T. Michael Smith
Tradutor Elson Carlos Ferreira – Curitiba/Brasil – Agosto/2004
O primeiro artigo desta série de três partes colocou em destaque os primeiros habitantes do Hemisfério Ocidental. Nós descobrimos que povoamentos ocorreram muito tempo antes do que a recente expectativa acadêmica sugeria e muito mais antigamente do que fundamentalistas bíblicos e do Livro de Mórmon diziam que tivesse ocorrido.
No segundo artigo, discutimos alguns métodos, teorias, políticas, limitações e movimentos culturais americanos pré-históricos/históricos e concluímos que estudos trans-oceânicos estão em construção. Neste artigo de conclusão, daremos uma rápida olhada em duas importantes áreas das evidências da ciência do estudo físico de contatos trans-oceânicos e viagens réplica. Certamente, existem muitas outras áreas do contato trans-oceânico, e de tempos em tempos, se farão novas menções delas ns seção “Newsletter”. Os dois primeiros artigos foram revistos agora por causa de sua importância relativamente ao assunto do contato trans-oceânico. Juntos, eles mostraram (1) que esse contato realmente aconteceu, (2) que o contato teria acontecido através de viajantes similares.
Conforme mencionei nos capítulos anteriores, algumas das melhores evidências do contato trans-oceânico pré-colombiano vieram não das ciências sociais, mas das ciências físicas. Isto é uma evidência completamente separada, que força revisões de declarações históricas popularmente conhecidas. Algumas dessas evidências são novas, mas algumas não. Anos atrás o Dr. M. Wells Jakeman me apresentou a evidência do algodão. As variedades de algodão do Velho Mundo têm um conjunto de cromossomos. O algodão do Novo Mundo tem dois: um único, só semelhante a ele mesmo, e outro igual ao do Velho Mundo. Geneticistas apontaram que a única maneira desta situação ocorrer seria explicada se os dois tipos de algodão tivessem sido diferenciados entre si durante o passado geológico e então foram reunidos mais recentemente no Novo Mundo. Por conseguinte, o argumento revela que a variedade do Velho mundo foi trazida para o Novo Mundo pela mão humana e uma forma híbrida dominante subseqüentemente desenvolveu-se substituindo a variedade original. Antigos clamores de que os espanhóis introduziram o algodão no Novo Mundo agora são suspeitos. Hoje em dia, estudiosos difusicionistas debatem de onde o algodão do Velho Mundo possa ter vindo e quem o possa ter trazido antes de Colombo. (Fryxell 1978; Carter 1963; 1988:168-9).
Anos atrás era geralmente aceito que plantas tais como o abacaxi e o milho, que requerem cuidado humano para sobreviver, foram espalhados pelo mundo a seguir da conquista européia das Américas. Agora não é assim. Igualmente, doenças, parasitas e roedoras freqüentemente eram assim conceitualizados. Muitas destas antigas posições agora também sofreram uma revisão forçada, com alguns assuntos se tornando tão complicados, com múltiplos movimentos pré-colombianos que determinam o que veio de onde, fica muito difícil. Entretanto, os movimentos pré-colombianos para o Novo Mundo são repetidamente evidenciados.
Também foi evidenciado que plantas e animais foram transplantados do Velho Mundo para o Novo, e vice versa. Isto sugere viagem trans-oceânicas gerais em tempos pré-colombianos não eram somente excêntricos contratempos só de ida. Por exemplo: batatas doces podem ter sido levadas das Américas para outros locais pelo menos duas vezes em tempos pré-colombianos, e muitos pensam que os cocos são nativos das praias do Sul ou de Malaia, mas eles estavam crescendo na costa sul do México quando os espanhóis chegaram a este Continente. Além disso, pensa-se que o abacaxi é originário do Caribe, mas as Angkor Wat, que são cavernas no Camboja, foram evidentemente decoradas nos anos 1400, enquanto que afrescos aparecem na Índia. Outras importantes plantas relacionadas a esse assunto incluem o milho, tomate, inhame, mamão, melancia, batata, tabaco e banana. As evidências da botânica para o contato trans-oceânico estão se tornando algo formidável. (Carter 1988:169-172; 1978).
