“Espessa Escuridão,” “Vapor de Escuridão” e
“Névoas de Escuridão”:
Ted Dee Stoddard
Copyright © 2010
Este artigo apresenta evidências associadas a grandes erupções vulcânicas como prova de que as destruições ocorridas no Novo Mundo e registradas no Livro de Mórmon no tempo da crucificação de Cristo, ocorreram na Mesoamérica e não no território continental dos Estados Unidos, a leste do Rio Mississipi.
O “Modelo Centro Oeste Norte Americano” (Modelo CONA) para a geografia do Livro de Mórmon afirma que todos os eventos ocorridos no Novo Mundo aconteceram entre os Grandes Lagos, ao norte, e o Golfo do México, ao sul (o Centro Oeste dos Estados Unidos inclui os estados de Illinois, Indiana, Iowa, Kansas, Michigan, Minnesota, Missouri, Ohio, Nebrasca, Dakota do Sul, Dakota do Norte e Wisconsin).
O “Modelo Mesoamericano” (Modelo M) propõe que todos os eventos do Livro de Mórmon que ocorreram no Novo Mundo tiveram lugar na área geográfica conhecida como Mesoamérica, ou seja, da Cidade do México, a oeste, até as regiões ocidentais de El Salvador, e Honduras, no leste. A Mesoamérica inclui o sul do México e a maioria dos países da América Central, inclusive a Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Nicarágua e parte de Costa Rica.
Os proponentes do Modelo CONA ensinam que a região continental dos Estados Unidos é exclusivamente o território referido em expressões escriturísticas como “esta terra” e “terra da promissão”.
Este artigo mostra que tais expressões também se referem ao território Mesoamericano. Além disso, apresenta evidências associadas a grandes erupções vulcânicas como prova de que as destruições ocorridas no Novo Mundo e registradas no Livro de Mórmon no tempo da crucificação de Cristo, ocorreram na Mesoamérica e não no território continental dos Estados Unidos, a leste do Rio Mississipi.
A Seção 7 do DVD de Rodney Meldrum sobre o Modelo CONA como a localização para os eventos do Livro de Mórmon é intitulado “Tempo e Clima”. O subtítulo para esta seção se chama “Indicações de Tempo e Clima No Livro de Mórmon”. Ele começa a seção perguntando: “Há qualquer indício a respeito do tempo no Livro de Mórmon?” Então, pouco mais da metade da seção, Meldrum diz: “Parece que o tempo simplesmente não era algo digno do limitado espaço nas placas [de Néfi] - não era importante, mas haveria qualquer indicação a respeito do clima? Tempo é uma coisa; clima é outra. Há alguma indicação para ele?”1
Em toda sua apresentação sobre a geografia do Livro de Mórmon em seu DVD, Meldrum freqüentemente toma uma atitude defensiva a respeito da Mesoamérica na sua competitiva tarefa, como proponente do cenário no Novo Mundo para o Livro de Mórmon, e essa atitude defensiva é especialmente evidente na seção a respeito de tempo e clima. Ao mesmo tempo, Meldrum faz vários comentários que refletem sua falta de conhecimento da Mesoamérica como o ambiente dos eventos do Livro de Mórmon. Abaixo estão parafraseadas más declarações que ele faz em referência ao Modelo Mesoamericano, seguido de comentários corretivos:
1. A Guatemala tem apenas duas estações—quente, e realmente quente.
Comentário: As planícies da Guatemala são quentes durante a estação seca, mas não necessariamente quente durante a estação chuvosa. O planalto da Guatemala é freqüentemente referido como a “terra da eterna primavera” por causa de seu clima temperado durante o ano todo. A área costeira da Guatemala do lado Oceano Pacífico varia em temperatura, dependendo da altitude e da estação do ano. Na maior parte da Mesoamérica, as estações são associadas à “estação seca” ou à “estação chuvosa”, em vez de primavera, verão, outono e inverno.
2. Todo o Livro de Mórmon aconteceu “abaixo das áreas de floresta”.
Comentário: No Modelo Mesoamericano, o Livro de Mórmon aconteceu em todo o território da Mesoamérica, desde o vale da Cidade do México, a oeste [“na terra do norte”] até a Guatemala, Honduras, e El Salvador, a leste [“na terra do sul”]. “Abaixo das áreas de floresta” aplica-se ao deserto a leste de Zarahenla na Guatemala, Peten e Belize. Grande diversidade de tempo e clima é encontrada por toda a vasta região da Mesoamérica.)
3. A área mencionada em Helamã 3: 10, a qual era desprovida de madeira, ficava na mata tropical.
Comentário: Ao contrário, a terra ao norte do Modelo Mesoamericano [oeste e norte do Istmo de Tehuantepec) reflete uma variedade de áreas ecológicas, mas matas tropicais não são encontradas lá. No Modelo Mesoamericano, a “terra que ficava ao norte” é identificada como o vale da Cidade do México, incluindo Teotihuacán, onde muitas das estruturas foram construídas com uma forma de concreto feito de um tipo de “cimento”)
4. Os tornados não ocorrem nas regiões equatoriais da Mesoamérica “porque as condições necessárias para sua formação são ausentes.”
Comentário: O assunto aqui é um caso de semântica. Como esta discussão mais tarde salientará, tempestades equivalentes aos tornados, na Mesoamérica são chamados de “furacões”, “tufões” “vendavais”, etc..
Apesar de O Livro de Mórmon fazer poucos comentários sobre o tempo e o clima em conexão com os povos, ele contém informações significativas de tempo encoberto e declarações sobre o clima que apresentam evidências incontroversas sobre sua configuração no Novo Mundo. Algumas dessas declarações estão associadas ao relato do capítulo oito do livro de 3 Néfi sobre as forças destrutivas da natureza no Novo Mundo na época da crucificação de Cristo. Uma leitura cuidadosa relato dessas forças destrutivas resulta em várias e significativas “indicações de tempo e clima das terras do Livro de Mórmon” além daquelas discutidas no DVD de Meldrum. Como será mostrado, essas indicações estão associadas com conseqüências de grandes erupções vulcânicas.
Quando procuramos critérios para identificar os locais dos eventos do Livro de Mórmon, devemos nos separar da geografia do livro, então identificar critérios genéricos que derivam do próprio livro e que devem ser satisfeitos por qualquer área geográfica que está sendo considerada como o local dos eventos do Livro de Mórmon no Novo Mundo. Por exemplo, um dos critérios mais críticos é que qualquer área considerada deve mostrar evidências de pelo menos uma linguagem escrita de alto nível que tivesse sido usada durante o período de tempo em que ocorreram os eventos narrados no Livro de Mórmon. Como derivado das considerações de tempo e clima em ambos os modelos de identificação, ou seja, os modelos Centro Oeste Americano e Mesoamericano, um critério pequeno, mas importante, que os leitores podem usar ao escolher entre os dois modelos (como resultado do conteúdo de 3 Néfi 8:3) é o seguinte:
Qualquer local em potencial para ser considerado como cenário para os eventos relatados no Livro de Mórmon deve mostrar evidências de terem ocorrido grandes erupções vulcânicas durante o período do Livro de Mórmon, [ou seja, entre 600 a.C. a aproximadamente 520 A.D.]
Todo leitor do Livro de Mórmon que esteja interessado na identificação de um cenário válido para os eventos do Livro de Mórmon pode personalizar esse critério da seguinte maneira:
Mostre-me uma área no Novo Mundo que exiba sinais de ocorrência de grandes erupções vulcânicas durante o período de tempo do Livro de Mórmon e eu darei séria deferência a essa área como cenário dos eventos do Livro de Mórmon.
Uma extensão da declaração acima pode ser redigida como segue:
Baseado nas forças destrutivas descritas no Livro de Mórmon em conjunção com a crucificação de Cristo, se os registros histórico e arqueológico de uma proposta localização dos acontecimentos descritos no Livro de Mórmon não exibir maiores atividades vulcânicas durante o período do Livro de Mórmon, então essa proposta não pode ser considerada válida determinante como cenário no Novo Mundo para a localização dos acontecimentos descritos no Livro de Mórmon.
Se estas declarações têm qualquer validade para ajudar os leitores escolherem entre os modelos Centro Oeste Americano e Mesoamericano como localização para os eventos do Livro de Mórmon, a pesquisa se baseia sobre este ponto, sem necessidade de maiores discussões, ou seja, os vulcões simplesmente não têm ocorrido e nem ocorrerão na área do Modelo Centro Oeste Americano, desde a região dos Grandes Lagos, no norte do Golfo do México até o sul. Se os leitores questionarem a validade dessa declaração, são convidados a despender as próximas horas procurando em vão na Internet por qualquer evidência de atividade vulcânica no território oeste dos Estados Unidos.2
Por outro lado, no Modelo Mesoamericano, os vulcões são uma característica dominante da geografia e ecologia da Mesoamérica, desde a Cidade do México, a oeste, na terra do norte, até a Guatemala, Honduras e El Salvador, a leste, na terra do sul.
Portanto, para escolher entre o Modelos CONA e o Mesoamericano, seja “taxativo” quando a necessidade de atividades vulcânicas forem consideradas, ou seja, o Modelo Mesoamericano, não o Modelo CONA, é o cenário do Livro de Mórmon por causa das atividades vulcânicas que são inerentes à geografia e ecologia da Mesoamérica.
Que evidência pode ser oferecida para apoiar a conclusão que é baseada em somente um, porém muito significativo critério para a identificação das terras do Livro de Mórmon no Novo Mundo? O conteúdo do DVD de Meldrum sobre tempo e clima é o catalisador para a discussão comprobatória que segue.
Destruição no mundo durante a crucificação de Cristo
Entre os anos de 600 a.C e 592 a.C, Néfi, o filho de Leí, teve visões do futuro em conexão com a posteridade de seu pai. Néfi foi privilegiado em aprender a respeito do futuro nascimento de Jesus Cristo, o Messias prometido, sua morte e posterior ressurreição. Indubitavelmente Néfi entendia bem o significado da Lei de Moisés como Amuleque expressou seu conhecimento dela já no primeiro século antes de Cristo:
“E eis que este é o significado total da lei, cada ponto indicando aquele grande e último sacrifício; e aquele grande e último sacrifício será o Filho de Deus, sim, infinito e eterno.” (Alma 34:14).
Numa visão Néfi previu o tempo no futuro quando Jesus seria sacrificado e ressuscitaria. Ele previu também os eventos circunjacentes à crucificação de Jesus e a subseqüente visita do Salvador à posteridade de Leí, após sua ressurreição.
4 E aconteceu que vi uma névoa de trevas sobre a face da terra da promissão; e vi relâmpagos e ouvi trovões e terremotos e toda espécie de ruídos tumultuosos; e vi que a terra e as rochas se fenderam; e vi montanhas desmoronando; e vi que as planícies da terra estavam rachadas e vi que muitas cidades afundaram; e vi que muitas foram queimadas pelo fogo e vi muitas que desmoronaram devido a terremotos.
5 E aconteceu que depois de ver essas coisas, notei que o vapor de escuridão desaparecia da face da terra; e eis que vi multidões que não haviam caído por causa dos grandes e terríveis julgamentos do Senhor.
