2ª DE QUATRO PARTES
Richard G. Grant.
© Copyright
1999
Tradutor Elson C. Ferreira –
Curitiba/Brasil – Julho/2013
Qual é a Conexão Entre O Livro de
Mórmon e o Idioma Egípcio?
Néfi diz:
“Sim, faço um
registro na alíngua de meu pai, que consiste no conhecimento dos
judeus e na língua dos egípcios.” (1 Néfi 1:2).
Por que o egípcio é aqui identificado por Néfi como a linguagem de seu
pai? Poderíamos esperar que a linguagem de Leí fosse o hebraico. Certamente,
sugere Morôni, alguns milhares de anos depois de Leí que o hebraico era a
linguagem falada do povo nefita.
Atualmente sabemos que o relacionamento cultural entre Israel e Egito
era bastante estreito. O egípcio era a linguagem da cultura e conhecimento. Desse
modo é postulado que Leí, obviamente um homem rico e instruído, seria fluente
[no idioma] egípcio. Além disso, com o passar dos anos tem sido arguida a
teoria de que Leí poderia ter sido um comerciante e como tal teria sido muito
mais envolvido no então existente comércio entre Israel e Egito. Tudo isso pode
ser completamente verdadeiro, e parece ser apoiado pela familiaridade de Leí
com as viagens pelo deserto, sua habilidade de apenas pegar [suas coisas] e ir
com pouca preparação, e até mesmo pela designação [que deu] a seus filhos.
Observe os agrupamentos:
Laman e Lemuel, seguidos por:
Dois nomes
egípcios, Néfi e Sam, então:
Dois nomes hebraicos, Jacó e José.
Nibley sugere a
possibilidade de um relacionamento entre os nomes de Lamã e Lemuel com a tribo
de Manassés. Haveria três pares de filhos representativos de cada período
específico da vida de seus pais?
Sim, Leí era [um homem] instruído e pode ter sido comerciante e
viajante, mas isto não responde todas as questões que podemos levantar a
respeito de sua associação com o Egito. A hipótese do comerciante dá boas razões
para Leí conhecer [o idioma] egípcio, mas Néfi chama o egípcio de “a língua
de meus pais”. Além disso, o Rei Benjamim
disse a seus filhos:
“Porque não teria sido possível a nosso pai,
Leí, lembrar-se de todas estas coisas para ensiná-las a seus filhos, se não
fosse pelo auxílio destas placas; pois tendo ele sido instruído no aidioma dos egípcios podia,
portanto, ler estas gravações e ensiná-las a seus filhos, para que assim eles
pudessem ensiná-las a seus filhos, cumprindo desta forma os mandamentos de Deus
até o presente.” (Mosiah 1:4).
Benjamim diz que as Placas de Latão foram escritas em egípcio! Por que
foram escritas em egípcio? Eram escrituras
hebraicas! Deveriam ter sido escritas em hebraico.
A palavra de Deus conforme
registradas nestas placas era muito importante e foram necessários grande
esforço com a divina intervenção para obtê-las. Mas, por que essa cópia em
particuar das escrituras era tão importante? Leí era um homem rico, um líder na
comunidade, um profeta. Leí já não poderia ter sua própria cópia das
escrituras? Néfi nos dá uma dica quanto à natureza especial e a importância
desta cópia de registros sagrados, [as Placas de Latão]. Ele explica:
“E eis que é sábio para Deus que obtenhamos
esses aregistros, para
que preservemos para nossos filhos o idioma de nossos pais.” (negrito adicionado,1 Nephi 3:19).
“O idioma de nossos pais”. Poderia Néfi estar dizendo algo
diferente de “o egípcio era o idioma dos nossos pais”? Lembremos que a
declaração inicial de Néfi concernente à linguagem identifica o egípcio como o
idioma de [seu pai] Leí.
Quanto às Placas de Latão, O Livro de Mórmon não diz nada a respeito da
sua origem e bem pouco sobre sua história. Nossa única dica novamente vem das
observações de Néfi:
“Labão também era descendente de aJosé, razão
por que ele e seus antepassados haviam mantido os registros [as placas de
latão]. (1 Nephi 5:16).
