Devocional realizado em 15 de Outubro de 1996 no Marriott Center, Brigham Young University
Falo a vocês hoje como professor. Tenho refletida em mim a influência de um professor que conheci há cinquenta anos. Como geralmente é o caso, a influência daquele professor não era restrita à matéria que ensinava. O Dr. Schaefer era um professor de matemática na Universidade Estadual de Washington, em Pullman, Washington (EUA). Ele não tinha uma aparência muito marcante. Não me lembro do seu primeiro nome, mas eu jamais esquecerei a primeira coisa que ele disse no primeiro dia que nos conhecemos.
Foi durante a Segunda Guerra Mundial. Estávamos em treinamento para pilotos e tínhamos sido enviados para a Universidade para o que nos disseram que seria um curso relâmpago em meteorologia, clima, navegação, física, aerodinâmica, e outros assuntos técnicos. Nós achamos que o nome “crash course” (curso de impacto) não era muito encorajador para pilotos estudantes. A palavra “intensivo” teria sido melhor.
Dr. Schaefer tinha que nos levar da matemática básica para o cálculo em questão de semanas.
Até aqueles poucos minutos na primeira aula eu achava que seria impossível. Ele começou a aula com este anúncio:
“Enquanto muitos de vocês já tiveram alguma experiência universitária, até mesmo cursos avançados naquilo que estudaremos, meu propósito será ensinar principiantes. Peço àqueles de vocês que conhecem o assunto para serem pacientes enquanto eu ensino o básico àqueles que não sabem.”
Encorajados pelo que ele disse e mais pelo que ele ensinou, eu fui capaz de passar no curso com uma certa facilidade. De outra forma poderia ter sido impossível.
Quando decidi tomar-me professor, o exemplo do Dr. Schaefer me inspirou a dar o melhor de mim para ensinar verdades básicas e simples da forma mais compreensível o possível. Eu aprendi o quão difícil é simplificar.
Anos após a guerra, voltei à Universidade do Estado de Washington e encontrei o Dr. Schaefer. Ele, naturalmente, não se lembrava de mim. Eu era apenas um dentre as centenas de cadetes das suas classes. Agradeci-lhe por aquilo que tinha me ensinado. A matemática e o cálculo tinham se apagado há muito tempo, mas seu exemplo como professor não.
Assim, seguindo aquele exemplo, hoje quero falar-lhes a respeito d'A Igreja. As coisas que eu falarei não podem ser encontradas nas escrituras, embora elas estejam em conformidade com os princípios ensinados nas escrituras.
Um princípio é uma verdade duradoura, uma lei, uma regra que você pode adotar, para ajudá-lo a tomar decisões. Geralmente os princípios não são formulados detalhadamente. Isto o deixa livre para adaptar e encontrar o seu caminho com uma verdade duradoura. Um princípio é como uma âncora. (negritos do tradutor)
As coisas que falarei também não são explicadas em nossos guias ou manuais. Mesmo que fossem, a maioria de vocês não tem guias, pois não são líderes do Sacerdócio de Melquisedeque ou da Sociedade de Socorro e outros, pois os manuais completos apenas são dados aos lideres.
Eu falarei sobre o que eu chamo de “A Ordem Não Escrita das Coisas”.
Minha lição de hoje pode ser intitulada “Coisas Triviais Sobre A Igreja, as Quais Todo Membro Deveria Saber”. Embora sejam coisas bem triviais, elas são, no entanto, muito importantes! De alguma forma nós presumimos que todas as pessoas já sabem todas as coisas triviais. Se você as conhece, deve ter aprendido através da observação e experiência, porque elas não estão escritas em lugar algum e não são ensinadas nas salas de aula. Assim, continuando, se você é daqueles que sabe tudo, seja paciente enquanto eu ensino aqueles que não sabem; e, tire uma soneca.
Os alicerces básicos do conhecimento e do testemunho nunca mudam; o testemunho de que Deus, o Pai, vive; que Jesus é o Cristo; que o Espírito Santo nos inspira; que houve uma restauração; que a plenitude do evangelho e a mesma organização que existia na Igreja primitiva foi revelada a nós. Tais coisas são ensinadas em todos os lugares e sempre, em nossas classes, nas escrituras, nos guias e manuais, em tudo o que fazemos.