6 E vi os céus abrirem-se e o Cordeiro de Deus descendo do céu; e desceu e mostrou-se a eles.” (1 Nephi 12:4–6)
Devemos observar aqui que Néfi descreveu profeticamente estes eventos como estando ocorrendo na “terra da promissão”. Como um aparte para a discussão em curso, sempre que esta profecia mostra evidência de ser cumprida, deve ser incluído o território conhecido no Livro de Mórmon como a “terra da promissão. Para propósitos da presente discussão, as declarações proféticas de Néfi associadas com a terra da promissão tomará lugar nas áreas associadas ou com o Modelo CONA ou com o Modelo Mesoamericano.
Por volta do ano 6 a.C, Samuel o Lamanita fez várias profecias aos descendentes de Leí. Entre suas palavras está o comentário profético sobre as condições no Novo Mundo na época da crucificação de Cristo:
14 “E eis que novamente outro sinal eu vos dou, sim, um sinal da morte dele.
20 Mas eis que, como vos falei a respeito de outro sinal, um sinal de sua morte, eis que, no dia em que ele padecer a morte, o sol será obscurecido e recusar-se-á a dar-vos sua luz e também a lua e as estrelas; e não haverá luz sobre a face desta terra pelo espaço de três dias, desde a hora em que ele morrer até o momento em que ressuscitar dos mortos.
21 Sim, no momento em que ele entregar o espírito haverá trovões e relâmpagos por muitas horas e a terra tremerá e estremecerá; e as rochas que estão sobre a face desta terra, as que estão em cima como as que estão embaixo da terra, as quais sabeis agora que são sólidas, ou cuja maior parte constitui uma sólida massa, serãobdespedaçadas;
22 Sim, rachar-se-ão ao meio e para sempre se acharão rachadas e fendidas e em fragmentos sobre a face de toda a terra, sim, tanto em cima como embaixo da terra.
23 E eis que sobrevirão grandes tempestades e haverá muitas montanhas que se rebaixarão como um vale; e muitos lugares que agora são chamados vales transformar-se-ão em montanhas de grande altura.
24 E muitas estradas far-se-ão em pedaços e muitas cidades ficarão devastadas.
25 E muitas sepulturas abrir-se-ão, entregando muitos de seus mortos e muitos santos aparecerão a muitas pessoas.
26 E eis que assim me falou o anjo; pois ele disse-me que haverá trovões e relâmpagos pelo espaço de muitas horas.
27 E disse-me que enquanto durassem os trovões e os relâmpagos e a tempestade, essas coisas aconteceriam; e que a escuridão cobriria a face de toda a terra pelo espaço de três dias.
28 E o anjo disse-me que muitos verão coisas maiores que estas, para que creiam que aesses sinais e essas maravilhas acontecerão por toda a face desta terra, a fim de que não haja motivo de descrença entre os filhos dos homens.” (Helamã 14:14, 20–28)
Devemos observar aqui que as declarações proféticas de Samuel o Lamanita estavam associadas com “esta terra” – muito parecido com a profecia de Néfi que estava associada com a “terra da promissão”. Para nossos propósitos, tanto a “terra da promissão” quanto “esta terra” será território associado com o Modelo CONA ou com o Modelo Mesoamericano.
Quase seiscentos anos depois da morte de Néfi, filho de Leí, e bem poucos anos depois do aparecimento de Samuel o Lamanita, o povo no Novo Mundo experimentou as calamidades profetizadas para a época da crucificação de Cristo. De acordo com o resumo de Mórmon, o que segue aconteceu no ano 34 A.D.:
5 E aconteceu que no trigésimo quarto ano, no primeiro mês, no quarto dia do mês, levantou-se uma grande tormenta como nunca antes havia sido vista em toda a terra.
6 E houve também uma grande e terrível tempestade; e houve terríveis trovões que sacudiram toda a terra como se ela fosse rachar-se ao meio.
7 E houve relâmpagos tão resplandecentes como nunca vistos em toda a terra. (3 Nephi 8:5–7)
Coincidentemente com esses eventos, na terra do sul, a cidade de Zaraenla incendiou, a cidade de Morôni foi submersa pelo mar, uma quantidade de terra da altura de uma grande montanha cobriu a cidade de Moronia, e outras “grandes e terríveis destruições” ocorreram.
Na terra do norte a destruição foi pior. Toda a face da terra foi transformada. Lugares planos, como estradas, foram quebrados, muitas cidades afundaram e muitas outras foram incendiadas; outras tantas foram abaladas e caíram por terra, muitas pessoas morreram e muitas outras foram levadas pelos ventos da tempestade.
“E assim a face de toda a terra ficou desfigurada, em virtude das tempestades e trovões e relâmpagos e tremores de terra.” (3 Néfi 8:17).
Estes eventos aconteceram em algum lugar do Novo Mundo (na “terra da promissão”, ou “nesta terra”, ou ainda “em toda a terra”), e eles coincidiram, numa perspectiva de tempo, com a época da crucificação de Cristo no Velho Mundo. No Novo Mundo, os eventos duraram por três horas.
Nesse momento houve escuridão sobre a face da terra. Mórmon diz o seguinte sobre essa escuridão:
20 E aconteceu que houve trevas espessas sobre toda a face da terra, de modo que todos os habitantes que não haviam caído podiam sentir o vapor da escuridão.
21 E por causa da escuridão não podia haver luz nem velas nem tochas; nem conseguiram fazer fogo com sua lenha fina e extremamente seca, de modo que luz nenhuma foi possível haver.
22 E não se via luz alguma nem fogo nem lampejo nem o sol nem a lua nem as estrelas, tal a densidade dos vapores de escuridão que estavam sobre a face da terra.
23 E aconteceu que essas trevas duraram pelo espaço de três dias, nos quais não foi vista luz alguma; e houve grandes lamentações e gemidos e pranto entre todo o povo, continuamente; sim, grandes foram os gemidos do povo por causa das trevas e da grande destruição que sobreviera. (3 Néfi 8:20–23)
De acordo com o atual pensamento acadêmico e tratados sobre esses versos, a escuridão aludida aqui por Mórmon como “trevas espessas”, “vapor de escuridão” e “névoas de escuridão”, resultaram de poeira e gases vulcânicos expelidos na atmosfera seguindo as erupções vulcânicas correspondentes.3 Se pudéssemos identificar onde estas erupções ocorreram no Novo Mundo, poderíamos identificar, sem o menor equívoco, o cenário no Novo Mundo para os acontecimentos do Livro de Mórmon.
As destruições no Novo Mundo na época da crucificação de Cristo tiveram duas fases:
(1) Profecias a respeito da destruição, e
(2) O cumprimento dessas profecias sobre a destruição.
Em 2000, a erupção do vulcão Popocatepetl deixou o México em alerta Foto: professorarejanebiologia.blogspot.com
Os textos descritivos entre os três relatos das duas fases são muito similares entre si. Quatro resultados significativos do texto do Livro de Mórmon são dignos de nota.
Primeiro: Como será mostrado, a causa primária da destruição e a maior parte da linguagem destrutiva usada para narrar tal destruição, estão associadas a enormes erupções vulcânicas e suas conseqüências. Portanto, qualquer candidato para a localização dos acontecimentos do Livro de Mórmon deve demonstrar evidências de erupções vulcânicas que são refletidas nessa linguagem destrutiva das profecias e seu cumprimento, como subproduto do tempo e do clima do Novo Mundo. Se uma área geográfica no Novo Mundo não evidenciar atividades vulcânicas, ela não deve ser considerada como uma série candidata ao cenário dos eventos do Livro de Mórmon.
Segundo: Porque erupções vulcânicas não ocorrem na Área geográfica abrangida pelo Modelo CONA, podemos assumir que este Modelo, que inclui a parte continental dos Estados Unidos desde os Grandes Lagos ao norte até o Golfo do México ao sul, não é a localização no Novo Mundo para o cenário do Livro de Mórmon.
Terceiro: “Escuridão espessa”, “vapor de escuridão” e “névoas de escuridão” associadas a erupções vulcânicas ocorridas na Mesoamérica podem nos fazer aceitar que o Modelo Mesoamericano descreve a localização das terras do Livro de Mórmon.
Quarto: Podemos chegar às seguintes conclusões baseados nas palavras de Néfi e de Samuel o Lamanita em suas profecias, e de Mórmon em seu resumo das escrituras.
1. Os eventos que foram profetizados por Néfi que deveriam ocorrer na “terra da promissão” realmente aconteceram na Mesoamérica
“E aconteceu que vi uma névoa de trevas sobre a face da terra da promissão; e vi relâmpagos e ouvi trovões e terremotos e toda espécie de ruídos tumultuosos; e vi que a terra e as rochas se fenderam; e vi montanhas desmoronando; e vi que as planícies da terra estavam rachadas e vi que muitas cidades afundaram; e vi que muitas foram queimadas pelo fogo e vi muitas que desmoronaram devido a terremotos.” ( Néfi 12: 4)
2. Os eventos que foram profetizados por Samuel o Lamanita, que deveriam ocorrer “nesta terra”, aconteceram na Mesoamérica”.
28 E o anjo disse-me que muitos verão coisas maiores que estas, para que creiam que esses sinais e essas maravilhas acontecerão por toda a face desta terra, a fim de que não haja motivo de descrença entre os filhos dos homens. (Helamã 14:28).
3. Em numerosas ocasiões no Livro de Mórmon, os termos “a terra” e “esta terra”, conforme usado por Mórmon em seu registro, se referem especificamente ao território geográfico da Mesoamérica.
12 Mas eis que houve uma destruição muito maior e mais terrível na terra do norte; pois eis que toda a face da terra foi mudada por causa da tempestade e dos furacões e dos trovões e relâmpagos e dos violentos tremores de toda a terra. (3 Néfi 8:12)
“20 Mas eis que, como vos falei a respeito de outro sinal, um sinal de sua morte, eis que, no dia em que ele padecer a morte, o sol serábobscurecido e recusar-se-á a dar-vos sua luz e também a lua e as estrelas; e não haverá luz sobre a face desta terra pelo espaço de três dias, desde a hora em que ele morrer até o momento em que ressuscitar dos mortos.
20 E aconteceu que houve trevas espessas sobre toda a face da terra, de modo que todos os habitantes que não haviam caído podiam sentir o vapor da escuridão. (3 Néfi 8:20; negrito adicionado)
22 E não se via luz alguma nem fogo nem lampejo nem o sol nem a lua nem as estrelas, tal a densidade dos vapores de escuridão que estavam sobre a face da terra. (3 Néfi 8:22; negrito adicionado)
1 E aconteceu que se ouviu uma voz entre todos os habitantes da terra, em toda a face desta terra, clamando: (3 Néfi 9:1; negrito adicionado).
Esta conclusão não significa que tais expressões “esta terra” e “terra da promissão” não podem ser aplicadas ao território na parte continental dos Estados Unidos em outras situações.
