Sua Identificação Poderia Ser Comprovada?
por
V. Garth Norman
Maio/2005
Traduzido por Elson C. Ferreira – Curitiba/Brasil – Setembro/2005
“Bem-vindos ao Mundo do Livro de Mórmon!”
Com o avanço das pesquisas históricas e
arqueológicas da Mesoamérica e do Livro de Mórmon, este anúncio será
concebível num futuro não muito distante. Essa meta será alcançada somente se
(ou quando) alguma cidade específica do Livro de Mórmon for encontrada, com um
registro no próprio lugar, tempo e cultura requeridos pelo texto e se o nome
desta cidade for descoberto entre suas ruínas.
Total confirmação deve, certamente,
repousar sobre futuras descobertas, como se fossem peças de um quebra-cabeça,
na exploração da geografia histórica do Livro de Mórmon. Nenhuma simples
descoberta pode ficar isolada. É gratificante ver que as pesquisas
especulativas do passado progrediram em direção à exploração genuína, resultando
em descobertas que estão trazendo à luz o mundo do Livro de Mórmon.
A identificação da cidade de Libe, no
meu ponto de vista, seria realisticamente possível devido à sua localização
específica descrita por Morôni, se pudermos entender suas palavras
corretamente. Devemos começar com os locais específicos identificáveis baseados
no texto. Morôni parecia ter conhecimento de onde a cidade de Libe estava
localizada porque adiciona uma descrição detalhada que não significa nada para
o texto em si, a não ser pelo fato de que ele desejava que sua descrição fosse
identificável. Eu acredito que o texto se tornará muito claro quando
localizarmos a cidade de Libe. Vamos dar uma olhada nos detalhes do texto:
O povo de Libe é posterior à matança das
serpentes venenosas que bloquearam o caminho para o deserto cheio de animais
selvagens, através da estreita faixa de terra. Mórmon também identificou aquele
deserto como sendo a terra de Abundância dos nefitas, o qual “é cheio de todo
tipo de animais selvagens de toda espécie”; (Alma 22: 31) sem dúvida alguma,
uma região tropical.
Identificamos anteriormente a terra de
Abundância no Estado mexicano de Tabasco, e mostramos evidências sobre o
significado do nome “abundância” entre os povos indígenas e sua derivação de
duas palavras vindas do idioma hebreu: Tob e shoa (Norman 2004).
O povo de Libe cruzou o deserto e construiu uma grande cidade perto da estreita
faixa de terra. Morôni então acrescentou que sua localização era “perto do
lugar onde o mar divide a terra”. (Éter 10: 19-20)
O
que isto significa?
Não há nenhuma outra referência à
estreita faixa de terra no Livro de Mórmon, que tenha esta descrição; desse
modo ela tem que ser uma característica específica entre a estreita faixa de
terra sem deserto onde o mar literalmente corta a terra. Nós sabemos que duas
das grandes cidades olmecas dos tempos jareditas se qualificam a esta
descrição: San Lorenzo e La
Venta, localizadas no istmo de Tehuantepec, a quase 50 milhas dali (Mapa de La Venta
(de Bernal 1969, Figura 2). Note a ilha, que foi no passado uma ilha do mar)
Considerando a grande cidade de Libe e
seu império, não há outra possibilidade dentro deste território tão limitado. A questão é se os remanecentes
arqueológicos e as inscrições poderiam identificar a cidade de Libe e suas
antigas raízes culturais no Oriente Médio, o que será considerado na parte 2
deste trabalho.
Num documento de 1984 eu especulei que o
local de divisão da terra poderia ser a larga desembocadura do Rio Coatzacoalcos,
banhada pelas altas marés do Atlântico, mas não há ali nenhuma grande cidade
olmeca. Então eu especulei que San Lorenzo, cidade localizada a 40 milhas acima de uma
ilha desse rio, poderia ser esse lugar, mas é um rio e não o mar que divide
aquela terra, portanto deveria haver algum erro de tradução ao traduzir a
palavra rio como mar, para que esse local se qualificasse como a cidade de
Libe. Arqueologicamente, San Lorenzo qualifica-se completamente como a cidade
de Libe; ela data exatamente do mesmo período de tempo. Libe, na sua 14ª
geração, está a meia geração da história jaredita, aproximadamente em 1400 a 1200 a.C. quando San Lorenzo
foi construída. Mudanças políticas refletidas na escavação de registros também
se encaixam com a história jaredita.