Viajantes mais antigos, talvez inadvertidamente, também levaram ratos asiáticos e camundongos para o Pacífico. Além disso, os roedores espalharam vários parasitas e doenças. A descoberta de alguns tipos de vermes mortos em ruínas pré-colombiana é algo que requer um contato prévio com a África. (Jett 1991). Do mesmo modo, alguém pode perguntar: O que ossos de galinhas asiáticas estão fazendo nos sítios arqueológicos em Pueblo? Ao contrário de um estilo ou forma de cerâmica, podemos estar certos de que os nativos não inventaram sozinhos os ossos de galinhas asiáticas. Eu penso que antigos viajantes desconhecidos trouxeram as galinhas do sul da Ásia que subseqüentemente se tornaram parte da época pré-900 A.D. no depósito de lixo de Pueblo. (Thompson 1994:221; Carter 1971; 1991:105). Assim como os dados sobre as plantas a coleção de evidências a respeito de pequenos animais é impressionante.
Pesquisar doenças é mais difícil do que trabalhar com plantas. Documentos mesoamericanos sobreviventes mostram a existência de vários sintomas que podem ter sido doenças específicas, mas as datas não são definitivas. Os médicos não têm pacientes para examinar ou detalhados históricos médicos para avaliar. Entretanto, agora que o contato pré-colombiano está sendo evidenciado através da flora, fauna, artefatos datáveis dentro do contexto arqueológico, nós podemos antecipar movimentos microbióticos simultâneos através dos oceanos – algumas vezes com subseqüentes episódios epidêmicos. De fato, alguns autores estão clamando correlações com significativas mudanças culturais que resultaram em episódios de epidemia. (Totten 1988:197, Thompson 1994). São necessárias ainda mais evidências para substanciar estes clamores.
Uma das áreas mais dramáticas da pesquisa do contato trans-oceânico são as viagens oceânicas. Estas viagens fornecem coisas novas e fascinantes para o público em geral, mas mais importante do que isto, eles comprovam que tais viagens podem ter sido feitas e demonstram que elas realmente são possíveis.
As antiguidades raramente são evidenciadas nos registros arqueológicos. Eles são tão perecíveis. A evidência do artesanato usualmente é uma inferência de outros indicadores como facilidades de porto, artefatos de navegação e indicadores de arte e literatura. Enquanto se olha para as antiguidades progressivamente para o passado, isso fica cada vez menos evidenciado. As águas, especialmente os oceanos, podem servir como uma grande via de acesso ou uma barreira, dependendo da cultura da pessoa.
Foi somente em tempos modernos que Slocum pode empreender uma viagem ao redor do mundo sozinho, e viver para escrever a respeito. Antes desse tempo, a viagens eram diferentes, pois eram tarefas que tinham que ser feitas em grupo além de que exigiam muito dinheiro.
Em nossa geração, várias importantes viagens experimentais foram feitas para demonstrar que várias rotas e formas de viagens pelo mar são possíveis. Nos anos de 1940, a famosa expedição de Kon Tiki viajou de jangada desde a América do Sul até a Polinésia. Construída conforme o modelo das jangadas feitas na costa do Pacífico na América do sul quando os espanhóis aqui chegaram, Heyerdahl (1950; 1952) demonstrou suas capacidades de viajar pelo mar sem o benefício de orientação de uma tradição cultural. Suas idéias a respeito do povo sul americano e da Polinésia não eram bem recebidas. Contatos parecem ter sido feitos em ambas as direções, e presentemente as tradições de viagens por jangadas parecem ter vindo do sul da Ásia. (Jett 1978).
Heyerdahl (1971) posteriormente foi manchete em todo o mundo com suas duas expedições com jangadas de junco desde a África até o Caribe. Tradições de barcos de junco existem em várias partes do mundo, inclusive na América do Sul.
