JOHN NOBLE WILFORD
The New York Times – Setembro/2006
Tradutor: Elson C. Ferreira – Curitiba/Brasil – Janeiro/2011
Esta placa possui inscrições e foi datada do começo do primeiro milênio antes de Cristo, escrita com caracteres até agora desconhecidos que podem representar o primeiro sistema de escrita do Novo Mundo. O arqueólogo Stephen D. Houston, da Brown University disse que esta descoberta ajuda a “ligar a civilização Olmeca à literatura, documenta um insuspeitável sistema de escrita e revela uma nova complexidade da civilização Olmeca."[1]
(Fonte: Wikipedia - O Bloco de Cascajal é uma placa de serpentinita (rocha composta de um ou mais grupos de minerais de filossilicato hidratado de magnésio e ferro, formados por serpentinização, que é a hidratação e transformação metamórfica de rocha ultramáfica da manta terrestre). Em mineralogia e gemologia, o termo pode referir-se a qualquer uma das cerca de 20 variedades pertencentes ao grupo da serpentina.)
Prato de serpentina, serpentinita ou silicato, com figuras de peixes incrustradas do primeiro século antes de Cristo
O Bloco de Cascajal foi descoberto por construtores de estradas no final dos anos de 1990 numa pilha de detritos na fila de Lomas de Tacamichapa, nas planícies de Veracruz, na antiga área central Olmeca. O bloco foi encontrado no meio de cacos de ceramic e estatuetas de argila e a partir destes o bloco foi datado como pertencente à fase de San Lorenzo Tenochtitlán da Ocultura arqueológica Olmeca, que terminou no ano 900 a.C., precedendo a mais antiga escrita Zapoteca, datata de quase 500 a.C.[2][3]
O bloco pesa quase 12 Kg, e detalhes de seu achado foram publicados pelos pesquisadores em 15 de Setembro de 2006, numa edição da revista Science.[4]
O Bloco de Cascajal possui um total de 62 glifos, alguns dos quais representam plantas como o milho e o abacaxi, ou animais tais como insetos e peixes.
Glifo em tipografia, é uma figura que dá um tipo de característica particular a um símbolo específico. Um glifo é um elemento da escrita. Dois ou mais glifos que correspondam ao mesmo símbolo (i.e. carácter, se permutáveis ou dependentes de contexto, são chamados alógrafos; um glifo é uma manifestação da unidade mais abstrata do caractere.
Muitos dos símbolos são mais parecidos com caixas abstratas ou gotas (borrões). Estes símbolos são diverentes de qualquer outro sismema de escrita da Mesoamérica, tal como nas linguagens maias ou ístmicas, escritas mesoamericanas já extintas que foram usadas na região do Istmo de Tehuantepec,
O Bloco de Cascajal também é incomum porque seus símbolos aparentemente correm em linhas horizontais e “não há forte evidência de organização geral. As sequências parecem ter sido concebidas como unidades de informação independentes"..[5] Todos os outros escritos mesoamericanos conhecidos usam linhas verticais.
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Essa placa de pedra encontrada no Estado de Veracruz, México, possui uma escrita de 3 mil anos até então desconhecida pelos estudiosos, de acordo com arqueólogos que dizem que este é o mais antigo exemplar de escrita já descoberto no Hemisfério Ocidental.
A ordem e o padrão dos símbolos esculpidos parecem ser um verdadeiro sistema de escrita, de acordo com cientistas mexicanos que a têm estudado, bem como seus colegas dos Estados Unidos. Ela tem características impressionantemente semelhantes aos símbolos usados pela civilização Olmeca, que é considerada a mais antiga na América pré-colombiana.
Encontrar um sistema de escrita até então desconhecido é um evento raro. Uma das últimas dessas descobertas, dizem os estudiosos, foi o da escrita do Vale Indus, identificado pelos arqueólogos em 1924.
Números: 19, 20, 21, 22, 25, 35 e 36 - Proeminentes locais reais dos que governam a vila ou cidade.
Números: 9, 27, 54 - Possíveis fontes de água.
O restante dos símbolos são nomes de estabelecimentos comerciais de bens de consumo que eles produziam ou vendiam.
