V. Garth Norman
Sua Identificação Pode Ser Comprovada? Maio/2005
Tradução de Elson C. Ferreira – Curitiba/Janeiro/2006
“Bem Vindo ao Mundo do Livro de Mórmon!” Com o avanço das pesquisas históricas e arqueológicas da Mesoamérica e do Livro de Mórmon, num futuro não muito distante este anúncio será perfeitamente concebível.
Essa meta será alcançada somente se (ou quando) alguma cidade específica do Livro de Mórmom for encontrada, com um registro no mesmo lugar, tempo e cultura requeridos pelo texto, e se o nome desta cidade for descoberto entre suas ruínas. Total confirmação deve, certamente, repousar sobre futuras descobertas, como se fossem peças de um quebra-cabeças encontradas na exploração da geografia histórica do Livro de Mórmon. Nenhuma simples descoberta pode ficar isolada. É gratificante ver que as pesquisas especulativas do passado progrediram em direção à exploração genuína, resultando em descobertas que estão trazendo à luz o mundo do Livro de Mórmon.
A identificação da cidade de Libe, no meu ponto de vista, seria realisticamente possível devido à sua localização específica descrita por Morôni, se pudéssemos entender suas palavras corretamente. Sem dúvidas devemos começar com locais específicos identificáveis baseados no texto.
Morôni parecia ter conhecimento de onde a cidade de Libe estava localizada porque adiciona uma descrição detalhada que não significa nada para o texto em si, a não ser ao fato de que desejava que sua descrição fosse identificável. Eu acredito que o texto se tornará muito mais claro quando localizarmos a cidade de Libe. Vamos dar uma olhada aos detalhes do texto:
O povo de Libe viveu em época posterior à matança das serpentes venenosas que bloqueavam o caminho para o deserto cheio de animais selvagens, através da estreita faixa de terra. Mórmon também identificou aquele deserto como a terra de Abundância dos nefitas, o qual “é cheio de de todo tipo de animais selvagens de toda espécie” (Alma 22: 31); sem dúvida alguma, uma região tropical.
Identificamos anteriormente a terra de Abundância no Estado mexicano de Tabasco e mostramos evidências sobre o significado da palavra “abundância” entre os povos indígenas e sua derivação de duas palavras vindas de idioma hebreu: Tob e shoa (Norman, 2004). O povo de Libe cruzou aquele deserto e construiu uma grande cidade perto da estreita faixa de terra. Morôni então acrescentou que a localização ficava “perto do lugar onde o mar divide a terra” (Éter 10: 19-20).
O que isto significa?
Não há nenhuma outra referência no Livro de Mórmon à estreita faixa de terra que tenha esta descrição; desse modo ela tem que ser uma característica específica da estreita faixa de terra no deserto onde o mar literalmente divide ou corta a terra.
Sabemos que pelo menos uma das das duas grandes cidades olmecas dos tempos jareditas se qualifica a esta descrição: San Lorenzo ou La Venta, localizadas no Istmo de Tehuantepec, a quase 85 quilometros dali.
Considerando a grande cidade de Libe e seu império, não há outras possibilidades dentro deste território limitado. A questão é se os remanescentes arqueológicos e as inscrições poderiam identificar a cidade de Libe e suas antigas raízes culturais no Oriente Médio, o que será considerado na parte 2 deste trabalho.
Num artigo de 1984 eu especulei que o local em que a terra é dividida poderia ser a larga desembocadura do Rio Coatzacoalcos banhada pelas altas marés do Atlântico, porém não há ali nenhuma grande cidade olmeca. Então eu especulei que San Lorenzo, localizada a 68 quilometros acima de uma ilha desse rio, poderia ser esse lugar, mas é um rio e não o mar que divide aquela terra, portanto deveria haver algum erro de tradução na palavra rio como mar, para que esse local fosse qualificado. Arqueologicamente, San Lorenzo qualifica-se completamente como a cidade de Libe, pois ela data exatamente do mesmo tempo. Libe, na sua 14ª geração está a meia geração da história jaredita, aproximadamente em 1400 a 1200 a.C., época em que San Lorenzo foi construída. Mudanças políticas refletidas na escavação de registros também se encaixam com a história jaredita.
A devastação geográfica desse local explica-se porque San Lorenzo pertence ao densamente habitado Golfo Costeiro, região olmeca situada ao sul de Veracruz. Observe que ali existem oito cidades dentro de 45 quilometros e outras mais ao norte, onde “toda a face da terra do norte estava coberta de habitantes” (Éter 10:21).