A doutrina e instruções fundamentais da organização da Igreja são da mesma forma encontradas nas escrituras. Há ainda uma outra fonte de conhecimento concernente ao que faz A Igreja funcionar: esta, aprendemos pela observação e experiência. Se você aprender sobre estas coisas que não estão escritas, a ordem não escrita das coisas, você estará melhor qualificado para ser um líder, e certamente você será um líder. As posições mais importantes de liderança estão no lar - pai, mãe, marido, esposa, irmão e irmã mais velhos. Assim, posições de liderança e ensino estão disponíveis na Igreja como em nenhum outro lugar.
Apesar de as coisas sobre as quais falarei não estarem escritas, elas são bem facilmente aprendidas. Apenas esteja alerta para a ordem não escrita das coisas e se interesse por elas, e você descobrirá que aumentará sua habilidade e seu valor para o Senhor.
Antes que vos dê alguns exemplos desta ordem não escrita, deixa-me lembrar-lhes do que o Senhor falou:
“Minha casa é uma casa de ordem, disse o Senhor Deus” (D&C 132:18).
E Ele disse ao Seu profeta: “E vede que estas coisas sejam feitas com sabedoria e ordem; porque não se exige que o homem corra mais do que suas forças o permitam. E, novamente, é necessário que ele seja diligente, para que assim possa ganhar o galardão; portanto, tudo deve ser feito em ordem”. (Mosias 4:27)Paulo disse aos Corintios que “todas as coisas” eram para “serem feitas decentemente e em ordem” (ver 1 Cor. 14:40). Retomaremos a isto em um momento.
As coisas que vos falarei não são tão rígidas que a Igreja desmoronará se elas não forem estritamente observadas todo o tempo. Mas, elas estabelecem um padrão de dignidade e ordem e tornarão nossas reuniões e classes melhores; elas irão melhorar as atividades. Se vocês as conhecem e as entendem, elas contribuirão muito para sua vida.
Nossas reuniões deveriam ser conduzidas de maneira tal que os membros pudessem ser renovados espiritualmente e pudessem permanecer sintonizados com o Espírito à medida que eles enfrentam os desafios da vida. Nós devemos estabelecer condições sob as quais os membros possam, por meio de inspiração, solucionar seus próprios problemas.
Existem pequenas coisas que ajudam nesse sentido, e coisas que impedem. Alma ensinou “... que é por meio das coisas pequenas e simples que as grandes são realizadas; e pequenos meios muitas vezes confundem os sábios”. (Alma 37:6)
Dou como primeiro exemplo desta ordem não escrita das coisas uma algo tão simples como isto: Aquele que preside uma reunião deveria sentar-se na frente e próximo àquele que a dirige. É um pouco difícil presidir uma reunião da (sentado junto à) congregação. Aquele que preside é responsável pelo Espírito da reunião e tem o direito e a responsabilidade de receber inspiração e pode ser compelido a ajustar ou corrigir alguma coisa que acontecer na reunião. Isto é verdadeiro, seja numa reunião de auxiliares presidida pelas irmãs ou qualquer outra de nossas reuniões.
Um novo presidente de estaca às vezes perguntará: “Devo sentar-me na frente em toda reunião da estaca? Não posso me sentar com minha família?” Eu lhe respondo: Enquanto você presidir, você deve sentar-se na frente. Sou tentado a dizer, mas não digo. Eu não posso ter este privilégio; porque você deveria ter?
Outro exemplo: Se observar a Primeira Presidência, verá que o primeiro conselheiro sempre senta à direita do presidente; o segundo conselheiro à esquerda. Este é um exemplo de coisas feitas “decentemente e em ordem”, como Paulo nos disse.
Normalmente, mas não sempre, se aquele que preside discursar, será no fim da reunião. Então os esclarecimentos ou correções necessários podem ser feitos. Eu tenho tido esta experiência muitas vezes no encerramento de reuniões, “Bem, irmão ou irmã fulano disse tal e tal, e eu tenho certeza que ele queria dizer tal e tal”.
