Missão

Nossa missão é divulgar artigos de pesquisas científicas a respeito da arqueologia, antropologia, geografia, sociologia, cronologia, história, linguística, genética e outras ciências relacionadas à cultura de “O Livro de Mórmon - Outro Testamento de Jesus Cristo”.

O Livro de Mórmon conta a verdadeira história dos descendentes do povo de Leí, profeta da casa de Manassés que saiu de Jerusalém no ano 600 a.C. (pouco antes do Cativeiro Babilônico) e viajou durante 8 anos pelo deserto da Arábia às margens do Mar Vermelho, até chegar na América (após 2 anos de navegação).

O desembarque provavelmente aconteceu na Mesoamérica (região que inclui o sul do México, a Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Nicarágua e parte de Costa Rica), mais precisamente na região vizinha à cidade de Izapa, no sul do México.

Esta é a região onde, presumem os estudiosos, tenha sido o local do assentamento da primeira povoação desses colonizadores hebreus.

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23 janeiro 2013

HISTÓRIA - Jerusalém no Tempo de Leí e Jeremias


Keith H. Meservy , Ensign, Jan. 1988, 23
A Fuga dos Prisioneiros, 1896-1902, James Tissot

Tradutor: Elson Ferreira – Curitiba/Brasil – 2007 – elsonferreira@gmail.com

Leí e sua família fugiram de uma cidade consignada à destruição. Com o que Jerusalém se parecia? Jeremias pintou o vívido panorama de uma terra cheia de iniquidade.

Leí abandonou a condenada Jerusalém no primeiro ano do reinado de Zedequias, que durou onze anos. Naquele único ano de adversidade houve três reis que governaram a terra de Judá.

Primeiro foi  Jeoiaquim, o qual morreu pouco depois de ter se revoltado contra Nabucodonozor, rei de Babilônia. Depois foi seu filho Jehoiachin, o qual reinou por três meses antes de Nabucodonozor chegar e acabar com a rebelião que Jeoiaquim havia começado. A pronta submissão de Jehoiachim a Nabucodonozor salvou a cidade, mas a tolice de seu pai causou a ele, bem como à sua rainha, filhos, oficiais, artesão e milhares de cidadãos – inclusive Ezequiel e Daniel – serem levados em cativeiro para Babilônia (ver Jeremias 29:2). O ultimo dos três reis foi Zedequias, que assegurou seu trono com um juramento de aliança a Nabucodonozor.

Quando Nabucodonozor desapareceu, indo para o norte e levando consigo milhares de judeus cativos, aqueles que permaneceram estavam ansiosos por serem livrados desta tensão. Em vez disso, profetas de Deus predisseram que Jerusalém, salva tão recentemente, estava prestes a ser destruída sem que seus moradores se arrependessem. A recente deportação de milhares de cidadãos não deu fim a essa ameaça, simplesmente forneceu uma amostra do terror e tristeza que estavam por vir.

Enquanto profetas verdadeiros anunciavam guerras e desolação, os cidadãos se recusavam a levar a sério, a eles e às suas advertências. Pacificados por falsos profetas que, em côro, falavam em paz, o povo se sentia tão seguro que nove anos depois pressionaram Zedequias a quebrar seu juramento de aliança com Nabucodonozor. Com este ato a contagem regressiva para a destruição da cidade começou.

Um pesado cerco de um ano e meio precedeu a queda final de  Jerusalém. Como Jeremias havia predito, milhares de cidadãos morreram de fome, pelo fogo e pela espada. Jerusalém e o magnífico templo de Salomão foram transformados em escombros e cinzas. Zedequias, o orgulhoso monarca, viu seus filhos serem mortos antes de ter seus olhos vazados. Ao contrário das promessas feitas pelos falsos profetas, dezenas de milhares dos cidadãos de Jerusalém se tornaram escravos de Babilônia. Os poucos sobreviventes finalmente fugiram para o Egito em busca de segurança. (ver Jer. 39: 1–2, 6–9; 43: 5–7; 52: 6, 13) Se não notou, todas as referências subseqüentes estão no Livro de Jeremias).

