John A. Tvedtnes
Reimpresso com permissão Meridian Magazine
Tradutor Elson Ferreira – Curitiba/Brasil – Setembro/2005
Muitos leitores do Livro de Mórmon acreditam que todos os eventos descritos nele aconteceram nas Américas do Norte, Central e do Sul, e que somente as pessoas mencionadas no livro viveram antigamente nas Américas. Uma leitura mais cuidadosa do texto tem levado vários leitores e estudiosos Santos dos Últimos Dias a desafiar esta visão popular e a sugerir que os Jareditas, Mulequitas, Nefitas e Lamanitas viveram mais ao sul do México e Guatemala, área conhecida como Mesoamérica, sendo que o Istmo de Tehuantepec seria a “estreita faixa de terra” mencionada no Livro de Mórmon.
Há poucos anos alguns críticos do Livro de Mórmon questionaram que esta visão de um desenvolvimento recente e sugerem que foram seus escritos que fizeram os estudiosos SUDs revisarem antigas ideias a respeito da geografia do Livro de Mórmon. Nada pode estar mais longe da verdade. Alguns líderes e estudiosos há muito têm defendido a teoria Mesoamericana.
A teoria limitada da geografia do Livro de Mórmon começou em 1842, quando o periódico da Igreja chamado Times and Seasons notificou a então recente publicação de um livro de Stephens e Catherwood, que narrava a descoberta de várias ruínas na Mesoamérica. Enquanto sugeria que Leí desembarcou ao sul do Istmo de Darien (presentemente Panamá), o autor não mencionado observava que essa descoberta poderia provar-se importante para O Livro de Mórmon.[2] Duas semanas mais tarde o periódico voltou ao assunto:
Desde que nosso “Extrato” do livro do Sr. Stephens intitulado Incidents of Travel (Incidentes de Viagem) foi publicado, encontramos outros importantes fatos relativos à veracidade do Livro de Mórmon. A América Central, ou Guatemala, está situada ao norte do Istmo de Darien e no passado compreendia centenas de milhas de território, desde o norte até o sul. A cidade de Zaraenla, queimada na época da crucificação do Salvador e posteriormente reconstruída, ficava nesta terra, como veremos nas seguintes palavras do livro de Alma: “E assim, a distância entre o mar do leste e o mar do oeste, pela fronteira entre Abundância e a terra de Desolação, era o equivalente a um dia e meio de viagem para um nefita. E assim, a terra de Néfi e a terra de Zaraenla estavam quase que rodeadas por água, havendo uma pequena faixa de terra entre a terra do norte e a terra do sul”. (Alma 22: 32)
Certamente é uma coisa excelente para a veracidade da divina autenticidade do Livro de Mórmon que as ruínas de Zaraenla tenham sido encontradas onde os Nefitas as deixaram, e que uma grande pedra com gravações sobre ela, como Mosias disse; e uma “grande pedra arredondada, com os lados esculpidos em hieroglifos” conforme publicou o Sr. Stephens, esteja também entre as lembranças deixadas pelo perdido e desconhecido povo. Não estamos declarando positivamente que as ruínas de Quirigua são da antiga cidade de Zaraenla, mas quando a terra, as pedras e os livros contarem a história claramente, somos da opinião de que serão necessárias mais provas do que os judeus podem apresentar para provar que os discípulos roubaram o corpo de Jesus da tumba, do que para provar que as ruínas da cidade em questão não são aquelas referidas no Livro de Mórmon.
O mesmo artigo declarou que “Não será um mau plano comparar as cidades arruinadas do Sr. Stephens com as do Livro de Mórmon”.[3] Desde que a cidade de Zaraenla esteja situada no local que os Nefitas chamavam de “a terra do sul” (Alma 22:32; Helamã 5:16; Mórmon 1:6; Éter 9:31) e a região mesoamericana descrita no Times and Seasons fica ao norte do Istmo do Panamá, parece que o autor está sugerindo que a terra dos Nefitas e Lamanitas ficava na Mesoamérica. Até mesmo o Apóstolo Orson Pratt, que geralmente mantinha uma visão das terras do Livro de Mórmon em termos de um largo continente, escreveu que os Nefitas “habitavam as cidades de Yucatan no tempo em eles foram atacados e expulsos da terra do sul”.[4] Já que a península de Yucatan fica ao sul do México, isto implica que o Istmo de Tehuantepec seja a estreita faixa de terra.
