Tradutor Elson Carlos Ferreira – Curitiba/Brasil
Depois de viajar por mais de três mil e duzentos quilômetros de trilhas no deserto, dunas de areia que se elevam a mais de dois mil e quatrocentos metros, ocasionais tempestades de areia que desgastam a pintura do nosso caminhão, encontros com escorpiões e seis anos vivendo na Arábia com temperaturas que variam de zero a cem graus Célsius, George Potter e seus companheiros agora estão contando sua história para o mundo.
São oito documentários em vídeo (e DVD) e um livro,
"Lehi in the Wilderness, 81 new evidences documenting the Book of Mormon is a true history" (Lei no Deserto, 81 novas evidências que documentam que O Livro de Mórmon é uma história verdadeira).
Potter inicialmente partiu com Craig Thorsted e Tom Culler para encontrar a montanha que algumas pessoas acreditam ser o verdadeiro Monte Sinai. Eles não apenas localizaram a montanha que estavam procurando, como também descobriram algo que rapidamente passou a ser sua maior prioridade. Enquanto procuravam uma pista que os levasse a um local remoto que a população local chamava de Águas de Moisés, Potter e Thorsted chegaram a um espetacular cânion do Golfo de Ácaba que se abria para o Mar Vermelho (veja a foto).
Há mais de cinqüenta anos o Dr. Hugh Nibley havia teorizado que o Vale de Lemuel poderia ser encontrado exatamente nestas montanhas, e ali havia um imenso cânion. O Dr. Nibley disse que teoricamente o rio de Lamã poderia ser apenas um “pequeno rio local”. Mesmo sabendo disso, Potter e Thorsted não estavam preparados para o que eles viram quando entraram naquele cânion.
A empresa de levantamento e estudos geológicos "US Geological Survey" havia estudado os recursos aqüíferos de toda a terra conhecida como Arábia Saudita, e concluiu, depois de quarenta e quatro anos de pesquisas, que esta nação "não tinha rios perenes ou córregos”. Enquanto os dois exploradores S.U.Ds. caminhavam para o cânion, uma fonte apareceu, brotando das areias perto do Mar Vermelho. Um pequeno riacho corria, ferindo o cânion de granito sólido de aproximadamente quatro mil e novecentos metros de comprimento.
Enquanto andava pelo estreito cânion, com suas paredes de granito elevando-se a uns três mil e duzentos metros de altura, Potter conta que era impossível não lembrar das palavras "firme, constante e imutável", a terminologia de Leí certamente combina com este vale. Além do mais, o vale e o rio que eles encontraram correspondia com cada qualidade descritiva atribuída por Néfi ao Vale de Lemuel. Em novembro de 1999 sua descoberta foi publicada no Journal of Book of Mormon Studies (Jornal Estudos do Livro de Mórmon, FARMS, BYU).
Ter conhecimento do provável local de partida de Leí para sua travessia da Arábia, ajudou Potter a encontrar o local final dessa travessia, um lugar chamado de Oman. Potter então tinha a intenção de encontrar outras localidades mencionadas por Néfi. Sua experiência de viagem na antiga Arábia e sua compreensão das leis não escritas que controlam as terras tribais levou Potter a acreditar que Leí necessariamente teria seguido pelo desvio de Gaza da antiga Trilha do Incenso, descendo para oeste da Arábia. O desvio de Gaza segue um pouco ao interior, próximo ao Mar Vermelho. A teoria de Potter contradiz a posição apoiada por muitos estudiosos do Livro de Mórmon que acreditam que o grupo que acompanhava o profeta seguiu pela costa do Mar Vermelho.
Entre aqueles que têm viajado pela Arábia e que estão familiarizados com as características descritas por Néfi, as teorias de Potter parecem mais plausíveis; sendo assim, os principais estudiosos S.U.Ds. estão observando as descobertas de Potter. No mês de Agosto de 2003, S. Kent Brown, titular do Ancient Studies Department of Brigham Young University (Departamento de Estudos Antigos da BYU), que é considerado o principal estudioso SUD da trilha de Leí, apresentou várias propostas de Potter para locais do Livro de Mórmon em sua palestra na Annual Mormon Apologetics Conference and BYU Education Week (Conferência Anual para Apologética Mórmon e Semana Educacional da BYU).
O problema em explorar o desvio de Gaza da chamada Trilha do Incenso, que passa a mais de dezoito quilômetros dentro do Vale de Lemuel indicado por Potter, é que ninguém parece conhecer seu curso exato, e ninguém ainda havia tentado traçá-lo novamente.
Esta tarefa requeria a ajuda de alguém bem versado em exploração no deserto e que fosse profundo conhecedor do Livro de Mórmon. Em 1997 Richard Wellington, do Reino Unido, juntou-se a Potter, e tornou-se um completo companheiro, pesquisador e explorador.
