Missão

Nossa missão é divulgar artigos de pesquisas científicas a respeito da arqueologia, antropologia, geografia, sociologia, cronologia, história, linguística, genética e outras ciências relacionadas à cultura de “O Livro de Mórmon - Outro Testamento de Jesus Cristo”.

O Livro de Mórmon conta a verdadeira história dos descendentes do povo de Leí, profeta da casa de Manassés que saiu de Jerusalém no ano 600 a.C. (pouco antes do Cativeiro Babilônico) e viajou durante 8 anos pelo deserto da Arábia às margens do Mar Vermelho, até chegar na América (após 2 anos de navegação).

O desembarque provavelmente aconteceu na Mesoamérica (região que inclui o sul do México, a Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Nicarágua e parte de Costa Rica), mais precisamente na região vizinha à cidade de Izapa, no sul do México.

Esta é a região onde, presumem os estudiosos, tenha sido o local do assentamento da primeira povoação desses colonizadores hebreus.

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sexta-feira, 25 de junho de 2010

GEOGRAFIA - Pistas Geográficas no Livro de Mórmon


GEOGRAFIA - Pistas Geográficas no Livro de Mórmon
Um Arqueólogo Passeia Conosco 
Através dos Seus Processos de Descoberta

Tradutor Elson Carlos Ferreira – Curitiba/Pr
F. Richard Hauck, Phd

Para mim, a descoberta arqueológica inicial das terras e povoamentos do Livro de Mórmon começou em 1979 com a observação casual de um associado que comentou comigo a possibilidade de que a “estreita faixa de deserto” do Livro de Mórmon (ver Alma 22:27-34, 50:7-11) pudesse ser idêntica à cadeia de montanhas dominante na Guatemala que inclui a Sierra de las Minas e os montes de Cuchumatanes.
Este complexo montanhoso se estende a oeste desde o Mar do Caribe, através da Guatemala, para conectar-se com a cadeia de montanhas Sierra Madre, acima da costa do Pacífico, próximo do litoral mexicano.

Naquela época eu considerei isto uma ideia interessante, mas dei pouca importância. Eu não pensei que houvesse informações geográficas suficientes no Livro de Mórmon para estabelecer qualquer correlação entre seu texto e uma ambientação plausível no Hemisfério Ocidental.Minha presunção me incomodou; eu sabia que estava errado em desconsiderar a possibilidade de tal associação. Minha consciência e minha experiência como cientista provêm lembretes de que ninguém faz julgamentos sobre conhecimento, especialmente das escrituras, sem reunir todos os dados disponíveis para uma revisão imparcial. Finalmente, depois de algum debate interno eu decidi agir.

Eu determinei analisar a geografia da “estreita faixa de deserto” do Livro de Mórmon usando minha experiência em análise geográfica adquirida anteriormente naquela década, durante meu programa pesquisa de graduação que fiz no México e Guatemala, pela Universidade Brigham Young e Universidade de Utah.

A Estreita Faixa de Deserto
Sierra de Cuchumatanes
 A fim de me assegurar de que as análises seriam tão objetivas quanto possível, eu determinei que não dirigiria preconceituosamente o estudo tentando correlacionar qualquer lugar apresentado no texto com lugares específicos no Hemisfério Ocidental. O erro comum de associar uma pré-suposição de local pela avaliação de alguém tem levado a numerosas, e algumas vezes hilárias suposições relativas a cenários do Livro de Mórmon nas Américas. (Para evitar fazer tais suposições, deve-se construir um modelo ou mapa confiando somente nas informações fornecidas pelo texto).

Certamente que no mês seguinte eu devotei todo o meu tempo livre estudando as muitas referências contidas no Livro de Mórmon concernentes à “estreita faixa de deserto”. Na conclusão desse programa de estudo eu fiquei espantado com quanta informação geográfica existe no Livro de Mórmon!
Eu descobri que o Livro de Mórmon contém associações geográficas pertinentes que levam a conclusões lógicas. Por vezes indica que a “estreita faixa de deserto” é uma barreira montanhosa porque contém as cabeceiras do Rio Sidom (ver Alma 43:22,32). Esta barreira montanhosa deve ser muito acidentada, porque restringe o acesso entre os povos nefita e lamanita. Este acesso restrito realça a importância da série de povoados fortificados, incluindo Mânti e Cumêni, que estão situados ali ou em áreas adjacentes ao sul do deserto, que é um termo sinônimo para “estreita faixa de deserto” (ver Alma 16:7, 22:31, 31:3, 62:34 para Mânti e Alma 57:15-16 para Cumêni).