Em 1891, o Elder George Reynolds do Primeiro quorum dos Setentas escreveu que “a terra onde os Jareditas fizeram seu primeiro povoamento ficava ao norte da terra chamada de Desolação pelos Nefitas, e conseqüentemente em alguma parte da região que nós conhecemos como América Central. Parece ter sido por um longo período, se não durou por toda sua existência, a residência do governante e do monarca reinante, e o centro da civilização Jaredita”.[5]
Já em 1917, Louis Edward Hills, da Igreja Reorganizada, propôs a localização do Monte Cumôra no sul do México, ao norte do Istmo de Tehuantepec.[6] As propostas da Mesoamérica como cenário para os acontecimentos narrados no Livro de Mórmon já eram conhecidas entre os Santos dos Últimos Dias durante a primeira parte do Século XX é já era evidenciada pelo fato de que Anthony W. Ivins, da Primeira Presidência, em seu discurso na conferência geral de Abril de 1928, haver mencionando “algumas opiniões diferentes” com respeito às últimas batalhas dos Jareditas e Nefitas terem acontecido ao redor do monte de Nova York, que a Igreja recentemente havia comprado.[7]Uma década mais tarde, Joseph Fielding Smith discursou sobre a questão do Istmo de Tehuantepec como sendo a “estreita faixa de terra” e argüiu contra esta opinião.[8] Ele pode ter sido levado a replicar contra um artigo de Julho de 1938 do Improvement Era que sugeria Tehuantepec como sendo a “estreita faixa de terra”. [9]
Um dos primeiros proponentes da Mesoamérica como cenário para o Livro de Mórmon foi B. H. Roberts do Primeiro Quorum dos Setentas que escreveu em 1909 que “a descrição física relativa ao contorno das terras ocupadas pelos Jareditas e Nefitas refere-se principalmente àqueles dois grandes corpos de terra que foram unidos por uma estreita faixa de terra – que podem ser encontrados entre o México e Yucatan, com o Istmo de Tehuantepec entre eles”[10] Continuando sua discussão a respeito da geografia do Livro de Mórmon, o Elder Roberts escreveu:
“Deixem-me dizer uma palavra sobre as novas descobertas relalcionadas ao nosso conhecimento do Livro de Mórmon, e por sua importância com respeito a todos os assuntos relativos ao trabalho do Senhor na terra. Nós não precisamos empreender nossas pesquisas em espírito de temor e tremor. Nós apenas desejamos confirmar a verdade; nada mais que a verdade perdura; e a averiguação e proclamação da verdade em dado caso ou sobre qualquer assunto não causarão dano ao trabalho do Senhor, que é a própria verdade. Nem precisamos ficar surpresos se agora ou depois descobrirmos que nossos predecessores, muitos dos quais tinham nomes honrados e merecem nosso respeito e gratidão pelo que fizeram para tornar clara a verdade, conforme eles a compreendiam – não precisamos ficar surpresos se algumas vezes os descobrirmos enganados em suas concepções e deduções; da mesma forma que gerações que tiverem maior sucesso do que nós em desvendar de uma maneira maior e melhor algumas das verdades do evangelho ainda não estudadas, descobrirão que nós tínhamos algumas concepções erradas e fazíamos algumas deduções errôneas em nossos dias e tempos.
O livro do conhecimento nunca é um livro selado. Ele nunca está “completo e fechado para sempre”, antes, é um livro eternamente aberto, no qual a pessoa pode seguir constantemente descobrindo novas verdades e modificando seu conhecimento antigo. A geração que nos precedeu não esgotou, devido seu conhecimento, toda a verdade, de modo a não terem deixado para nós sem que tenha sido descoberto; não, nem mesmo com respeito ao Livro de Mórmon; assim como nós não exaurimos todas as descobertas com relação a este livro e não deixamos nada para que as gerações que nos seguirão desenvolverem. Tudo o que pode ser apresentado, especialmente aos membros da Igreja, é que eles podem ficar preparados para encontrar e receber novas verdades no próprio Livro de Mórmon e a respeito dele; e que podem também se regozijar no fato de que o conhecimento da verdade não é exaurível, e sempre está em desenvolvimento.[11]
O pesquisador SUD Janne M. Sjodahl, que morreu em 1939, considerou a região da América Central até o México, como a localização dos eventos descritos no Livro de Mórmon. Ao saber da opinião do filho de Brigham Myoung, John Willard Young, um apóstolo que serviu na Primeira Presidência, Sjodahl escreveu que “Leí e sua colônia, de acordo com o Coronel Young, deixou o Golfo da Pérsia e cruzou os Oceanos Índico e Pacífico e desembarcou nas praias de San Salvador, na América Central. A terra de Néfi fica mais acima que o vale do Rio Humuya, em 0nduras. A terra de Zaraenla está no lado oeste do Rio Ulua, em Honduras. A terra do sul fica em Honduras, San Salvador e Nicarágua. A terra do norte fica na Guatemala, Honduras Britânicas e Chiapas”.[12]