Relatos de Testemunhas oculares de grandes erupções vulcânicas
Paricutin, México. Foto 1943
No cumprimento das declarações proféticas de Néfi e de Samuel o Lamanita, conforme refletido em 3 Néfi 8, podemos identificar significativos e muito intrigantes testemunhos sobre a veracidade do Livro de Mórmon por, pelo menos, quarto razões:
Primeira: A linguagem usada em 3 Néfi 8 para descrever as grandes erupções vulcânicas é tão vívida e minuciosa que só poderia ter sido escrita por uma testemunha ocular ou por alguém que reuniu evidências junto a testemunhas oculares.
Segunda: Até mesmo hoje em dia são disponíveis em todo o mundo muito poucos relatos escritos por testemunhas oculares de grandes erupções vulcânicas.
Terceira: A possibilidade de que Joseph Smith pudesse, em 1829, ter tido acesso a uma testemunha ocular de erupções vulcânicas do tipo descritas no Livro de Mórmon é essencialmente impossível.
Quarta: Joseph Smith não possuía conhecimento experiencial para descrever de modo tão vívido e detalhado os tipos de eventos que estão associados com grandes erupções vulcânicas.
Portanto, se o permitirmos, a linguagem das testemunhas oculares do relato encontrado em 3 Néfi 8 “falarão a nós” e nos que dirão Joseph Smith realmente traduziu O Livro de Mórmon conforme ele o declarou; ou seja, o Livro está claramente nos dando uma vívida e acurada descrição dos eventos que aconteceram durante as grandes erupções vulcânicas acontecidas no Novo Mundo, na época da morte de Cristo. Ou ele sonhou com a redação de 3 Néfi 8, como resultado dos frutos de sua imaginação, ou ele traduziu essa descrição das placas de Mórmon. Todas as evidências sugerem a impossibilidade de Joseph Smith ter tido acesso a alguma testemunha ocular desse acontecimento para ajudá-lo a escrever o capítulo 8 do livro de 3 Néfi.
O texto de 3 Néfi 8 descreve verdadeiramente eventos associados a grandes erupções vulcânicas? Podemos ajudar na resposta a essa questão percebendo que 3 Néfi 8 foi escrito pela perspectiva de uma testemunha ocular que, ou viu pessoalmente aqueles eventos ou consultou outra pessoa que tenha testemunhado pessoal e visualmente essas grandes erupções vulcânicas e comparando estes relatos com o texto de 3 Néfi 8.
A linguagem num texto escrito por uma testemunha ocular é dada por Vicente Romero, comandante do porto salvadorenho de La Union, durante a erupção do vizinho vulcão Coseguina, na Nicarágua em 1835. O relato dessa testemunha ocular será apresentado abaixo, seguido pelo relato de 3 Néfi 8. Enquanto compara ambos os relatos, você prontamente reconhecerá as grandes similaridades entre as linguagens dos escritores na descrição dos eventos associados às grande erupções vulcânicas.
Inegavelmente que o relato de Vicente Romero é o de uma testemunha ocular de uma grande erupção vulcânica. Seria também o relato de uma testemunha ocular o que lemos em 3 Néfi 8? (Para efeitos de ênfase, algum conteúdo foi apropriadamente destacado em negrito em ambos os relatos).
Relato de Vicente Romero:
Em 20 de Janeiro de 1835, tendo o dia amanhecido com a usual serenidade, às 8 horas, em direção ao sudeste, uma densa nuvem foi percebida saindo de uma figura piramidal, precedida por um estrondo, e continuou se levantando até cobrir o sol, em que a altitude, quase 10:00 h, ela separou para o norte e sul acompanhada de trovões e relâmpagos; a nuvem finalmente cobriu todo o firmamento, quase 11:00 h, e envolveu tudo na maior escuridão, de modo que os objetos mais próximos ficaram imperceptíveis. Os melancólicos uivos das feras, os bandos de aves de todas as espécies vinham procurar como se fosse um refúgio entre os homens. O terror que assaltou os últimos, os clamores das mulheres e crianças, e a incerteza do assunto de tão raro fenômeno, tudo combinou para superar as mais valentes almas e enchê-las de apreensão, e tanto mais quando às 16:00 horas a terra começou a tremer e continuou numa perpétua ondulação, que gradualmente crescia.
Isto foi seguido por uma chuva de areia fosfórica, que terminou às 8:00 h da noite do mesmo dia, quando começou uma pesada queda de um pó fino como farinha. Os trovões e relâmpagos continuaram durante toda a noite e todo o dia seguinte (21º dia), e passados oito minutos das 3:00 h da tarde, houve um longo e violento terremoto e muitos homens que estavam seguindo numa procissão penitencial foram derrubados. A escuridão durou 43 horas, tornando indispensável que todos levassem luz consigo, e mesmo elas não eram suficientes para se enxergar qualquer coisa.
O 21º dia foi um pouco mais escuro, apesar de que o sol já era visível, e durante a manhã do 23º dia, trovões tremendamente altos foram ouvidos em sucessão a uma série de fogos como se fossem de peças de artilharia de grande calibre, e esta ocorrência foi acompanhada por um aumento daquela chuva de pó.
Desde o entardecer do 23º dia até as 10:00 h da manhã, uma luz opaca serviu para mostrar o mais melancólico espetáculos. As estradas que, devido à natureza rochosa do solo, estavam cheias de irregularidades e pedras soltas, que pareciam niveladas, estando cobertas de pó. Homens, mulheres e crianças estavam tão desfigurados que não era fácil reconhecer alguém, exceto pelo som da voz ou outras circunstâncias. Casas e árvores não eram distinguidos através do pó que os cobriam, tinham a mais horrível aparência, e apesar destas apavorantes visões, eram preferíveis à escuridão dentro da qual estávamos novamente mergulhados, como disse, depois das 10:00 h, como durante os dias anteriores.
A angústia geral que havia sido aliviada, foi renovada e, apesar de deixar o local, voltou devido ao iminente perigo dos animais selvagens que saíram das florestas e procuraram as cidades e estradas (como aconteceu na vila vizinha Conchagua, na qual os tigres (jaguares ou onças) se puseram de guarda; terror ainda maior, e mais da metade dos habitantes da cidade de Union emigraram a pé, abandonando suas casas, decididos a nunca mais retornar a elas, já que prognosticavam a total destruição da cidade, e fugiram assustados para se refugiarem nas montanhas.
Trinta minutos depois das 3:00 h da manhã, no 24º dia, a lua e umas poucas estrelas estiveram visíveis, como se fosse uma cortina, e o dia foi claro, apesar de o sol não poder ser visto, já que o pó continuava a cair, tendo coberto toda a terra ao redor com uma camada de mais de 12 cm de espessura.
O 25º e o 26º dias foram como o 24º, com freqüentes mas não violentos tremores de terra… e a chuva de poeira durou até o 27º dia.4
A seguir está o relato do livro de 3 Néfi Capítulo 8. Observe a similaridade de linguagem entre ambos os relatos.
TERCEIRO NÉFI
LIVRO DE NÉFI
FILHO DE NÉFI, QUE ERA FILHO DE HELAMÃ
CAPÍTULO 8
Tempestades, terremotos, incêndios, furacões e cataclismos atestam a crucificação de Cristo - Muita gente é morta - Trevas cobrem a terra por três dias - Os sobreviventes lamentam seu destino. Aproximadamente 33–34 d.C.
5 E aconteceu que no trigésimo quarto ano, no primeiro mês, no quarto dia do mês, levantou-se uma grande tormenta como nunca antes havia sido vista em toda a terra.
6 E houve também uma grande e terrível tempestade; e houve terríveis trovões que sacudiram toda a terra como se ela fosse rachar-se ao meio.
7 E houve relâmpagos tão resplandecentes como nunca vistos em toda a terra.
8 E a cidade de Zaraenla incendiou-se.
9 E a cidade de Morôni submergiu nas profundezas do mar e seus habitantes afogaram-se.
10 E a terra cobriu a cidade de Moronia, de modo que em lugar da cidade apareceu uma grande montanha.
11 E houve uma grande e terrível destruição na terra do sul.
12 Mas eis que houve uma destruição muito maior e mais terrível na terra do norte; pois eis que toda a face da terra foi mudada por causa da tempestade e dos furacões e dos trovões e relâmpagos e dos violentos tremores de toda a terra.
13 E romperam-se os caminhos, desnivelaram-se as estradas e muitos lugares planos tornaram-se acidentados.
14 E muitas cidades grandes e importantes foram tragadas e muitas se incendiaram e muitas foram sacudidas até que seus edifícios ruíram; e seus habitantes foram mortos e os lugares ficaram devastados.
15 E algumas cidades permaneceram; mas sofreram grandes danos e muitos de seus habitantes foram mortos.
16 E houve alguns que foram levados pelo furacão e, onde foram parar, ninguém sabe; sabe-se apenas que foram levados.
17 E assim a face de toda a terra ficou desfigurada, em virtude das tempestades e trovões e relâmpagos e tremores de terra.
18 E eis que as rochas se fenderam ao meio; elas foram despedaçadas em toda a face da terra, de tal forma que foram encontradas em fragmentos e rachadas e partidas em toda a face da terra.
19 E aconteceu que quando cessaram os trovões e os relâmpagos e a tormenta e a tempestade e os tremores de terra - pois eis que duraram cerca de três horas, sendo dito por alguns que duraram mais tempo; contudo todas essas coisas grandes e terríveis duraram cerca de três horas—e então, eis que houve trevas sobre a face da terra.
20 E aconteceu que houve trevas espessas sobre toda a face da terra, de modo que todos os habitantes que não haviam caído podiam sentir o vapor da escuridão.
21 E por causa da escuridão não podia haver luz nem velas nem tochas; nem conseguiram fazer fogo com sua lenha fina e extremamente seca, de modo que luz nenhuma foi possível haver.
22 E não se via luz alguma nem fogo nem lampejo nem o sol nem a lua nem as estrelas, tal a densidade dos vapores de escuridão que estavam sobre a face da terra.
23 E aconteceu que essas trevas duraram pelo espaço de três dias, nos quais não foi vista luz alguma; e houve grandes lamentações e gemidos e pranto entre todo o povo, continuamente; sim, grandes foram os gemidos do povo por causa das trevas e da grande destruição que sobreviera.
As similaridades de linguagem entre o relato de Vicente Romero e do Capítulo 8 do livro de 3 Néfi são intrigantes e surpreendentes. Podemos facilmente concluir que ao traduzir 3 Néfi 8, Joseph Smith apresentou uma incontestável evidência de que ele traduziu O Livro de Mórmon conforme ele mesmo declarou. Um efeito singular a se perceber com respeito a 3 Néfi 8 é que ele é um relato de uma testemunha ocular das coisas que comumente acontecem durante certos tipos de grandes erupções vulcânicas. No ambiente em que vivia Joseph Smith em 1829, ele não poderia ter inventado a linguagem de uma testemunha ocular dos eventos narrados em 3 Néfi 8 a menos que pudesse tirar do relato de alguma testemunha ocular que encontrou nas placas douradas.