O que, exatamente, levou à destruição de Jerusalém? Jeremias nos diz que seus habitantes haviam se tornado tão sensuais e materialistas que haviam perdido todo o senso divino de valores: “Eles são sábios para fazerem o mal, mas para fazer o bem eles não têm conhecimento”. ( Jer. 4: 22)

“Todos eles são adúlteros”, disse Jeremias a respeito da maioria dos daquela geração. (Jer. 9: 2) Eles “se ajuntam em bandos nas casas das meretrizes”. Como garanhões bem alimentados, “cada um relincha à esposa do seu vizinho”. (Jer. 5: 7–8)

Aquele que se deleita “na castidade das mulheres”, para quem a libertinagem é uma abominação (Jacó 2: 28), viu como a iniquidade de maridos adúlteros causou angústia às esposas cujo amor e confiança haviam sido despedaçados. Ele viu “a dor e (ouviu) o lamento das filhas de (seu) povo na terra de Jerusalém”. (Jacó 2: 31) Consequentemente, o Senhor tirou o grupo de Leí “da terra de Jerusalém… a fim de suscitar… um ramo justo dos frutos dos lombos de José”. (Jacó 2: 25)

A preocupação do povo com a sensualidade era combinada com sua cobiça e desonestidade. Jeremias lamentou: “Porque desde o menor deles até o maior, cada um deles é dado à cobiça; e desde o profeta até o sacerdote, cada um usa de falsidade” .(Jer. 6: 13) Jeremias referia-se aos falsos profetas simplesmente como profetas, conforme o contexto deixa claro. Ele desafiou cada um que duvidava de suas palavras nas ruas e praças de Jerusalém para ver “se há um homem que executa a justiça ou busque a verdade". ( Jer. 5: 1)

Em Jerusalém, possuir coisas se tornou o mais importante e qualquer meio para possuí-los parecia justificado. A desonestidade substituiu a integridade; a confiança desapareceu e os vizinhos se tornaram traiçoeiros. Jeremias observou:

“Eles estendem sua línguas como se fosse o seu arco para a mentira; fortalecem-se na terra, mas não para a verdade”.

Portanto ele aconselhou: “Guardai-vos cada um do seu amigo, e não confieis em nenhum irmão, pois cada irmão não faz mais do que pronunciar enganos, e todo amigo anda em calúnias”. ( Jer. 9: 2–4)

“Com a sua boca fala cada um de paz com o seu companheiro, mas no seu interior arma-lhe uma cilada”. (Jer. 9: 8)

Como cobiçosos, desonestos e adúlteros como era aquela geração, era cuidadosamente mantido seu auto respeito racionalizando o bem em mal e o mal em bem. Cuidadosamente eles chamavam e ungiam profetas que eram feitos aos seus próprios moldes. Por causa da perversa influência destes adivinhos, Jeremias disse: “Meu coração está quebrantado dentro de mim por causa dos profetas”. (Jer. 23:9)

Destes falsos e imorais testadores, o Senhor disse: “Mas nos profetas de Jerusalém eu tenho visto uma coisa horrenda: cometeram adultérios e andam com falsidades, esforçam as mãos dos malfeitores para que não se convertam da sua maldade; eles têm se tornado para mim como Sodoma e os moradores dela como Gomorra”. (Jer. 23: 14)

Quão cuidadosamente tais falsos profetas asseguraram aos cidadãos que iniquidade era felicidade! Quão bem eles os isolaram das dores da consciência! Quão profundamente convenceram-nos que vidas sensuais e materialistas eram melhores que viver com a paz do Espírito!

Apesar de clamarem terem visões, suas visões vinham de seus próprios corações. Eles prometeram àqueles que andavam Segundo suas próprias imaginações que nenhum mal viria sobre eles. Àqueles que desprezavam ao Senhor, eles brandamente prometiam: “O Senhor disse, Tereis paz”. (Jer. 23: 16–17) Eles convenceram àquela perversa geração a não se arrependerem de contradizer e ridicularizar aos verdadeiros profetas.

Ironicamente, eles poderiam ter sido uma grande influência para o bem. O Senhor disse a Jeremias: “Se estivessem no meu conselho, então fariam ouvir as minhas palavras ao meu povo, e os fariam voltar do seu mau caminho e da maldade das suas ações”. ( Jer. 23: 22)

Além disso, para pagar os profetas que diziam “sim” aos desejos dos seus próprios luxuriosos e cobiçosos corações, os cidadãos de Jerusalém também zelosamente adoravam ídolos. Em seu zelo, o povo servia a tantos deuses quantas eram suas cidades em Judá e erigiam tantos altares a Baal quantas eram as ruas de Jerusalém. (ver Jer. 11: 13) Eles “edificaram altos lugares de Tofete” nos vale de Hinom, onde queimavam “seus filhos e suas filhas no fogo” em homenagem a Baal e Molech, coisa que Deus nunca havia requerido deles nem jamais havia entrado em seu coração pedir. (Jer. 7: 31; 19: 5; 32: 35) Quando os cananitas, que eram os predecessores de Israel, haviam poluído a terra com práticas similares, a terra os havia vomitado. (Lev. 18: 21, 24–25.)