Outro exemplo: Nós não aspiramos os chamados n'A Igreja, nem pedimos para sermos desobrigados. Somos chamados às posições n'A Igreja por inspiração. Mesmo se o chamado é apresentado de uma maneira inadequada, não é sábio para nós recusarmos o chamado. Devemos pressupor que o chamado vem do Senhor. A quinta regra de fé nos diz que "... um homem deve ser chamado por Deus, pela profecia, e pela imposição das mãos, por quem possua autoridade para pregar o Evangelho e administrar as suas ordenanças".
Se algumas circunstâncias fizerem com que fique difícil para você continuar a servir, você é livre para conversar com o líder que lhe chamou. Nós não chamamos a nós mesmos e nós não nos desobrigamos. Às vezes um líder ou um professor aprecia tanto a proeminência de uma posição de liderança que, mesmo depois de servir por um longo tempo, não querem ser desobrigados. Este é um sinal de que é hora da desobrigação. Deveríamos agir da mesma forma quando fomos chamados, ou seja, deveríamos aceitar os chamados e aceitar a desobrigação pela mesma autoridade.
Quando o Presidente J. Reuben Clark foi chamado como segundo conselheiro da Primeira Presidência depois de haver servido por muitos anos como Primeiro Conselheiro, ele respondeu na Assembléia Solene onde o apoio da nova Primeira Presidência aconteceu: “No serviço de Deus o que importa não é onde você serve, mas como. N'A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, uma pessoa toma o lugar para o qual ela foi devidamente chamada, lugar o qual ela não busca ou rejeita.” (CR, Abr 1951, pl 54). N'A Igreja foi ensinada uma lição bem valiosa sobre a ordem das coisas não escritas.
Eu aprendi anos atrás que nós não escolhemos onde servimos, somente respondemos ao chamado. Pouco tempo após nosso casamento, fui chamado como assistente do secretário de estaca. Meu bispo não queria desobrigar-me como professor da classe Doutrina do Evangelho. Ele me disse que eu tinha muito mais para oferecer como um professor do que numa tarefa obscura como assistente do secretário da estaca. Mas ele sabia que, sob a ordem não escrita das coisas, o presidente de estaca presidia e que o chamado que ele fez tinha precedência.
Não posso dizer-vos tudo que aprendi naquele chamado. Pude ver como uma presidência funciona. Fui testemunha de revelação no chamado e na desobrigação de líderes da estaca e da Ala. Trabalhando com o presidente da estaca aprendi pela observação e experiência muitas coisas que não estão nos manuais. Foi naquele chamado que pela primeira vez conheci membros do Quorum dos Doze e outras Autoridades Gerais, quando vinham para as conferências. Foi um tempo de treinamento na ordem não escrita das coisas.
Certa vez eu estava em um avião certa vez com o Presidente Kimball o qual, eu acho, serviu por 19 anos como secretário da estaca. Um membro que era daquela estaca naquela época estava no avião. Ele me disse: “Se eu soubesse que nosso secretário da estaca seria o Presidente da Igreja, eu o teria tratado bem melhor.”
Presidente Kimball estava na realidade servindo como segundo conselheiro na presidência da estaca quando o secretário do estaca se mudou. Eles chamaram um secretário e aquele secretário também mudou. Presidente Kimball assumiu também a responsabilidade de secretário. O Élder Melvin J. Ballard (membro do Quorum dos Doze) veio para a conferência, e disse: “Você não deveria ser o segundo conselheiro e secretário da estaca ao mesmo tempo. Você deve escolher que chamado prefere ter.”
O irmão Kimball não estava acostumado a poder escolher. Ele queria que o irmão Ballard lhe dissesse o que fazer, mas o irmão Ballard respondeu, “Não, você escolhe". Então o irmão Kimball disse, “Eu tenho uma máquina de datilografia, (bem poucas pessoas tinham máquinas de datilografia naquela época), eu conheço o sistema. Eu acho que posso contribuir melhor se eu ficar como secretário da estaca". E assim aconteceu.
Naquela época o secretário da Estaca recebia uma pequena remuneração, uma pequena quantia mensal, suponho que para comprar materiais. Uma irmã, que o conhecia bem, escreveu e disse: “Spencer, estou surpresa com você por aceitar um chamado somente porque tem dinheiro envolvido". Aí ela disse: “Se você não mudar sua atitude, dentro de dois meses, você estará apostatando da Igreja". Bem, ela estava um pouco errada nas suas previsões.
