transplantadas no Iêmen e Somália, na costa africana, mas na época de Leí, Salalah procedia numa situação de quase monopólio.
Seria possível que Salalah, o ponto de partida da trilha do franquincenso e o único lugar no Mar da Arábia, onde há madeira suficiente para construir um navio, pudesse ser a terra de Abundância? Nós nos debruçamos sobre os mapas e antigas histórias, tentando juntar as peças da possível rota de Leí entre Áqaba and Salalah.
Salalah
Descobrimos que a principal trilha do franquincenso vira para o leste no 19º paralelo, mas para que o grupo de Leí continuasse, uma vez que chegou em Najran, onde a trilha vira para o sul, eles teriam que viajar por um percurso alternativo e pouco usado da trilha do franquincenso que contorna a borda sul do grande deserto do Quarteirão Vazio.
O Quarteirão Vazio
(O Rub' al-Khālī (em árabe الربع الخالي), ou seja, "o quarteirão vazio", é um dos maiores desertos de areia do mundo. Cobre o terço mais meridional da península arábica. O Rub' al-Khālī apresenta temperaturas no verão que vão desde alguns graus abaixo de 0 até 60 °C ao meio-dia, e dunas mais altas do que a Torre Eiffel, com cerca de 330 metros de altura.)
Provavelmente eles estavam seguindo as direções dadas pela Liahona, então o grupo evitou passar através da grande nação pagã de Sabá ao sul (Van Beek, p. 41) com sua próspera capital, antigamente chamada de Marib, e o agriculturavelmente produtivo vale de Hadhramaut.
Shibam, Wadi Hadhramaut
Talvez Leí não queria mais expor alguns dos membros desobedientes de seu grupo exibindo-os às tentações de uma civilização florescente que existia ali. Depois de terem vivido num pequeno acampamento durante anos, alguns dos membros do grupo de Leí teriam se recusado a seguir em frente se tivessem visitado o maior centro urbano do sul? Na rota a leste menos usada, num lugar os poços de água ficam a 106 Km. Para nós, esse traçado de rota explica as terríveis dificuldades mencionadas por Néfi, antes que chegassem ao paraíso tropical ou semi-tropical de Abundância.
“E aconteceu que reiniciamos a jornada pelo deserto e, dali em diante, viajamos na direção aproximada do leste. E viajamos e passamos por muitas aflições no deserto; e nossas mulheres tiveram filhos no deserto.” (1 Ne. 17:1)
Nós ficamos maravilhados com o tempo que levou para fazer essa jornada. De Jerusalém até Salalah são 3.300 Km. (Ver Fig.7) Qual é a velocidade de caminhada de um camelo? e dos jumentos? Então recorremos à assistência de Salim Saad, um experiente condutor de camelos e antigo oficial do Exército.
Estacionado em Wadi Araba, ele se tornou amigo de muitos beduínos do deserto. Ele explicou que um asno carregado pode viajar 32 Km em seis horas. Baseando-se em sua surpreendente biblioteca de história árabe, ele nos mostrou um exemplo de caravana de camelos que consistia de milhares de camelos que viajavam numa média de 38 Km por dia no Haj, que é uma peregrinação islâmica, desde o Cairo até Meca.
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Fig. 7 - Possível rota da jornada de Leí no deserto, 600–592 a.C. O primeiro nome de cada localização é o atual, seguido do antigo nome do Livro de Mórmon, Bíblia ou outra fonte antiga.
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Outra média de velocidade pode-se perceber quando o patriarca Jacó, filho de Isaque, fugiu com suas esposas e filhos, montados em camelos e com seus rebanhos, de Padã Arã (Haran na Mesopotâmia) até o Monte Gilead, uma distância de aproximadamente 600 Km, percorridos em 10 dias - uma média de 60 Km por dia. Ele estava sendo perseguido por seu irado sogro Labão, que percorreu a mesma distância em sete dias, ou 86 Km por dia! (Ver Gên. 31: 18-23) Se considerarmos todas essas figuras e compormos uma média, podemos assumir que Leí poderia ter viajado quase 38 Km por dia, indiferentemente do tipo de animais que ele usou. Em outras palavras, eles poderiam ter ido de Jerusalém até (Gen. 31:18–23) Salalah em aproximadamente 90 diasm, entretanto Néfi relata que o grupo levou oito anos para chegar em Abundância. Onde eles foram nesses oito anos?
“E permanecemos no deserto pelo espaço de muitos anos, sim, oito anos no deserto.” (1 Ne. 17:4.)
