Stephen L. Carr Senior
Book of Mormon Archaeological Forum - BMAF
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Tradutor: Elson C. Ferreira - Curitiba/Brasil - Abril/2011
Praticamente desde que O Livro de Mórmon foi publicado pela primeira vez em 1830, membros d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, além de outros, têm desejado saber exatamente onde, no Hemisfério Ocidental, aconteceram os eventos retratados no Livro de Mórmon. Desde muito cedo tem sido perguntado às Autoridades Gerais d’A Igreja onde tais eventos aconteceram. Alguns membros até mesmo têm pedido à liderança d’A Igreja que forneça um mapa da região.
A posição d’A Igreja quanto a esse assunto tem sido clara: A Igreja não toma nenhuma posição oficial, e qualquer Autoridade Geral, representante oficial ou líder que faça qualquer declaração a esse respeito, será uma afirmação especulativa, não é doutrinária ou factual.
Os líderes d’A Igreja têm declarado o que segue.
George Q. Cannon
Em 1890, o Presidente George Q. Cannon declarou: “Frequentemente tem sido pedido que a Primeira Presidência apresente uma sugestão de mapa ilustrativo da geografia nefita, mas ela nunca consentiu em fazê-lo nem sabemos de qualquer dos Doze Apóstolos que realizaria tal tarefa. A razão disso é que sem maiores informações essas pessoas não estariam preparadas ou dispostas nem mesmo a sugerir. A palavra do Senhor ou a tradução de outros antigos registros é necessária para esclarecer muitos pontos até agora obscuros.”(1, 2)
Joseph F. Smith
Certa vez foi pedido ao Presidente Joseph F. Smith que aprovasse um mapa que mostrasse exatamente onde nas Américas, Leí e sua família desembarcaram. Ele declinou dizendo: “. . . o Senhor ainda não o revelou.(1, 3)
Anthony W. Ivins
Na Conferência Geral de Abril de 1929, o Presidente Anthony W. Ivins declarou: “Há uma grande quantidade de coisas a se falar a respeito da geografia do Livro de Mórmon. Onde era a terra de Zaraenla? Onde era a cidade de Zaraenla? e outros temas geográficos. Isto não faz qualquer diferença para nós. Nunca houve nada estabelecido que definitivamente resolva essa questão. O que A Igreja diz é que estamos aguardando até que descubramos a verdade...
Não oferecemos nenhuma solução definitiva. Enquanto estuda O Livro de Mórmon, mantenha essas coisas em mente e não faça declarações definitivas concernentes às coisas que ainda não foram provadas anteriormente como sendo verdadeiras.
Mark E. Petersen
O Elder Mark E. Petersen se dirigindo aos educadores em 24 de Agosto de 1954, declarou: “Nós temos tido especulações, às vezes, por parte de alguns, com respeito à geografia do Livro de Mórmon, e é uma clara e não adulterada especulação e não é doutrina. E se alguma Autoridade Geral especulou sobre a geografia do Livro de Mórmon, não apresenta a visão d’A Igreja enquanto faz isso.
Em 1938 o Elder Joseph Fielding Smith escreveu um artigo publicado no Deseret News arguindo contra o que ele então chamou de teoria “modernista”, de que o campo da batalha final dos nefitas e jareditas pode ter sido na América Central e não em Nova York. (1, 5) Em 1956 este artigo foi incluído numa seleção de escritos do Elder Smith por seu genro, o Elder Bruce R. McConkie. (1, 6) Apesar de que o Elder Smith mais tarde se tornaria o presidente d’A Igreja em 1970, seu artigo argumentando a localização da cena das batalhas finais foi escrito muitos anos antes de ele assumir essa posição, e aparentemente ele nunca tocou mais no assunto como presidente d’A Igreja. Há evidências de que o Elder Smith possa ter abrandado sua oposição sobre as questões de Cumôra. Numa carta escrita a Fletcher B. Hammond, que argumentava enfaticamente essa localização na América Central e havia enviado ao Elder Smith uma cópia de suas descobertas, o apóstolo explicou, “Eu estou certo de que isto será muito interessante apesar de que eu nunca prestei muita atenção sobre qualquer que seja a geografia do Livro de Mórmon porque me parece que é inevitável que deva haver uma grande dose de adivinhação.”(1, 7)
Aparentemente ele não considerou seu argumento de 1938 como uma localização definitiva ou uma medida de doutrina ortodoxa.