Mais tarde Sjodahl observou “que os Nefitas se estabeleceram no platô Mexicano é certo, ou pelo menos razoável, pois por meio de uma aliança receberam a terra ao norte da “estreita passagem” (em Tehuantepec?) ‘que conduzia terra do sul’. (Mórmon 2:29)”[13] Ele escreveu que a terra de Abundância fica em Chiapas.[14] Tehuantepec é a estreita passagem de um dia e meio de marcha e acredita-se que ela fosse ainda mais estreita em tempos antigos em quarenta ou cinqüenta milhas. Apesar da pequena e gradual elevação de porções da costa desse distrito, acredita-se que o mapa possui o mesmo contorno geral como nos dias dos Nefitas. A terra de Desolação fica ao norte do Istmo de Tehuantepec e inclui toda a parte norte do México e o oeste da elevada divisa”.[15]
“É possível que o Istmo de Tehuantepec seja o ponto onde foi traçada a linha fronteiriça entre a terra de Desolação e Abundância. Esse istmo, desde a baía de Campeche até Tehuantepec, tem apenas 125 milhas de largura. Essa distância pode ser percorrida facilmente por viajantes no tempo mencionado” em Alma 22:32.[16] Sjodahl definiu a “estreita passagem que levava à terra do norte, perto do mar” (Alma 50:34) como “uma cadeia de montanhas, elevando-se a 730 pés, curvada num semi-círculo ao redor da baía de Tehuantepec, em lugares próximos da costa a 15 ou 20 milhas”.[17]
Durante os anos de 1930 a 1940, Jesse A. e J. Nile Washburn defenderam a visão Mesoamericana da geografia do Livro de Mórmon. Em 1937 eles escreveram que “é concebível, portanto, que o Monte Cumôra, em Nova York, tenha recebido seu nome em homenagem a outro Comora, provavelmente situado na América Central, a possível terra dos povos do Livro de Mórmon, mas esta questão de nenhum modo afeta a divindade deste registro”.[18] Em 1939 eles argUiram que “a estreita passagem de terra fica mais ao norte” que o Istmo do Panamá”, e observaram que “uma das principais autoridades na Igreja [Roberts?] disse que ela fica no Istmo de Tehuantepec, e muitos estudiosos concordam com isto... Enquanto esperam por algo melhor, os escritores aceitam temporariamente a opinião de que o Istmo de Tehuantepec seja a passagem estreita,... Entretanto, a rejeição do Istmo do Panamá não está baseada inteiramente numa simples suposição. Há boas razões para acreditar pela informação do próprio texto, que ele pode não ter sido o mencionado local”.[19]
Os Washburns prepararam um mapa das Américas com um círculo ao redor da região sul do México e da América Central como sendo “as prováveis terras dos povos do Livro de Mórmon” e mostraram indicações que conduzem tanto para a América do Norte quanto do Sul, bem como o Pacífico como a direção das subseqUentes migrações.[20] Sua lista de sugestões a respeito dos povos do Livro de Mórmon e sua geografia incluem comentários como: “a língua desse registro pode algumas vezes ser mal traduzida ou mal entendida por nós sob a luz da nossa experiência e da nossa moderna civilização, particularmente no que concerne à área das terras e o número da população”.(Nº 5) “Parece não haver evidências no registro que justifiquem a crença universal entre nosso povo de que os Jareditas e os Nefitas levaram toda a sua civilização além de quatro mil milhas de suas primeiras casas a nordeste dos Estados Unidos. Parece que o local onde eles viveram foi também onde morreram”. (Nº 7) “Os autores sentem que a maior contribuição do seu trabalho seja a alegação de que as terras e os antigos povos das Américas viveram em local de limitadas extensões. Não deveríamos pensar em termos de centenas de milhas em vez de milhares, e milhões de pessoas em vez de centenas de milhões?” (Nº 8).[21]
Os Washburns também citam Mórmon 8:4-5 e perguntam como poderia Morôni não ter tido acesso ao minério quando seus ancestrais o tinham encontrado abundantemente em suas primeiras terras (2 Néfi 5:15). Eles concluem que ele tenha viajado de sua terra natal até a região do Estado de Nova York, e que tenha sido um ser ressurreto quando enterrou as placas no monte de Nova York. Eles então acrescentam: “Podemos ou não podemos dizer por enquanto que o nosso sagrado Monte Cumôra, em Nova York, tenha recebido seu nome como homenagem a algum outro local manchado de sangue, e não menos provável como sendo a terra natal dos Jareditas e Nefitas? Pelo menos no curso atual do pensamento de hoje em dia”.[22]
Em 1968, J. N. Washburn escreveu: “Praticamente todos os antigos mapas mostram o hemisfério ocidental como a terra natal dos povos do Livro de Mórmon, alguns deles designando a América do Sul como a terra de Leí e a América do Norte como a terra de Muleque. Eu me lembro que o autor de um livro declarou que a terra do Livro de Mórmon se estende desde a Baia Hudson até a Tierra del Fuego’ e do Atlântico até o Pacífico. A maioria dos recentes comentaristas falam e escrevem a respeito da América Central e o sul do México como o território com o qual povos do Livro de Mórmon estavam familiarizados”.[23].