Como foi observado anteriormente, muito poucos relatos de testemunhas oculares de grandes erupções vulcânicas foram impressos, especialmente relatos que precederam a Joseph Smith nos anos de 1820. Poucas testemunhas oculares do Século XX são disponíveis, e, dependendo das circunstâncias, sua linguagem típica apóia a linguagem de 3 Néfi 8. Relatos do Século XXI indubitavelmente mostrarão como grandes erupções vulcânicas ocorrem.
Bart Kowalli escreveu o que provavelmente é a explanação mais definitiva de 3 Néfi 8 em conexão a grandes erupções vulcânicas, mas os relatos que ele cita não eram disponíveis na época Joseph Smith. 5
Havia um relato impresso de testemunha ocular época de Joseph Smith, entretanto temos que forçar a imaginação além do ponto de ruptura para apoiar qualquer afirmação de que Joseph pudesse ter tido acesso a ela. Este relato concerne à erupção do Monte Vesúvio, que aconteceu em 79 d.C. A frota de navios romanos comandada por Plínio, o Velho, estava estacionada na Baía de Nápoles, em Misenum. Plínio lançou seus navios e navegou em direção ao vulcão em erupção. Ele não foi bem sucedido em resgatar qualquer pessoa e morreu do outro lado da baía de Stabiae, talvez em conseqüência dos efeitos da erupção.
O sobrinho de Plínio, conhecido como Plínio o Jovem, não foi com seu tio, mas ficou em Misenum e observou os eventos de onde estava. Ele também acumulou informações daqueles que haviam ido com seu tio. Usando essas informações, Plínio o Jovem escreveu duas cartas ao historiador Tacitus, para recontar os eventos circunjacentes à erupção do Vesúvio e à morte de Plínio o Velho. As versões citadas aqui foram traduzidas por Cynthia Damon, do Amherst College. Mesmo que Joseph Smith tivesse tido acesso a estas cartas, elas estariam escritas em italiano. Apesar de que as palavras de Plínio o Jovem em geral apóiam o relato de 3 Néfi 8, o relato do Livro de Mórmon é muito mais descritivo e pessoal. A seguir estão excertos das cartas de Plínio o Jovem a Tacitus:
1. “A nuvem estava se erguendo de uma montanha, a uma distância que não podíamos dizer de onde, mas depois descobri que ela vinha do Vesúvio. Eu bem posso descrevê-la a comparando a um pinheiro. Ela se levantava para o céu na forma de um “tronco” muito longo do qual se estendiam alguns “galhos”. Imagino que ela tinha se levantado por uma explosão repentina, que então enfraqueceu, deixando a nuvem suspensa e seu próprio peso causou a propagação para os lados. Algumas das nuvens era brancas, em outras partes havia manchas escuras de poeira e cinzas.”
2. “As edificações estavam sendo bombardeadas por uma série de fortes tremores e pareciam ter se soltado das suas fundações e desta forma estarem deslizando. Do lado de fora, entretanto, havia o perigo das rochas que estavam descendo, luz e consumidas pelo fogo como pedaços de pedra pome.”
3. “[Algumas pessoas] amarravam travesseiros no alto de suas cabeças como proteção contra a chuva de pedras. Era dia no resto do mundo, mas lá a escuridão era tão grande e espessa como qualquer noite.”
4. “Então veio um cheiro de enxofre, anunciando as chamas, e as próprias chamas.”
5. “Os carros que havíamos ordenados foram movidos para direções opostas, embora o piso fosse perfeitamente plano, eles não ficariam no lugar, mesmo com suas rodas presas por pedras. Além disso, parecia que o mar estava sendo sugado para trás, como se estivesse sendo puxado para trás pelo abalo da terra.
Certamente que a linha da praia havia sido movida para fora da costa e muitas criaturas do mar foram deixadas na areia seca. Atrás de nós havia assustadoras nuvens escuras, rasgadas por relâmpagos retorcidos, se abrindo para revelar enormes figuras de fogo. Elas eram como relâmpagos, mas maiores.”
6. “Não foi muito tempo depois que a nuvem se estendeu para baixo e cobriu o mar. Ela envolveu Capri e a fez desaparecer, e escondeu o promontório de Misenum.”
7. “Agora veio a poeira, embora ainda pouca. Eu olho para traz: uma densa nuvem se agiganta atrás de nós, nos seguindo como um a dilúvio que se coloca por toda a terra. ‘Voltemo-nos de lado enquanto podemos ver, para que não sejamos derrubados na estrada e sejamos esmagados por nossos companheiros’. Mal tínhamos nos sentado quando veio uma escuridão que era como uma noite sem lua ou nublada, mas era mais parecido como o negror de quartos fechados sem luz.”
8. “Você podia ouvir mulheres lamentando, crianças chorando, homens gritando. Alguns chamavam pelos pais, outros por filhos ou esposas; eles só podiam se reconhecer por suas vozes.”
9. “Clareou um pouco, apesar de que não parecia um retorno do dia, mas um sinal de que o fogo estava se aproximando. O próprio fogo finalmente parou a alguma distância, mas a escuridão e as cinzas começaram novamente, uma grande quantidade delas. Paramos e sacudimos as cinzas algumas vezes, de outro modo poderíamos ter sido cobertos com ela e esmagados pelo seu peso.”7
Paricutin, México -19:48 Norte, 102.25 Oeste; 3.170 m de altitude. Esta foto mostra o cone, pouco depois de seu nascimento em 1943. Durante sua breve duração de nove anos, de 1943 até1952, construiu-se um cone de 410 metros de altura com extensos campos de lava ao redor da base do cone. A maior parte dos 2,3 Km de material eruptivo como fuligem, cinza e lava, foram produzidos durante os primeiros anos. Cones de cinzas como este comumente são formados por erupções. (foto: U.S. Geological Survey, K. Segerstrom).
Joseph Smith teria tido acesso ao relato de Plínio o Jovem a respeito da grande erupção vulcânica do Monte Vesúvio que aconteceu no ano 79 d.C.? Este provavelmente é o único relato impresso de uma testemunha ocular existente nos anos de 1820, apesar de que era disponível somente em italiano.
Apesar de o relato de Plínio o Jovem ter grandes similaridades com o relato de 3 Néfi 8, o relato do Livro de Mórmon é muito mais compreensível e descritivo. Mesmo com muita imaginação, o próprio Joseph Smith não teria sido capaz de preencher todos os detalhes conforme encontrados no relato de 3 Néfi 8, ou, como Bart Kowallis comenta:
Uma questão que pode ser levantada por aqueles que duvidam da veracidade dos relatos do Livro de Mórmon é: “O que é tão notável num relato de erupção vulcânica?” “Sem dúvida”, ele responde, “Joseph Smith havia lido um relato de uma erupção vulcânica e pensou que poderia montar um belo cenário para a destruição que ele imaginou terem ocorrido na morte de Jesus Cristo.” Eu responderia que o relato é notável por causa da precisão de seus detalhes e teria sido impossível que um jovem não educado o tivesse publicado em 1830.
Vulcões não eram bem entendidos ou bem documentados nos anos de 1800.
Geologia era uma ciência que ainda estava na sua infância. O primeiro livro de geologia foi publicado no mesmo ano da publicação do Livro de Mórmon, em 1830, por Charles Lyell, na Grã Bretanha, mas sua descrição a respeito de erupções vulcânicas; mas suas descrições de erupções vulcânicas, bem como outros poucos relatos disponíveis nos dias de Joseph Smith são incompletos e não incluem todas as características encontradas no relato do Livro de Mórmon, características essas agora sabemos ocorrerem em grandes erupções.8
A questão aqui é a localização de uma grande erupção vulcânica encontrada no relato de 3 Néfi 8. Eles ocorreriam nas terras continentais dos Estados Unidos, no território a leste do Rio Mississipi, ou ocorreu no território do Modelo Mesoamericano?
Erupções Vulcânicas no Modelo Centro Americano e no Modelo Mesoamericano.
Vulcão de Gogo, Guatemala - 14.48 Norte, 90.88 Oeste, 3.763 m de altitude. Localizado ao sul de Antigua, Fuego tem sido o vulcão mais ativo na Guatemala desde 1524. Ele teve 61 erupções, três das quais causaram mortes. A foto da erupção de 1974 mostra nuvens de cinzas e fumaça descendo do vulcão. Foto: U.S. Geological Survey (F.C. Whitmore, Jr.).
Um entendimento das coisas que hoje sabemos ocorrerem durante certos tipos de grandes erupções vulcânicas apresentam novos e substanciais testemunhos de que Joseph Smith traduziu o Livro de Mórmon pelo dom e poder de Deus. Como alguém poderia justificadamente explicar a linguagem única e descritiva de 3 Néfi 8?
Cerro Negro, Nicarágua 12.50 Norte, 086.70 Oeste, 675 m de altitude. Teve 15 erupções desde seu nascimento em 1850. Erupções vulcânicas do centro da cratera freqüentemente são acompanhadas de fluxo de lava que emana junto à base do cone. É o mais novo dos quatro vulcões na linha de 20 a leste-sudeste de Telica. A foto é uma visão aérea obliqua da erupção acontecida em 24 de Julho de 1947. Foto: U.S. Geological Survey (R.E. Wilcox).
Associados às erupções vulcânicas relatadas em 3 Néfi 8, estão três fenômenos naturais que são vividamente descritos no resumo de Mórmon.
(1) Furacões,
(2) Terremotos e
(3) Vapores, névoa e escuridão.
Entender as informações gerais sobre estes fenômenos nos ajuda a compreender o papel dos vulcões na escolha entre os Modelos CONA ou Mesoamericano como o local onde aconteceram os eventos descritos no Livro de Mórmon.
Furacões
A palavra furacão é usada em várias instâncias em conexão com eventos catastróficos do ano 34 A.D. No versículo 12 de 3 Néfi 8, furacões são alistados como um dos contribuidores para a “destruição muito maior e mais terrível na terra do norte; pois eis que toda a face da terra foi mudada por causa da tempestade e dos furacões e dos trovões e relâmpagos e dos violentos tremores de toda a terra”. No versículo 16 diz que “houve alguns que foram levados pelo furacão e, onde foram parar, ninguém sabe; sabe-se apenas que foram levados”.
O uso que Joseph Smith fez da palavra furacão em vez de tornado é interessante. Em 1828, Noah Webster definiu furacão como “um vento violento se movendo num círculo ou em forma espiral, como se girasse ao redor de um eixo; este eixo ou a coluna perpendicular se movendo horizontalmente, levantando e fazendo girar poeira, folhas e similares.”
Por outro lado, ele define tornado como: “Uma violenta rajada de vento, ou uma tempestade, distinguida por movimento giratório. Tornados desta espécie acontecem depois de calor extremo, e algumas vezes nos Estados Unidos despedaça cercas e árvores, e poucas vezes derruba casas e as destrói. Tornados usualmente são acompanhados de severos trovões, relâmpagos e torrentes de chuva; mas são de curta duração e estreitos.