Podemos presumir que o grupo não assumir que o grupo não se dispersou ao sair de Jerusalém e que provavelmente poderiam ter viajado pelo menos 20 Km por dia, o que significa oito a doze dias entre Jerusalém e Áqaba. Daí em diante eles jornadearam “três dias no deserto” e acamparam no Vale de Lemuel.
“E aconteceu que depois de haver viajado três dias pelo deserto, ele armou sua tenda num vale, à margem de um rio de águas.” (1 Ne. 2:6.)
Examinando os mapas e o local, pensamos que houvesse somente um oásis que podesse se qualificar como este importante local de acampamento - Al Bed, no Wadi El Afal, Saudi Arabia. Alí eles poderiam ter permanecido por dois ou três ocupados anos, o que poderia incluir asa duas viagens dos filhos de volta para Jerusalém, em missões cujo tempo de viagem foi de um mês cada, mais o tempo necessário de preparação e recuperação do cansaço da jornada e os dias despendidos negociando com Labão e juntando seu ouro e prata para trocar pelas placas. Seguiram-se então longos dias estudando e digerindo os ensinamentos das placas; e quando Ismael e sua família se juntou ao grupo de Leí, deve ter havido preparativos para os cinco casamentos e celebraçoes que se seguiram.
Também é provável que Leí tenha usado o tempo disponível fazendo plantações. Isso parece ser indicado pela declaração de Néfi quenao o grupo estava quase chegando ao Vale de Lemuel: “Reunimos todas as coisas que deveríamos levar para o deserto e todo o restante de nossas provisões que o Senhor nos deu; e pegamos sementes de todo tipo.” Pensamos que vários anos poderiam facilmente ser consumidos nessas atividades.
“E aconteceu que reunimos todas as coisas que deveríamos levar para o deserto e todo o restante das provisões que o Senhor nos dera; e juntamos sementes de toda espécie a fim de levarmos para o deserto.” (1 Ne. 16:11; itálicos acrescentados)
O acampamento no Vale de Lemuel deve ter sido um lugar seguro para Leí descansar. Ele havia viajado três dias além do estaleiro da cidade de Áqaba, na nação estrangeira de Midiã e estava, portanto, presumivelmente fora do alcance de qualquer pessoa de Jerusalém que ainda o procurasse para tirar sua vida.
Depois de um período nesse primeiro acampamento, as duas famílias, agora unidas por, pelo menos, quatro casamentos, (Zoram era casado com uma das cinco filhas de Ismael), pegaram as malas e foram para a direção sul-sudeste, ao longo da margem do Mar Vermelho, para um lugar a quatro dias de viagem, o qual chamaram de Sazer. Nós analizamos muito bem o mapa, estimando que em quatro dias o grupo poderia ter viajado 160 Km., o que os teria levado ao oásis de Azlan no Wadi Azlan. (Ver Fig.7) Este representa o local natural para eles pararem por algum tempo.
Não sabemos por quanto tempo o grupo de Leí descansou em Sazer, possivelmente tempo suficiente para plantar uma safra e esperar pela colheita, mas Néfi relata que depois de um período de tempo eles partiram, seguindo ainda na direção sul-sudeste.
“E aconteceu que tomamos nossos arcos e nossas flechas e saímos pelo deserto, à procura de caça para nossas famílias; e depois de havermos obtido a caça, voltamos outra vez para junto de nossas famílias no deserto, no lugar chamado Sazer. E saímos novamente pelo deserto, seguindo na mesma direção, mantendo-nos nas partes mais férteis do deserto, que acompanhavam os limites próximos ao Mar Vermelho.” (1 Ne. 16:14.)
Parece que desta vez, parece eles dependiam da caça para seu sustento:
“E aconteceu que viajamos pelo espaço de muitos dias, caçando pelo caminho com nossos arcos e nossas flechas, nossas pedras e nossas fundas.” (1 Ne. 16:15.)
Porque isso aconteceu? A colheira teria minguado? Que tipo de dificuldades eles encontraram? Em todo caso, eles continuaram a viagem até que “depois ...do espaço de muitos dias” eles armaram seu acampamento para descançar e caçar. Néfi não menciona o nome desse local de acampamento mas para eles foi o Acampamento da Tribulação - o arco de aço de Néfi quebrou e a família passou fome porque os outros arcos haviam “perdido sua elasticidade.”
“E aconteceu que viajamos pelo espaço de muitos dias, caçando pelo caminho com nossos arcos e nossas flechas, nossas pedras e nossas fundas.” (1 Ne. 16:21.)
Possivelmente a família novamente tentou plantar uma safra. Sabemos que Néfi, sob instruções do Senhor, fez um arco de madeira e foi caçar novamente.