O pior de tudo era que o povo se recusava a mudar, ou até mesmo reconhecer sua própria iniquidade. Não havia introspecção nem remorso. “...ninguém há que se arrependa da sua maldade, dizendo: Que fiz eu?” (Jer. 8: 6)

“Porventura envergonham-se de cometer abominação? De maneira nenhuma se envergonham, nem tampouco sabem o que é envergonhar-se”. (Jer. 6: 15)

De fato, o povo mesmo se maravilhara, dizendo: “Por que pronuncia o Senhor sobre nós todo este mal? E qual é a nossa iniquidade e qual é o nosso pecado, que pecamos contra o Senhor nosso Deus?”(Jer. 16: 10) Lamã e Lemuel, como produtos daquela sociedade, compartilharam destes sentimentos. “E sabemos” disseram eles, “que o povo que estava na terra de Jerusalém era um povo justo...”, e convenceram a si mesmo que seu pai Leí havia julgado mal seus amigos e vizinhos. (1 Ne. 17: 22) Profetas devem sempre aparecer para julgar aqueles que perderam sua habilidade de discernir entre o bem e o mal.

Jeremias não desejava que ninguém perecesse e foi inspirado a prometer aos cidadãos de Jerusalém que Deus os salvaria, à sua cidade e seu templo da destruição – se eles se arrependerem. Mais especificamente, se eles simplesmente guardassem o dia do Sábado, Deus os pouparia. (ver Jer. 17: 19–27) As advertências de Jeremias, entretanto, não foram consideradas e falharam em deter sua implacável iniquidade.

Para um povo impenitente, profetas divinos devem ter parecido ser arautos da morte, enquanto que os falsos profetas devem ter parecido ser anjos de paz e misericórdia. Jeremias, por exemplo, escreveu aos cativos de Babilônia dizendo-lhes para que construíssem casas, plantassem jardins e casassem seus filhos para que eles aumentassem durante os longos anos de cativeiro. O falso profeta Ananias, por outro lado, prometeu, no nome do Senhor, que dentro de dois anos Deus os levaria de volta para suas casas na Palestina. (Jer. 28: 1–4; 29: 1, 4–7) Quando Jeremias clamou Guerra, espada, lança e fogo – falsos profetas pacificaram o povo pecador com “Paz, paz!”. (Jer. 6: 13–14, 22–29.)

Quando os babilônios finalmente vieram e cercaram a cidade, Jeremias novamente aconselhou os indivíduos para que pudessem sobreviver rendendo-se aos babilônios. Tal advertência enfraqueceu as mãos dos defensores e fizeram Jeremias parecer um traidor. ( Jer. 38: 2–4) Entretanto, somente Deus sabia o que estava por vir e podia dizer-lhes como sobreviver.

Nos últimos dias do cerco, Zedequias desesperadamente pediu conselheiros a Jeremias o qual lhe prometeu que ele sobreviveria e a salvação da cidade se ele se entregasse aos babilônios, senão a cidade seria destruída. Porém, Zedequias manteve secreto seu conselho por temor do seu próprio povo e as profecias de Jeremias foram cumpridas. ( Jer. 38: 17–27)

A difundida hostilidade e a rejeição às mensagens divinas fez dessa uma época difícil para um autêntico profeta. Mesmo os sacerdotes de Anatote, a terra natal de Jeremias, repetidamente tentaram tirar a vida de Jeremias dizendo: “Não profetizes em nome do Senhor para que não morras pela nossa mão”. (Jer. 11: 21) Os conspiradores envolveram até mesmo seus irmãos e a casa de seu pai. (Jer. 12: 6)

Jeremias ficou horrorizado com uma variedade de traições feitas contra eles:

“Eu era como um cordeiro manso ou um ou um boi que é levado para a matança; e eu não sabia que eles imaginavam projetos contra mim, dizendo: Destruamos a árvore com o seu fruto e cortemo-lo da terra dos viventes, e não haja mais memória do seu nome”. (Jer. 11: 19)

Em outra oportunidade, quando ele prometeu que o templo e a cidade seriam destruídos, os sacerdotes e os profetas trouxeram-no para julga-lo diante dos príncipes e acusaram-no de traição, demandando por sua morte, mas como Abinadi, ele respondeu: “Quanto a mim, eis que estou nas vossas mãos; fazei de mim conforme o que for bom e reto aos vossos olhos”. (Jer. 26: 14)

“Sabei, porém, com certeza que se me matardes trareis sangue inocente sobre vós e sobre esta cidade e sobre os seus habitantes, porque, na verdade, o Senhor me enviou a vós para dizer aos vossos ouvidos todas estas palavras”.(Jer. 26: 8–15.)