Joseph Smith provavelmente conhecia tornados e sua força destrutiva. O fato de ele ter usado a palavra tempestade em vez de tornado sugere seu acesso a um conhecimento maior do que aquele que ele próprio possuía. Tornados são comumente associados a chuva e, nas palavras de Webster, “são de curta duração e estreitos”, entretanto, as tempestades narradas em 3 Néfi 8 não estão associadas a chuvas mas a uma destruição generalizada.
Como Bart Kowallis declara, “Grandes erupções vulcânicas explosivas freqüentemente acompanhadas de ventos violentos e furacões.”9 Mais adiante ele diz: “Furacões ou tornados parecem ser uma característica bastante comum de muitas erupções vulcânicas explosivas. As cinzas quentes lançadas no ar são uma fonte concentrada de calor que causa severas correntes de ar, provendo condições ideais para a formação de redemoinhos e furacões; entretanto, apenas uns poucos relatos reportam furacões, talvez porque freqüentemente eles não possam ser visto devido à incrível escuridão que usualmente acompanha as erupções.”10
Bart Kowallis também diz que “vulcões na América Central são tão explosivos que lava líquida raramente é expelida; em vez disso, quase 99% do magma expelido dos vulcões desta região está na forma de cinzas e púmice (ou pedra pome). Isso talvez explique porque não há menção em 3 Néfi de algo que se pareça com um fluxo de lava”11, mas mencione chuvas em conexão com furacões e a razão pela qual Joseph Smith escolheu a palavra furacão em vez de tornado para descrever as forças destrutivas associadas com as grandes erupções vulcânicas acontecidas no ano 34 A.D. associadas com o relato de 3 Néfi.
Em seu DVD de apresentação, Meldrum tenta usar os tornados como evidência de que o cenário no Novo Mundo para os eventos do Livro de Mórmon se encontra em seu Modelo CONA e que o Modelo Mesoamericano é inválido porque os tornados não ocorrem na Mesoamérica. Ele diz:
O Livro de 3 Néfi… fala a respeito de… tempestade, furacão, relâmpago e assim por diante. Bem, o que é uma tempestade e o que é um furacão? Eu penso que um furacão é algo bem claro, qual seja, um tornado. Penso que isso é muito interessante. Ele diz que houve algumas pessoas que foram realmente levadas pelo furacão...
Assim, isto me leva à próxima pergunta: Onde os tornados ocorrem?... Acontece que os tornados absolutamente não ocorrem nas regiões equatoriais porque as condições necessárias para sua formação são ausentes—não há...
A América Central como a localização onde se supõe terem acontecido os eventos descritos no Livro de Mórmon, nunca teve registro de um único tornado, considerando que a América do Norte, em nossas propostas terras do Livro de Mórmon, é o vale do tornado. A maior concentração de tornados em qualquer lugar do planeta acontece. 12
A questão toda aqui está, claramente, associada com a semântica. Os furacões do Livro de Mórmon são tornados ou ciclones? (em português, tornado, ciclone, tufão, furacão e redemoinho são usados como sinônimos) Seus resultados são, em muitos aspectos, semelhantes, entretanto a palavra furacão tem aplicabilidade única na Mesoamérica porque é onde a palavra se originou.
Estudando a palavra furacão em conexão com a cultura maia da Mesoamérica, Stephen Houston diz o seguinte:
A Península de Yucatan e arredores recebe todo o impacto de furacões. Na memória recente, o mais notável deles foi o furacão Mitch, que em 26 de Outubro de 1998 subiu à categoria 5 da escala Saffir-Simpson. Em 4 de Outubro de 2005, o furacão Stan, apesar de mais fraco que o Mitch, resultou em deslizamentos de terra em todo o altiplano guatemalteco, com muitas perdas de vida na região ao redor do Lago Atitlan. Seria surpreendente se os antigos maias não tomassem conhecimento de tais eventos também. Os furacões podem ser esperados com razoável freqüência durante sua estação “oficial” que acontece de 1º de Junho a 30 de Novembro, quando depressões tropicais geram tempestades que podem afetar as terras maias.
As depressão tropical é o estágio inicial de uma ameaça maior, o ciclone. As pessoas tendem a confundir a depressão tropical com a tempestade tropical. O ciclone tropical é um distúrbio da atmosfera freqüentemente caracterizado por um centro de baixa pressão e várias tempestades de raios e trovões, que produzem fortes ventos e chuvas pesadas. Baseado na sua intensidade, os ciclones tropicais são categorizado em três grupos: 1) depressões tropicais; 2) tempestades tropicais, também chamadas de temporal, tormenta, trovoada, borrasca; e 3) ciclones, também conhecidos por tufão e furacão, dependendo do local.
As palavras para “furacão” ou “fortes ventos giratórios [revolventes]” variam nas linguagens maias, mas ainda acentuam uns poucos temas consistentes. 13
Houston alista vários dialetos maias junto com palavras maias usadas para descrever os furacões e os significados correspondentes dessas palavras. Entre as palavras da sua lista estão os seguintes:
Ch’orti’, sian ik’ar “ventos fortes e contínuos; vento vindo de várias direções”
Ch’orti’, sutut ik’ar “redemoinho”
Yukatek, keh ik’ “forte redemoinho”
Yukatek, ma’lay ik’ “furacão [vento duradouro?]”
Yukatek, moson “torvelinho [redemoinho]”
Yukatek, xawal ik’ “furacão [vento revolvente]”
Yukatek, xaway “vento que corre de todas as direções”
Poqom, kakzut “furacão de vento que rodopia [grande volta]”
K’ekchi’, cak-sut-ik’ “furacão [grande vento que gira]”
Q’anhob’al, kaq xuchem “redemoinho (vento) [remolino, espanhol]”
Q’anhob’al, sak chum pay “redemoinho (vento) [remolino, espanhol]”
Houston então diz: “Esta curta amostra inclui termos para “vento” (ik’ nas linguagens das planícies), com significados de força ou resistência, sazonalidade, periculosidade, magnitude ou quantidade e vento que vem de todas as direções — todos, com certeza, com todas as características de um furacão. Ch’orti’ explica tais ventos com movimentos ou poderosas contorções de uma serpente.”14
Do registro histórico da Mesoamérica, sabemos que um dos deuses maias é chamado de “Hurukan,” que, obviamente, está conectado com a palavra furacão. As informações que seguem apóiam o Modelo Mesoamericano como o cenário do Livro de Mórmon porque elas correlacionam a palavra furacão com a palavra redemoinho como sinônimo de furacão.
1. Hurukan é o “antigo deus criador dos maias que fez a terra, o fogo, a humanidade e os animais; ele simboliza o esclarecimento ou iluminação espiritual, o fogo, os desastres, os furacões e o trovão.”15
2. Hurukan também é descrito como o “Deus das trovoadas ou das tempestades de raios e trovões. Seu nome nos dá a palavra ‘furacão’. Sob o comando de seu amigo Gucumatz, filho do Sol e da Lua, [Hurukan] criou o mundo, os animais, os homens e o fogo.”16
3. Hurukan é descrito como um “Deus extremamente antigo que criou a Terra, os animais, o fogo e as pessoas.” Ele governa os “redemoinhos de vento, os furacões e a iluminação espiritual.”17
De acordo com Brian Stross, os “redemoinhos de vento podem facilmente ser considerados como tendo associação com o diabo e, portanto, com o mundo inferior, o mundo dos mortos ou inferno.” Quando traduzido da linguagem Chorti Maia, uma passagem é lida como segue:
“O chefe das sete aparições, bem como de todas as divindades prejudiciais ou perniciosas, é o Redemoinho de Vento, o principal deus do mal. Os seres malignos são seus ‘ministros’ e cumprem suas ordens na terra. O Redemoinho de Vento está unido com o diabo. Ele é considerado responsável por todos os males, maledicências e ventos do mal; ele é chamado pelos feiticeiros e inimigos para levar doenças e má sorte aos outros. O Redemoinho de Vento, que leva mais doenças do que qualquer outro é a capa protetora que o diabo veste quando viaja pela terra.”18
Vivendo em Nova York no Século XIX, Joseph Smith, como observado anteriormente, provavelmente conheceu poucos tornados (tufão, ciclone, furacão), entretanto, em sua tradução das placas douradas, como também já foi observado, ele não usou a palavra tornado, mas seu equivalente mesoamericano redemoinho de vento (ou furacão), que é idêntico ao termo maia que significa furacão. Ele também associou a palavra furacão com grandes erupções vulcânicas.
Já que estamos familiarizados com o registro histórico mesoamericano, descobrimos que “tornados” não descrevem adequadamente o termo mesoamericano que nomeia estas violentas tempestades, especialmente quando eles estão associados a grandes erupções vulcânicas.
Em resumo, um entendimento do pano de fundo da palavra redemoinho de vento nos dá um intrigante apoio em favor do Modelo Mesoamericano em detrimento do Modelo CONA de Wayne May, Rod Meldrum, e Bruce Porter — especialmente em conexão com os vulcões na Mesoamérica e a total ausência de vulcões no território abrangido pelo Modelo CONA.
Terremotos e vulcões
Os terremotos são fenômeno claramente associado com grandes erupções vulcânicas. Inicialmente, os leitores de 3 Néfi 8 podem pensar que o relato trata mais de terremotos, entretanto, ele trata tanto de grandes erupções vulcânicas quanto de terremotos e estes são de importância secundária para as erupções em conexão com o relado de 3 Néfi 8.
A palavra terremoto não é usada no relato de 3 Néfi 8, apesar de que a expressão tremor de terra é usada algumas vezes. Obviamente, muito da “grande e terrível destruição” pode ser atribuído a atividades sísmicas que ocorreram em conjunção com erupções vulcânicas. A linguagem de 3 Néfi 8 inclui várias frases descritivas:
“... levantou-se uma grande tormenta”
“… houve uma grande e terrível tempestade”
“… houve terríveis trovões?”
“… sacudiram toda a terra como se ela fosse rachar-se ao meio”
“… seus habitantes afogaram-se”
“A cidade de Zaraenla incendiou-se”
“A cidade de Morôni submergiu nas profundezas do mar”
“A terra cobriu a cidade de Moronia”
“… em lugar da cidade apareceu uma grande montanha”
“E houve uma grande destruição na terra do sul”
“Houve uma destruição muito maior e mais terrível na terra do norte”
“toda a face da terra foi mudada por causa da tempestade, e dos Furacões e dos trovões e relâmpagos e violentos tremores de toda a terra.
“… e romperam-se os caminhos”
“…desnivelaram-se as estradas”
“… muitos lugares planos tornaram-se acidentados”
“E muitas cidades grandes e importantes foram tragadas”
“… muitas se incendiaram”
“… muitas foram sacudidas”
“... seus efifícios ruíram”
“... seus habitantes foram mortos”
“… os lugares ficaram devastados”
“... sofreram grandes danos”
“... foram levados pelo furacão”
“… a face de toda a terra ficou desfigurada”
“... rochas se fenderam ao meio”
“... foram despedaçadas em toda a face da terra”
“... foram encontradas em fragmentos e rachadas”
“... partidas em toda a face da terra”
Obviamente que tais atividades destrutivas devem estar associadas a terremotos de grande amplitude, os quais têm sido estudados cuidadosamente pelos cientistas.