É possível que tenha decorrido outra estação de colheitas antes de que a família tenha se movido na mesma direção, rumo a Hahom, loclizada junto ao 19º paralelo. Aqui a parada deve ter sido rápida, já que Ismael, o membro mais idoso do grupo, faleceu.
“E aconteceu que Ismael morreu e foi enterrado no lugar chamado Naom.” (1 Ne. 16:34.)
Certamente, para seu conforto, eles teriam tentado não viajar; então deve ter havido um período de luto antes que desarmassem suas tendas e partissem. Néfi diz especificamente sobre a jornada em Nahom, que o grupo de Leí alí “permaneceu por algum tempo.”
“E aconteceu que reiniciamos nossa viagem, tomando aproximadamente o mesmo rumo do princípio; e depois de havermos viajado pelo espaço de muitos dias, armamos novamente nossas tendas a fim de pararmos por algum tempo.”(1 Ne. 16:33.)
Quando o grupo deixou Nahom, eles viajaram na “direção aproximada do leste“ e viajaram até que finalmente chegaram em Abundância, nas margens de Irreântum.
“E aconteceu que reiniciamos a jornada pelo deserto e, dali em diante, viajamos na direção aproximada do leste. E viajamos e passamos por muitas aflições no deserto; e nossas mulheres tiveram filhos no deserto.
E tão grandes foram as bênçãos do Senhor que, enquanto vivemos de carne crua no deserto, nossas mulheres tiveram bastante leite para seus filhos e eram fortes, sim, tanto quanto os homens; e começaram a suportar as viagens sem murmurar.
E assim vemos que os mandamentos de Deus devem ser cumpridos. E se os filhos dos homens guardam os mandamentos de Deus, ele alimenta-os e fortalece-os e dá-lhes meios pelos quais poderão cumprir as coisas que lhes ordenou; portanto ele nos deu os meios de sobrevivermos enquanto permanecíamos no deserto.
E permanecemos no deserto pelo espaço de muitos anos, sim, oito anos no deserto.
E chegamos à terra a que demos o nome de Abundância, por causa das muitas frutas e também do mel silvestre; e todas essas coisas foram preparadas pelo Senhor, a fim de que não perecêssemos. E vimos o mar, ao qual demos o nome de Irreântum, que significa muitas águas.” (1 Ne. 17:1–5.)
Eles passaram oito anos no deserto e ficariam em Abundância um período não divulgado. Nós tentamos estimar quanto tempo eles levaram para procurar minério, fazer ferramentas, construir o navio e colher sementes para a viagem. Poderia ser algo como dois, três anos ou mais? Estabelecendo uma diferença de quatro anos entre a cronologia da Bíblia e a do Livro de Mórmon, Jerusalém teria sido destruída enquanto eles estavam em Abundância. Curiosamente, na época em que eles chegaram na América, Leí recebeu uma visão que confirmava a destruição de Jerusalém.
Candidate site for Bountiful (Wadi Sayq)
Assim nossa pesquisa terminou. A rota e a cronologia como as unimos, tinha Leí joining uma das mais usadas rotas da antiguidade, a Trilha do Franquincenso, que tem origem em Salalah, Oman. Para nós, isso explica a presença de fontes d’agua com nomes conhecidos, a direção em que o grupo viajou e as pessoas que indubitavelmente eles encontraram.
Agora nós estamos prontos para testar a hipótese de seu caminho por terra, checar as distâncias, ver por nós mesmos a existência da Trilha do Franquinsenso, e examinar essa área centenária que se encaixa tão bem com a descrição de Abundância. Estávamos prontos para a Arábia!
A Península Arábica
Esta pedra relevo do palácio de Sennacherib, na antiga Nínive, ilustra a captura assíria da cidade de Lachish, em Judá, ocorrida provavelmente no ano 701 a.C. em Judá. O detalhe mostra as roupas de um cativo judeu a um século dos dias de Leí e dentro de 40 Km de Jerusalém, a cidade de Leí. Ele também mostra como os judeus do sétimo século antes de Cristo carregavam um camelo. Leí e seu grupo, uma vêz no deserto, provavelmente se pareciam muito com esta imagem. (Foto do Museu de Israel em Jerusalém - Gerald W. Silver)
[Foto] Bottom: Beer-sheba, “o poço do juramento” doi nomeado por Abraão e Abimeleque centenas de anos antes de Leí e seu grupo deixarem Jerusalém, mas Leí pode ter passado através desse oásis se tiver pego a rota sul.
Se Leí tomou o Caminho dos Reis ao sul, ele teria viajado passando por Petra. O Suq, o estreito portão para Petra, foi esculpido na rocha sólida por um antigo rio.