Assim, minha análise inicial da “estreita faixa de deserto” me levou a um entendimento destes locais estratégicos, ou fortalezas, como elas são mencionadas no livro, ou seja, acessos controlados ao longo de poucas trilhas que penetravam na barreira de montanhas. Estas antigas trilhas eram a mais direta ligação entre os povoados nefita e lamanita, respectivamente localizados ao norte e ao sul da “estreita faixa de deserto”.

Mais adiante eu descobri que esta barreira montanhosa se estende do Mar do Leste ao Mar do Oeste. Este fato demonstra a importância estratégica da estreita faixa costeira a leste e oeste da base da barreira montanhosa.

Por que a Estreita Faixa é Tão Importante?
Por que estas passagens por regiões montanhosas e estreitas faixas de planícies costeiras são tão valiosas para os líderes nefitas e lamanitas?

Economia – a resposta é simplesmente economia. Elas são importantes porque as forças militares que controlam estes locais estratégicos também controlam as trilhas, e se eles controlam as trilhas eles controlam as rotas de viagens necessárias para o transporte de bens entre as diversas populações. Além disso, com as necessárias opções de viagem monopolizadas pelos mercadores nefitas, os líderes lamanitas sabiam que se eles pudessem ter um acesso desimpedido através de passagens na montanha e ao redor dos flancos da “estreita faixa de deserto”, eles poderiam migrar e expandir seus exércitos para os exclusivos santuários nefitas ao norte e nordeste.

Portanto, era importante para Morôni, por causa da tradição de hostilidades que existia entre esses dois povos, que ele protegesse os flancos e as vulneráveis áreas de retaguarda contra a dominação dos lamanitas e dos renegados nefitas. A fim de fazer isso, Morôni tinha que tomar o controle das trilhas na montanha fortificando as passagens para Mânti, Cumêni, Zezron e Nefiá. Ele também tinha que manter o comando nefita nos assentamentos fortificados bloqueando o acesso de lamanitas ao longo dos estreitos corredores costeiros associados com o Mar do Leste e do Mar do Oeste.

Em 1979, com minha recém encontrada apreciação de que O Livro de Mórmon realmente contém informações geográficas detalhadas, eu lancei meu maior programa de pesquisa que iria requerer mais de meu tempo livre durante os anos seguintes. Enquanto estava envolvido neste esforço, continuei a resistir à tentação de determinar locais no crescente modelo do Livro de Mórmon, dentro de qualquer contexto no Novo Mundo; todas as correlações entre lugares e direções eram baseados somente no texto deste livro.

O mapa ou modelo das terras do Livro de Mórmon, que emergiu de um modo continuado, foi criado para conter diferenças menores entre lugares diferentes. Estas diferenças não eram disparidades; elas não afetavam a coesão entre os lugares que estavam emergindo dentro do modelo. 

Consistência Interna

O fator mais excitante que resultou desta análise geográfica foi evidente na conclusão inicial da pesquisa: todas as referências geográficas no Livro de Mórmon são internamente consistentes umas com as outras. Nunca houve nenhum conflito entre as referências do livro concernente a importantes associações geográficas.

Se tais inconsistências tivessem aparecido, eu teria sido obrigado a questionar a veracidade da minha estratégia de pesquisa. Se esta estratégia tivesse se provado falha, a historicidade do Livro de Mórmon estaria em questão.

As associações geográficas registradas no livro são tão complexas que tal consistência interna não pode ser artificial. Joseph Smith não poderia ter esta consistência geográfica durante os anos de 1820. Nem poderia tal consistência ser introduzida no texto do livro se, como alguns críticos dizem, Joseph Smith tivesse copiado de antigos manuscritos (2) para inventar O Livro de Mórmon. As informações arqueológicas e geográficas e as ferramentas analíticas necessárias para criar tal consistência num trabalho de ficção, simplesmente não existiam no Século XIX. Desde que ele não pode ser artificial ou falsificado, tal consistência deve ser autêntica e, portanto, O Livro de Mórmon deve ser uma história legítima de povos e lugares verdadeiros.

Para mim, esta consistência interna se tornou outra indicação de que O Livro de Mórmon é uma história real de um povo real, que viveu num lugar real! E estas pessoas reais incluem Mórmon e seu filho Morôni, que foram os últimos mantenedores desses antigos registros no quarto Século depois de Cristo. Estes dois indivíduos estavam completamente familiarizados com a geografia de suas antigas terras e povoados. Em certos casos, eles conheciam onde ficavam muitos dos importantes lugares, mesmo apesar de eles terem vivido várias centenas de anos depois da destruição de muitos destes lugares.