“A energia desprendida durante terremotos de larga escala provém de dois blocos da terra se movimentando rapidamente passando um sobre o outro enquanto que anos de tensão acumulada é liberada. Na maioria, os tremores de terra durante esses grandes terremotos duram poucos minutos”19 seguido de tremores de curta duração.
Podemos compreender o alcance e a importância das atividades tectônicas relatadas em 3 Néfi 8 percebendo as conseqüências e a duração dos tremores que “duraram cerca de três horas” (3 Néfi 8:19). De acordo com Bart J. Kowallis, três horas é um período de tempo muito longo para um sismo de só um terremoto e muito curto para o período durante o qual abalos conseqüentes de um terremoto maior usualmente ocorrem; entretanto, é um tempo bastante razoável para acontecerem os estágios iniciais de uma erupção vulcânica”. 20
Quem pode dizer com certeza que tipo de referência ou experiência pessoal de Joseph Smith em relação com terremotos? Ou ele tinha experiências pessoais com terremotos, ou havia lido muito a respeito de terremotos, ou meramente traduziu 3 Néfi 8 conforme declarou. A última alternativa parece a mais lógica à luz das evidências relacionadas ao relato de 3 Néfi 8 que sugerem que, por si só, ele não seria capaz de usar uma redação descritiva tão acurada, e a impossibilidade relativa de que ele tivesse acesso a registros escritos adequados de tais grandes destruições relacionadas aos vulcões.
Vivendo em Nova York nos anos de 1820, Joseph poderia ter ouvido sobre terremotos, mas, provavelmente, ele não teria experimentado pessoalmente nenhum, especialmente com a magnitude refletida em 3 Néfi 8. E sem o relato de uma testemunha ocular para ajudá-lo, ele não teria acumulado evidências apropriadas, associadas a terremotos com grandes erupções vulcânicas.
Os territórios geográficos dos Modelos CPNA e Mesoamericano são impactados pelos terremotos. Por exemplo: Em 1811–12, três grandes terremotos aconteceram no Missouri. Conhecido como o Grande Terremoto de Nova Madri, uma série de mais de dois mil abalos ocorreram durante um breve período de cinco meses. Além disso, sismólogos predisseram que a região do Modelo CONA, conhecido como a zona sísmica de Nova Madrí experimentará grandes terremotos novamente em alguma época do futuro.
Falando desses eventos na reunião anual da American Association for the Advancement of Science em 2006, Stefan Lovgren da National Geographic News disse o seguinte:
Os californianos conhecem os terremotos. Muitos residentes vivendo perto da infame Falha de San Andreas, provavelmente têm sentido sua quota de tremores menores e talvez até alguns poucos abalos violentos.
Mas ao se aproximar o aniversário do grande terremoto de 1906 que demoliu a cidade de San Francisco, alguns sismólogos voltam a sua atenção para uma região dos Estados Unidos completamente diferente.
É o centro do país, dizem os cientistas, que pode estar em risco de sofrer o próximo “Grande Terremoto”, e as cidades dessa região não estão prontas para esse abalo.
A Zona Sísmica de Nova Madri, onde estão os estados de Missouri, Kentucky, Arkansas, e Tennessee, fica no meio da placa tectônica norte americano, a milhares de quilômetros dos limites das placas onde os terremotos usualmente ocorrem. Essa zona tem de três a cinco falhas se alongando quase 190 quilômetros...
Mark Zoback é um geofísico da Stanford University em Palo Alto, Califórnia, que tem estudado o sistema de Nova Madri por três décadas.
Ele e outros especialistas advertem que a região tem histórico recente de eventos sísmicos recorrentes, inclusive de três grandes terremotos que abalaram o Estado do Missouri em 1811 e 1812; mas as cidades modernas da zona de Nova Madri estão mal preparadas e podem ser destruídas se grandes terremotos semelhantes acontecerem atualmente, dizem os cientistas.21 Portanto, o território do Modelo CONA experimentou terremotos e, ocasionalmente um terremoto que pode ser classificado como “massivo” ou grande.
Por outro lado, o território do Modelo Mesoamericano é famoso por suas atividades tectônicas, inclusive terremotos que rotineiramente são classificados como “massivos”.
O Website www.exxun.com descreve os riscos naturais, incluindo os terremotos e vulcões dos países da Mesoamérica, bem como dos Estados Unidos conforme segue:
Costa Rica - Terremotos ocasionais; Furacões ao longo da crista Atlântica; Alagamentos freqüentes nas planícies no início da estação chuvosa e Deslizamentos de terra; Atividades vulcânicas.
El Salvador – Conhecido como Terra dos Vulcões; Freqüentes e muitas vezes destrutivos terremotos e atividade vulcânica; Extremamente suscetível a furacões.
Guatemala – Numerosos vulcões nas montanhas, com violentos terremotos; a costa caribenha é extremamente suscetível a furacões e outras tempestades tropicais.
México - Tsunamis na costa do Pacífico; Vulcões e terremotos destrutivos no centro e no sul, e furacões nas costas do Pacífico, do Golfo do México e do Caribe.
Estados Unidos – Tsunamis; Vulcões e atividades tectônicas ao redor da Bacia do Pacífico; Furacões ao longo da costa Atlântica, e do Golfo do México; Tornados no Centro Oeste e no Sudeste; Deslizamentos de terra na Califórnia; Incêndios florestais no oeste.22
Em conexão com a presente discussão, devemos observar novamente a total ausência de qualquer vulcão na área geográfica do território do Modelo CONA.
Patricia Plunket e Gabriela Urunuela, professoras de antropologia na Universidad de las Americas em Puebla, México, discutem os dois mais famosos vulcões mexicanos, Popocatepetl e Iztaccihuatl, conforme segue:
Popocatepetl
Durante o auge da estação chuvosa, em Agosto de 1519, Fernão Cortês levou seu pequeno exército para a grande cidade de Tenochtitlan, sede do Império Asteca. Sua marcha os levou à cidade de Cholula, no lado oeste do Vale de Puebla. Daqui Cortês observou que: “A oito léguas desta cidade… há duas maravilhosamente altas montanhas cujos cumes, ainda no final do mês de Agosto, estão cobertos de neve, de modo que nada mais pode ser visto neles. Do mais alto dos dois, de noite e de dia um grande volume de fumaça sai e se eleva para as nuvens tão verticalmente quanto um mastro, com tal força que apesar de um vento muito violento soprar continuamente sobre a serra, ainda não pode mudar a direção da coluna de fumaça.”
Este vulcão de quase 5.500 m de altura, conhecido pelos astecas como Popocatepetl, ou “Montanha Fumegante”, era o ponto focal da geografia sagrada do antigo México. No Código Florentino, Bernardino de Sahagun, um frei franciscano que documentou crenças e costumes nativos durante as décadas imediatamente subseqüentes à conquista, comentou que as montanhas de Sierra Nevada, em particular Popocatepetl e seu vizinho Iztaccihuatl, eram considerados sagrados porque as nuvens os cobriam. Ele disse até mesmo no fim do Século XVI eram feitas peregrinações aos seus cumes para oferecer sacrifícios às divindades, mas nenhuma das fontes declara claramente quem eram esses deuses do vulcão.
Desde1993 temos dirigido escavações nos flancos inferiores de Popocatepetl, onde encontramos evidências de tentativas dos habitantes de apaziguar o vulcão de maneiras não muito diferentes daquelas registradas pelos espanhóis mais de 1.500 anos depois. Suas terras férteis, conhecidas como Tetimpa, foi povoada primeiramente por fazendeiros aproximadamente em 700 a.C. Suas casas de pau-a-pique foram construídas em baixas plataformas de pedra ao redor de um pátio central. Depois de parcialmente abandonada por volta do ano 100 a.C. devido talvez ao aumento da atividade vulcânica, a região foi repovoada poucas gerações mais tarde, possivelmente por descendentes dos habitantes originais, já que as novas casas foram construídas sobre as ruínas das antigas plataformas e pisos que selaram os túmulos dos seus ancestrais. No centro de cada pátio, familiares construíram pequenos santuários que consistiam de montanhas de argila modelada e cacos de cerâmica acabados com esculturas de cabeças de homens ou serpentes grosseiramente esculpidas.Algumas claramente são efígies de Popocatepetl. Abaixo de cada cabeça de pedra há uma chaminé que leva a uma câmara cheia de carvão escavada no chão do pátio. A fumaça teria saido de debaixo de cada cabeça numa imitação das cinzas e do vapor expelidos pela cratera durante atividades vulcânicas.
Apesar de a vida e seus santuários estarem separados do mundo asteca por 1.500 anos, é interessante comparar esses santuários com as descrições da feta de Tepeilhuitl dadas pelos informantes nativos do Frei Bernardino de Sahagun: “Nesse mês eles celebravam uma festa em honra das altas montanhas que estão em todas as terras dessa Nova Espanha, onde o grande pilar de nuvem sobe. Eles fizeram as imagens de cada um deles na forma humana da massa que eles chamam de tzoalli, e eles lançam oferendas diante das imagens em veneração dessas mesmas montanhas”. A parte mais fascinante do relato Sahagun é que os modelos das montanhas são faces humanas. De fato, os textos espanhóis indicam que a cada montanha foram dadas duas faces, uma humana e outra de uma serpente. A natureza dual das montanhas descritas no Código Florentino recorda as imagens humanas e da serpente que coroam as efígies do vulcão dos santuários da vila e sugerem uma continuidade conceitual que durou 1.500 anos.
Lapilli – Foto: J. Alean Pedra-pomes ou púmice é uma rocha vulcânica de muito baixa densidade, formada quando gases e lava formam um colóide que por arrefecimento solidifica sob a forma de uma rocha esponjosa. A pedra pomes é o menos denso de todos os piroclastos, sendo comum ter densidade inferior à da água, o que a transforma numa rocha que flutua. Nos Açores, onde estes materiais são extremamente comuns, são em geral designados por bagacina. Bagacina ou lapilli é a designação dada aos piroclastos com dimensão máxima entre os 2 e os 64 mm (isto é incluídos na classe dos lapilli) cuja estrutura lhes confere muito baixa densidade (d ⇐ 2). Petrologicamente as bagacinas são em geral constituídas por fragmentos basálticos ou pedra pomes.
Aproximadamente no ano 80 d.C, Popocatepetl entrou em erupção, cobrindo a paisagem com uma espessa camada de fragmentos de rocha vulcânica, bagacina lapilli. Quando as erupções terminaram, as vilas foram soterradas por uma camada de 90 cm a 2,15 m de lapilli. Então um fluxo enorme de lava desceu sobre a parte sul da região, soterrando todos os povoados sob quase 100 m de rocha sólida. Estudos geológicos feitos como parte de nosso projeto mostram que uma coluna eruptiva subiu a uma altura de 24 a 29 Km antes de cair sobre Puebla, ao lado da montanha. Talvez a construção da grande pirâmide de Cholula, a qual ecoa nos contornos de Popocatepetl e possa ter começado nessa época, pelo menos em parte como uma tentative de apaziguar a montanha. Alguns acreditam que o nome nativo da pirâmide, Tlachihualtepetl (“Montanha Feita Pelo Homem”), reflete um esforço imitativo daqueles que a construíram.