A devastação geográfica dessa região
explica-se porque San Lorenzo pertence ao densamente habitado Golfo Costeiro da
região olmeca, ao sul de Veracruz. Observe a existência das oito cidades dentro
das 25 milhas
e outras mais ao norte, onde “toda a face da terra do norte estava coberta de
habitantes” (Éter 10:21).
San Lorenzo está na maior comunicação de
rota trans-ístmo ao longo do Rio Coatzacoalcos para o lado do Pacífico que,
indubitavelmente nunca foi fechado para o tráfego durante qualquer período de
tempo.
Eu também havia especulado que a região
das grandes lagoas na costa do Pacífico fosse o lugar onde o mar divide a
terra, mas não há nenhuma grande cidade olmeca naquela região, e nenhuma
floresta tropical levando para a terra ao sul. Além disso, evidências favorecem
a planície de Tehuantepec como sendo essa “estreita passagem”.
Todas as evidências na análise final me
levam para a grande cidade olmeca de La Venta. Ela está a apenas 25 milhas do Rio
Coatzacoalcos, assim ela está literalmente junto à “estreita passagem”, o ponto
de travessia ao longo de todo o Rio Coatzacoalcos.
Mas
onde, em La venta, há uma característica distinta onde “o mar divide a terra”?
Enquanto eu pesquisava para compor este
documento, voltei aos relatórios das escavações de La Venta (Drucker 1952).
Enquanto lia a seção “Geographical Setting”, fiquei aturdido por algo que
jamais havia visto ou ouvido antes. Eu sabia que La Venta estava num terreno
alto, perto o bastante de uma extensa região alagada assim como outras cidades
na vasta planície costeira de Tabasco, que ficava inundada e intransponível, devido às águas dos rios Tonala e Grijalva, durante a estação das chuvas. O que
eu não sabia, enquanto lia trouxe a descrição de Morôni para a completa luz. Aquela
seção é tão significativa que merece ser citada.
O viajante na região não pode senão
ficar impressionado pela repentina mudança dos montes de terra vermelha de
Minatitlan, que são uma gradual extenção das ladeiras das montanhas de Tuxtla,
e as altas dunas de areia ao redor de Puerto Mexico (Coatzacoalcos), para a
planície inundada, pouco acima do nível do mar, que se estende por milhas em
direção ao leste, ao longo da costa. Toda
esta zona inundada deve ter sido antigamente um mar aberto – uma grande baía
que gradualmente foi sendo assoreada.
Geólogos, especialistas na exploração de
petróleo que trabalhavam na região de La Venta, disseram-me que testes e operações de
drenagem mostram um depósito de quase cem de pés de profundidade de lodo, estendendo-se para baixo da atual
superfície, com ocasionais bancos de conchas marinhas ou de água salgada. Cerâmica e fragmentos de estatuetas
freqüentemente são retiradas de consideráveis profundidades deste lodo. Podemos
estar certos de que estes objetos não representam antigos horizontes enterrados
por lodo moderno, mas indubitavelmente são coisas perdidas que caíram das
canoas no tempo em que alí havia mais água do que nos dias atuais.
(Drucker 1952: 4)
Estudos geológicos desta região mostram
uma terra subsidente no distrito de La
Venta tão diferente da região alta mais ao leste, longo da
costa de Tabasco. Além disso, um antigo e largo canal do Rio Grijalva costuma
drenar La Venta
para o Golfo Costeiro, que deve ter expandido a ilha marinha durante a estação
das chuvas, aumentando as águas das marés altas, e construindo depósitos
através dos tempos, o que pode ter contribuído para que o canal do rio fosse
desviado para o leste.
Agora estou convencido de que La Venta, a maior grande cidade
dos Olmecas ao sudeste, literalmente construída no “lugar onde o mar divide a
terra” está no local onde devemos procurar se quisermos identificar a cidade de
Libe, o que será considerado mais adiante na parte 2 deste documento.
Referências:
Bernal, Ignacio. The Olmec World.
University of California Press, 1969.
Drucker, Philip. La Venta,
Tabasco; A Study of Olmec Ceramics and Art. Smithsonian
Institution Bureau of American Ethnology, Bulletin 153. Washington, 1952.
Norman, V. Garth. “San Lorenzo as
the Jaredite City of Lib.”
Newsletter and Proceedings of the S..E.H.A. No. 153. June. Provo, Utah:
SEHA, 1983.
Norman, V. Garth. “Where was the
Land Bountiful? Possible Place Name in Mesoamerica
with a Biblical Prototype.” AAF Notes, www.ancientamerica.org. 2004.
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