V. Garth Norman, 11 – 04
Tradutor: Elson Ferreira – Curitiba/Brasil – 2007 – elsonferreira@gmail.com
Eu tenho estudado o centro templário de Izapa, no sul do México pos mais de quarenta anos. “Izapa” é o nome nativoo para este local, e seu significado foi perdido na antiguidade. O mesmo acontece com muitos outros nomes nativos de lugares, incluindo as duas montanhas locais, Tacana e Tajumulco.
Você pode imaginar minha surpresa quando num recente pressentimento encontrei vestígios de Izapa, possíveis raízes lingüísticas em Nahuatl, e descobri significados que podem ser interpretadas como a celebração do significado central de sua criação e das tradições da origem migratória celebradas em Izapa, que identifiquei três há décadas (Norman 1976). Eu não podia parar com Izapa, e fui checar em Tacana e Tajumujlco, e fiquei até mais surpreso ao encontrar significados entrelaçados.
Estes indubitavelmente não são os antigos nomes originais, mas podem ser traduções fiéis, provavelmente adotados durante a era Tolteca no Século IX, depois ou talvez durante o império Clássico Teotihuacan que alcança a Guatemala. O nome original de Izapa pode ser encontrado em escultura.
Antes de considerar minha análise dos nomes de lugares, um breve exame histórico é necessário para reconhecer a profunda antiguidade de relacionamento entre Izapa e estas duas montanhas que se estendem a mais de dois mil anos até o período Pós Clássico do planalto Maia, por volta do ano 800 a.C. Foi então que a plataforma do primeiro templo começou a ser construída, seguida da primeira escultura Olmeca (jaredita?). Foi quando este local foi selecionado como montanhas sagradas de orientação. Entretanto, não foi até o quarto século antes de Cristo que um novo povo trouxe a estas montanhas sagradas conexões de maior destaque com a construção do maciço centro templário e sua grande escultura que vemos hoje em dia.
No recente final da história de Izapa, os povos Quiche e Cakchiquel Maia migraram da terra ao norte da região central do México no Século XI d.C. para o sul, a terra natal dos seus ancestrais na Guatemala. Ao chegar os Cakchiquel observaram Tacna-huyu, o vulcão Tacana (huyu relaciona-se a huehuei “grande” na linguagem Nahuatl). Esta “grande” motanha divide o continente, a qual se levanta a mais de 13.000 pés da planície costeira e sua montanha irmã, Tajumulco, ao sul (inferior, à direita), estão literalmente no topo do mundo Central Americano. Estes marcos disseram aos migrantes que eles haviam chegado ao seu destino e as tribos dispersas se estabeleceram nos vales e montanhas da Guatemala (Recinos 1953: 60). A memória de Tacana e Izapa não foi apagada; colonizadores retornaram ao local abandonado nesta época, e vasos de oferendas foram encontrados durante escavações próximos da superfície em dois montes no principal centro antigo, que era “Tohil” Plumbate tipos relacionados aos altiplanos da Guatemala no tempo em que os Quiche e os Cakchiquel Maia aí estavam estabelecidos (Lowe et al., 1982: 157).
É aqui que começamos a encontgrar evidências arqueológicas e sólidos indícios de que as crônicas dos altiplanos maias se ligam aos antigos temas da escultura de Izapa (Norman 1976).
Os primeiros colonizadores do período Pós-clássico realmente eram descendentes dos antigos maias, os quais viveram aqui mil anos antes. Este reconhecimento é muito importante para a continuidade do nosso estudo dos srelacionamentos de Izapa com a Mesoamérica, especialmente com os maias e suas crônicas.
Como Izapa se relaciona aos picos da montanha? O eixo central ao norte do templo se alinha com o pico de Tacana e descobriu-se que o monte central do templo emparelha-se com o pico da montanha com degraus. O ângulo central do eixo alinha-se na direção do crepúsculo do solstício de inverno. Originalmente, este lugar era localizado pelos colonizadores olmecas pelo Rio de Izapa que descia de Tacana, um local ideal, onde Vênus podia ser observado ao norte, como que paralizado apontando para o pico de Tajumulco. Vênus era um sinal do deus Quetzalcoatl, e seu alinhamento era uma bôa evidência para as crenças religiosas compartilhadas pelos últimos habitantes de Izapa. O solstício de verão também se levanta no lado direito de Tajumulco, que foi recriado na plataforma do Monte 30 com uma escultura relacionada. Stela 9 (à direita) dedicada ao solstício de verão mostra o Deus Sol levantado com sua cabeça no sol e levando um homem para o céu (Norman 1976, 1980).