Em 1946, M. Wells Jakeman passou a lecionar na Universidade Brigham Young e encontrou o Departamento de Arqueologia (atualmente Antropologia), apoiado pelo Elder John A. Widtsoe, do Conselho dos Doze Apóstolos. Jakeman confirmou a ambientação Mesoamericana para a geografia do Livro de Mórmon e ensinou-a abertamente até sua aposentadoria em 1976, influenciando grande número de estudantes da BYU, e tornou aceitável a consideração da hipótese Mesoamericana. Entre os arqueólogos SUDs que se beneficiaram desta sua visão estão Ross T. Christensen e John L. Sorenson, os quais mais tarde se tornaram secretários do mesmo departamento da BYU, bem como V. Garth Norman, Gareth W. Lowe, e Bruce W. Warren, os quais lecionaram nesse departamento.
O Elder Widtsoe, admitindo que Joseph Smith “não disse onde, no continente Americano ocorreram as atividades descritas no Livro de Mórmon”, ensinou conforme a hipótese Mesoamericana.[24]
Em Abril de 1949, Jakeman, Warren e outros pesquisadores organizaram a University Archaeology Society-UAS (Sociedade Universitária de Arqueologia) a fim de conseguir patrocínio para a comunidade SUD no que se refere aos assuntos relacionados à arqueologia e geografia do Livro de Mórmon. O nome dessa sociedade foi mudado em 1962 para Society for Early Historic Archaeology–SEHA (Sociedade Para a Antiga Arqueologia Histórica) http://www.shields-research.org/General/SEHA/SEHA.htm. A visão oficial dessa sociedade era que os eventos descritos no Livro de Mórmon aconteceram somente na Mesoamérica. Esta mesma visão é preservada pela Ancient America Foundation-AAF (Fundação América Antiga), que sucedeu à SEHA no final dos anos 80. www.ancientamerica.org
Alguns dos SUDs proeminentes que apoiaram a hipótese Mesoamericana da geografia limitada do Livro de Mórmon durante os anos 50 e 60 foram o apóstolo Howard W. Hunter (que mais tarde se tornou Presidente da Igreja)[25], o Elder Milton R. Hunter do Primeiro Quorum dos Setentas [26], Siney B. Sperry, renomado professor de religião da BYU[27] e membro da comissão diretora da SEHA, Paul R. Cheesman[28] e Thomas Stuart Ferguson, fundador da New World Archaeology Foundation (Fundação de Arqueologia Novo Mundo).[29]
Em 1959, Fletcher B. Hammond, membro da SEHA, escreveu um livro intitulado Geography of the Book of Mormon (Geografia do Livro de Mórmon), no qual optou pela hipótese Mesoamericana para as terras Nefita e Lamanita, considerando o rio Sidon localizado completamente no Golfo do México. Ele observou que aceitar o monte de Nova York como a localização onde Mórmon escondeu as placas[30] “divide e confunde todo o conceito da geografia do Livro de Mórmon... Todos os locais e países registrados podem consistentemente ser reunidos num mapa que pode cobrir alguns dos países atualmente conhecidos como México e outros da América Central. Isto não poderia ser feito se o monte Cumôra fosse colocado num mapa das vizinhanças do que atualmente é conhecido como Palmyra, Nova York”.[31]
Durante os anos 60 e 70, a SEHA publicou uma quantidade de artigos reforçando a idéia de que os povos do Livro de Mórmon viveram na Mesoamérica.[32] Em 1981, David A. Palmer, um correspondente da SEHA escreveu um livro intitulado In Search of Cumorah, (Em Busca de Cumôra) no qual deu evidências do registro Nefita, de que os locais nele mencionados podem ser encontrados na Mesoamérica. Ele deu a localização do Monte Cumôra na mesma área sugerida por outros autores.[33]
