Missão

Nossa missão é divulgar artigos de pesquisas científicas a respeito da arqueologia, antropologia, geografia, sociologia, cronologia, história, linguística, genética e outras ciências relacionadas à cultura de “O Livro de Mórmon - Outro Testamento de Jesus Cristo”.

O Livro de Mórmon conta a verdadeira história dos descendentes do povo de Leí, profeta da casa de Manassés que saiu de Jerusalém no ano 600 a.C. (pouco antes do Cativeiro Babilônico) e viajou durante 8 anos pelo deserto da Arábia às margens do Mar Vermelho, até chegar na América (após 2 anos de navegação).

O desembarque provavelmente aconteceu na Mesoamérica (região que inclui o sul do México, a Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Nicarágua e parte de Costa Rica), mais precisamente na região vizinha à cidade de Izapa, no sul do México.

Esta é a região onde, presumem os estudiosos, tenha sido o local do assentamento da primeira povoação desses colonizadores hebreus.

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04 abril 2012

LINGUÍSTICA - Relação Entre o Egípcio Antigo e O Livro de Mórmon

BookofMormonArchaeologicalForum

Relação Entre o Egípcio Antigo e O Livro de Mórmon

Paralelos Versus Convergências

De
 Tyler Livingston
Abril/2012

Durante anos, paralelos, ou seja, comparações têm sido desenhadas entre O Livro de Mórmon e as antigas culturas como evidência da historicidade de O Livro de Mórmon. Paralelos têm sido desenhados entre o Velho Mundo, a Mesoamérica no Novo Mundo, os rituais, os trajes, etc, e O Livro de Mórmon, que quando observados juntos constituem um forte argumento para confirmar sua autenticidade divina. Entretanto mais recentemente, em vez de dar ênfase aos paralelos entre O Livro de Mórmon e as antigas culturas americanas, os estudiosos dão um passo adiante e começam a focalizar mais nas convergências e O Livro de Mórmon.
Brant Gardner começou esta jornada em 2006 quando apresentou um documento na conferência da FAIR intitulado Defenders of the Book: Surveying the New World Evidence for Book of Mormon Historicity.1 Lawrence Poulsen continuou esse trabalho sobre as convergências de O Livro de Mórmon e relatou suas descobertas em sua apresentação na Conferência da FAIR em 2008, sob título Book of Mormon Geography.2

A convergência é descrita como: “Sempre que duas fontes ou ‘testemunhas’ [texto e arqueologia] acontece de convergirem em seu testemunho, um ‘dado’ histórico pode-se dizer ter sido estabelecido além da dúvida razoável. Ignorar ou negar as implicações de tais testemunhos convergentes é conhecimento irresponsável, já que ele impede o testemunho de uma testemunha sem causa razoável ao suprimir outras evidências vitais.”3

Uma convergência não é apenas um paralelo (ou comparação entre dois itens), mas uma correlação entre texto, época, cultura e, algumas vezes, até a geografia que convergem e testemunham de uma mesma coisa. É a conexão de pontos de indícios encontrados em O Livro de Mórmon com a arqueologia até que um panorama magistral comece a emergir do texto. Uma convergência permanece por si só e é mais complexa, poderosa testemunha da autenticidade do texto, do que um simples paralelo.
Hermont - ancient Hermontis

Um exemplo de convergência pode ser encontrado no texto concernente Hermontes, mencionado em Alma 2:
37 Sim, foram atacados por todos os lados; e foram mortos e rechaçados até serem dispersos no oeste e no norte, até alcançarem o deserto que era chamado Hermontes; e essa era a parte do deserto infestada por animais selvagens e vorazes.
  38 E aconteceu que muitos pereceram no deserto devido a seus ferimentos e foram devorados pelas feras e também pelos abutres do ar; e seus ossos foram encontrados e amontoados sobre a terra.”