Sidney B. Sperry
Sidney Branton Sperry (26 Dezembro 1895 – 4 Setembro 1977) [1] foi um dos três estudiosos membros d’A Igreja que começou um estudo científico e sistemático do Livro de Mórmon em meados do Xéculo XX - os outros dois foram John L. Sorenson e Hugh W. Nibley. [2] Sperry também foi um líder estudioso da Bíblia. [3]
Sidney B. Sperry, que dá nome a um simpósio da Brigham Young University, foi um dos que inicialmente apoiaram a teoria da localização do Monte Cumôra em Nova York (que é uma área do estado de Nova York como o campo de batalha final dos nefitas e jareditas).(1, 8) Entretanto, nos últimos anos mudou sua primeira posição e escreveu:
“É agora minha muito cuidadosamente estudada e considerada opinião que o Monte Cumôra, no qual Mórmon e seu povo se reuniu, fica em algum local na América Centra. As evidências do Livro de Mórmon para esse efeito é irresistível e conclusivo para alguém que deseje abordar o assunto com a mente aberta. Essa evidência foi revisada por umas poucas gerações de brilhantes estudantes nas provas de pós-graduação a quem foi dado o desafio de derrubá-la se pudessem. Atá agora ninguém foi capaz de fazê-lo”. (1, 9)
Sperry, que era bastante familiarizado com o que Joseph Fielding Smith havia escrito anteriormente, disse ao Elder Smith que ele não se sentia confortável publicando algo que contradizia o que o apóstolo havia escrito, mas que ele e outros sinceros estudiosos do Livro de Mórmon só haviam chegado àquela conclusão depois de sério e cuidadoso estudo do texto.
Sperry disse que o Elder Smith amorosamente colocou seu braço ao redor de seus ombros e disse: “Sidney, você é tão direto em sua opinião como eu sou na minha. Vá em frente e publique-o.” (1, 10)
O único apóstolo, ao lado do Elder Joseph Fielding Smith que tenha comentado sobre a localização dos eventos do Livro de Mórmon foi o próprio Profeta Joseph Smith, que declarou num periódico oficial d’A Igreja, o Times and Seasons -- “Os registros mexicanos concordam tão bem com as palavras do livro de Éter (encontrado pelo povo de Limi e que está contido no Livro de Mórmon) em relação à confusão das línguas,...”(1, 11)
“...essas maravilhosas ruínas de Palenque (México) estão entre as mais poderosas obras dos nefitas...”(1, 12)
“...os nefitas... viveram perto da estreita faixa de terra, que agora inclui a América Central America,...”(1, 13)
“A cidade de Zaraenla, queimada na crucificação do Salvador, e depois reconstruída, esteve sobre essa terra (Guatemala)... as ruínas de Zaraenla têm sido encontradas onde os nefitas as deixaram... Nós não estamos declarando positivamente que as ruínas de Quirigua (Guatemala) sejam aquelas de Zaraenla...”(1, 14)
Joseph Smith Jr.
Todos esses comentários editados no Times and Seasons pelo Presidente Joseph Smith parecem ser a sua própria opinião, na medida em que ele nunca disse que tais localizações eram revelação do Senhor. Parece então que tanto o Elder Joseph Fielding Smith quanto o Propheta Joseph Smith tinham suas próprias idéias, suposições e opiniões a respeito da geografia do Livro de Mórmon. Portanto, as opiniões de Joseph Smith somente são tão válidas quanto as opiniões de Joseph Fielding Smith.
Líderes d’A Igreja reconhecendo a falta de respostas autorizadas a respeito da geografia do Livro de Mórmon, têm encorajado um sério, diligente e cuidadoso estudo do assunto ao aconselhar os Santos a não permitirem que tais interesses obscureçam seu foco dos princípios do evangelho.
James E. Talmage
James Edward Talmage (21 Setembro 1862 – 27 Julho 1933) nasceu em Hungerford, Berkshire, Inglaterra. Foi um membro do Quorum dos Doze Apóstolos de 1911 até seu falecimento em 1933.
Elder James E. Talmage aconselhou: “Quanto mais pensadores, investigadores e trabalhadores que tivermos no campo, melhor; mas nossos irmãos que se devotam a esse tipo de pesquisa devem se lembrar que devem falar com cautela e não declará-las como demonstrando verdadeiros pontos que não estão realmente comprovados. (1,15)
John A. Widtsoe
John Andreas Widtsoe (31 Janeiro 1872 – 29 Novembro 1952) foi membro do Quorum dos Doze Apóstolos desde 1921 até seu falecimento.Também foi notável autor, cientista e acadêmico.
O Elder John A. Widtsoe falou de maneira semelhante: “Usualmente, um mapa ideal é desenhado baseado em fatos geográficos mencionados no livro. Então uma pesquisa é feita nas áreas existentes em conformidade com o mapa. Todos esses estudos são legítimos, mas as conclusões tiradas deles, apesar de poderem estar corretas, podem na melhor das hipóteses, ser consideradas como conjecturas inteligentes.” (1, 16)
Em resumo, até revelações adicionais sobre o assunto, a questão de onde ocorreram os eventos mencionados no Livro de Mórmon é algo que não pode ser resolvido com apelo à autoridade. É um assunto de estudo e pesquisa, não uma medida de fidelidade.
Eu acredito que essas descobertas sublinham a sabedoria da neutralidade dos Irmãos em questão à geografia do Livro de Mórmon. Não podemos substituir o trabalho duro, a fé e estudo sério que algumas questões requerem por um apelo a algo que Joseph Smith ou alguma outra autoridade d’A Igreja tenha dito. O sério e diligente estudo da geografia do Livro de Mórmon pode ser um empreendimento digno se mantido em boa perspectiva. Cada leitor do Livro de Mórmon deve julgar os méritos e o valor de cada trabalho.