Análises Geográficas

Em 1980, uma vez que eu era capaz de definir o modelo básico das terras do Livro de Mórmon através de análises geográficas, os mares, rios e cadeias de montanhas estabelecidas dentro daquele modelo, então os comparei com formas gerais da terra do hemisfério ocidental. Este processo começou numa viagem na América do Sul e foi concluído nas regiões polares do norte.

Este estágio de correlação geográfica revelou que a região sul da Mesoamérica é o único local nas Américas que reúne todos os requisitos estabelecidos dentro do modelo tirado do texto. A região sul da Mesoamérica atualmente é constituído da Guatemala, Belize, oeste de Honduras, El Salvador, e leste do México. Esta é a área das mais recentemente descobertas e mais avançadas civilizações do Novo Mundo.

Tendo determinado que os povoamentos do Livro de Mórmon provavelmente estavam associados com o sul da Mesoamérica, a área dos meus vários estudos de graduação, comecei o processo de correlacionar a explícita área geográfica daquela região, suas montanhas, suas áreas povoadas, e seus rios, com o modelo geográfico derivado do texto. 

Para completar essa tarefa, me socorri com dados arqueológicos e geográficos para esta área cultural, que gradualmente emergiu durante anos como produto do trabalho de muitos pesquisadores.

Arqueólogos têm trabalhado por um século por toda a Mesoamérica identificando e registrando antigos e extensos povoamentos e complexos cerimoniais. Tikal, Palenque, La Venta, Copan e Chichen Itza são só alguns desses locais. A maioria das grandes e impressionantes ruínas foi construída e ocupada durante o período Clássico Maia. Este período data entre 300 e 900 depois de Cristo, e a maior parte deles ocorre depois do período histórico do Livro de Mórmon (ver Tabela).
Tikal

Meus colegas também têm compilado estudos impressionantes de muitos sítios arqueológicos anteriores ao período Clássico. Estes complexos cerimoniais e vilas, em muitos casos, foram ocupados há mais de 2.000 anos e ainda são identificáveis. Tais locais seriam contemporâneos do período associado com os povos do Livro de Mórmon, mas podem ter sido ocupados por outros povos posteriormente.

Só saber que tais locais contemporâneos existem e têm sido registrados, reforça as duas suposições mais básicas por trás desse trabalho: Primeiro, que a maioria das terras e povoamentos conhecidos pelos historiadores nefitas, Mórmon e Morôni, ainda existem e podem ser reconhecidos por um arqueólogo treinado. Segundo, um completo modelo geográfico destes antigos povoamentos, trilhas e fortificações, tão bem descritos no Livro de Mórmon, podem ser diretamente correlacionados com a arqueologia pertinente às Américas, uma vez que um modelo acurado da geografia do livro foi desenvolvido.
Palenque

Enquanto eu me preparava para testar a veracidade do modelo explorando suas possíveis áreas na Mesoamérica, eu determinei que o campo de estudo inicial deveria se relacionar às fortificações de Mânti, conforme descritas no livro. Mânti foi selecionada para o teste introdutório porque a geografia associada com aquela localidade é bem descrita no Livro de Mórmon. Mânti era uma posição altamente estratégica dentro da barreira montanhosa conhecida pelos nefitas como a "estreita faixa de deserto". Ela estava adjacente ao canal leste do Rio Sidon (Alma 16:6-7). Além disso, Mânti continha a mais aberta área e uma zona neutra entre as primeiras fortalezas e a região sul do deserto (Alma 58:13-28). As posições defensivas de Mânti poderiam controlar o acesso na trilha que vinha do sul ou das terras baixas dos lamanitas. Ainda, as fortalezas de Mânti poderiam ser mais prontamente defendidas e acessadas pelas forças nefitas vindo das terras litorâneas do norte, descritas por Helamã em Alma 56:13-15, 22 e 25.

Uma Tese Viável

Minha pesquisa de Doutorado na Guatemala e em Yucatan, no México, em 1974 e 1975 havia demonstrado a viabilidade de minhas teses anteriores de que a localidade de Cobam era acessada pela mais importante trilha de transporte dos espanhóis e dos maias que conectava as planícies com os povoamentos de Peten e Yucatan bem ao norte. Agora, com o modelo das terras do Livro de Mórmon nas mãos, eu criei a hipótese de que o antigo sistema de trilhas dos maias que passava por Coban possivelmente era idêntico à primeira rota de trilhas que passava através da montanha de barreiras de Mânti, conectando Zaraenla com a cidade de Néfi.

