Excertos
de
Step
by Step Through the Book of Mormon
(Passo
a Passo Através do Livro de Mórmon, não publicado)
de
Alan C. Miner e notas pelo autor.
Alan
C. Miner
Tradutor:
Elson C. Ferreira – Curitiba/2010
No
relato missionário dos filhos de Mosias aprendemos que os lamanitas
convertidos por Amon e seus irmãos tomaram sobre si o nome de
“Ânti-Néfi-Leí”.
17
E aconteceu que escolheram o nome de ânti-néfi-leítas;
e foram chamados por esse nome e não mais foram chamados de
lamanitas.
(Alma 23:17).
O
leitor deve notar que o nome não é “Leí-Néfi”, como a cidade
que Zenife herdou, mas “Néfi-Leí”. A questão é: Por que este
nome? Que significado esse nome tem?
Parece
que Ânti-Néfil-Leí era irmão de Lamôni e devido à morte de seu
pai se tornou então o rei.
3
Ora, o rei passou o reino a seu filho, a quem deu o nome de
Ânti-Néfi-Leí.
(Alma 24:3).
Aparentemente,
Ânti-Néfi-Leí era simpático à causa de Amon e o povo podia
concordar em tomar seu nome ou ele tinha dado ao povo seu nome,
possivelmente alguma conexão com direitos, liberdade ou privilégios
que lhes foram concedidos.
5
Ora, quando Amon e seus irmãos e todos os que haviam vindo com ele
viram os preparativos dos lamanitas para destruírem seus irmãos,
dirigiram-se à terra de Midiã e lá Amon encontrou todos os seus
irmãos; e de lá se dirigiram à terra de Ismael, para reunirem-se
em conselho
com
Lamôni e também com seu irmão, Ânti-Néfi-Leí, a fim de
decidirem o que deveriam fazer para defender-se dos lamanitas.
(Alma 24:5)
O
leitor deve observar que em Alma 24:23-27, não apenas os conversos
recusaram tomar suas espadas, mas também foram ordenados por seu rei
a não fazê-lo, e isto impressionou tanto os outros lamanitas que
eles não apenas pararam a matança, mas (muitos deles) também se
converteram.
23
Ora, quando os lamanitas viram que seus irmãos não fugiam da espada
nem se voltavam para a direita nem para a esquerda, mas que se
deitavam e morriam e
louvavam a Deus até mesmo no momento de serem abatidos pela espada—
24
Ora, quando os lamanitas viram isso, abstiveram-se de
matá-los; e muitos houve que se sentiram condoídos pelos
seus irmãos que haviam caído pela espada, porque se arrependeram do
que haviam feito.
25
E aconteceu que arremessaram ao chão suas armas de guerra e não as
quiseram mais pegar, porque estavam compungidos pelos assassinatos
que haviam cometido; e ajoelharam-se, assim como seus irmãos,
confiando na clemência dos que tinham os braços levantados para
matá-los.
26
E aconteceu que, naquele dia, ao povo de Deus juntaram-se mais do que
os que haviam sido mortos; e os que foram mortos eram justos; não
temos, portanto, razão para duvidar de que foram salvos.
27
E não havia um homem iníquo entre os que foram mortos; mais de mil,
porém, chegaram ao conhecimento da verdade; e assim vemos que o
Senhor trabalha de vários modos
para
salvar seu povo.
É
significativo o fato de que “o povo de Ânti-Néfi-Leí” (Alma
27:25) não é mais mencionado por este nome novamente depois que
eles se uniram aos nefitas, mas sim pelo nome de “povo de Amon”.
26
E aconteceu que isso foi motivo de grande alegria para eles. E
desceram à terra de Jérson e tomaram posse da terra de Jérson e
foram chamados, pelos nefitas, povo de Amon; portanto, por esse nome
distinguiram-se dos outros para sempre.
(Alma 27:26).
Se
Anti-Néfi-Leí era originalmente o irmão do rei Lamoni, o povo de
Anti-Néfi-Leí provavelmente dependia dele como patrono ou mediador
para sua existência e segurança enquanto estavam na terra de Néfi.
Quando esse povo entrou na terra de Zaraenla, eles precisaram de
outro patrono ou mediador, e aparentemente Amon foi essa pessoa.
[Alan C. Miner, notas pessoais]
Kent
P. Jackson e Darrell L Matthews
Os
Ânti-Néfi-Leítas obedeciam a lei de Moisés, acreditavam que ela
era um protótipo da vinda de Cristo (Alma 25:15). A obediência a
essa lei fortaleceu sua fé em Cristo:
15
Sim, e guardaram a lei de Moisés; pois era necessário que ainda
guardassem a lei de Moisés, porque não estava toda cumprida. Mas,
não obstante a lei
de
Moisés, aguardavam ansiosamente a vinda de Cristo, considerando a
lei mosaica um símbolo
de
sua vinda e acreditando que deviam praticar aquelas cerimônias
exteriores
até
o tempo em que ele lhes fosse revelado.
