Guatemala - A antiga história de Tak'alik Ab'aj é uma das mais fascinantes da Mesoamérica. Os traços de impressionantes eventos que ocorreram neste local e que afetaram a evolução das culturas através de toda a região podem ser encontrados pelos arqueólogos nas ruínas e nos materiais deixados por seus primeiros habitantes.
(Fonte: Wikipedia, a enciclopédia livre - Tak'alik Ab'aj (K'iche': [takʼaˈlik aˈɓaχ]; Espanhól: [takaˈlik aˈβax]; Inglês: /tɑːkəˈliːk əˈbɑː/) é um sítio arqueológico pré-Colombiano na Guatemala; antigamente era conhecida como Abaj Takalik. É um dos vários sítios Mesoamericanos com características Olmecas e Maias. O local floresceu nos períodos Pré-clássico e Clássico, desde o Século IX a.C. até pelo menos o Século X d.C., e foi um importante centro comercial,[3] com Kaminaljuyu e Chocolá. Investigações têm revelado que é um dos maiores sítios com monumentos esculpidos na planície costeira do Pacífico.[4] Esculturas de estilo olmeca incluem possível cabeças colossais, petroglifos e outros.[5] O local tem umas das maiores concentrações de esculturas de estilo olmeca fora do Gulfo do México.[5] Takalik Abaj é representante do primeiro florescimento da cultura maia que ocorreu aproximadamente no ano 400 a.C..[6] Este local inclui uma tumba real maia e exemplares de inscrições hieroglíficas maias que estão entre as primeiras da região maia. As escavações são constantes nesse local; a monumental arquiterura e a persistente tradição da escultura numa variedade de estilos sugere que este local era de alguma importâcia.[7] Descobertas nesse local indicam contato com distantes metrópoles de Teotihuacan, no Vale do México e implica em que Takalik Abaj foi conquistada por eles ou seus aliados.[8] Takalik Abaj foi ligada às distantes rotas de comércio maias que foram deslocadas com o passar do tempo mas permitiu a essa cidade participar de uma rede comercial que incluia o planalto da Guatemala e a planície costeira do Pacífico, do México a El Salvador. Takalik Abaj foi uma considerável cidade com a principal arquitetura agrupada em quatro principais grupos espalhados por nove terraços. Enquanto alguns deles eram de características naturais, outros eram construções artificiais que exigiram um enorme investimento em trabalho e materiais.[9] O local tinha um sofisticado sistema de drenagem e uma fartura de monumentos esculpidos.
O estudo dessas obras públicas e objetos permite seguir as mudanças de estilos e tecnologia utilizada, refletindo a reiqueza de idéias que existiram nas mentes dos antigos arquitetos e artesãos. Estas mudanças marcam para nós as diferentes épocas nos desenvolvimentos culturais locais. As idéias transmitidas por objetos artísticos e utilitários produzidos localmente comunicam como o homem era capaz de viver e sustentar sua família, como eles se associavam com os outros e organizavam sua sociedade e como entendiam seu mundo.
O sítio arqueológico de Tak'alik Ab'aj fica no município de El Asintal, Departmeno de Retalhuleu, situado nos flancos bem irrigados da cadeia de montanhas que correm ao longo do litoral do Pacífico na Guatemala. Ele ocupa um ponto estratégico onde uma passagem natural atravessa as montanhas e leva para o planalto. Tal localização deve ter sido deliberadamente selecionada para capacitar a Tak'alik Ab'aj funcionar como uma ligação crítica entre a rede comercial predominanta na época, pois o local logo evoluiu como um dos mais importantes centros culturais e econômicos dos tempos pré-Colombianos.
A paisagem característica do local é uma contínua descida em direção da planície costeira, encostas cortadas por numerosos rios que drenam as águas dos planaltos e finalmente deságuam no Oceano Pacífico. A topografia inclinada determina a maneira pela qual os antigos arquitetos de Tak'alik Ab'aj projetaram as praças e distribuiram os principais grupos cerimoniais. Para a construção do local, as encostas foram modificadas numa série de dez sucessivos terraços que cobrem 10,4 Km2. Há quatro principais grupos arquitetônicos, cada um nomeado de acordo com sua localização: Norte, Oeste, Central e Sul. A área do centro urbano, que hospeda 58 construções e 326 monumentos de pedra esculpida, se espalha por cinco plantações de café.
