A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é definida como pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg. A HAS é a mais frequente das doenças cardiovasculares. É também o principal fator de risco para as complicações mais comuns como acidente vascular cerebral (AVC) e infarto agudo do miocárdio, além da doença renal crônica terminal. Por ser uma doença sem sintomas, seu diagnóstico e tratamento são frequentemente negligenciados, somando-se a isso a baixa adesão, por parte do paciente, ao tratamento prescrito.
Tabela 1. Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório (> 18 anos).
Classificação
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Pressão sistólica
(mmHg)
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Pressão diastólica
(mmHg)
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Ótima
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< 120
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< 80
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Normal
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< 130
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< 85
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Limítrofe*
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130–139
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85–89
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Hipertensão estágio1
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140–159
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90–99
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Hipertensão estágio 2
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160–179
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100–109
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Hipertensão estágio 3
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≥ 180
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≥ 110
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Hipertensão sistólica isolada
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≥ 140
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< 90
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Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser utilizada para classificação da pressão arterial.
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*Pressão normal-alta ou pré-hipertensão são termos que se equivalem na literatura.
OBESIDADE
O excesso de peso é um fator predisponente para a hipertensão. Estima-se que 20% a 30% da prevalência da hipertensão podem ser explicadas pela presença do excesso de peso. Todos os hipertensos com excesso de peso devem ser incluídos em programas de redução de peso.
Hipertensão arterial e obesidade, em especial a obesidade abdominal, com acúmulo de gordura visceral, frequentemente associadas ao colesterol alto e à intolerância à glicose, compõe a chamada síndrome metabólica, que também é acompanhada de resistência à insulina e hiperinsulinemia. Redução do excesso de peso em pelo menos 5%, restrição dietética de sódio e prática de atividade física regular são fundamentais para o controle pressórico, além de atuarem favoravelmente sobre a tolerância á glicose e o perfil lipídico.
COLESTEROL ALTO
É frequente a associação entre colesterol alto e hipertensão arterial, juntos representam mais de 50% do risco atribuível da doença arterial coronariana. As modificações do estilo de vida, incorporando cuidados alimentares, adequação do peso corporal e prática regular de atividade física, são obrigatórias. A suposta origem do colesterol alto é referente ao estilo de vida, a obesidade, a hipertensão arterial, a ingestão excessiva de alimentos calóricos e gordurosos e ao sedentarismo.
ATEROSCLEROSE
A elevação do LDL-colesterol apresenta um risco de desenvolver uma aterosclerose. O excesso de LDL se oxida e produz células espumosas. Essas células formam a camada inicial de gordura na parede das artérias que acabam por formar as placas características da doença cardiovascular. Por sua vez, o HDL-colesterol, remove as placas de gordura das paredes das artérias e de outros tecidos, levando-o para o fígado, onde será metabolizado e eliminado do corpo.
TRATAMENTOS
Modificações de estilo de vida são de fundamental importância no processo terapêutico e na prevenção da hipertensão. Alimentação adequada, sobretudo quanto ao consumo de sal, controle do peso, prática de atividade física, tabagismo e uso excessivo de álcool são fatores de risco que devem ser adequadamente abordados e controlados, sem o que, mesmo doses progressivas de medicamentos não resultarão alcançar os níveis recomendados de pressão arterial.
OBJETIVOS DA INTERVENÇÃO NUTRICIONAL
§ Reduzir os níveis de colesterol total, LDL-colesterol;
§ Elevar os níveis de potássio, HDL-colesterol;
§ Prevenir a síndrome metabólica, diabetes e problemas renais;
§ Diminuir a ingestão de gorduras saturadas e colesterol;
§ Aumentar o consumo de fibras e alimentos antioxidantes;
§ Atingir o balanço energético e a nutrição adequada;
§ Promover mudanças alimentares permanentes;
§ Controlar a HAS;
§ Alterar os fatores de risco, modificáveis pela dieta, prevenindo o aparecimento de doença arterial coronariana.
PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA REGULAR
O Ministério da Saúde (2006) adverte: pacientes hipertensos devem iniciar atividade física regular, pois além de diminuir a pressão arterial, o exercício pode reduzir consideravelmente o risco de doença arterial coronária e de acidentes vasculares cerebrais e a mortalidade geral, facilitando ainda o controle do peso. A recomendação da atividade física baseia-se em parâmetros de freqüência, duração, intensidade e modo de realização. Portanto, a atividade física deve ser realizada por pelo menos 30 minutos, de intensidade moderada, na maior parte dos dias da semana (5) de forma contínua ou acumulada.
ORIENTAÇÕES GERAIS
§ Mastigar com calma e bem os alimentos;
§ Não fumar;
§ Não ingerir bebida alcoólica;
§ Praticar atividade física todos os dias com acompanhamento de profissional;
§ Praticar o lazer;
§ Realizar seis refeições ao dia;
§ Seguir o plano alimentar respeitando as quantidades e os horários;
§ Usar sal light ou fazer um mix de ervas naturais para substituir o sal.
Essas medidas terapêuticas fazem parte de uma mudança comportamental global. A incorporação de novos hábitos de vida garante que os benefícios alcançados sejam duradouros desde que as mudanças no estilo de vida sejam permanentes. Portanto, o acompanhamento nutricional é fundamental e pode garantir a qualidade de vida do paciente.
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