As inscrições neste antigo bloco de pedra bem pode ser o registro de uma antiga cidade que existiu na época em que, se acreditava, o comércio ainda era desconhecido na Mesoamérica. Ela servia para acompanhar e manter controle contabilístico da cobrança das taxas de impostos sobre a propriedade que compravam, vendiam ou trocavam. Os símbolos descrevem os comerciantes e seus nomes de família.
A cidade onde o bloco de Cascajal foi encontrado tinha uma civilização que rivalizaria com muitas civilizações mesoamericanas já documentadas. Minha interpretação do antigo bloco de pedra de Cascajal dá uma visão da história perdida de uma vila ou cidade que foi grande em recursos e tinha algum tipo de elaborado sistema de governo. Os símbolos quadrados que eu destaquei eram proeminentes e acredito que o significado de todos os símbolos eram a fundação de lugares para a realeza e para coletores de taxas oficiais para se poder realizar negócios democráticos ou republicanos. As plantas, ferramentas, símbolos, etc, são nomes de comerciantes e localização de seus estabelecimentos. Muito provavelmente esses símbolos são os nomes dos mercadores ou nomes dos clãs nos antigos registros públicos. O antigo registro, afinal, não é tão indecifrável e seu texto não é uma história, mas a planta de uma cidade e seus estabelecimentos comerciais.
O próximo passo agora é procurar na área onde o bloco de pedra foi encontrado, pelas áreas proeminentes correspondentes aos símbolos 19, 20, 21, 22, 25 e 36 ou procurar pelo restante das evidências da antiga civilização alistadas na pedra de Cascajal.
Teorias Sobre O Bloco de Cascajal:
Teoria 1 – Registro urbanos
Teoria 2 – Espécie de Música
Teoria 3 – Mapa estelar
As inscrições sobre a laje, com 62 sinais distintos, alguns dos quais são repetidos, foram datados de, pelo menos, 900 a.C., e possivelmente anterior a isso. Isto é mais 400 anos antes que se saiba que a escrita fosse conhecida na Mesoamérica, a região central do México e boa parte da América Central, e, por extensão, que tivesse existido em qualquer parte do hemisfério americano.
Os cientistas ainda não haviam encontrado qualquer escrita que tenha sido inequivocamente associada com a cultura Olmeca, a qual floresceu no Golfo do México em Vera Cruz e Tobasco, bem antes dos povos Zapoteca e Maia terem alcançado algum destaque em qualquer parte dessa região.
Até então, os Olmecas eram conhecidos principalmente pelas colossais cabeças de pedra que eles criaram e exibiram em prédios monumentais nas suas cidades governamentais.
A placa de pedra com inscrições foi descoberta por Maria del Carmen Rodriguez, do Instituto Nacional de História e Antropologia do México e Ponciano Ortiz, da Universidade de Veracruz. Esses arqueólogos, que são marido e mulher, são os principais autores do relatório de descoberta que foi publicado no Journal Science.
Os pesquisadores dizem que os sinais inscritos na placa de pedra de aproximadamente 12 Kg, “faz uma ligação entre os Olmecas e a alfabetização, documenta um sistema de escrita insuspeitável e revela uma nova complexidade dessa civilização.”
Observando que o texto “está de acordo com tudo o que se espera de uma escrita”, os pesquisadores escreveram que as seqüências de sinais refletem “padrões de linguagem com a provável presença de sintaxe e ordens de palavras que dependem da linguagem”. Várias seqüências emparceiradas de sinais, dizem os estudiosos, têm levantado a especulação de que o texto pode conter dísticos de poesia.
Especialistas que examinaram os símbolos da placa dizem que precisariam de muitos mais exemplares antes que pudessem esperar decifrá-los e ler o que está escrito nela. Parece, dizem eles, que os símbolos na inscrição não estão relacionados com registros mesoamericanos posteriores, sugerindo que essa escrita olmeca pode ter sido praticada por apenas algumas gerações e podem nunca ter se espalhado para culturas em redor.
Stephen D. Houston, da Universidade de Brown, co-autor do relatório e uma autoridade em sistemas antigos de escrita, reconhece que isto é como um quebra cabeças, e provavelmente seria enfatizado por alguns estudiosos que questionam a influência dos Olmecas no curso das culturas mesoamericanas posteriores.