16
Ora, eles não acreditavam que a salvação
lhes
viesse por meio da lei
de
Moisés; a lei de Moisés, porém, serviu para fortalecer-lhes a fé
em Cristo; e assim, por meio da fé, mantinham a esperança
da
salvação eterna, confiando no espírito de profecia que falava
dessas coisas futuras.
(Alma 25:15-16)
Essa
é uma das declarações finais nas escrituras a respeito do papel da
lei de Moisés como um “tipo, um símbolo ou padrão da missão de
Cristo”. [Kent P. Jackson e Darrell L. Matthews, The Lamanite
Converts Firm in the Faith, in Studies in Scripture: Book of Mormon,
(Os Conversos Lamanitas Firmes Na Fé, em Estudo das Escrituras: O
Livro de Mórmon, Parte 1, pp. 337-339]
Brant
Gardner
Uma
das histórias mais famosas do Livro de Mórmon é a inspiradora
coragem dos Anti-Néfi-Leítas que deram suas vidas pelo evangelho em
vez de pegar em armas contra seus irmãos (ver Alma 23:16-2 , 5:2).
De acordo com Brant Gardner, esta é uma grande história mas é
repleta de problemas. O maior problema que a história apresenta é o
grande contraste entre a aparente exaltação do pacifismo e a clara
contradição desse princípio no restante do Livro de Mórmon. Como
é que o pacifismo pode ser tão importante para os Ânti-Néfi-Leítas,
mas sem importância para os nefitas que prontamente pegam em armas
em defesa própria? Como é que esse princípio é tão forte para
uma única geração de Ânti-Néfi-Leítas, já que, no futuro seus
filhos pegarão em armas em defesa de seu novo país?
Em
Alma 24:9-10, seja Lamoni ou Anti-Néfi-Leí declara:
9 E
eis que também agradeço a meu Deus que, por iniciarmos essas
relações, nos tenhamos convencido de nossos pecados e
dos muitos homicídios que temos cometido.
10 E
agradeço também a meu Deus, sim, meu grande Deus, por haver-nos
permitido que nos arrependêssemos dessas coisas e também por
haver-nos perdoado nossos
inúmeros pecados e os assassinatos que temos cometido; e por ter-nos
aliviado o coração da culpa,
pelos méritos de seu Filho.
Os
leitores podem observar que o pecado em particular era o
“assassinato”. Era um pecado que o povo de Ânti-Néfi-Leí
aparentemente aceitavam, mesmo as mulheres e as crianças de certa
idade. Quando teriam eles cometido assassinato? Em batalha as as
casualidades raramente são chamadas de assassinato e mesmo que
aceitemos que essas mortes em batalha se constituem em assassinato, o
que falar das mulheres e crianças? Por que eles estavam sob a mesma
condenação, mas os jovens e crianças não?
A
resposta repousa no contexto politico e religioso do culto da Guerra
e à frase "visto que tudo o que pudemos fazer (pois éramos os
mais perdidos de todos os homens) foi arrependermo-nos de todos os
nossos pecados e dos muitos assassinatos que tínhamos cometido"
(Alma 24:11).
Este
era um povo cuja concepção do mundo foi construída ao redor da
idéia de que o sangue humano era requerido pelos deuses para a
continuação do mundo. É difícil para os leitores modernos
entenderem a profundidade da mudança que está veiculada para as
pessoas com aquela visão de mundo, para a aceitação do evangelho.
Isto requer não apenas uma mudança de religião, mas uma mudança
de ciência, uma mudança de cosmologia. Seu próprio entendimento da
mecânica do universo tinha que mudar. Não admira que fosse tão
difícil para eles essa mudança. Vendo o mundo pelos olhos do
evangelho, não é de se admirar que eles tenham visto os sacrifícios
do culto da Guerra como assassinatos e que sua participação naquela
religião e visão de mundo teria manchado a todos, mesmo as mulheres
e crianças com idade suficiente para ter sido doutrinados nesta
visão de mundo. Quando os Ânti-Néfi-Leítas jogaram suas armas,
isto não estaria fora de algum princípio de pacifismo, mas de
temor, de aversão de seus antigos caminhos. Como alcoolistas
abstêmios, sua melhor chance para manter suas novas convicções era
ficar longe dos sentimentos e atitudes dos caminhos antigos. [Brant
Gardner, "A Social History of the Early Nephites,"
Ago.2001, pp. 12-13]
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