Todas as crônicas dos Altiplanos Maias são consistentes ao declarar que seus ancestrais cruzaram o mar para chegar a esta terra. O relato da migração no Popol Vuh, Parte III, parece misturar a migração Pós-clássica com tradições da migração original. A chegada está equacionada com o amanhecer da criação, o renasciento de Vênus como a Estrela da Manhã, e a criação da luz com o primeiro alvorecer. Quando os maias chegaram nos altiplanos da Guatemala eles subiram à montanha e esperaram pelo aparecimento da Estrela da Manhã. Quando Vênus finalmente se levantou (subida heliacal) isto foi tomado como um sinal de Deus (Quetzalcoatl?) de que deviam se estabelecer aqui, e se regozijaram e adoraram (Recinos 1950: 180).
Dificilmente poderíamos ter uma conexão mais íntima entre Izapa e estas duas montanhas, e assim é com seus nomes, como veremos a seguir.
Examinando a obra de Karttunen, Analytical Dictionary of Nahuatl (1983), posso reconhecer que IZAPA é uma composição de IZ-A-PA. IZ significa “aqui”, A-TL é “água” (-TL cai nos nomes compostos). -PA indica “movimento em direção a um ponto”. APA tem a ver com o movimeto da água ou na água, como na palavra APANO (“atravessar um corpo de água”). De acordo com isso, este nome composto significa “água vindo aqui” ou “alguém vindo aqui através da água”.
Há abundantes evidências em Izapa para ambos os interrelacinamentos históricos e místicos. Elas se relacionam com a origem das tradições da criação/migração que explorei nas análises de Izapa Stela 5 (Norman 1976). Um homem no lado leste vem a caminho do rio formado pela chuva (acima) o pai ancestral no lado oeste (esquerdo) assenta-se sobre uma montanha que emerge do mar, e com caminhos atravessando o mar do oeste para as montanhas.
Este mesmo homem barbado ancestral pode ser representado em Stela 67, dentro de um barco atravessando o mar (direita) que, definitivamente é o oceano e não um lago. O barco invertido sobre sua cabeça cria uma borda significando o horizonte nos hieróglifos maias para o alvorecer ou o crepúsculo e para a lua. A máscara divina com um sol através do lado direito da borga, que é um alvorecer. A figura humana em pé e acima dela (quebrado) pode ser o mesmo, enquanto a figura do “nascimento” em Stela 5 aparece acima. A máscara quebrada no lado esquerdo presumivelmente representa o horizonte a oeste ou o crepúsculo. O painel das peculiares ondas invertidas só podem ser explicadas como um sinal de que este barco está vindo do mar, além do horizonte, o outro lado do mundo, se desejar. Os anciãos maias de Totonicapan retiveram está tradição de origem de terem “vindo da outra parte do mar, de Civan-Tulan, nos confins da Babilônia” (Recinos 1953: 165).
TACANA é o imponente pico intimamente ligado a Izapa no eixo central norte do centro templário. TA no dialeto Nahuatl é a contração de TATAH “pai” e CANA(H) significa “de algum lugar”. Assim, a palavra composta “pai de algum lugar” combina com as raízes de IZAPA como “pai de algum lugar, água daqui”. As implicações históricas óbias são que o pai ancestral de Izapa veio para cá de algum lugar através do mar, de acordo com as tradições de migração de todas as crônicas dos altiplanos maias. Por outro lado, o Deus Pai habita na montanha que forma as nuvens e traz as chuvas.