O Dr. Houston chamou esta descoberta de tentadora, dizendo que “pode ser o começo de uma nova era de foco na civilização Olmeca”.
Outros cientistas que participaram da pesquisa inclui o Dr. Michael D. Coe, da Universidade de Yale; Karl A. Taube, da Universidade da California, Riverside; e Alfredo Delgado Calderon do Instituto Nacional de Antropologia e História do México.
Pesquisadores da Mesoamérica que não estão envolvidos com as descobertas de Veracruz concordam que os sinais que aparecem na placa de pedra parecem ser de uma escrita e que se pode esperar que inspire estudos mais intensivos sobre os Olmecas, cuja civilização emergiu por volta do ano 1200 a.C. e desapareceu aproximadamente no ano 400 a. C.
Em artigo na revista Science, Mary Pohl, antropóloga da Universidade Estadual da Flórida, que escavou as ruínas Olmecas, disse que “esta é uma descoberta emocionante e de grande significado”.
Uns poucos pesquisadores ficaram céticos com respeito à datação das inscrições, observando que a pedra foi descoberta numa pedreira onde ela e outros artefatos estavam misturados e podem estar fora do contexto original.
Membros da equipe de descoberta disseram que cacos de cerâmica, estatuetas e outros artefatos quebrados que acompanhavam a pedra parecem ser de uma fase particular da cultura Olmeca que desapareceu, mas eles reconhecem que a desordem do local torna impossível determinar se a pedra havia estado originalmente em local relacionado à elite governamental ou a cerimônias religiosas.
Richard A. Diehl, especialista em pesquisa Olmeca da Universidade do Alabama e outro co-autor do relatório, disse que “[seus] colegas e [ele] estão absolutamente convencidos de que a descoberta é autêntica”.
A placa de pedra foi descoberta em 1999, quando construtores de estrada se depararam com ela entre restos de um antigo aterro em Cascajal, o local que os arqueólogos chamam de “Olmec heartland” (área central Olmeca). Esta vila fica numa ilha ao sul de Veracruz, a quase 2 Km de San Lorenzo, onde foram encontradas ruínas da principal cidade Olmeca, que se situava no tempo entre 1200 a.C. a 900 a.C.
A localidade de Cascajal (cascalhal) está situada no Municipio de Coatepec (no Estado de Veracruz de Ignacio de la Llave). Tem 13 mil habitantes. Cascajal está a 1.100 metros de altitude.
Quando a pedra apareceu, o Dr. Rodriguez e o Dr. Ortiz foram chamados e rapidamente reconheceram a potencial importância da descoberta
Apenas seis anos de escavações a procura de mais espécimes de escrita, e análises comparativas com elementos da iconografia olmeca encontrados anteriormente, fizeram os dois arqueólogos convidarem outros estudiosos especializados em assuntos mesoamericanos para se juntarem nos estudos dos anos seguintes.
Embora alguns outros exemplos relatados de “escrita” olmeca não tenham resistido ao escrutínio, a equipe concluiu que o Bloco de Cascajal é uma coisa real.
Os pequenos e delicados símbolos incisos na superfície concave superior de um bloco de pedra macia que mede aproximadamente 35 cm x 20 cm x 13 cm.
O Dr. Houston, que é o principal especialista em decifrar a escrita maia, examinou o Bloco de Cascajal procurando por indícios de que os símbolos fossem uma verdadeira escrita e não apenas iconografia não relacionada à linguagem. Ele disse numa entrevista que detectou padrões regulares e ordem, sugerindo “um texto segmentado no que quase se parece com sentenças, com claros começos e fins.”
Alguns dos sinais pictográficos foram frequentemente repetidos, disse o Dr. Houston, particularmente alguns que se parecem com um inseto ou lagarto. Ele suspeitou que estes podem ser sinais de alerta para o leitor usar de palavras com sons iguais mas que têm significados diferentes, como a diferença entre “I” (eu) e “eye” (olho), em inglês.
O Dr. Houston conclui: “A sequência linear, a regularidade dos sinais, os padrões de ordem muitos claros, tudo me diz que isto é uma escrita; mas não sabemos o que ela diz.”
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