Petra se tornou rica devido à taxação que se impôz às caravanas que passavam pelo Caminho do Rei.
Jericó, uma das cidades mais antigas da Palestina, permanece por milênios a 11 Km ao norte do ponto onde o Rio Jordão deságua no Mar Vermelho.
A terra de Moabe no começo da primavera, como vista do Caminho do Rei. Leí pode ter viajado por aqui caso tenha tomado a rota mais a leste da rota de Jerusalém. A pedra sabão é tão abundante que até mesmo as casas são construídas com elas.
Moabe (hebreo: מוֹאָב, estándar Moʾav tiberiano Môʾāḇ ; grego Μωάβ ; árabe مؤاب, assírio Mu'aba, Ma'ba, Ma'ab ; egipcio Mu'ab) é o nome histórico de uma faixa de terra montanhosa localizada na atual Jordânia ao longo da margem do Mar Morto. Em tempos antigos, foi o lar do reino dos moabitas, um povo frequentemente em conflito com seus vizinhos israelitas do oeste.
[Foto] Acima, à direita: O Golfo de Áqaba é o braço mais ao norte do Mar Vermelho. Leí passou por ele ou parou por um curto tempo aqui enquanto viajava “pelas bordas junto às margens doi Mar Vermelho.”
"E desceu pelos limites perto da costa do Mar Vermelho; e viajou pelo deserto, do lado mais próximo do Mar Vermelho; e viajou pelo deserto com sua família, que consistia em minha mãe, Saria, e meus irmãos mais velhos, Lamã, Lemuel e Sam." (1 Ne. 2:5).
[Foto] Abaixo, à direita: Na cabeceira do Wadi al Araba. Aqui podemos ver onde as rotas de Jerusalém se juntam, vindo do norte através das aberturas naturais do vale vemos na distância. Esta foto foi tirada do Caminho do Rei, que se junta com outras trilhas a poucos quilômetros para o sul.
[Foto] Pôr do sol em praia de Salalah.
[Fotos] Em cima, esquerda: no inverno, a grama seca das montanhas de Salalah é colhida.
Em cima, direita: As enconstas das montanhas de Qara, em Salalah, são uma agradável chance de rodear o deserto.
Penhascos de Salalah, possivelmente o local onde os irmãos de Néri tentaram lançá-lo nas profundezas do mar
Notas
As irmãs de Néfi não são nomeadas no Livro de Mórmon. Não sabemos se elas eram mais velhas ou mais nova que Néfi, nascidas em Jerusalém, ou no deserto ou na terra prometida.
"Portanto aconteceu que eu, Néfi, levei comigo minha família, assim como Zorã e sua família; e Sam, meu irmão mais velho, e sua família; e Jacó e José, meus irmãos mais jovens, e também minhas irmãs e todos os que me quiseram acompanhar. E todos os que me quiseram acompanhar foram os que acreditavam nas advertências e revelações de Deus; portanto deram ouvidos a minhas palavras." (2 Ne. 5:6)
Se Jacó e José nasceram no Vale de Lemuel, nós não sabemos. Eles não são mencionados no Livro de Mórmon até a partida da terra de Abundância, uns dez anos depois da saída de Jerusalém:
Ora, meu pai havia gerado dois filhos no deserto; o mais velho chamava-se Jacó e o mais novo, José. (1 Ne. 18:7.)
A Via Maris (roxo), o Caminho do Rei (vermelho) e
outras antigas rotas comerciais do Levante, 1300 a.C.
Numerosos estados antigos, incluindo Edom, Moab, Amon e vários and various Aramaean polities dependeram grandemente do Caminho do Rei para seu comércio. O Caminho do Rei começa em Heliopolis, Egito, e dalí segue a leste, para a China, (moderna Suez), atravvés da Passagem Mitla e dos fortes egípcios de Nekhl e Themed, no deserto do Sinai para Eilat e Áqaba. Dalí o Caminho vira para o norte através de Arabah, passa por Petra e Ma'an, para Udruh, Sela, e Shaubak. Ele passa por Kerak e pela terra de Moab para Madaba, Rabbah Ammon/Philadelphia (moderna Aman), Gerasa, Bosra, Damasco e Tadmor, terminando em Resafa no Eufrates superior.
“Por favor, deixa-nos passar através do seu país. Nós não passaremos pelos campos ou vinhas, nem beberemos agua dos seus poços; nós iremos ao longo do Caminho do Rei; nós não nos viraremos para a direita nem para a esquerda até que tenhamos passado pelo teu território.”
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