San Lorenzo está na maior comunicação da rota trans-istmo ao longo do Rio Coatzacoalcos para o lado do Pacífico que, indubitavelmente nunca foi fechado para o tráfego em qualquer período do tempo.
Eu também havia especulado que as grandes lagoas na costa do Pacífico talvêz fossem o lugar onde o mar divide a terra, mas não há nenhuma grande cidade olmeca naquela região, e nenhuma floresta tropical levando para a terra ao sul. Além disso, evidências favorecem a planície de Tehuantepec como sendo essa “estreita passagem.”
Todas as evidências na análise final me levam para a grande cidade olmeca de La Venta. Ela está a apenas 45 quilometros a leste do Rio Coatzacoalcos, assim ela está literalmente junto à “estreita passagem”, o ponto de cruzamento ao longo do Rio Coatzacoalcos.
Mas onde, em La venta, há uma característica distinta de onde “o mar divide a terra”?
Enquanto pesquisava para compor este documento, voltei aos relatórios das escavações de La Venta (Drucker 1952). Enquanto lia a seção “Cenário Geográfico”, fiquei aturdito por algo que jamais havia visto ou ouvido antes.
Eu sabia que La Venta fivaca num alto terreno bastante próximo a extensas terras pantanosas assim como outras cidades na vasta planície costeira de Tabasco, que ficava inundada e intransponível durante a estação chuvosa devido às águas dos rios Tonala e Grijalva. O que eu não sabia quando lia trouxe a descrição de Morôni à mais perfeita luz do dia. Ela é tão significativa que merece ser citada:
“Aquele que viaja por essa região não pode fazer outra coisa senão ficar impressionado pela repentina mudança dos montes de terra vermelha de Minatitlan, que são uma extençao gradualmente descendente das ladeiras das montanhas de Tuxtla, e as altas dunas de areia ao redor de Puerto Mexico (Coatzacoalcos), para a planície inundada, pouco acima do nível do mar, que se estende por milhas em direção ao leste, ao longo da costa. Toda esta zona inundada deve ter sido antigamente um mar aberto – uma grande baía que gradualmente foi assoreada.
Geólogos, especializados na exploração de petróleo que trabalhavam na região de La Venta disseram-me que testes e operações de drenagem mostram um depósito de quase cem pés de lodo estendendo-se abaixo da atual superfície, com ocasionais bancos de conchas de marinhas ou de água salgada.
Cerâmica e fragmentos de estatuetas freqüentemente vêm de consideráveis profundidades deste lodo. Podemos estar certos de que estes objetos não representam antigos horizontes enterrados por lodo moderno, mas indubitavelmente são coisas perdidas que caíram de canoas no tempo em que ali havia mais água do que nos dias atuais”. (Drucker 1952: 4)
Estudos geológicos desta região mostram uma terra subsidente no distrito de La Venta, tão diferente das elevações mais adiante, a leste e ao longo da costa de Tabasco. Também, um antigo e amplo canal do Rio Grijalva costuma drenar La Venta para o Golfo da Costa, o qual deve ter expandido a ilha do mar durante a estação chuvosa, adicionando água às marés altas e construindo depósitos ao longo do tempo, que podem ter contribuido para o redirecionamento do canal do rio em direção ao leste.
Agora estou convencido de que La Venta, a maior cidade dos Olmecas do sudeste, literalmente construída no “lugar onde o mar divide a terra” é o local onde devemos procurar para identificar a cidade de Libe, que será considerada mais adiante na parte 2 deste documento.
Referências:
Bernal, Ignacio. The Olmec World. University of California Press, 1969.
Drucker, Philip. La Venta, Tabasco; A Study of Olmec Ceramics and Art. Smithsonian Institution Bureau of American Ethnology, Bulletin 153. Washington, 1952.
Norman, V. Garth. “San Lorenzo as the Jaredite City of Lib.” Newsletter and Proceedings of the S..E.H.A. No. 153. June. Provo, Utah: SEHA, 1983.
Norman, V. Garth. “Where was the Land Bountiful? Possible Place Name in Mesoamerica with a Biblical Prototype.” AAF Notes, www.ancientamerica.org. 2004.
Copyright © 1999-2002 Ancient America Foundation
Nenhum comentário:
Postar um comentário