Missão

Nossa missão é divulgar artigos de pesquisas científicas a respeito da arqueologia, antropologia, geografia, sociologia, cronologia, história, linguística, genética e outras ciências relacionadas à cultura de “O Livro de Mórmon - Outro Testamento de Jesus Cristo”.

O Livro de Mórmon conta a verdadeira história dos descendentes do povo de Leí, profeta da casa de Manassés que saiu de Jerusalém no ano 600 a.C. (pouco antes do Cativeiro Babilônico) e viajou durante 8 anos pelo deserto da Arábia às margens do Mar Vermelho, até chegar na América (após 2 anos de navegação).

O desembarque provavelmente aconteceu na Mesoamérica (região que inclui o sul do México, a Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Nicarágua e parte de Costa Rica), mais precisamente na região vizinha à cidade de Izapa, no sul do México.

Esta é a região onde, presumem os estudiosos, tenha sido o local do assentamento da primeira povoação desses colonizadores hebreus.

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domingo, 11 de julho de 2010

LINGUÍSTICA - Possível Sobrevivente da Escrita Quiché-Maia

Dr. Allen J. Christenson

Antigo aluno de arqueologia e lingüística da Brigham Young University e antigo tradutor da linguagem Quiche no Departamento de Tradução de “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”. Documento lido por Barbara C. Robertson no 31º Simpósio Anual de Arqueologia das Escrituras realizado na BYU nos dias 8 e 9 de Outubro de 1982.

Tradutor Elson C. Ferreira – Curitiba/Brasil – Janeiro/2006

Os quichés são descendentes da maior das tribos sobreviventes dos Altiplanos Maias. Hoje suas numerosas cidades e vilas estão espalhadas por toda as regiões central e nordeste dos Altiplanos da Guatemala. De acordo com suas próprias tradições, eles são descendentes de quatro “progenitores” que vieram da região de Tabasco (Popol Vuh, 1975, p. 172).

Em 1978, eu produz uma comparação da história da hierarquia Quiche com um documento não publicado intitulado Prehistory of the Quichéan Peoples (A Pré-história dos Povos Quicheanos). Eu concluí que os quatro progenitores Quichés eram descendentes de emigrantes Toltecas que vieram da região de Tula Hidalgo, norte da Cidade do México, os quais seguiram o famoso some-sacerdote Topiltzin Quetzalcóatl para a área da atual Tabasco, no sul do México, aproximadamente no ano 989 A.D.

Depois de quase 200 anos, os estrangeiros Toltecas haviam sido integrados à população Chontal e haviam estabelecido estreitos laços de amizade com os Olmecas (i.e., os Olmeca-Xicalancas) no oeste e provavelmente com os Maias do litoral a leste.

Suas últimas migrações resultaram na fundação de vários domínios comerciais Toltecas e centros militares no sul do México. De um desses estados "Neo-Tolteca”, um pequeno grupo de habitantes, em parte Tolteca e em parte Chontal, da região de Tabasco foram investidos da responsabilidade de conquistar a região dos Altiplanos Maias da região da Guatemala. Eles foram bem sucedidos em estabelecer-se em Chi Pixab, na Guatemala Central, onde introduziram uma vigorosa hierarquia militar e logo dominaram a antiga sociedade nativa Maia, que logo foram sobrepujados em número.

Desta breve revisão da pré-história colombiana dos Quiches, será visto que não apenas os Quiché Maia, como também os Toltec, Chontal Maia e os Olmecas (Olmeca-Xicalancan) background. Sabe-se também que antes da conquista espanhola eles mantinham boas relações com os Astecas de Tenochtitlán, da Cidade do México.

POPOL VUH

As tradições culturais e literárias dos Quiches são bem conhecidas, apesar de que seus escritos nativos não são. Sua melhor e mais antiga realização literária foi o Popol Vuh, uma coleção de sagrados registros e histórias que hoje são considerados o mais fino produto nativo do Novo Mundo que se cogita ter sobrevivido à tradução. O original foi composto por um autor desconhecido anterior à conquista espanhola de 1524, mas provavelmente foi destruído quando Utatlán, a capital Quiche foi arrazada. No entanto, logo depois uma cópia foi feita, talvez de memória, na linguagem Quiche, porém usando-se o alfabeto europeu.