La Venta

Se esta correlação da Mânti nefita com a Coban maia estivesse correta, eu esperava identificar uma extensa fortificação localizada na localidade de Cobam, nas montanhas de Alta Verapaz, na Guatemala central, a localidade mais estratégica nas planícies do norte.

A fim de demonstrar ou refutar esta hipótese, e não inteiramente certo de quão grande tais fortificações poderiam ser, eu arrazoei que se tais fortificações existissem no local mais estratégico na trilha espanhola/maia de Coban, elas seriam pelo menos tão grandes quanto as conhecidas fortificações na Europa e Oriente Médio. Depois de algumas considerações eu lancei a hipótese de que o complexo de Mânti, incluindo as fortificações e a área povoada deveria cobrir pelo menos meia milha quadrada e no máximo várias milhas quadradas de terreno.

Mas com o que estas fortificações se pareceriam depois de 2.000 anos? Pelo quê eu deveria procurar? Estas perguntas me intrigavam enquanto eu me preparava para minha jornada.

As Fortalezas

O livro não dava descrição das fortificações de Mânti, assim eu imaginei que as fortalezas de Mânti provavelmente deveriam conter estruturas arquitetônicas similares àquelas de Noé e Amônia, fortalezas nefitas contemporâneas que estão cuidadosamente descritas no Livro de Mórmon (ver Alma, capítulo 49). Esta parecia ser uma suposição viável, já que entre 72 e 65 antes de Cristo, Morôni, o líder nefita, havia ordenado o desenvolvimento de numerosos complexos fortificados, incluindo Noé, Amonía e Mânti.

Noé e Amonía são descritas como contendo diques escavados ou trincheiras protegidas por trás por montes de terra e lugares de retirada (Alma 49:4, 11, 18-20) e provavelmente protegidas também por paliçadas de troncos sobre os quais foram construídos piquetes de madeira conforme descritos em Alma 50: 1-4. Torres de vigilância também eram erigidas em pontos cruciais ao longo do muro para supervisionar os muros de madeira e as trincheiras. Para uma força de ataque abrir uma brecha no muro, os guerreiros teriam que descer para a trincheira, então subir o muro da trincheira e escalar a paliçada adjacente e então subir o piquete do muro antes de descer para o recinto interior protegido. Tão formidável era o sistema defensivo dos nefitas na cidade de Noé, que as forças de ataque dos lamanitas não podiam escalar efetivamente os muros. Eles tentaram sem sucesso cavar sob o muro enquanto refugiados pela escassa proteção fornecida pela trincheira. O registro simplesmente declara que as trincheiras ficaram cheias com os corpos de mortos antes que os lamanitas abandonassem o fútil assalto frontal (ver Alma 49:22). 

Seu próximo e final ataque às fortificações de Noé foi lançado no “local de entrada” ou “passagem” (Alma 49:20-22). Essa passagem ou entrada era um corredor restrito, fortificado em ambos os flancos por paliçadas e algumas vezes por trincheiras. Estes caminhos de passagem eram usados pelos nefitas para acessar o centro de suas fortalezas. Eles eram construídos com fortificações em corredores tão estreitos que uma pequena força de soldados nefitas armados podia efetivamente tomar posição defensiva dentro do corredor e barrar o acesso inimigo para o interior da fortificação.

Um segundo aspecto importante no sistema defensivo dos nefitas consistia de forças adicionais nos muros acima da estreita passagem. Assim os atacantes lamanitas que lutavam confinados dentro da passagem ficavam completamente expostos em três frentes para os defensores nefitas estacionados nos muros bloqueando o acesso dentro do corredor. A maioria dos defensores nefitas, de um lado era protegida pela paliçada e muros de madeira, e daquelas posições podiam dirigir um “fogo cruzado” letal sobre as fileiras de lamanitas ali expostas. O texto em referência à cidade de Noé descreve esta situação e declara que apesar de os lamanitas serem capazes de infringir graves ferimentos nas pernas desprotegidas dos defensores nefitas, as forças atacantes eram sistematicamente cortadas em pedaços (ver Alma 49:23-25).

Foi assim que, em 1981, meu pai, Greg, meu filho mais velho, e eu viajamos para as planícies da Guatemala próximas de Cobam para testar o modelo. Armado com todas essas informações e com todas essas suposições arqueológicas, geográficas e militares, eu comecei no local melhor situado para conter as fortificações da antiga Mânti. Eu comecei o projeto com a esperança de que os anos de investimento prévio para definir um modelo das terras do Livro de Mórmon se provasse viável; eu não poderia imaginar os resultados que estes esforços trariam.

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