Em 1984 o conceito de uma geografia limitada para os povos do Livro de Mórmon foi suficientemente difundido pela Ensign, uma das revistas da Igreja, que publicou dois artigos de John L. Sorenson com respeito a esse assunto,[34] extraido do manuscrito que foi conjuntamente publicado no ano seguinte pela editora da Igreja Deseret Book Company e pela Foundation for Ancient Research and Mormon Studies (Fundação Para Pesquisa e Estudos Mórmons)[35] Uma vez que a publicação desses assuntos não recebem o status de doutrina, (exceto no caso das declarações oficiais da Primeira Presidência, algumas vezes em conjunção com os Doze Apóstolos) é interessante que sua publicação tenha sido permitida. Também é interessante que a hipótese Mesoamericana para a geografia limitada do Livro de Mórmon seja mencionada na Encyclopedia of Mormonism (Enciclopédia do Mormonismo) sob o título Book of Mormon Studies (Estudos do Livro de Mórmon) e que tenha sido o tema de vários outros livros, alguns dos quais foram escritos por arqueólogos.[36]
Numa mensagem aos patrocinadores da FARMS http://www.farmsresearch.com em 29 de Outubro de 1993, o Elder Dallin H. Oaks, do Conselho dos Doze Apóstolos, notou que sua aceitação da hipótese Mesoamericana “remonta a mais de 40 anos, quando da primeira aula que teve sobre o Livro de Mórmon na Universidade Brigham Young... “Aqui eu fui apresentado à idéia de que o Livro de Mórmon não é a história de todo o povo que viveu no continente Norte e Sul da America em todas as eras da terra. Até aquele tempo foi aceito que era... se o Livro de Mórmon pretende ser apenas um registro de uns poucos povos que habitaram uma porção das Américas durante uns poucos milênios no passado, a carga do argumento muda drasticamente.[37]
Alguém pode objetar a idéia de que o Istmo de Tehuantepec possa ser a “estreita faixa de terra” do Livro de Mórmon sob o fundamento de que ele não é estreito o suficiente. Na Conferência Geral da Igreja em Abril de 1851, a Primeira Presidência emitiu sua "Quinta Epístola Geral", na qual propuseram uma nova rota para os emigrantes da Europa, atravessando o Istmo de Tehuantepec ou o Istmo do Panamá, então navegando a costa do México até San Diego, Califórnia, antes de desembarcar em Deseret [Utah].[38] É interessante que consideração semelhante ao trazer os Santos do Atlântico para a costa das praias do Pacífico foi dada ao Istmo do Panamá e ao Istmo de Tehuantepec.[39]
Para finalizar, devemos retornar à questão de Cumôra. Muitos leitores do Livro de Mórmon aceitam automaticamente que o monte de Palmyra, Nova York, deva ser o mesmo monte chamado Cumôra no Livro de Mórmon, já que Mórmon escondeu as placas no monte com este nome e que Morôni revelou o local das placas a Joseph Smith uns 14 séculos mais tarde. Não há nenhuma lógica atrás dessa alegação. Mórmon escreveu:
“E aconteceu que após termos reunido todo nosso povo em um só grupo na terra de Cumôra, eis que eu, Mórmon, comecei a envelhecer; e sabendo que esta seria a última luta de meu povo e tendo recebido ordem do Senhor de não permitir que os registros sagrados, que haviam sido sucessivamente transmitidos por nossos pais, viessem a cair nas mãos dos lamanitas (porque os destruiriam), fiz este relato, extraído das placas de Néfi; e ocultei no monte Cumôra todos os registros que me tinham sido confiados pela mão do Senhor, excetuando-se estas poucas placas que dei a meu filho Morôni”. (Mórmon 6:6)
Com isto fica claro que Mórmon escondeu em Cumôra “todos os registros” [Nefitas] exceto o resumo que deu a seu filho Morôni. Enquanto acrescentava seu próprio trabalho e testemunho a este resumo, Morôni freqüentemente falava de sua intenção de esconder as placas, mas nunca mencionou o nome do lugar onde as escondeu. Depois da última e grande luta entre Nefitas e Lamanitas no monte Cumôra, que aconteceu aproximadamente em 385 A.D. (Mórmon 6:5), Morôni estava fugindo dos Lamanitas e suas últimas palavras nos registros observaram que o 420º ano havia passado (Morôni 10:1). Ele teve tempo mais que o suficiente (35 anos) para viajar do sul do México até o norte do Estado de Nova York, onde depositou as placas e mais tarde revelar sua localização ao profeta Joseph Smith.
