Missão

Nossa missão é divulgar artigos de pesquisas científicas a respeito da arqueologia, antropologia, geografia, sociologia, cronologia, história, linguística, genética e outras ciências relacionadas à cultura de “O Livro de Mórmon - Outro Testamento de Jesus Cristo”.

O Livro de Mórmon conta a verdadeira história dos descendentes do povo de Leí, profeta da casa de Manassés que saiu de Jerusalém no ano 600 a.C. (pouco antes do Cativeiro Babilônico) e viajou durante 8 anos pelo deserto da Arábia às margens do Mar Vermelho, até chegar na América (após 2 anos de navegação).

O desembarque provavelmente aconteceu na Mesoamérica (região que inclui o sul do México, a Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Nicarágua e parte de Costa Rica), mais precisamente na região vizinha à cidade de Izapa, no sul do México.

Esta é a região onde, presumem os estudiosos, tenha sido o local do assentamento da primeira povoação desses colonizadores hebreus.

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sábado, 22 de outubro de 2011

LINGUÍSTICA - O Texto Original de O Livro de Mórmon - Parte 2

A Edição de Yale de O Livro de Mórmon


Traduzido e publicado com autorização pessoal do autor a Elson Carlos Ferreira - Curitiba/Brasil
Setembro/2011
royal_skousen@byu.edu


[1] Uma versão anterior desse artigo foi apresentada em 5 de Agosto de 2010 na conferência patrocinada pela FAIR, "Foundation for Apologetic Information and Research". Os direitos autorais do texto desse documento é de Royal Skousen. As fotografias também são protegidas por "copyright". As fotos do Manuscrito Original foram cedidas por cortesia de David Hawkinson e Robert Espinosa, e são aqui reproduzidas com permissão da "Wilford Wood Foundation". Fotografias do Manuscrito Original foram tiradas por Nevin Skousen e foram reproduzidas aqui por cortesia da "Community of Christ". O texto da edição de Yale de The Book of Mormon: The Earliest Text (2009) tem "copyright" de Royal Skousen; Yale University Press que detém os direitos para reproduzir este texto.  

Royal Skousen é editor de the Book of Mormon Critical Text Project e professor de linguística e língua inglesa na Brigham Young University. A primeira parte dessa série de quatro artigos pode ser encontrada aqui:
http://de-jerusalem-as-americas.blogspot.com/2011/09/o-texto-original-do-livro-de-mormon.html#more



Continuação
Como eu já estou para terminar os seis livros do Volume 4, descobri alguns potenciais problemas com o projeto conforme foi originalmente concebido. Um desses problemas é conseguir pessoas, até mesmo acadêmicos, que estivessem fazendo pesquisas sobre O Livro de Mórmon e que citassem as descobertas do Projeto de Texto Crítico - PTC. Estes livros são grandes e pesados, e no conjunto, eles também são caros. Em qualquer caso o resultado era que os pesquisadores estavam escrevendo artigos sobre O Livro de Mórmon mas, ao que parece, completamente alheios a qual deve ser seu real significado - ou pelo menos ao que o PTC tem a dizer com respeito à sua interpretação.
Outro problema que se tornou aparente foi que com o término do Volume 4 qualquer um poderia sair e produzir sua própria versão de linguagem original de O Livro de Mórmon, simplesmente usando as descobertas do Volume 4 e se referir ao trabalho resultante como um texto original. Eu decidi que seria melhor que eu mesmo mantenha controle sobre esse processo e assim combinei com a Yale University Press que publicasse, em Agosto de 2009, meu livro intitulado The Book of Mormon: The Earliest Text (O Livro de Mórmon: O Primeiro Texto). Este livro representa (em somente um volume) o texto original, na medida em que ele pode ser determinado. Se você retirar a sobre capa desse livro, verá que a capa dura combina com a capa avermelhada do Volume 4. Isto foi feito intencionalmente para mostrar sua conexão com o Volume 4 do Texto Crítico; em outras palavras, a edição de Yale deriva das decisões tomadas no Volume 4.