O padre Francisco Ximénez, que fez a primeira tradução em espanhol no início dos anos 1700 escreveu que “no tempo da Conquista os Quiches mudaram sua maneira de escrever suas histórias para a nossa maneira de escrever” (Ximénez, 1931, Vol. 1, Preface). Ele também declarou que registros como o Popol Vuh eram comuns naquele tempo, tendo o povo sido criado neles junto com o leite de suas mães, e adicionou “que eles têm entre si muitos destes livros”. (itálicos adicionados).

Ele não estava certo, entretanto, de como se parecia a escrita original Quiche. Ele escreveu que “a verdade é que tal livro nunca apareceu e nunca foi visto, e assim não é conhecido se a maneira de sua escrita era por gravuras, como aquelas do México, ou por nós amarrados, como dos peruanos “ (idem).

O Dr. Adrián Recinos concorda com a maioria dos estudiosos com respeito a sua descrição do texto original do Popol Vuh: "Supõe-se que ele possa ter sido um livro de gravuras com hieróglifos que os sacerdotes interpretaram para o povo a fim de manter viva neles a lembrança do conhecimento da origem da sua raça e os mistérios de sua religião” (Popol Vuh, 1975, p. 17 da Introdução). Isto concorda com a descrição no próprio Popol Vuh: "Eles [os antigos reis] sabiam se haveria guerra e tudo era claro diante de seus olhos, eles viam se haveria morte e fome, se haveria contendas. Eles sabiam o lugar onde poderiam ser vistos, que havia um livro que eles chamavam de Popol Vuh" (Popol Vuh, 1975, p. 225).

O livro sagrado declara em seu Preâmbulo: “Isto escrevemos agora sob a lei de Deus e do Cristianismo; nós trazê-mo-lo à luz porque agora o Popol Vuh, como ele é chamado, não pode mais ser viste, no qual foi claramente visto a vinda do outro lado do mar e a narração da nossa obscuridade, e nossa vida foi claramente vista. O livro original, escrito há muito tempo, existiu, mas sua vista é escondida para o pesquisador e ao pensador”. (ibid., p. 79-80).

INSCRIÇÃO EM JADE

Até o ano de 1973, nem um simples exemplo da escrita Quiche havia sido descoberto. Naquele ano Adrián 1. Chávez descreveu brevemente uma pedra de jade que ele havia observado num pequeno museu em Chichicastenango, a mesma cidade onde o Popol Vuh havia sido descoberto por seu pai Ximénez. Ela tinha 34 cm de altura, com um espaço de aproximadamente 15 cm junto ao topo e aproximadamente 24 cm junto à base. Havia em ambos os lados um total de 77 sinais e várias figuras humanas. Os sinais parecem estar arranjados em colunas verticais, muitos dos quais se repetiam algumas vezes. Por causa das cinco figuras humanas com cruzes no peito, Chávez concluiu que a data da inscrição não poderia ser anterior ao período Colonial. Mais tarde concluiu devido à posição da principal figura no topo, à esquerda da parte frontal da pedra, com aparência de alguém “morto” no lado inferior direito do reverso, que o texto continuou, coluna por coluna, da esquerda para a direita, cada coluna sendo lida de cima para baixo. A publicação de Chávez (Chávez, 1975) incluía fotografias do jade com poeira de giz na escultura, fazendo-a mais visível, um sketch de esculturas e uma descrição de três páginas. Pelo que sei seus achados não foram publicados, exceto na Guatemala.

Neste documento eu agrupei os glifos de Chávez que são repetidos e aqueles que são repetidos com leves diferenças. Isto significa demonstrar que a inscrição é linear e repetitiva, características consideradas ao um verdadeiro sistema de escrita.

CAVERNA E PENHASCO

Poderia uma escrita nativa Quiche ter sobrevivido à indiscriminada destruição causada pelos espanhóis e à perseguição do período Colonial? Enquanto nas montanhas acima da cidade Quiche de Nahualá, eu cheguei a uma caverna que os nativos xamãs usam para cerimônias ligadas ao calendário Maia. Nestas cavernas e do outro lado através das montanhas,  os antigos deusas ainda são adorados com oferendas de incenso e flores. Ocasionalmente pequenos animais são sacrificados, apesar de isso ser raro na região Quiché.