A teoria da geografia limitada significa que não há descendentes dos povos do Livro de Mórmon em outras partes do Novo Mundo. Nos tempos pós-Livro de Mórmon, outros Nefitas e Lamanitas provavelmente se espalharam a várias partes das Américas. Há fortes evidências arqueológicas de que alguns povos da Mesoamérica migraram para porções a sudoeste de Ohio e dos vales do rio Mississipi, bem como a partes da América do Sul. Os Chachapoya da América do sul eram de pele branca, como era a família real Inca, que tradicionalmente acreditava-se terem vindo do norte, quase mil anos depois dos tempos do Livro de Mórmon. A tradição asteca sugere que seus ancestrais migraram do sul para o Vale do México (novamente, bem depois da narrativa do Livro de Mórmon) e, além disso, sua linguagem, o Nahuatl, é relacionada a línguas como Paiute, Goshute, e Shoshone, encontradas na parte sudoeste dos Estados Unidos.
REFERÊNCIAS:
[1] Sou grato a Matt Roper por algumas das referências citadas aqui.
[2] Times and Seasons 3/22 (15/Setembro/1842), 914-5. Enquanto Joseph Smith havia recentemente declarado sua intenção de exercer o controle editorial sobre a publicação, John Taylor foi o editor.
[3] Times and Seasons 3/24 (1 October 1842), 927.
[4] Milennial Star 10 (15 November 1848): 347.
[5] George Reynolds, A Dictionary of the Book of Mormon: Comprising its Biographical, Geographical and Other Proper Names (Salt Lake City: J. H. Parry, 1891), 184; também citado por George Reynolds e Janne M. Sjodahl (Philip C. Reynolds, ed.), Commentary on the Book of Mormon (postumamente publicado das notas, Salt Lake City: Deseret, 1955-61), 6:126-7.
[6] Veja o mapa e a bibliografia da publicação de Mills em John L. Sorenson, The Geography of Biook of Mormon Events: A Source Book (Provo: FARMS Study Aid, 1992), 87-9. Sorenson menciona uma quantidade de poucos conhecidos estudos (alguns não publicados) sobre a geografia do Livro de Mórmon, alguns dos quais seguem o modelo Mesoamericano. Destes, poucos foram de membros da Igreja Reorganizada.
[7] Improvement Era 31 (1928), 674-81. Em seu próprio discurso na mesma Conferência, o Elder B. H. Roberts expressou sua gratidão pelas observações do Presidente Ivins a respeito de Cumôra e que seus comentários fossem preservados no relatório oficial da conferência. (Conference Report, April 1928, 107).
[8] Church News, 10 September 1938. See also Joseph Fielding Smith, Doctrines of Salvation (Salt Lake City: Bookcraft, 1954), 3:232-43.
[9] Lynn C. and H. J. Layton, “An ‘Ideal’ Book of Mormon Geography,” Improvement Era 41 (July 1938), 394-5, 439.
[10] Brigham Henry Roberts, New Witnesses for God (Salt Lake City: Deseret News, 1909), 3:502; veja também 2:168, onde ele cita Orson Pratt e George Reynolds. Roberts denunciou a “alegada ‘revelação’ atribuída a Joseph Smith e publicada por Franklin D. Richards e James A. Little, A Compendium of the Doctrines of the Gospel (Salt Lake City: Deseret News, 1882), 289. O pequeno artigo registra num manuscrito de Frederick G. Williams, que o grupo de Leí “desembarcou no continente da América do Sul, no Chile, a 30 graus de latitude sul. A maioria dos pesquisadores sérios do Livro de Mórmon não acreditam que Joseph Smith tenha autorizado esse texto. Veja Frederick G. Williams III, “Did Lehi Land in Chile?” (Leí Desembarcou No Chile?) de John W. Welch, ed., Reexploring the Book of Mormon (Salt Lake City: Deseret and FARMS, 1992), 57-61
[11] Brigham Henry Roberts, New Witnesses for God, 3:503-4.
[12] Janne M. Sjodahl, An Introduction to the Study of the Book of Mormon (Salt Lake City: Deseret News Press, 1927), 414. Na página 165, Sjodahl sugere que Jacó possa ter aludido a América do Sul quando falou da “ilha do mar” e que a América Central possa ter sido “uma das outras ilhas” Isto contradiz sua principal tese, encontrada em outra parte do livro.
[13] Ibid., 368; também cidado por George Reynolds e Janne M. Sjodahl (Philip C. Reynolds, ed.), Commentary on the Book of Mormon, 4:328.