Hugh Nibley fez a conexão entre a Hermontes de O Livro de Mórmon e o Egito quando escreveu:


“Então, de onde vem a palavra Hermontes? Esta certamente não é uma palavra latina. Ela não é uma palavra grega, hebraica ou semítica. De onde ela é? É uma terra nas fronteiras [do Egito] que às vezes ficava infestada por animais selvagens, em certas estações do ano. Era um caminho acima das fronteiras. Eles subiam para lá. Então, obviamente ela é a palavra egípcia hr-Mntw. Month ou Monthis era o Pan egípcio, ele era o deus dos lugares, animais e países selvagens. Hr-Mntw era a parte mais extrema do Egito, onde a terra algumas vezes era visitada pelos leões, crocodilos e animais desse tipo. Ela estava sob cultivo mas era um lugar que estava em perigo por causa dos animais. Eles chamavam-no hr-Mntw porque era o país do Month, país dos animais silvestres.”4
Uma conexão também pode ser feita entre a Mesoamérica e O Livro de Mórmon. Hermontes era um lugar que estava repleto de animais selvagens; até mesmo Mórmon acreditava que era necessário adicionar “bestas vorazes”. Tehuantepec parecia se encaixar belamente nessa descrição, uma vez que a palavra do dialeto Nahuatl para Tehuantepec literalmente significa “monte do jaguar (ou onça)”, ou monte da besta selvagem. Lawrence Poulsen escreve:

“A quase exata correlação de significado de Tehuantepec e Hermontes sugere que o deserto de Tehuantepec é um candidato ideal para o deserto de Hermontes de O Livro de Mórmon.”5

Outro ponto interessante é que os jaguares, ou “bestas selvagens” de Tehuantepec, eram conhecidos por serem mais vorazes que outros jaguares. Há uma lenda a respeito de que o monte em que Tehuantepec foi construída continha “Jaguares de um tipo particularmente sanguinário que infestava o monte, matando e aterrorizando os habitantes.”6 Faria sentido o fato de Mórmon fazer uma pausa para dizer que esta região era “infestada por animais selvagens e vorazes” e falar de carne humana sendo “devorada”, e de fato, era a mesma região. Hermontes é um interessante paralelo que apresenta algum conhecimento quanto à origem do nome e a possível razão pela qual foi dado esse nome. Mas só este conhecimento não pode ser usado como uma forte evidência de O Livro de Mórmon diferente do que uma convergência faria.

Outro exemplo pode ser encontrado em Alma 25. A história dos Anti-Néfi-Leítas, como descrito por Brant Gardner é um que não faz muito sentido na forma atual, mas quando vemos através das lentes da cultura mesoamericana, faz todo sentido. Nesta história, temos um grupo de pessoas que foi convertido ao Senhor e então, por causa de sua nova religião, fizeram convênio de não mais cometer “assassinato” e enterraram suas armas de guerra no solo. Mais tarde, os lamanitas atacaram a cidade num esforço de destruir o rei e colocar outro em seu lugar.”7 Os Anti-Néfi-Leítas não pegariam suas armas que enterraram no solo para se defenderem e, em consequência muitos deles foram mortos. Os lamanitas ficaram irados e redirecionaram expedição guerreira para a cidade de  Amonia, que ficava a tres dias de viagem. Parece-me que não importa quão louco você esteja, você se acalmaria depois de caminhar pela selva por três dias, mas eles continuaram até a cidade de Amonia e fizeram prisioneiros. É interessante que esta seja o único lugar em O Livro de Mórmon onde é mencionado especificamente que os lamanitas fizeram prisioneiros.8Usualmente os lamanitas destroem a cidade ou o lugar sob um sistema tributário.

Quando procurei na cultura mesoamericana, esta história faz perfeito sentido. Por que os Anti-Néfi-Leítas enterraram suas armas? Há uma tradição mesoamericana de ocultação de bens que você dá aos deuses, quando você faz um comprometimento aos deuses, você enterra as oferendas no solo. Na maioria das vezes que você esconde um item na Mesoamérica, você o quebra primeiro. Assim, eles quebraram as armas e as enterraram. Por que eles as enterraram: Elas estavam quebradas. Elas foram simbolicamente quebradas como um testemunho que você estaria dando sobre Deus.9 Com respeito aos lamanitas, Brant Gardner relata: “Como parte da coroação de um novo rei na Mesoamérica, o rei vai à guerra para fazer prisioneiros para uso em rituais sacrificiais.”

Os lamanitas atacantes haviam destronado o irmão de Lamoni (o Rei Anti-Néfi-Leí) e deveriam instalar um novo rei. Para este ritual em particular eles precisavam de vítimas sacrificiais que haviam sido tomadas em batalha. O pacifismo dos Anti-Néfi-Leí havia negado ao rei o direito de fazer cativos, então os lamanitas tinham que encontrar alguém que finalmente lutasse e, portanto, eles lançaram vistas em Amonia. Mas por que Amonia?