Os xamãns usam o calendário de cerimônias para determinar os prognósticos para os donetes, interpretar seu destino e abençoar os doentes. Tais cerimônias também são usadas para predize os dias propícios para eventos importantes tais como casamentos e realização de negócios. As cerimônias acontecem em locais selecionados nas montanhas e em raras ocasiões também acontecem em cavernas.

A caverna contém os registros tratados neste documento mencionado, acima da cidade de Nahualá, atrás de um pequeno riacho. Ela estava escondida da trilha mais próxima por uma grande pedra e várias árvores. Sua entrada estava escurecida devido aos muitos anos de exposição à fumaça dos incensos. Acima dela eu observei inscrições que pareciam ter sido retraçadas ocasionalmente para mantê-las legíveis a despeito da fumaça. Dentro dela havia um altar espargido com incenso, pétalas de flores, milho, folhas, e fetiches. As paredes e o teto estavam escurecidos com o acúmulo de fuligem, indicando uma longa história de uso.

Mais adiante, junto à encosta da montanha, a face do alto penhasco inscrições similares em conjunção com um grande retrato de um homem barbado e representações de uns poucos animais. As marcas eram recentes, pois a face do penhasco estava bastante exposta, e sua superfície poderia ter sido lavada pela estação anual das chuvas.

INSCRIÇÕES COMPARADAS

As marcas na face do penhasco e na entrada da caverna apresentam um número de similaridades com a pedra de jade do museu de Chichicastenango:

  1. A principal figura humana é aumentada em comparação com as demais figuras e ocupa a mais alta posição da superfície inscrita.
  2. Esta figura, em ambos os casos, mostra características faciais e gestos. Note particularmente as grandes orelhas, o estilo do nariz e dos olhos, e o gesto do braço e mão direita. Em ambos os casos, o braço esquerdo aponta para o texto que se sucede.
  3. Em outro lugar aparecem séries de círculos, sinais parecidos com cabeças, acompanhados por preponderância de sinais compostos de linhas interconexas e círculos menores.
  4. Os sinais estão arranjados em colunas, especialmente aqueles da entrada da caverna, que aparentemente também são separados por longas linhas verticais.
  5. Muitos dos sinais da entrada da caverna, da face penhasco e da pedra de jade são repetidos.
 Mais importante de tudo, alguns sinais da pedra de jade também foram vistos na caverna e no penhasco, enquanto que outros têm uma marcante similaridade.
Em conclusão, as inscrições da entrada da caverna e do penhasco face são lineares e repetitivas. Apesar de elas estarem em toda cruder e menos finamente incisiva do que aquelas que aparecem na pedra de jade, elas notadamente são similares em muitos aspectos e não há dúvida de que são exemplos do mesmo tipo de escrita.

ESTRUTURAS MEGALÍTICAS

Junto ao penhasco e à caverna eu observei vários enormes pedras semi-enterradas que parecem ter sido lavradas em algum outro tempo.  O local era um vale alto e estreito, muito usado para pastagens de umas poucas ovelhas e cabras. Ela estava rodeada em três lados por montanhas bastante íngremes e penhascos, inclusive aquela que tem as inscrições. Uma vila de umas oito cabanas dispersas de adobe cobertas com telhado de colmo estavam distribuídas nas encostas da borda do vale.

Talvez duas dúzias de grandes blocos de pedras estavam espalhadas pelo meio do vale. A maioria deles estava tão coberta pela terra que somente um canto ou dois podiam ser vistos, mas alguns estavam mais expostos. Os cantos agudos e beiradas haviam sido alisadas.

Porque aquela terra era sagrada para os xamãs, nós não investigamos mais longamente, pois isto teria sido considerado um sacrilégio. Tanto quanto possível, nós procuramos respeitar as tradições locais.

A caverna sagrada acima de Nahualá. Note a fumaça escurecida e as inscrições acima da entrada.

Outras inscrições ao longo da face do penhasco, junto à caverna. Note o grande retrato do homem barbado um pouco à esquerda do centro.