Tlachihualtepetl, México
Os fazendeiros que vivem nos flancos do Popocatepetl vêm o vulcão em termos humanos. Para eles o vulcão é Gregório, um nome inicialmente usado nas vilas do flanco nordeste da montanha, talvez originado pela erupção do vulcão que aconteceu no dia de São Gregório no início desse século. Em Dezembro de 1994, Popocatepetl entrou em erupção novamente e tem permanecido num period intermitente de atividade desde então, espelindo ocasionalmente enormes nuvens de cinzas e vapor, e produzindo grande rumblings de dentro. Desde a erução o nome Dom Gregório e sua forma diminutiva Dom Goyo entrou em uso geral.
Don Goyo (21 nov 2006)
Um homem com longos cabelos ondulados, que alguns pensam representar os tentáculos de fumaça que são expelidos da cratera, é relacionado por praticantes de religião popular a Deus o Pai e a Jesus Cristo. A tradição requer que ele seja venerado com oferendas colocadas em cavernas sagradas no alto da montanha, um exemplo da metáfora geral mesoamericana de cavernas nas montanhas e templos nas pirâmides. Dez anos atrás ainda haviam havia especialistas bem versados nos ritos de propiciação para o vulcão, mas quando o ultimo deles morreu, os rituais não foram mais realizados corretamente. 23
A erupção do Popocatepetl acontecida no ano 80 d.C. tem menos de cincoenta anos de diferença da época da grande erupção do ano 34 d.C relatada em 3 Néfi 8 na época da crucificação de Cristo. De uma perspectiva estatística, o Popocatepetl bem pode ser um dos vulcões que entraram em erupção no ano 34 d.C. descrita no Livro de Mórmon, e certamente a linguagem que Plunket e Urunuela usaram para descrever a erupção do Popocatepetl se encaixa muito bem na linguagem descritiva do Livro de Mórmon.
Vapores, névoas e escuridão
Irazu, Costa Rica; 09.98 Norte, 083.85 Oeste; 3.432 m de altitude. Este vucão com cratera dupla fica localizado na região central de Costa Rica. Quinze erupções explosivas ocorreram entre 1723 e 1989. A maior erupção durou de 1963 até 1965. As quedas de cinzas (de pequenas a moderadas) causaram a destruição das plantações de pés de café e e um incômodo para a capital San Juan, a 25 Km a oeste. O Irazu é o mais alto vulcão da Costa Rica e é o que tem o histórico mais recente de erupção (1722). Esta foto tirada em 1964 mostra a nuvem de cinzas sendo levadas para a direção oeste. (Foto: H.H. Waldron).
Façamos uma pausa aqui e tentemos retratar a cidade de Palmyra, Nova York do Século XIX e o envolvimento de Joseph Smith com O Livro de Mórmon em 1829. Enquanto pensamos a respeito de seu ambiente e percepções dele, podemos prontamente reconhecer que o único texto descritivo que ele usou em 3 Néfi 8 reflete tanto um conhecimento além de sua capacidade para exibir quanto a inspiração dada diretamente para ele através do processo de tradução, ou seja, o registro dos eventos da crucificação de Cristo acontecidos no Novo Mundo e registrados em 3 Néfi 8 prestam testemunho de que Joseph Smith é o tradutor e não o autor do Livro de Mórmon. A escuridão mencionada em 3 Néfi 8 era tal que o povo a poderia sentir. Se consultarmos o dicionário de Noah Webster, a palavra escuridão na época em que Joseph traduziu O Livro de Mórmon tem o claro significado de “ausência de luz.”24, mas o texto de Joseph descrevendo a escuridão de 3 Néfi 8 envolve mais do que simples “ausência de luz”, ou seja, os termos densa escuridão, névoa de escuridão e vapor de escuridão vão além da mera “ausência de luz”. Neste ponto podemos perguntar: “Que tipo de escuridão a tradução de Joseph descreve com tal terminologia?”
O dicionário de Noah Webster de 1828 é freqüentemente útil em ajudar os leitores do Livro de Mórmon entenderem precisamente como as palavras eram definidas durante a época da tradução do Livro de Mórmon. Podemos iluminar-nos a respeito da palavra escuridão encontrada em 3 Nephi 8 procurando as palavras densa, névoa e vapor no dicionário de Webster. Entre suas definições estão as seguintes em 1828:25
· Densa (1828) a. Dense; não fina; como densos vapores; uma densa névoa.
· Névoa (1828) n. Aquilo que escurece ou se escurece, e obscurece ou intercepta a visão. v.t. Enevoar; cobrir com vapor.
· Vapor (1828) n.
(1) Num senso geral, um fluído elástico invisível, eriforme pelo calor e capaz de ser condensado ou devolvido ao estado líquido ou sólido, pelo calor. O vapor de água é distinguido pelo nome de névoa.
(2) Fluído visível na atmosfera. Todas as substâncias que prejudicam a transparência da atmosfera como fumaça, névoa, etc. na linguagem comum são chamados vapores, apesar de que o termo vapor é tecnicamente aplicável apenas a uma substância invisível e condensada, como no Nº 1; névoa, etc. sendo vapor condensado ou água num estado de divisão.
(3) Substâncias semelhantes à fumaça, que algumas vezes preenche a atmosfera, particularmente na América, durante o Outono.
Se ponderarmos sobre as palavras escuridão, névoa e vapor como definido acima em relação a 3 Néfi 8, chegaremos às seguintes conclusões:
1. Sim, escuridão significa “ausência de luz.” De acordo com o dicionário Webster de 1828, escuro como um adjetivo significa “destituído de luz.” Rotineiramente experimentamos vários graus de “escuridão” em nossas vidas; entretanto, nas palavras atuais, podemos ainda tipicamente “ver” em certa medita quando estamos no “escuro” Mas o tipo de “escuridão” descrito em 3 Néfi 8 é uma “total escuridão” Não experimentamos esse tipo de escuridão muito freqüentemente. Um lugar para experimentar isso são as cavernas Carlsbad, no Novo México. Para dar aos visitantes um sentimento de total escuridão, os guias turísticos dessas cavernas desligam as luzes quando o grupo está num local profundo do subsolo. Os sentimentos resultantes são bastante estranhos e quase assustadores. Deve ser parecido ao sentimento que uma pessoa totalmente cega tem inicialmente, após estar acostumado com a sensação da visão.
2. As expressões densa escuridão, névoa de escuridão, e vapor de escuridão implicam na presença de algo na atmosfera. Este “algo” permitia às pessoas “sentirem” a escuridão. Provavelmente já experimentamos o sentimento de algo na atmosfera quando estamos na névoa pesada, ou na densa ou espessa névoa, como um reflexo das definições de Webster.
3. O termo vapor de escuridão é especialmente descritivo da escuridão mencionada em 3 Néfi 8. De acordo com Webster, qualquer substância que impede a transparência da atmosfera pode ser chamada de vapor, apesar de que comumente aplicamos esse termo a uma substância “condensável”. Esta descrição se aplica a vapor de água nas trevas mencionadas em 3 Néfi 8, talvez em conjunção com alguma substância condensada. A descrição também se aplica a qualquer tipo de vapor de escuridão no texto de 3 Néfi 8, mas está longe de descrever corretamente a presença de poeira na atmosfera, em conjunção, talvez, com alguma substância condensada. Essa descrição é suficiente para descrever adequadamente a presença de gases vulcânicos venenosos que ajudaram a criar o vapor de escuridão. Mórmon declara que entre os justos que foram poupados da morte estavam aqueles que “não foram sobrepujados pelo vapor de fumaça e escuridão (3 Néfi 10:13). Este texto claramente sugere a presença de gases vulcânicos venenosos que comumente estão associados com erupções vulcânicas e que podem ser fatais para aqueles que inalarem ar cheio com esses gases.
4. A escuridão de 3 Néfi 8 no Novo Mundo na época da crucificação de Cristo foi completamente diferente da escuridão que o povo experimentou no Velho Mundo nessa mesma época. A escolha que Joseph Smith fez das palavras para descrever a escuridão no Novo Mundo deve contribuir significativamente para que todo leitor do Livro de Mórmon entenda que ele traduziu o texto das placas conforme ele mesmo declarou, ou seja, nosso testemunho do Livro de Mórmon deve ser reforçado pelo nosso entendimento da natureza única da escuridão descrita em 3 Néfi 8.
Conforme observado por Kowallis, “É a violenta e explosiva sub-ducção, ou sub-produção relacionada aos vulcões… que pode explicar os eventos de 3 Néfi”. A esse respeito, os gases e cinzas provenientes de erupções vulcânicas produzem vapores, névoa e escuridão com as quais 3 Néfi 8 está relacionada.
Falando de precipitações de cinzas provenientes de erupções vulcânicas, alguém escreveu o seguinte.
Quando cinzas caem no solo tudo fica mortalmente dessa cor. Queda de cinzas podem fazer caírem as folhas e ramos das árvores. Se cair cinza suficiente, pomares e florestas inteiras se tornam estéreis. Camadas espessas de cinzas podem destruir plantações e deixar os trabalhos nas terras das fazendas impraticáveis por semanas ou até meses. Os campos podem se tornar inúteis para pasto de animais e a água se torna imprópria para o consumo. Queda de cinzas afeta as pessoas por mais tempo que a erupção de um vulcão, e mais que qualquer outro tipo de atividade. Essas cinzas usualmente criam uma névoa muito densa, tornando o dia em noite e criando uma escuridão que a luz não pode penetrar. Esta escuridão vai durar enquanto as cinzas caírem. Para algumas pessoas as cinzas tornam a respiração extenuante e irritam os olhos.
A extrema escuridão resultante do ar carregado de cinzas de grandes erupções vulcânicas naturalmente adoece as pessoas pela falta de luz. A única de luz disponível para os sobreviventes dos eventos de 3 Néfi 8 era o fogo, entretanto Mórmon observa em seu relato que não era possível fazer fogo:
“E por causa da escuridão não podia haver luz nem velas nem tochas; nem conseguiram fazer fogo com sua lenha fina e extremamente seca, de modo que luz nenhuma foi possível haver.” (3 Néfi 8:21).
Os vapores e a névoa causada pelos gases das erupções devem ter sido responsáveis por esta situação. Enquanto lemos a linguagem descritiva do versículo acima traduzido por Joseph Smith, podemos tentar imaginar a inexplicável e horrorosa claustrofobia que provavelmente sentiríamos se estivéssemos em meio a tal escuridão vivida no ano 34 d.C. sem poder acender fogo. Devido às pesquisas feitas a respeito dos vulcões podemos entender a natureza dos vapores e névoas que tiveram um efeito asfixiante das chamas,28 e esse conhecimento deve nos ajudar a apreciar o processo de tradução de Joseph Smith que reflete corretos dados científicos a respeito desse estranho fenômeno.
Se tivéssemos vivido em Nova York nos anos de 1820, redigiríamos a linguagem descritiva associada aos vapores, névoas e escuridão associados com as grandes erupções vulcânicas relatadas em 3 Néfi 8?