Os primeiros arqueólogos que examinaram o local encontraram ruínas de antiga cidade escondida entre pés de café, as pontas dos monumentos de pedra esculpida se sobresaindo da superfície do solo fértil. Um desses arqueólogos, Suzanne Miles, referiu-se ao local como "Piedra Parada", conforme o nome de uma das plantações locais. Ela decidiu traduzir literalmente o nome para o k’iche’ uma linguagem lindígena e lhe deu o título de "Abaj Takalik". Entretanto, a tradução incorreu num erro gramatical na linguagem nativa, que requer que o verbo seja colocado antes do nome. Portanto, a forma correta do nome no dialeto k'iche' é Tak'alik Ab'aj.
A mais antiga ruína arqueológica encontrada em Tak'alik Ab'aj nos leva a quase 3 mil anos no passado, por volta do ano 800 a.C. ou ao próprio fim do Antigo Período Pré-clássico da arqueologia mesoamericana. Durante esse tempo os habitantes de Tak'alik Ab'aj construíram habitações com pisos cobblestone e telhados de colmo apoiados por postes feitos de madeira da árvore canoj. Os vasos eram de excelente qualidade, feitos de cerâmica queimada, pretos com acabamento polido. As ferramentas cortantes eram formadas a partir de lâminas de obsidiana trazidas das pedreiras de El Chayal, perto da antiga cidade de Kaminaljuyu onde a moderna cidade da Guatemala foi construida e de San Martin Jilteqeque, distrito de Chimaltenango.
O Mundo Olmeca
Durante o Período Pré Clássico Médio, entre 800 e 400 a.C, o plano da cidade foi lançado e mantido por mais de 2 mil anos. As construções cerimoniais consistiam de plataformas construídas de argila bem preparada, porém não queimada. Dos dois lados havia uma pequena. Um dos primeiros estádios esportivos conhecidos na Mesoamerica estavam associados a essas plataformas térreas de Tak'alik Ab'aj. Este estádio foi construído no sentido norte-sul e media 5 m de largura e 3 m de comprimento, dimensões que continuam a caracterizar também os últimos estádios. Um problema enfrentado pelos arquitetos eram os danos causados pela pesada chuva, mas isto era resolvido inserindo pequenos canais feitos de argila, para drenar o excesso de água das praças.
Uma das maiores e mais sagradas plataformas no local parece ter sido usada como um observatório astronômico. Há três linhas paralelas de monumentos localizadas na superfície da plataforma; a linha central marca uma orientação de 17º leste do norte magnético. Esta orientação poderia ter estado em linha com o centro do bojo trapezoidal da constelação que nós conhecemos como Big Dipper, quando ela aparece diretamente a leste do norte verdadeiro. Para os antigos astrônomos este trapezoidal pode ter representado a boca característica do homem-jaguar no céu notorno. Na Mesoamérica pré-colombiana, o jaguar era caracteristicamente associado com a noite e a escuridão.
Por volta de 400 a.C., no início do período Pré-clássico que terminou aproximadamente em 150 A.D., Tak'alik Ab'aj passou por algumas mudanças radicais que se refletem na cerâminca e no registro arquitetônico. As estruturas existentes foram ampliadas e construções foram adicionadas. No Grupo Central esta atividade resultou na redução e limitação do espaço nas praças nos lados leste e oeste. O acesso aos terraços foram expandidos pela construção de impressionantes escadarias. Como as construções aumentaram de tamanho, as técnicas de construção foram aprimoradas. A durabilidade das construções aumentou através da construção de calçadas na frente das construções de barro. Novas técnicas arquitetônicas foram introduzidas, tais como a moldagem e a insersão do típico canto ou esquina maia. O sistema para drenagem das águas da chuva nas praças foram fortificados com calçamentos. Foi planejado um sistema de abastecimento de água potável para as áreas residenciais através de aquedutos feitos de paralelepípedos. A cidade obviamente estava num processo de vigoroso crescimento e expansão.