DESCOBERTAS PRELIMINARES

Eu copiei apenas 30 dos muitos sinais e figuras inscritas na face do penhasco enquanto o xamã local não retornava, e para não correr o risco de confrontação eu fiz cópias sem ser visto. Por causa disso e devido ao bem pouco tempo despendido nessas ruínas megalíticas, as descobertas deste documento lamentavelmente são apenas preliminares e aguardam futuros estudos para elucidá-los.

BIBLIOGRAPHY

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Calendário de los Indios de Guatemala Kické (1722). Brigham Young University Archives. Gates Collection. MS 279.

Campbell, Lyle Richard, Quichéan Linguistic Prehistory. University of California Press: Berkeley, 1977.

Carmack, Robert M., Quichéan Civilization; the Ethnohistoric, Ethnographic, and Archaeological Sources. University of California Press: Berkeley, 1973.

*Chávez, Adrián I., Ki-ché Tz'ib-Escritura Ki-ché y Otros Temas. Instituto Centroamericana de Extensión de la Cultura: Cd. de Guatemala, 1975.

Edmonson, Munro S., Quiché-English Dictionary. Eds. Margaret A. L. Harrison and Robert Wauchope. Tulane University Press: New Orleans, 1965.

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Hernández Spina, V., "Ixtiatiacán Quiché Calendar," Maya Society Quarterly, 1 (1932), 1-24. Trans. E. J. W. Bunting.

*Interview with Donato Luis Say Garcia. Tontonicapán, Guatemala, April 28, 1979.

*Interview with Vicente León. Momostenango, Guatemala, May12, 1979.

Martinez Chipin, J., "Monografiá del Municipio de Momostenango," Guatemala Indigena, 5 (1970), 92-135.

*Popol Vuh. Trans. Adrián Recinos. University of Oklahoma Press: Norman, 1975.
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Rodas N., Flavio, Chichicastenango; the Kické Indians; their History and culture; Sacred Symbols of their Dress and Textiles. Unión Tipográfica: Cd. de Guatemala, 1940.

*Schultze Jena, Leonhard Sigmund, La Vida y las Crecncias de los Indigenas Quichés de Guatemala. Trans. Antonio Goubaud Carrera and Herbert D. Sapper. Ministerio de Educación Publica: Guatemala, 1954.

Tax, Sol, "Notes on Santo Tomás Chichicastenango." Unpublished paper in Brigham Young University Microfilm Collection.

The Title of the Lords of Totonicapán. Trans. Dionisio José Chonay. University of Oklahoma Press: Norman, 1953

*Ximénez, F., Historia de la Provincia de San Vicente de Chiapa y Guatemala. Bildioteca "Goathemala": Guatemala, 1931. 3 vols

*Os títulos mais impostantes estão marcados com asterisco.

Nota do Esitor:  J. Christenson serviu como missionário de tempo integral de “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias” na Missão Guatemala-Quetzaltenango 1976-78, trabalhando entre os nativos Quiché. Ele aprendeu vários de seus dialetos e também alcançou conhecimento dos dialetos conhecidos com de Brigham Young, enquanto completava seu grau em zoologia, o Main e Ixil, todos falados na região dos altiplanos Maias. De volta à Universidade Christenson também trabalhou na Biblioteca Harold B. Lee organizando e catalogando a Gates Collection (veja abaixo, 157.1) e foi assistente do Dr. John S. Robertson do departamento de lingüística na preparação de um extenso dicionário e de uma gramática da linguagem Quiché.

Christenson mais tarde foi enviado de volto à Guatemala para pesquisas no campo da lingüística bem como para investigar os cerimoniais e o calendário dos Quichés. Por um período de mais de quatro anos ele traduziu a linguagem Quiché no departamento de tradução da Igreja SUD para linguagens emergentes.

Christenson viajou por muito tempo, estudando sítios arqueológicos tanto no Velho quanto no Novo Mundo. Seu documento de número 198:3 não lido no Simpósio anual por não ter chegado a tempo, é intitulado Abraham's Sojourn in Egypt and the Osiris Cult(A Jornada de Abraão no Egito e o Culto de Osires”).

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