[14] Em outro lugar Sjodahl escreveu que “a terra de Abundância era a América Central, entre o Ístmo de Darien e Tehuantepec, como o artigo do Times and Seasons parece implicar”. Janne M. Sjodahl, An Introduction to the Study of the Book of Mormon, 424.
[15] Ibid., 417. Sjodahl incluiu sugestões de locais específicos para algumas cidades mencionadas no Livro de Mórmon baseado em pesquisas não publicadas de Charles Stuart Bagley, mas há evidências de muito desacordo em tais detalhes.
[16] Ibid., 425; see also ibid., 426.
[17] Janne M. Sjodahl, An Introduction to the Study of the Book of Mormon, 426.
[18] Jesse A. and J. Nile Washburn, From Babel to Cumorah (3rd ed., Salt Lake City: Deseret, 1944), 257. A primeira edição, de autoria de Jesse A. Washburn, foi pubicado em 1937.
[19] Jesse A. e J. Nile Washburn, An Approach to the Study of Book of Mormon Geography (Provo: New Era Publishing, 1939), 198.
[21] The list is found in ibid., 205-6.
[22] Ibid., 209; emphasis added.
[23] J. Nile Washburn, Book of Mormon Guidebook and Certain Problems in the Book of Mormon (privately issued, 1968), 117; grifo nosso. Veja também seu Book of Mormon Lands and Times (Bountiful: Horizon, 1974).
[24] John A. Widtsoe, “Is Book of Mormon Geography Known?” Improvement Era 53/7 (July 1950), 547, 596-7.
[25] Uma das designações do Elder Howard W. Hunter foi supervisionar os trabalhos da New World Archaeology Foundation – NWAF (Fundação de Arqueologia Novo Mundo) da BYU, que realiza escavações arqueológicas na Mesoamérica. Esta organização foi fundada por Thomas Stuart Ferguson e outros, e mais tarde se tornou associada à BYU.
[26] Milton R. Hunter e Thomas Stuart Ferguson, Ancient America and the Book of Mormon (Oakland, CA: Kolob, 1950). Veja seu mapa na página 138 e veja a página 139, onde se coloca o monte Cumora na região sul do México.
[27] Sidney B. Sperry, Were There Two Cumorahs? no seu Book of Mormon Compendium (Salt Lake City: Bookcraft, 1968), 447-51. A versão de 1964 foi publicada no Journal of Book of Mormon Studies 4/1 (Spring 1995), 260-8.
[28] Veja especialmente seu livro The World of the Book of Mormon (Salt Lake City: Deseret, 1978).
[29] Thomas Stuart Ferguson, Cumorah—Where? (Independence, MO: Zion’s, 1947). Stan Larson usou a falta de fé de Ferguson como veículo para sua prórpia visão do Livro de Mórmon, mas Larry, filho de Ferguson me disse que a desilusão de seu pai durou quase três anos, depois que ele reafirmou sua crença no Livro de Mórmon e morreu em total fé na Igreja, inclusive possuindo uma recomendação para o templo.
[30] Mórmon escreveu: “fiz este relato, extraído das placas de Néfi; e ocultei no monte Cumôra todos os registros que me tinham sido confiados pela mão do Senhor ,excetuando-se estas poucas placas que dei a meu filho Morôni” (Mórmon 6:6). Trinta e cinco anos depois da batalha no monte Cumôra, Morôni enterrou o resumo das placas num local cujo nome não é mencionado, provavelmente o monte de Nova York para o qual destinou Joseph Smith. Muitas evidências têm sido produzidas para a localização do verdadeiro monte Cumôra no sul do México, que não está muito longe da “estreita faixa de terra”.
[31] Fletcher B. Hammond, Geography of the Book of Mormon (Salt Lake City: Utah Printing, 1959), 72. Veja também ibid., 89-90, 119. Hammond reiterou sua visão nesse documento publicado em 1964 no Campus Chapter da University Archaeological Society at Brigham Young University, publicado pela sociedade como uma monografia, Geography of the Book of Mormon: “Where is the Hill Cumorah?”
[32] Eu não freqüentei a BYU mas fui apresentado ao conceito limitado de Tehuantepec em 1961 numa reunião da SEHA em Salt Lake. Um colega que viveu em Chicago observou que ele aprendeu isso numa aula do sacerdócio em 1977, quando estava na missão.
[33] David A. Palmer, In Search of Cumorah: New Evidences for the Book of Mormon from Ancient Mexico (Bountiful, Utah: Horizon, 1981).
[34] John L. Sorenson, “Digging into the Book of Mormon: Our Changing Understanding of Ancient America and Its Scripture,” 2 parts, Ensign 14/9 (September 1984) and 14/10 (October 1984).