Novamente o Senhor livrou Jeremias de suas mãos, conforme havia prometido. (Jer. 1: 18–19; 26: 24) Um dos contemporâneos de Jeremias, entretanto, não foi tão afortunado. Quando Urias “profetizou contra esta cidade e contra esta terra”, o rei Jeoiaquim tentou matá-lo. Urias fugiu para o Egito para salvar-se, mas o rei extraditou-o e “o matou à espada, e lançou seu cadáver nas sepulturas dos filhos do povo”. ( Jer. 26: 20–23.)

A constante perseguição, zombaria e ridicularização às vezes se tornou quase insuportável para Jeremias. Ele perguntou a si mesmo: “Por que saí da madre para ver trabalhos e tristeza, e para que se consumam os meus dias na confusão?” (Jer. 20: 18) Por outro lado, ele foi empático para com os sofrimentos de seu povo, estavam prestes a experimentar: “Oxalá minha cabeça se tornasse em águas e os meus olhos numa de lágrimas! Então choraria de dia e de noite os mortos da filha do meu povo”. (Jer. 9: 1)
Nesse ambiente de matança de profetas, Leí corajosamente tomou seu lugar ao lafonte do dos profetas verdadeiros e profetizou a respeito do que tinha visto e ouvido, ou seja, a destruição de Jerusalém, a iniquidade e abominação do povo, a vinda do Messias e a redenção do mundo.

“Quando os judeus ouviram estas coisas, ficaram irados com ele;… e procuraram também tirar-lhe a vida.” (1 Ne. 1: 18–20 .)

Se não tivéssemos o Antigo Testamento que nos conta sua experiência, nossa reação à sua mensagem poderia parecer melodramática, mas conhecendo o contexto podemos entender mais a respeito da coragem e desejos retos do grande profeta Leí de permanecer ao lado de outros profetas verdadeiros.

Leí e Néfi sabiam que as advertências proféticas são bênçãos que um Deus compassivo oferece a seus filhos. Néfi amplia a mensagem de Jeremias: “E eis, porém, que eu, Néfi, vos mostrarei que as ternas misericórdias do Senhor estão sobre todos aqueles que ele escolheu por causa da sua fé, para torná-los fortes com o poder de libertação”. (1 Ne. 1: 20; Jer. 7: 3–7) O testemunho de Leí e Néfi são os mesmos que os testemunhos de todos os outros escritores proféticos: A salvação e o livramento vêm de Deus.

Enquanto Leí estava sendo levado em direção à terra da promissão preparada para ele pelo Senhor, podemos perceber seu entusiasmo em olhar adiante, para o lugar onde sua família poderia procurar ao Senhor e servi-lo em retidão. Assim, humildemente reconhecendo que era um homem visionário, ele sabia que suas visões eram responsáveis pela salvação de sua família:

“Sei que sou um visionário, pois se não houvesse visto as coisas de Deus numa visão não teria conhecido a bondade de Deus, mas teria permanecido em Jerusalém e perecido com meus irmãos. Eis que obtive, porém, uma terra de promissão, pelo que me regozijo...” (1 Ne. 5: 4–5.)

As histórias de Jeremias e de Leí são partes da história do amor de Deus. Elas mostram como o Senhor tentou continuamente salvar todos os seus filhos, como ele advertiu os iníquos a respeito dos seus iminentes julgamentos e como ele conduz a salvo aqueles que ouvem seus conselhos.

Em nossos dias, profetas estão novamente advertindo o mundo que os julgamentos de Deus recairão sobre os iníquos. As experiências de Jeremias e Leí nos encorajam a acreditar que se amamos a verdade o suficiente para seguir os profetas e tomar o Espírito Santo como nosso guia, receberemos as bênçãos prometidas. (D&C 45: 57)

[ilustrações] Acima: “A Fuga dos Prisioneiros” de James J. Tissot. "Ele queimou a casa do Senhor, a a casa do rei, e todas as casas de Jerusalém, e as casas dos homens grandes ele queimou com fogo." ( 2 Reis. 25: 9.) Direita: “Jeremias” de James J. Tissot. "Tu dirás a eles: Assim diz o Senhor dos Exércitos: Assim eu destruiriei este povo e esta cidade, como alguém que quebra o vaso do oleiro, que não pode ser feito inteiro novamente." ( Jer. 19: 11.)
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