Outras pessoas intrépidas desbravaram os oceanos e/ou re-descobriram tradições perdidas, alguns deles são os seguintes: o autor britânico Tim Severin, que navegou numa réplica de um barco de peles irlandês desde a Irlanda até “Newfoundland” in 1977; George Hew, que em 1852 viajou de Hong Kong a San Francisco a bordo de um “sampan”; o polinésio Mau Pialug, que com seu barco a remos navegou na antiga réplica Hokul por2.600 milhas desde o Hawai até o Taiti. Juntos, esses viajantes mostraram que as dificuldades de viagens transoceânicas puderam ser superadas por modernos aventureiros que conheciam apenas parcialmente as antigas técnicas de navegação. Isto sugere que tais viagens eram todas possíveis de serem feitas pelos antigos que gozavam dos benefícios de uma vida de tradição selvagem. (Davies 1979).
Nesta série, nós vimos como migrações oceânicas podem realmente ter começado a milhares, talvez dezenas de milhares de anos atrás. Em segundo lugar, percebemos que a conquista européia esmagou culturas nativas, destruindo a maior parte de sua história e matando a maioria de seus povos. Em terceiro lugar, a rejeição por parte de acadêmicos do século XIX com respeito às teorias difusiocionistas levou a uma mentalidade estreita e preconceituosa que persiste até hoje. Em quarto lugar, vimos que este modo de pensar tem limitado o desenvolvimento do bom e profissional equipamento metodológico para dedicar-se a óbvia, mas falha, problemática da evidência difusicionista/migratória que ainda permanece. Quinto, nós notamos que tais evidências sugerem que a difusão/migração realmente ocorreu. Grupos de pessoas viajaram antigamente e por isso acreditamos que a pré-história/história americana conseqüentemente será reescrita nos anos vindouros.
Referências:
Carter, George F., "Movement of People and Ideas Across the Pacific," Plants and the Migrations of Pacific Peoples, from a symposium held at the Tenth Pacific Sciences Congress (Honolulu, 1961), Jacques Barrau, ed., pp. 7-22, Bernice P. Bishop Museum Press: Honolulu, 1963.
"Pre-Columbian Chickens in America," Man Across the Sea@ Problems of Pre-Columbian Contacts, Carroll. L. Riley, ed., pp. 178-218, University of Texas Press, Austin, 1971.
"Context as Methodology," in Diffusion and Migration: Their Role-, in Cultural Development, G. Duke, J. Ebert, G. Langemann, and, A, P. Bucher, eds., pp. 55-64, University of Calgary Archaeological Association, Calgary, 1978.
"Before Columbus," The Book of Mormon@ The Keystone Scripture, Paul R. Cheesman, ed., pp. 164-186, Brigham Young University Religious Studies Center, Provo, Utah, 1988.
"Megalithic Man in America," The Diffusion Issue, Donald L. Cyr, ed., Stonehenge Viewpoint, Santa Barbara, 1991.
Davies, Nigel. Voyagers to the New World , U of New Mexico Press, Albuquerque, 1979.
Fryxell, Paul A. The Natural History of the Cotton Tribe, Texas A&M University Press, College Station, 1978.
Jett, Stephen C. Ancient Native Americans, Jesse D. Jennings, ed., W.H. Freeman & Co., San Francisco, 1978.
"Further Information on the Geography of the Blowgun and Its Implications for the Early Transoceanic Contacts," Annals of the Association of American Geographers, pp. 89102, vol. 8 1, no. 1, 1991.
Heyerdahl, Thor. Kon-Tiki Across the Pacific by Raft, Rand McNally & Co., Chicago, 1950.
American Indians in the Pacific: The Theory Behind the Kon-Tiki Expedition , Rand McNally & Co., Chicago, 1952.
The Ra Expeditions, Doubleday & Co., Garden City, N.Y., 1971.
Thompson, Gunnar. American Discovery , Argonauts Misty Isles Press, Seattle, 1994.
Totten, Norman, "Categories of Evidence for Old World Contacts with Ancient America," The Book of Mormon - The Keystone Scripture. Paul R. Cheesman, ed., Brigham Young University Religious Studies Center, Provo, Utah, 1988.
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