Agora um exemplo: Em uma ocasião o Élder Harold B. Lee presidiu a nossa conferência de Estaca. Entre as sessões nós almoçamos na casa do Presidente Zundell. Donna e eu chegamos um pouco atrasados porque tínhamos ido para casa para olhar nossos filhos. Elder Lee veio apanhar alguma coisa em seu carro e estava caminhando de volta para a casa quando nós chegamos. Eu tenho certeza de que nós estávamos visivelmente tocados por poder apertar as mãos e falar pessoalmente com um apóstolo. Ele apontou para a casa e disse, referindo-se à presidência de estaca a qual estava lá reunida: “Eles são grandes homens. Nunca deixe de aprender de homens como estes". E eu tinha sido ensinado por um apóstolo algo sobre a ordem não escrita das coisas. Há tanto o que você pode aprender observando líderes experientes nas alas e estacas nas quais você mora. Há tanto que você pode aprender ouvindo os irmãos e irmãs mais velhos que tiveram uma vida de experiências na escola do “não escrito”.
Outro exemplo: Existe uma ordem das coisas para onde devemos nos dirigir para (buscarmos) conselhos ou bênçãos. É simples, nos dirigimos a nossos pais. Quando eles já não estão mais disponíveis, se for uma bênção, então podemos nos voltar para nossos mestres familiares. Para (receber) conselhos, você vai para o seu bispo. Ele pode escolher mandar você para o seu líder superior, o presidente de Estaca. Mas nós não recorremos às Autoridades Gerais. Nós não lhes escrevemos para pedir conselhos, ou supomos que alguém em uma posição mais proeminente dará uma bênção mais inspirada? Se nós conseguíssemos fazer com que isto fosse ensinado n'A Igreja, um grande poder repousaria sobre nós.
O Presidente Joseph F. Smith ensinou que se houvesse doença em uma casa, ainda que estivessem presentes “Apóstolos ou até mesmo membros da primeira presidência d'A Igreja,... o pai está lá. É correto e é seu dever presidir.” Doutrina do Evangelho, pag. 286, vide nota (1)
Existe um “um último recurso” autorizado além do bispo, presidente de estaca, Autoridade Geral e todos os outros na nossa linha de autoridade. É o nosso Pai nos céus a quem recorremos em oração. Se fizermos isso, iremos, na maioria das vezes, resolver nossos problemas.
Outro princípio: A revelação n'A Igreja é vertical. Geralmente ela se confina aos limites administrativos e geográficos ou limitações dadas àquele que foi chamado. Por exemplo, um bispo que está tentando resolver um problema não receberá revelação aconselhando-se com um bispo de uma outra ala ou estaca que seja seu parente ou que possa trabalhar no mesmo escritório. Minha experiência me ensinou que a revelação vem de cima, não dos lados. Não importa quão mais experientes, ou mais velhos, ou mais espirituais alguém do lado possa parecer; é melhor recorrer para cima através dos devidos canais.
Princípio: um atributo primordial de um bom líder é ser um bom seguidor. Em uma reunião de bispos, um novo e inquieto bispo perguntou certa vez: “Como faço para que as pessoas me sigam? Eu chamei nove irmãs para serem presidentes da primária e nenhuma aceitou.” Havia um bom senso de humor e um espírito agradável na reunião o qual tornou o momento ideal para um ensinamento. Eu respondi que duvidava que ele tivesse “chamado” qualquer uma das nove irmãs. Ele devia ter apenas pedido ou convidado. Eu disse-lhe que se ele tivesse orado honestamente e se aconselhado com seus conselheiros quanto a quem deveria presidir a Primária, a primeira irmã teria aceito o chamado. Talvez ele poderia ter descoberto na entrevista algum motivo pelo qual não seria aconselhável ou oportuno para aquela irmã servir e a deixasse ir. Mas certamente não mais de uma ou duas. Se tantas irmãs assim recusaram o chamado, algo estava fora de ordem – a ordem não escrita. Porque havia aquele bom espírito na reunião, eu disse a ele:
“Bispo, eu sei algo mais sobre você. Você não é um bom seguidor, é? Você não é aquele que está sempre questionando o que o presidente de estaca pede a seus bispos?” Os outros bispos na sala começaram a rir veladamente e fazer sinal positivo discretos com a cabeça; era ele mesmo. Ele riu e disse que supunha que era mesmo verdade. Eu disse, “Talvez o motivo pelo qual seus membros não seguem o líder deles é porque você não segue o seu. Um atributo essencial de um líder na Igreja é ser um seguidor fiel e leal. Esta é exatamente a ordem das coisas – a ordem não escritas das coisas.”