O nome da montanha Tajumulco adiciona outro elemento que pode ligar-se às crônicas. TAJUMULCO no dialeto Nahuatl é o composto TAHU-MALCO. TAHU do TAHYO-TL significa “paternidade” e MULCO pode ser visto em MALCO-CHOA, “agraçar, levar alguém” (-CHOA pode indicar “voar” como em Choloa). Isto é descritivo na conexão de Stela 9 com observado acima, onde o “pai” sol leva um homem para o céu. O nome reconhece um pai levando alguém, e pode acidionar outra dimensão à comemoração da origem migratória de Izapa-Tacana. Os primeiros pais, como relatado nas crônicas, carregam uma imagem do seu Deus Tohil, que conduziu-os na sua jornada e também carregou o sagrado feixe Giron-Gagal, o qual pensa-se conter uma pedra vidente e outros objetos sagrados que ajudou a guia-los em sua jornada à Guatemala (Recinos 1950: 175, 205 n.3).
Os tres nomes lidos logicamente na ordem seguinte, a começar com Tacana. Izapa pode ser o Segundo ou terceiro. Izapa veio aqui das águas [através do mar]; Pai Tajumulco abraçou, levando alguém [em jornada].
Isto tudo é muito familiar com a jornada do pai Leí para a terra prometida na América vindo através do Pacífico, sendo levado por Deus com a ajuda da bússula sagrada, a Liahona.
Pode-se especular que estes nomes, conforme os interpretei, como evidência de que Izapa foi o lugar onde Leí desembarcou. Acredito que Alma 22: 28 aponta para a terra da Primeira Herança, junto à costa, a quase 200 milhas ao sul da terra de Néfi, não nas franteiras da Guatemala com Chiapas (Néfi/Zarahenla) onde Izapa se correlaciona. Izapa comemora as origins dos primeiros ancestrais de um modo mais amplo, mas não porque o barco de Leí pode ter aportado nas proximidades da praia. Claramente este local foi selecionado antes do tempo de Leí para a construção de um templo com sagrada topografia e reconhecido pelo novo povo migrante no início dos tempos nefitas, os quais adotaram-no como o lugar ideal para comemorar suas origens ancestrais sendo levados a escolher esta terra por seu Deus. Izapa foi escolhida para preservar aquela memória memória para a posteridade.
Mas estes tres nomes de lugar são ótimas evidências para a antiguidade das crônicas, pois as histórias da origem migratória remonta, pelo menos, ao quarto século antes de Cristo, quando o centro templário de Izapa estava sendo designado e construído ao oriente destas duas montanhas sagradas.
As descobertas desta pesquisa me dá alguma gratificação em conjunção com uma comunicação de um colega profissional que recentemente se reportou a mim depois de assistir um simpósio de estudos maias. Um (há muito tempo) notável antropólogo de uma universidade oriental que especializou-se no estudo da origem e desenvolvimento das primeiras civilizações mesoamericanas expressou a crença de que Izapa é o mais importante local em toda a Mesoamérica para este estudo. Ele também reconheceu uma forte conexão entre a narrativa hieroglífica das esculturas de Izapa e do Popol Vuh, que eu apresentei pela primeira vez em minha tese Izapa Sculpture (Norman 1976).
Eu tenho declarado isto por muitos anos porque não há outro local mesoamericano com tal abundância de rica escultura encontrada onde esta cidade foi erigida no centro templário há mais de dois mil anos. Também temos explorado possíveis conexões do Popol Vuh com o Livro de Mórmon, que é assunto para um futuro trabalho.
Referências:
Karttunen, Frances. An Analytical Dictionary of Nahuatl. Austin, University of Texas Press, 1983.
Low, Gareth W., Thomas A. Lee Jr. and Eduardo Martinez E. “Izapa: An Introduction to the Ruins and Monuments:” Papers of the New World Archaeological Foundation, No. 31. Provo, 1982.
Norman, V. Garth. “Izapa Sculpture. Part 1: Album, Part 2: Text.” Papers of the New World Archaeological Foundation, No. 30. Provo, 1973, 1976.
--------- Astronomical Orientations of Izapa Sculptures. MS Thesis. Department of Anthropology, BYU, 1980.
Recinos, Adrian and Delia Goetz. Popol Vuh; Sacred Book of the Quiche Maya. Norman, 1950.
---------- The Annals of the Cakchiquels. Norman, 1953.
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