O princípio da escrita maia é evidente na escultura dos monumentos em Tak'alik Ab'aj na forma de breves textos hieroglíficos e longas contagem de datas. Estes antigos estilos maias de arte e escrita são compartilhados com outros locais como Kaminaljuyu, no vale da Guatemala, El Baul e Chocola na Costa Sul, e Chalchuapa em El Salvador, todos grandes centros ao longo da importante rota de comércio costa/planalto.
O estilo “pote de barriga”de Tak'alik Ab'aj dá continuidade à precedente tradição do período Médio Pré-clássico de escultura arredondada. Estas esculturas usualmente representam seres humanos obesos com pálpebras inchadas, as mãos colocadas sobre o abdome proeminente. Esculturas que representam animais aquáticos, como sapos e crocodisos são considerados como um estilo local, mas como os potes de barriga, são encontrados distribuidos por toda a região da costa sul dos altiplanos da Guatemala.
Junto com essas mudanças no estilo artístico, modificações foram feitas na grande plataforma sagrada que funcionava como um observatório astronômico para os olmecas. A linha central dos monumentos foram alterados muito pouco, sendo alterado em dois graus mais ao leste, e vários novos monumentos executados no estilo maia foram adicionados. Aparentemente essa mudança no alinhamento passou a focalizar numa estrela da constelação do Dragão quando ela chega na posição leste do norte verdadeiro.
Acredita-se que para os maias, como para várias outras culturas, esta constelação representava um dragão ou uma serpente no céu. O avistamento sobre esta linha central de monumentos no norte através da grande plataforma, a linha projeta diretamente sobre a stele que agora está erigida na base de uma pequena estrutura. Esta stele retrata, no antigo estilo maia, uma serpente belamente esculpida. Na base e em frente dessa stela os arqueólogos encontraram centenas de pratos e vasos que continham oferendas dedicadas à imagem da serpente, diretamente alinhada com a constelação da serpente. Análises da estrela na constelação do Dragão (Eta Draconis), o foco do novo alinhamento mostra que ela era uma estrela extremamente estável cuja data de aparecimento no céu mudou menos de um dia entre os anos de 1800 a.C. e 425 A.D., um total de 2.225 anos. Tal traço, bastante singular entre as estrelas, poderia ter feito de Eta Draconis uma excelente estrela ligada aos calendários estelares, um fato que evidentemente era entendido e apreciado pelos observadores maias.
Durante os anos 150 e 500 A.D., o período que corresponde ao Early Clássico, aconteceram mudanças que refletiram na culminação da antiga riqueza e esplendor cultural de Tak'alik Ab'aj. Este fenômeno pode ser relacionado a simultâneas ações de vários grupos expansionistas que estavam pressionando agressivamente através das montanhas e ao longo da planície costeira.
Entretanto fica claro, de acordo com a cerâmica e às fontes obsidianas, que houve uma reorientação nos relacionamentos comerciais, passando da rota costeira para uma dentro da região no planalto noroeste da Guatemala.
No Late período clássico, entre 500 e 900 A.D., Tak'alik Ab'aj experimentou um renascimento. A beleza das praças foi readquirida, construções foram remodeladas e os monumentos esculpidos, tão importantes durante o período Pré-clássico e então muito mutilados, foram mudados e reerguidos. No entando, apesar de que a rica tradição da escultura não foi recuperada, experimentou uma renovação. A beleza das praças foi recuperada, construções foram remodeladas e esculpidos monumentos, tão importantes durante o período Pré-clássico, muitos agora mutilados, foram removidos e não re-erigidos; no entanto, apesar de a rica tradição escultural não ter sido recuperada, muita energia foi devotada para atividades de construção e a cidade foi grandemente aumentada.
As ruínas de Tak'alik Ab'aj estão incorporados nos mais preciosos anbientes naturais quentes e úmidos da floresta nativa sub tropical. A vegetação exuberante é uma recriação de espécies que ainda são encontradas nos íngremes barrancos dos rios. A recuperação da floresta nativa quase extinta desta região faz dela uma preciosa ilha num oceano das tradicionais plantações de café e cana de açúcar, e dão adeus à paisagem do parque um caráter único.
Ilustrações: Tak'alik Ab'aj National Project
Agradecimento a Miguel Orrego Corzo e Marion Popenoe de Hatch, por sua colaboração
Nenhum comentário:
Postar um comentário