[35] John L. Sorenson, An Ancient American Setting for the Book of Mormon (Salt Lake City: Deseret and FARMS, 1985). Uma edição reimpressa foi subseqüentemente circulou pela FARMS. Outros livros de John Sorenson que discutem a teoria limitada de Tehuantepec da geografia do Livro de Mórmon são: The Geography of Book of Mormon Events: A Source Book (Provo: FARMS, 1997); Images of Ancient America : Visualizing Book of Mormon Life (Provo: FARMS, 1997). Outros livros recentes são: Joseph L. Allen, Exploring the Lands of the Book of Mormon. (Orem, Utah: S.A. Publishers, 1989); Richard Hauck, Deciphering the Geography of the Book of Mormon: Settlements and Routes in Ancient America (Salt Lake City: Deseret, 1988); David A. Palmer, In Search of Cumorah: New Evidences for the Book of Mormon from Ancient Mexico (Bountiful, Utah: Horizon, 1981); Michael J. Preece, Book of Mormon Lands: A Proposed Setting (Salt Lake City, Utah : MJP Publishing, 1990); B. Keith Christensen, The Unknown Witness: Jerusalem, Geology, and the Origin of the Book of Mormon (privately issued, 1992); Robert A. Pate, Mapping the Book of Mormon: A Comprehensive Geography of Nephite America (Salt Lake City: Cornerstone, 2002).
[36] Veja John L. Sorenson, The Geography of Book of Mormon Events: A Source Book (Provo: FARMS, 1997); Sorenson, Images of Ancient America : Visualizing Book of Mormon Life (Provo: FARMS, 1997). Outros livros recentes são: Joseph L. Allen, Exploring the Lands of the Book of Mormon. (Orem, Utah: S.A. Publishers, 1989); F. Richard Hauck, Deciphering the Geography of the Book of Mormon (Salt Lake City: Deseret, 1988)); Michael J. Preece, Book of Mormon Lands: A Proposed Setting (Salt Lake City, Utah : MJP Publishing, 1990); Robert A. Pate, Mapping the Book of Mormon: A Comprehensive Geography of Nephite America (Salt Lake City: Cornerstone, 2002); Stanford Robison, The Maya Legacy: A Sequel to the Book of Mormon Story (Las Vegas: privately published, 1977). Numa gravação em videotape, Hugh Nibley diz, “O Livro de Mórmon é uma louca colcha de retalhos de mistura étnica, e temos sido tão simplistas a respeito desse assunto. Quando eu era um garotinho tudo o que se encontrava era Nefita ou Lamanita. Bem, isto não é tudo, de acordo com o Livro de Mórmon. Ele fala de terras desabitadas e povos que haviam estado lá, de vastas áreas devastadas de sua vegetação por antigos habitantes da terra. Também não foram os Jareditas, pois estes estiveram nas terras mais ao sul”. See Hugh Nibley, Teachings of the Book of Mormon, Semester 3 transcripts (Provo: FARMS, n.d.), 27.
[37] Dallin H. Oaks, “The Historicity of the Book of Mormon.” de Paul Y. Hoskisson, ed., Historicity and the Latter-day Saint Scriptures (Provo: Brigham Young University religious Studies Center, 2001), 238-239.
[38] “É sábio para os Santos ingleses cessarem sua emigração pela rota usual através dos Estados Unidos, e subam o rio Missouri, e permaneçam onde ainda ouvirão de nós novamente, enquanto é nosso desígnio abrir um caminho através do interior do continente, pelo Panamá, Tehuantepec, ou alguma das rotas pelo interior, e desembarquem em San Diego, e assim economizem trezentas milhas de navegação através do clima e do país mais seco. A Presidência em Liverpool abrirá toda correspondência desejável em relação às várias rotas, e rates, e comodidades, de Liverpool a San Diego, e façam um relatório, para que se possível os preparativos necessários possam ser feitos na próxima emigração no outono” Esta carta foi publicada no Deseret News 1/30 (8 Abril 1851), e depois reimpressam no Frontier Guardian 3/9 (30 May 1851) e Millennial Star 13:201-216 (15 July 1851). Mais recentemente, ela foi publicada por James R. Clark, Messages of the First Presidency (Salt Lake City: Bookcraft, 1965), 2:70-71. See also B. H. Roberts, Comprehensive History of the Church, 3:349.
[39] Para evidências de que o Istmo de Tehuantepec se encaixa na descrição do Livro de Mórmon sobre a “estreita faixa de terra” veja Matthew Roper, Travel Across the ‘Narrow Neck of Land, Insights 20/5 (2000).
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