Quando eu era jovem, o Elder Spencer W. Kimball veio para nossa conferência e contou-nos esta experiência. Quando ele era um presidente de estaca em Safford, Arizona, havia uma vaga no chamado de superintendente dos rapazes na Estaca; era assim que era chamado na época. Num dia e ele deixou o seu escritório, desceu um pouco a rua e conversou um pouco com o dono de uma loja. Ele disse, “Jack, o que você acharia de ser o superintendente da organização dos rapazes da estaca?”
Jack respondeu: “Oh, Spencer, você não quer dizer eu". Spencer retrucou, “Claro que quero. Você se dá bem com os jovens". Ele tentou convencê-lo, mas o homem não quis nem saber. Mais tarde naquele dia, depois de ter-se consumido com o seu fracasso e depois de finalmente lembrar-se do que Jacó havia dito no Livro d Mórmon - "... tendo primeiramente recebido essa missão do Senhor” (Jacó 1:17), ele voltou para Jack. Chamando-lhe de irmão e dirigindo-se a ele pelo seu último nome, ele disse: “Nós temos uma vaga em um chamado na estaca. Meus conselheiros e eu discutimos sobre o assunto; oramos a respeito disso por algum tempo. Domingo nós nos ajoelhamos juntos e pedimos ao Senhor inspiração sobre quem deveria ser chamado para aquela posição. Nós recebemos a inspiração de que você deveria ser chamado. Como um servo de Deus, estou aqui para fazer-lhe o chamado.” Jack disse, “Bem, se você diz que é assim...” “Bem, é assim.” Vocês podem imaginar o resultado. Ajuda muito seguir a ordem, mesmo a ordem não escrita das coisas.
Tenho na minha escrivaninha urna carta de um irmão que está bastante incomodado porque ele não foi chamado a um cargo apropriadamente. Ele aceitou o chamado e está disposto a servir, mas ele disse que o seu bispo não consultou a esposa dele primeiro e assim não agiu apropriadamente. Quando responder a ele, tentarei ensiná-lo algo sobre a ordem não escrita das coisas no que se refere a ser um pouco paciente com o modo como são feitas as coisas na Igreja. Na primeira seção de Doutrina e Convênios, o Senhor admoestou todo homem a ‘falar em nome de Deus o Senhor, mesmo o Salvador do mundo."(D&C 1:20) Acho que vou lembrá-lo de que um dia ele poderá ser um bispo, sobrecarregado com problemas na ala e com uma carga extra de problemas pessoais, e sugerir que ele desse agora o que ele apreciaria receber no futuro.
Um outro ponto de ordem: Os bispos não devem deixar a preparação das reuniões na mão dos membros. Eles não devem deixar os preparativos de um funeral ou das despedidas de missionários para as famílias. Não é a ordem apropriada das coisas que os membros ou famílias decidam quem falará e por quanto tempo. Sugestões podem existir, é claro, mas o bispo não deve entregar a reunião para eles. Estamos preocupados com a bagunça que está ocorrendo em nossas reuniões. Funerais poderiam e deveriam ser espiritualmente impressionantes. Eles estão se tomando reuniões informais de família na frente de membros da ala. Frequentemente o Espírito é afastado por experiências hilariantes ou piadas, quando o tempo poderia ser devotado ao ensino das coisas do Espírito, das coisas sagradas. Quando a família insiste em que vários membros da família falem em um funeral, nós ouvimos sobre o falecido ao invés do sacrifício expiatório, da ressurreição e das promessas consoladoras reveladas nas escrituras. É certo um membro da família falar em um funeral, mas se o fizer, seus comentários deveriam ajudar a manter o Espírito da reunião. Eu disse aos irmãos que no dia do meu funeral, se alguém dos que discursarem falar sobre mim, eu levantarei e o corrigirei. O evangelho é para ser pregado. Eu não sei de nenhuma outra reunião onde a congregação esteja tão preparada para receber revelação e inspiração de um orador quanto num funeral. Este privilégio nos está sendo tirado porque não entendemos a ordem das coisas – a ordem não escrita das coisas – referentes à administração da Igreja e o recebimento do Espírito.