Martin e Grube nos ajudam a entender porque o furtivo ataque contra a insuspeitável Amonia teria sido atrativo à mente mesoamericana:


“Como muitos governantes maias, a mística do Pássaro Jaguar estava intimamente ligada à sua imagem como um guerreiro indomável. Seus títulos militares favoritos, ‘Aquele dos 20 Cativos’ e ‘Mestre de Aj Uk’, raramente estavam ausentes em seu nome e muito espaço era devotado para suas várias campanhas. Entretanto, um moderno entendimento desses textos mostra bem quão humilde a maioria dessas vítimas era. Ele fez imenso capital de sucessos menores e a reputação de Yaxchilan de um ‘estado conquistado’ apenas reflete quão sedutores se provaram seus esforços.”
Os lamanitas não eram tão sedentos de sangue como Mórmon sugere. Eles estavam na extrema necessidade de prisioneiros de guerra para tornar válida sua cerimônia de coroação. Para consegui-los com tão poucos riscos quanto possível, eles fizeram o que Pássaro Jaguar faria mais tarde – eles procuraram por vítimas fáceis.

Amonia parecia como uma conquista rápida e fácil – longe o suficiente para ser insusteitável.”10

As convergências unem O Livro de Mórmon com a arqueologia e a cultura mesoamericana como se fosse um só e são mais uma forte evidência do que um simples paralelo. O que é mais interessante é o trabalho que já foi publicado que inclui a geografia na convergência. Adicionando o fator geográfico, podemos colocar os eventos de O Livro de Mórmon num mapa físico, que de modo interessante o suficiente, se encaixa na topografia mesoamericana muito bem.

Se começarmos a procurar por mais convergências entre o texto, a arqueologia, a geografia e a antropologia, seremos capazes de fortalecer o caso de O Livro de Mórmon e coloca-lo com sucesso numa geografia física, e continuar a construir o caso para uma definição da Mesoamérica.11

Notes:



3 William Dever, What Did the Biblical Writers Know and When Did They Know it? (Wm. B. Eerdmans Publishing, 2001) pg. 107
4. Teachings of the Book of Mormon, lecture 44, p. 242. Ele também escreve “Hermontes em O Livro de Mórmon é o país selvagem das fronteiras, as terras de caça, aquela “parte do deserto infestada por animais ferozes e vorazes.” (Alma 2:37). O equivalente disso de tal distrito no Egito é Hermonthis, a terra de Month, o Pan egípcio — o deus dos lugares e coisas selvagens. Hermontes e Hermonthis são próximos o suficiente para satisfazer o filogista mais exigente. O egípcio Month of Hermonthis era uma figura extremamente popular nos dias de Leí, a julgar pela grande frequência com que seu nome ocorre na composição dos nomes próprios em várias formas: Montu, Mendes, Menti, etc. Manti no Livro de Mórmon, junto com Amom, é o nome mais comum da onomástica nefita.” (Hugh Nibley, Since Cumorah (Salt Lake City: Deseret Book, 1967), 192)

5. O Dr. Poulsen adiciona “Uma linha traçada desse deserto até as cabeceiras do Rio Grijalva intersepta o rio perto das ruínas de Santa Rosa e nunca se aproxima do Rio Usamacinta, exceto nas suas cabeceiras. A provável identificação de Tehuantepec com Hermoutes dá forte apoio à identificação de Sorenson do Rio Grijalva como o rio Sidon de O Livro de Mórmon.” (The light is better over here, Lawrence Poulsen, FARMS Review 19:2 pg

6. Miguel Covarrubias, Mexico south: The Isthmus of Tehuantepec, (Routledge, 1986) pg. 153

7. Alma 24:20.

8. Alma 16:3-6.

9. Tirado de recente palestra de Brant Gardner, publicada no site Yotube da FAIR Youtube site. Part 1 de 6 http://www.youtube.com/watch?v=ooSo4gUlXH0&feature=PlayList&p=91823FC24C ... Brant Gardner, Second Witness: Analytical & Contextual Commentary on The Book of Mormon, (Greg Koffard Books, Salt Lake City, 2007) 4:358; Shirley Boteler Mock, “Prelude,” in “The Sowing and the Dawning: Termination, Dedication, and Transformation in the Archaeological and Ethnographical Record of Mesoamerica, edited by Shirley Boteler Mock (Albuquerque: University of New Mexico Press, 1998), 5.

10. Brant Gardner, Second Witness: Analytical & Contextual Commentary on The Book of Mormon, (Greg Koffard Books, Salt Lake City, 2007) pg 4:367

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