Néfi não está dizendo que estas Placas de Latão eram uma cópia de
Escrituras que foram mantidas pelos descendentes de José. Robert Millet
especula que elas podem ter sido guardadas pela tribo de Efraim.(2) O Irmão Millet
continua: “Em sugestão de como é que as famílias de Efraim e Manassés [das
quais Leí e Ismael eram descendentes) vieram se estabelecer em Jerusalém,
Sidney B. Sperry escreveu:
“O Reino do Norte de Israel caiu diante dos assírios quando sua capital
de Samaria capitulou a Sargon II em 722 a.C. Os ancestrais de Labão podem ter
fugido para Jerusalém para impedir que os sagrados registros caíssem em mãos
estrangeiras. O avô ou o bisavô de Leí pode ter deixado sua casa no norte [e
vindo] para Jerusalém a fim de evitar que seus filhos se casassem e fizessem
compromissos religiosos com estrangeiros, [compromissos esses] trazidos para a
terra através dos assírios (43-44).”
John Sorenson, num interessante estudo da língua na Mesoamérica, sugere
que o registro nas Placas de Latão pode ter começado com José do Egito.(3) Lembremos [que]
a esposa de José era egípca, seu idioma e sua cultura eram egípcios, e seus
filhos Efraim e Manassés eram egípcios. Seria natural para esta família desejar
uma cópia de sua sagrada história escrita em egípcio. Nosso atual registro
bíblico começa com os escritos de Moisés, mas não significa que não [possam ter
sido] escritos no tempo de José. Uma vez que esse registro egípcio foi
começado, teria sido natural para os descendentes de José continuarem a manter
seu registro naquele que para eles havia se tornado o idioma da Escritura. Talvez,
para estes descendentes de José, o egípcio fosse até mesmo mais do que o idioma
da escritura. Néfi diz que era “o idioma de nossos pais”.
Como o egípcio das Placas de Latão se comparava com o egípcio reformado
das Placas de Néfi?
Pelo menos no tempo de Morôni [essas duas linguagens escritas] devem ter
sido diferentes. Morôni diz que era chamada de “reformado” porque eles haviam
alterado os caracteres. Esta linguagem escrita seria a mesma linguagem escrita
de Leí e Néfi? Mil anos haviam se passado e Morôni diz que eles haviam alterado
tanto o idioma egípcio quanto o [idioma] hebraico. Grandes alterações tomam
lugar na linguagem em apenas algumas centenas de anos. Seria provável que Néfi
e Morôni tenham escrito em linguagens muito diferentes, até mesmo com caracteres
diferentes. De qualquer modo, talvez o registro de Néfi não fosse em egípcio reformado.
Seria lógico que ele fosse na linguagem da Escritura que Néfi
encontrou nas Placas de Latão.
Ao mesmo tempo, parece óbvio que Morôni não escrevia numa escrita confortável
e familiar. Ele está constantemente preocupado com “imperfeições” neste
registro escrito (Mórmon 8:17; 9:31, 33; Éter 12:23-25). Que Morôni
não está expressando uma inadequação em sua habilidade para formular seus
pensamentos em palavras é deixado claro:
“E se nossas placas tivessem sido suficientemente grandes,
teríamos escrito em hebraico; mas o hebraico também foi alterado por nós; e se
tivéssemos escrito em hebraico, eis que nenhuma imperfeição encontraríeis em
nosso registro.” Mórmon 9:33).
Sua preocupação parece ser especificamente esta: a linguagem na qual
Morôni devia escrever talvez não [lhe] fosse familiar e fosse aparentemente de
difícil gravação. Era a sua habilidade em escrever (gravar) neste egípcio
reformado, a dificuldade de evitar erros e de fazer o registro claro e inteligível [que] parece ter sido o centro das preocupações de Morôni.
Teríamos hoje alguma cópia desses caracteres em egípcio reformado do
Livro de Mórmon? Pode ser que sim. Pretende-se que um documento
conhecido como o “Transcrito de Anthon” seja uma cópia.
CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA
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