A profundidade do treinamento e do ensino espiritual que poderia haver está sendo perdida. Nós falhamos em reconhecer o que é uma reunião sacramental e que o bispo a preside. (2)
Existem muitas coisas que eu poderia falar sobre questões como vestir nossa melhor roupa aos Domingos. Vocês sabem o que “melhor roupa” significa? Hoje vemos roupas cada vez mais informais, mesmo impróprias, em nossas reuniões, até mesmo na reunião sacramental, o que leva a uma conduta informal e imprópria.
Me incomoda ver que em um serviço sacramental Terê, Zé e Chico participarão. Não deveria ser irmã Teresa, irmão José, e Presidente Francisco? Me incomoda mais ainda quando pedem para apoiar Toninho ou Duda ou Benê ao sumo conselho. Eu simplesmente pergunto, não podemos usar nomes completos neste registro importante? Existe uma formalidade, uma dignidade que estamos perdendo, a um preço bastante alto. Existe algo no que Paulo falou sobre fazer as coisas “decentemente e em ordem".
Bem, existem muitas coisas que gostaria de dizer-lhes sobre a ordem não escrita das coisas, mas estas são coisas que vocês devem aprender sozinhos. Se pudesse apenas colocar-lhes na posição onde começassem a observar, a obter tal treino, então saberiam como a Igreja deve funcionar e porque funciona assim. Vocês descobrirão que estarão de acordo com os princípios ensinados nas escrituras. Se “entesourarem em vossas mentes continuamente as palavras de vida”, o Senhor os abençoará e vos fará saber “na hora precisa” o que devem dizer e o que devem fazer (D&C 84: 85). Aprendam sobre este grandioso princípio - os ensinamentos vêm a nós através da simples observação e participação.
Pouco depois da Espanha ter sido aberta para a pregação do Evangelho estive em Barcelona. Dois dos primeiros missionários mandados para a Espanha foram mandados para Barcelona para abrir a cidade. Eles pediram quarenta cadeiras ao Presidente Smith Griffin. Ele estava em Paris na época, e não entendia porque eles queriam quarenta cadeiras se não havia membros. Ele hesitou com os gastos, mas decidiu encorajar os missionários. Assim ele aprovou as quarenta cadeiras.
Quando chegamos na sala da reunião, no andar de cima de um edifício comercial, as quarenta cadeiras estavam ocupadas. Havia pessoas em pé. Os elderes tinham preparado para que o primeiro converso, um homem de meia idade que trabalhava no mercado de peixes, conduzisse a reunião. Nós os assistimos ensinar ao homem o que fazer, às vezes levantando-se para sussurrar ao seu ouvido.
O irmão Byish nervosamente conseguiu terminar a reunião com a assistência deles. E assim, quando ele levantou para encerrar, o Espírito do Senhor desceu sobre ele e ele pregou com grande poder por um bom tempo. Foi um testemunho inspirado, um momento inesquecível. Os dois jovens elderes, ambos conversos da América do Sul, tinham de algum modo aprendido sobre a ordem não escrita das coisas. Eles estavam iniciando a Igreja em Barcelona apropriadamente. Agora existem 4 estacas naquela cidade.
E Assim vai. O Senhor usa os Santos comuns para tocar Seu trabalho adiante.
A Igreja irá adiante, e ela vai adiante simplesmente porque pessoas simples e comuns aprendem pela observação, pelo ensino e pela experiência. Mais do que tudo, nós aprendemos porque somos motivados pelo Espírito. Um dia, é claro, vocês que são jovens levarão adiante esta Igreja. Se até lá vocês aprenderem e estudarem a ordem não escrita das coisas, o poder do Senhor estará sobre vocês até o fim para que possam ser servos de valor.
Presto testemunho que esta é a Sua Igreja, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e, como o Senhor falou, que todos “possam falar em nome de Deus, o Senhor, mesmo o Salvador do Mundo” (D&C 1:20). Em nome de Jesus Cristo, Amém.
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