Traçar o curso da Trilha do Incenso requereria quatro passos. Primeiro Potter e Wellington estudaram os escritos dos primeiros geógrafos árabes (900 a 1100 d.C.), os quais forneceram descrições básicas da trilha dos peregrinos que viajavam do Cairo para Medina. Isto significa saber que os peregrinos seguiam a antiga rota comercial. O segundo passo era usar Cartas Táticas de Pilotagem, (que são mapas detalhados usados pelos pilotos para navegação aérea), mapas topográficos, e imagens de satélites para identificar a provável rota da antiga trilha. Isto não era fácil porque os nomes da maioria dos "caravanserais" (ou caravançarás, que são locais de parada) haviam mudado com o passar do tempo. Terceiro, com a ajuda de German Michael Bellersen, Potter e Wellington traçaram sua trilha no seu Global Positioning Systems (Sistema de Posicionamento Global - GPS). Finalmente o trio formado por Potter, o norte-americano Brit, e German, dirigiram-se para o interior da Arábia traçando centenas de quilômetros da Trilha dos Beduínos e verificando as rotas mais prováveis.
Afortunadamente, seus preparativos deram certo. Nos locais onde eles previram que estariam as paradas da velha trilha, encontraram os remanescentes dos antigos caravançarás.
Durante muito tempo a equipe de Potter e Wellington esteve tão longe dentro do deserto, que eles não viram estradas pavimentadas durante dias. Levar combustível extra e água já era muito. Numa pequena vila o prefeito preveniu-os de que não seguissem mais adiante no deserto e explicou que não havia estradas além da vila. Efetivamente, na extremidade da vila havia uma placa quebrada, escrita em árabe e inglês - "Fim da Estrada".
Baseados numa exaustiva revisão da literatura e em seus próprios estudos na Arábia, Potter e Wellington acreditavam que eles haviam localizado todos os locais importantes mencionadas por Néfi no Livro de Mórmon, inclusive o “lado mais próximo do Mar Vermelho" (1 Ne 2:5), Sazer (onde eles pararam para caçar - 1 Ne 16:13), as partes mais férteis (1 Ne 16:14), as árvores das quais Néfi tirou madeira para fazer seu arco (1 Ne 16: 23), Nahom (onde Ismael foi enterrado – a parte em particular da área que Warren Aston acredita que seja Nahom - 1 Ne 16:34), a trilha de Néfi para Abundância ( Ne 17:1), a terra de Abundância (corretamente identificada anteriormente pelo Dr. Nibley como Salalah - 1 Ne 17: 5), e o lugar chamado Abundância onde Lei acampou, e o porto onde Néfi construiu seu navio.
O livro de Potter e Wellington já está disponível nas livrarias SUDs e no site www.nephiproject.com.
O livro inclui mais de 2000 notas de rodapé indicando fontes de estudo não-mórmons. Suas citações incluem correspondências pessoais com estudiosos e pesquisadores de universidades dos Estados Unidos, Inglaterra, Canaã, Arábia Saudita e Oman. Suas teorias a respeito do navio de Néfi incluem idéias discutidas (de sua correspondência com o arqueólogo marítmo alemão, o Dr. Norbert Weismann - Arbeitshreis Historischer Schiffsbau), Tom Vosmer, diretor do Ancient Omani Ships Project of the Western Australian Museum of Maritime History (Projeto-Antigos Navios de Oman do Museu Australiano de História Marítima), e Frank Linehan da United States Maritime Administration (Administração Marítima dos Estados Unidos).
Wayne Brickey, professor de religião aposentado pela BYU escreveu a respeito dos autores: “Eu acredito que seu trabalho revolucionará a maneira pela qual as pessoas se sentirão a respeito do livro de 1 Néfi, e assim revestirá de reverência toda a experiência de leitura do Livro de Mórmon".
Depois de quase esgotar sua pesquisa no desvio oriental da Trilha do Incenso, Potter e Wellington despenderam a estação de trabalho de campo de 2000-2001 explorando o ramo ocidental do desvio da trilha que cruza o famoso Quadrante Vazio, o maior deserto de areia do mundo. Eles acreditavam que o desvio ocidental poderia fornecer pistas quanto à rota dos jareditas do Livro de Mórmon. Seus esforços de pesquisa científica e exploração a respeito dos jareditas podem ser encontrados em vídeo e DVD.
Potter observa que uma das maiores alegrias que ele viveu durante sua pesquisa em busca da trilha de Leí foi o maravilhoso apoio que ele recebeu dos membros, que como ele, vivem e trabalham no Oriente Médio. Membros SUDs que têm-no acompanhado no deserto vindos dos Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Fiji, Nova Zelândia e Filipinas.
Um dos primeiros membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias a ajudar nesse projeto foi Timothy Sedor, artista profissional e fotógrafo. Tim trouxe consigo uma câmera de vídeo digital e filmou grande parte do trabalho de campo feito por Potter.
Com a filmagem de Sedor, The Nephi Project Website e o grupo de pesquisa de Potter e Sedor produziram uma série de seis vídeos sobre a Trilha de Leí. Sedor é bastante claro quanto à sua meta ao produzir estes vídeos: “Nós desejamos levar visualmente cada leitor do Livro de Mórmon ao deserto da Arábia, mostrar a eles o que é esse deserto, e então deixar que eles julguem por si mesmos se Néfi andou por ali".
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