Felizmente, nós julgaremos sabiamente e retemos cada boa coisa “Examinai tudo. Retende o bem.” (1 Tessalonicenses 5:21).
Entretanto, diferenças de opinião sobre detalhes da geografia do Livro de Mórmon e outras questões de importância secundária não devem ser a causa de embaraços.1
Nos do Book of Mormon Archaeological Forum somos privilegiados por termos quatro membros eméritos do Primeiro Quorum de Setenta em nosso Conselho de Educação e Pesquisa e todos eles, depois de muita pesquisa, chegaram à conclusão de que as terras do Livro de Mórmon é a Mesoamérica. O Elder Milton R. Hunter,antigo membro do Primeiro Quorum de Setentas nos anos de 1950 promoveu a publicamente a Mesoamérica como as terras do Livro de Mórmon mesmo quando era um membro ativo desse quorum.
1- Roper, Matt, “Joseph Smith, Revelation, and Book of Mormon Geography,” FARMS Review: Volume - 22, Artigo - 2, pp: 15-85. A review of Prophecies and Promises: The Book of Mormon and the United States of America (Uma Revisão de Profecias e Promessas: O Livro de Mórmon e os Estados Unidos da América) de Bruce H. Porter e Rod L. Meldrum, Provo, Utah:
Maxwell Institute, 2010.
2- George Q. Cannon, editorial, Juvenile Instructor, 1 Janeiro 1890, p. 18.
3- Route Traveled by Lehi and his Company (A Rota Viajada por Leí e Seu Grupo) Instructor, April 1938, p. 160.
4- Anthony W. Ivins, in Conference Report, 15–16 April 1929.
5- Joseph Fielding Smith, "Where Is the Hill Cumorah?," (Onde É O Monte Cumôra?) Deseret News, Church Section, Setembro 1938, pp. 1, 6. Este artigo foi reimpresso sobe título diferente em 1954:
Book of Mormon Establishes Location of Historic Region (O Livro de Mórmon Estabelece Localização de Região Histórica) Deseret News, Church News, 27 Fevereito 1954, pp. 2–3.
6- Joseph Fielding Smith, Doutrinas de Salvação (Salt Lake City: Bookcraft, 1956), 3:232–41. A edição de 1999 desse trabalho declara que "consistente com o princípio da revelação contínua, aqui e alí há uma declaração que é datada". Doctrines of Salvation: Sermons and Writings of Joseph Fielding Smith (Doutrinas de Salvação: Sermões e Escritos de Joseph Fielding Smith) [Salt Lake City: Bookcraft, 1999], prefácio do editor).
7- Joseph Fielding Smith a Fletcher B. Hammond, 18 de Setembro de 1959,em Fletcher B. Hammond, Geography of the Book of Mormon: Where Is the Hill Cumora? Fletcher B. Hammond, Geografia do Livro de Mórmon: Onde É O Monte Cumôra?. n.p., 1964), p.34.
8- Sidney B. Sperry, The Book of Mormon Testifies (O Livro de Mórmon Testifica, Salt Lake City: Bookcraft, 1952), p.335–36.
9- Sperry, Book of Mormon Compendium, (Compêndio do Livro de Mórmon) p. 447.
10- Recollection of John Fugal of Orem, (Memórias de John Fugal de Oren) ,Utah, to Matthew Roper, 15 Maio 2010. Fugal foi um aluno nas classes do Livro de Mórmon na BYU onde Sperry lembrou a experiência.
11- Times and Seasons, Vol. 3, No. 16, 15 Junho 1842, p. 619.
12- Times and Seasons, Vol. 3, No. 22, 15 Setembro 15, 1842, p. 914.
13- Times and Seasons, Vol. 3, No. 16, Setembro 15, 1842, pp. 915, 921-922.
14- Times and Seasons, Vol. 3, No. 23, Outubro 1, 1842, p. 927.
15- James E. Talmage, Relatório da Conferência de Abril de 1929, p. 44.
16- Widtsoe, Is Book of Mormon Geography Known? (É Conhecida a Geografia do Livro de Mórmon) p. 547.
Para um exame mais detalhado e completo desse assunto, o leitor é encorajado a examinar o excelente tratado de Matt Roper intitulado “Joseph Smith, Revelation, and Book of Mormon Geography” (Joseph Smith, Revelação e a Geografia do Livro de Mórmon) FARMS Review: Volume 22, Artigo 2, pp. 15-85.
Os materiais, conceitos ou conclusões apresentados aqui são de inteira responsabilidade dos seus autores e não implica necessariamente que os membros e diretores do Conselho de Diretores ou membros do BMAF concordem com tudo ou qualquer parte do assunto e não são endossados de qualquer maneira por “A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias”. www.bmaf.org
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