Há duas importantes inovações na Edição de Yale:

Em primeiro lugar, esta edição é definida no senso de linhas, não em pequenos parágrafos onde cada verso é seu próprio pequeno parágrafo, nem em estreitas colunas duplas. Minha idéia, como originalmente concebida, era quebrar as linhas no texto para que elas representassem, de uma maneira geral, a maneira como Joseph Smith ditou o texto a seu escrevente, ou seja, em frases e orações, mas não tão longas, para que possam ser lidas facilmente.


Uma das coisas que têm me surpreendido desde a publicação da Edição de Yale é a quantidade de leitores que gostam desse formato. Muitos leitores, inclusive estudiosos, têm visto no texto coisas que eles nunca haviam visto antes, simplesmente porque ele é estabelecido no sentido ou senso de linhas. Os leitores não ficam cansados como quando lendo um texto de duas colunas, que frequentemente separam as sílabas das palavras pela hifenização ou as frases e orações, um processo que causa um prouco de estresse nos leitores na negociação do texto. Com o senso de linhas também é mais fácil manter-se na leitura. Alguns leitores têm descoberto agora eles lêm vários capítulos no mesmo tempo em que leriam apenas o simples capítulo que costumavam ler antes.

O segundo aspecto inovador da Edição de Yale é que é a primeira vez que alguém fêz a tentativa de publicar o texto original no idioma inglês, até onde pode ser determinado. O texto da Edição de Yale, por sua vez, não tem o que chamamos de “copytext” (cópia). Ele não é uma revisão de alguma outra edição em particular de O Livro de Mórmon; em vez disso, tudo foi feito a partir do zero, por assim dizer; de fato o texto é derivado diretamente da colagem, ou agrupamento computadorizado, como veremos.
Vemos abaixo a Página Título da Edição de Yale:

E aqui está a página  título do próprio Livro de Mórmon:


As quebras de linhas ocorre em lugares onde o leitor pode razoavelmente fazer uma pausa, especialmente se estiver lendo para outra pessoa, como num ditado. O leitor observará que a declaração tradicional a respeito de O Livro de Mórmon ter sido traduzido por Joseph Smith não está na página título do Livro de Mórmon, isto porque ela não está na página título original desse livro; em vez disso eu coloquei essa atribuição na página seguinte, na que chamamos de meio título. Este é o lugar mais apropriado para o reconhecimento de Joseph Smith como tradutor.
Este é o começo do primeiro livro de Néfi:

Observe que o texto simplesmente diz “O Livro de Néfi” – é assim porque o manuscrito nos diz que este era o título original do livro. Ao que parece, há quatro livros de Néfi em O Livro de Mórmon. Mais tarde Oliver Cowdery e outros editores acrescentaram “Primeiro”, “Segundo”, “Terceiro” e “Quarto” nos nomes desses livros individuais. O texto original não tem nenhum número nos nomes dos livros de Néfi. Já que esta é a maneira como se lê no texto original, nós o reproduzimos dessa mesma maneira na Edição de Yale.
Esta é a próxima página da Edição de Yale, onde o leitor pode ver claramente o senso de linhas:


Há também linhas extras de espaço que representam os parágrafos que eu separei no texto. O leitor observará que em geral, ele é um texto claro, um texto simples. Não há muita intrusão além do senso de linhas e as quebras de parágrafos, apesar de que eu coloquei números de capítulo e de versículos à esquerda da margem porque os leitores precisam uma referência de onde eles estão na leitura do livro.
Abaixo há outra página, que é uma transisição de um livro para outro, ou seja, de Mosias para Alma:

Como mencionei antes, o texto da Edição de Yale não deriva de uma “copytext” (isto é, ele não é uma  cópia de uma edição em particular de O Livro de Mórmon) mas sim de uma colagem computadorizada que dá todas as variantes textuais. Aqui, por exemplo, aparece a colagem da porção de 1 Néfi, na passagem do capítulo 3 para o capítulo 4:

No início de cada linha dessa colagem, antes de cada variante textual há algumas indicações entre chaves a a respeito do tipo de variante que se seguirá. Depois, entre colchetes, eu dou a variante final. A primeira variante nesse exemplo de colagem é um número - de fato é o número de um versículo. Os dois manuscritos são representados por “0” e “1”; e já que os manuscritos não possuem números de versículo, não há, neste caso, nenhum número atribuído para os manuscritos original e do impressor. No restante da variante textual encontramos as letras maiúsculas de “A” a “T”, que são para as edições impressas de O Livro de Mórmon (da edição de 1830 até 1981). Neste caso, a maioria das edições impressas têm números de versículos, mas esses números em particular variam. O leitor pode seguir através do agrupamento e considerar da mesma forma cada uma das variantes.
O texto sublinhado no agrupamento representa o que eu acredito que seja o texto original, mas com a ortografia que esperamos encontrar no padrão de inglês de hoje em dia. O texto em negrito é a leitura do manuscrito original. Em outras porções da colagem não mostradas aqui, o leitor não encontrará qualquer negrito; o que significa que o manuscrito original não existe para aquela parte.
Com a ajuda do meu colega Deryle Lonsdale, um programa de computador foi usado para extrair o texto sublinhado da colagem computadorizada. Isto significa que eu não   coloquei chaves no texto para a Edição de Yale. Abaixo se vê o que temos quando se extrai o sublinhado daquela porção da colagem que cobre a transição entre 1 Néfi 3 e 4:

Este é o texto original proposto para essa passagem, mas sem qualquer inserção de quebra de linha, isto é, retorno ou pontuação. Isto é muito parecido com o que o tipógrafo de 1830 se confrontou quando colocava os tipo: uma longa sequência de palavras sem quebras, exceto quando começa um novo capitulo.
Dessa longa sequência de palavras eu então construí um senso de linhas e coloquei linhas extras onde eu penso que deva haver quebra de parágrafos.

No próximo estágio, eu acrescentei números de capítulo e versículos na margem esquerda:

Uma das coisas que o leitor observará aqui é que o número do capítulo 4 aparece no meio de um parágrafo. Ao ler a porção desse texto pode-se ver que provavelmente não há uma quebra de capítulo, nem mesmo uma quebra de parágrafo, onde o capítulo 4 começa.
E finalmente, depois que os números de capítulos e versículos foram acrescentados, eu coloquei a pontuação, bem como a necessária capitalização,  mas a partir do zero, sem me preocupar com a pontuação original de 1830 ou com a pontuação atual, a qual deriva da edição de 1830:

Eu considerei esta última tarefa a mais difícil ao preparar a Edição de Yale. Eu estou sinceramente impressionado com o que John Gilbert, o tipógrafo da edição de 1830, foi capaz de fazer, especialmente dado à difícil estrutura sintática de O Livro de Mórmon. Parece que em quase dois terços do texto Gilbert determinou a pontuação enquanto montava os tipos. Ele realmente fez um trabalho fino, apesar de que provavelmente sobrepontuou o texto, para o nosso moderno ponto de vista, mas era o que se esperava em sua época. O que eu precisei fazer foi determinar novamente a pontuação de todo o texto. Tanto quanto sei, a Edição de Yale representa apenas a segunda vez que a pontuação foi feita a partir do zero, pelo menos numa edição publicada.
A Edição de Yale também tem um apêndice que mostra as mudanças significativas no texto.

No finala do livro há 719 dessas mudanças. na Edição de Yale eu precisei fazer com que a lista de mudanças aparecesse no apêndice, não interferindo com o próprio texto. Eu também devo mencionar que este apêndice não é simplesmente uma comparação entre o texto padrão SUD e a Edição de Yale. Em vez disso, é uma representação de importantes mudanças que ocorreram na história do texto. O apêndice não tem a intenção de ser uma lista de diferenças, mas de sim de variantes significativas na história do texto.
No início do apêndice há um sistema que mostra o relacionamento textual entre as edições impressas de O Livro de Mórmon:

O Leitor observará que há duas tradições textuais que se dividem a partir da segunda Edição de Kirtland, de 1837. Uma delas é a tradição textual da Igreja Reorganizada, que aparece na esquerda. À direita aparece a tradição textual SUD. Esse esquema de relacionamentos mostra a “copytext” (texto de cópia) de cada edição impressa de 1830 em diante. Se o leitor considerar a edição SUD de 1920, o esquema mostra que sua “copytext” era a mesma da edição SUD de 1911. Isto significa que o tipógrafo trabalhou numa cópia da edição de 1911, uma das que presumivelmente foi marcada por alterações. Em outras palavras, o esquema aqui mostra o relacionamento das “copytext” das várias edições.

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