Resposta: Não — sem que pudéssemos ter acesso a uma testemunha ocular dos vapores, névoas e escuridão associados com algum tipo de erupção vulcânica. Uma coisa é certa — nenhuma erupção vulcânica ocorreu no território de Nova York ou qualquer outro território dentro do Modelo Centro Americano de Wayne May, Rod Meldrum, e Bruce Porter durante qualquer período do Livro de Mórmon. Este fato em particular nega a viabilidade desse Modelo como o cenário no Novo Mundo para O Livro de Mórmon.
Sumário
Em resposta à pergunta: “O Livro de Mórmon contém qualquer indicação de tempo e clima?” A resposta lógica é “SIM!” Dentre as indicações para a resposta positiva há dois exemplos notáveis para propósito desta discussão.
1º - A palavra “estações” no Livro de Mórmon, apóia claramente a validade do Modelo Mesoamericano, ou seja, durante a maior parte do período do Livro de Mórmon na Mesoamérica, duas estações – a estação seca e a estação chuvosa – foram conectadas a todas as facetas das culturas mesoamericanas, de modo diferente ao usos que damos às estações da primavera, verão, outono e inverno, que são usadas como apoio positivo para o Modelo CONA. Por exemplo:
No primeiro século antes de Cristo, uma grande fome afligiu o povo de Néfi por causa da iniqüidade. Depois que eles se arrependeram, foi escrito o seguinte:
“E aconteceu que no septuagésimo sexto ano o Senhor desviou sua ira do povo e fez chover sobre a terra, de modo que a terra produziu seus frutos na época de frutos. E aconteceu que produziu grãos na época de grãos.” (Helamã 11:17; negrito adicionado).
A palavra “época” (ou “season” – estação, em ingles) neste caso se refere à estação seca da colheira. Atividades de Guerra e de colheita aconteceram em toda Mesoamérica histórica durante a estação seca porque as pesadas chuvas e a lama que ocorrem durante a estação chuvosa diminuem as atividades de guerra e impossibilita totalmente todas as atividades de colheita.
A crucificação de Cristo aconteceu durante a estação seca na Mesoamérica e deve ser por isso que provavelmente a chuva não tenha sido associada com as condições meteorológicas das grandes erupções vulcânicas ocorridas no ano 34 d.C. Chuva é comumente conectada com furacões e tempestades, mas a chuva aparentemente não foi um fator climático na crucificação de Cristo.
2º - Uma leitura em perspectiva do conteúdo que trada da destruição que aconteceu no Novo Mundo na época da crucificação de Cristo releva fatos significativos a respeito do clima e a respeito da inviabilidade do Modelo Centro Americano e a total validade do Modelo Mesoamericano proposto para o cenário dos acontecimentos do Livro de Mórmon no Novo Mundo. Pelo menos os seguintes resultados significativos podem ser deduzido dessa leitura em perspectiva:
1. Ao profetizar sobre os eventos associados com a crucificação de Cristo, Néfi observa que esses eventos ocorreriam na “terra da promissão”. Sua descrição das forces destrutivas relata claramente grandes erupções vulcânicas. Vulcões não existem no território correlacionado ao Modelo Centro Americano, portanto, em se tratando da “terra da promissão” em conexão com erupções vulcânicas, Néfi não está se referindo ao território relacionado ao Modelo Centro Americano.
2. Quando Samuel o Lamanita profetizou a respeito das forces destrutivas que ocorreriam na época da Crucificação de Cristo, observou que os eventos aconteceriam no território “desta terra”. Tal como acontece com a profecia de Néfi envolvendo erupções vulcânicas, as profecias de Samuel também se relacionam com grandes erupções vulcânicas; portanto, em se tratando “desta terra” onde essas erupções aconteceriam, Samuel não está se referindo ao território do Modelo Centro Americano.
3. O uso que Mórmon faz dos termos “a terra” e “esta terra” em seu resumo do relato escrito por testemunhas oculares das erupções vulcânicas não podem se referir ao território do Modelo Centro Americano porque erupções vulcânicas não ocorreram naquele território durante o tempo do Livro de Mórmon. Em resposta à questão, “Por que não há vulcões no Centro Oeste ou na costa? O site Wiki Web informa o seguinte:
“Estamos esperando para ver se o Monte Helens entrará em erupção novamente no Estado de Washington, mas nunca ouvimos qualquer coisa a respeito de atividades vulcânicas na Costa Leste dos Estados Unidos, e há uma razão científica para isso.”
Sally Harris escreve que os tipos de condições geológicas nesse local não favorecem a atividade vulcânica. O geocientista R. J. Tracy diz:
“A margem ativa da América do Norte é a margem oeste e e apenas o segmento noroeste dela tem atualmente as condições apropriadas para que ocorram atividades vulcânicas no Mounte St. Helens. O interior da América do Norte e a Costa Leste fica muito longe das fronteiras de qualquer placa ativa e, portanto não está localizada onde atividades vulcânicas podem ocorrer.”
Pelo menos uma das seguintes condições deve estar presente para que ocorram atividades vulcânicas: “margens divergentes”, que são locais onde as placas tectônicas se afastam entre si; “margens convergentes,” onde as placas tectônicas colidem, e uma desliza sobre a outra formando um arco vulcânico que pode se tornar ativo; ou “pontos quentes” no manto da Terra. 29
4. Porque o Modelo Centro Americano não se encaixa nas condições de critério para identificação do cenário no Novo Mundo para os eventos do Livro de Mórmon, o Modelo Centro Americano é um modelo geográfico inválido: “Qualquer cenário potencial para os eventos do Livro de Mórmon no Novo Mundo deve apresentar evidências de atividades vulcânicas durante o período de tempo do Livro de Mórmon.”
5. O texto descritivo de 3 Néfi 8 a respeito da destruição associada a grandes erupções vulcânicas no Novo Mundo dá significativo testemunho de que Joseph Smith traduziu O Livro de Mórmon conforme declarou, ou seja, devido ao fato de que Joseph não poderia ter tido acesso a relatos de testemunhas oculares de grandes erupções vulcânicas e suas conseqüências, ele não poderia ter sido autor do conteúdo de 3 Néfi 8.
6. Um pequeno mas singular sinal de que Joseph Smith traduziu O Livro de Mórmon pelo poder de Deus, conforme ele mesmo declarou, está refletido na escolha que ele fez da palavra “furacão” em vez de “tornado”, associada com as grandes erupções vulcânicas de 3 Néfi 8, ou seja, da perspectiva de seu ambiente e percepções, pela lógica, ele teria escolhido a palavra “tornado” em referência às condições climáticas de 3 Néfi 8. O fato de ele ter escolhido a palavra “furacão” como reflexo das tempestades e da linguagem mesoamericana, sinaliza claramente que ele é o tradutor e não o autor do Livro de Mórmon.
7. A terminologia “terra da promissão”, “esta terra” e “a terra”, conforme usada nas profecias de Néfi, de Samuel o Lamanita e no resumo que Mórmon fez do texto de 3 Néfi 8 sinaliza que a Mesoamérica não pode ser excluída dos territórios referidos no Livro de Mórmon via os termos “terra da promissão” e “esta terra”. Como resultado, toda a “América do Norte”, que em muitos modelos proeminentes começa no Istmo do Panamá, deve ser considerada como a “terra da promissão”, não somente a área continental dos Estados Unidos.
Notas
1. Rodney Meldrum, DNA Evidence for Book of Mormon Geography: New Scientific Support for the Truthfulness of the Book of Mormon; Correlation and Verification through DNA, Prophetic, Scriptural, Historical, Climatological, Archaeological, Social, and Cultural Evidence (n.p.: Rodney Meldrum, 2008).
2. Como um aparte da discussão que segue, alguns proponentes do Modelo CONA sugerem explicações totalmente não realísticas pra as forças destrutivas relatadas em 3 Néfi 8, por exemplo, Vincent Coon diz:
“Vulcões não são mencionados no Livro de Mórmon. Volcanoes are no where mentioned in the Book of Mormon. Tempestades de fogo são inferidas, causadas pelo menos em parte por raios… Tempestades, tornados e terremotos são iminentes no nordeste dos Estados Unidos onde o Monte Cumôra esta. O Deus da natureza certamente é capaz de sujeitar a região dos Grandes Lagos da América a três horas de cataclismos seguidas de três dias de profunda escuridão. Ainda assim, é comum se reconhecer nos vulcões e cinzas vulcânicas um grande potencial destrutivo e a escuridão, mas há outros cataclismos e escuridão potencial na natureza. Há, por exemplo, imensos depósitos de metano no subsolo do Atlântico Norte. Se liberados em quantidades suficientes por terremotos ou impactos cósmicos, uma nuvem explosiva de grande potencial pode se levantar das profundezas do oceano. Um simples relâmpago pode atingir essa nuvem e provocar terríveis repercuções no ar, mar e terra. Vastas extensões de plantações e praias arborizadas podem ser conflagradas repentinamente.” (W. Vincent Coon, Choice Above All Other Lands: Book of Mormon Covenant Lands According to the Best Sources [Salt Lake City: Brit Publishing, 2008], 11, 13).
3. Ver, por exemplo, Bart J. Kowallis, “In the Thirty and Fourth Year: A Geologist’s View of the Great Destruction in 3 Nephi,” BYU Studies 37, no. 3 (1997–98).
4. Payson D. Sheets, “An Ancient Natural Disaster,” Expedition, 14 (Fall 1971): 24–31).
5. Kowallis, “In the Thirty and Fourth Year.”
7. “Eye Witness to the Eruption of A.D. 79!”
8. Kowallis, “In the Thirty and Fourth Year,” 181.
9. Kowallis, “In the Thirty and Fourth Year,” 148.
10. Kowallis, “In the Thirty and Fourth Year,” 152.
11. Kowallis, “In the Thirty and Fourth Year,” 185n24.
12. Meldrum, DNA Evidence for Book of Mormon Geography, section 7, “Weather and Climate.”
14. Houston, “Hurricane!”
18. Brian Stross, “Xibalba or Xibalbe,”
19. Kowallis, “In the Thirty and Fourth Year,” 158.
20. Kowallis, “In the Thirty and Fourth Year,” 159.
24. Noah Webster, An American Dictionary of the English Language (New York: S. Converse, 1828), s.v. “darkness.”
25. Webster, An American Dictionary of the English Language, s.v. “darkness,” “thick,” “mist,” e “vapor.”
26. Kowallis, “In the Thirty and Fourth Year,” 145.
27. “Damage Caused by Ash Fallout,” tirade do video clip intitulado “Understanding Volcanic Hazards,” International Association of Volcanology and Chemistry of Earth’s Interior, 1995, www.solarviews.com/cap/volc/ash2.htm (acessado em 4 de Março de 2000)
28. Ver Kowallis, “In the Thirty and Fourth Year,” 176–80.
29. “Why Are There No Volcanoes in the Midwest or East Coast?” http://wiki.answers.com/Q/ Why_are_there_no_volcanoes_in_the_Midwest_or_East_coast (acessado em 9 de Março de 2000)
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