Missão

Nossa missão é divulgar artigos de pesquisas científicas a respeito da arqueologia, antropologia, geografia, sociologia, cronologia, história, linguística, genética e outras ciências relacionadas à cultura de “O Livro de Mórmon - Outro Testamento de Jesus Cristo”.

O Livro de Mórmon conta a verdadeira história dos descendentes do povo de Leí, profeta da casa de Manassés que saiu de Jerusalém no ano 600 a.C. (pouco antes do Cativeiro Babilônico) e viajou durante 8 anos pelo deserto da Arábia às margens do Mar Vermelho, até chegar na América (após 2 anos de navegação).

O desembarque provavelmente aconteceu na Mesoamérica (região que inclui o sul do México, a Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Nicarágua e parte de Costa Rica), mais precisamente na região vizinha à cidade de Izapa, no sul do México.

Esta é a região onde, presumem os estudiosos, tenha sido o local do assentamento da primeira povoação desses colonizadores hebreus.

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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Reexplorando O Livro de Mórmon – Capítulo 3

John W. Welch

Traduzido e publicado com autorização pessoal do autor a Elson C. Ferreira – Curitiba/Brasil – Junho/2011 de.jerusalem.as.americas@gmail.com

CÓLOFONS* NO LIVRO DE MÓRMON
(*Nota final de um livro, que reproduz ou completa o frontispício)

Desde o dia em que O Livro de Mórmon foi publicado em 1830, alguns leitores têm ficado chocados por seus distintos modos de expressão. Muitas das esquisitices, a princípio, sejam sinais de ignorância ou falta de jeito, numa inspeção mais de perto se revelam serem traços de antiga autenticidade. A presença dos cólofons no Livro de Mórmon ilustram isso.
Vários dos livros do Livro de Mórmon começam ou terminam com uma declaração do historiador, certificando que ele é o autor de sua obra.

Caixa de texto: PRIMEIRO LIVRO DE NÉFI

SEU GOVERNO E MINISTÉRIO

Relato sobre Leí, sua mulher Saria e seus quatro filhos, que se chamavam (a começar pelo mais velho) Lamã, Lemuel, Sam e Néfi. O Senhor avisa a Leí que saia da terra de Jerusalém, porque ele profetiza ao povo acerca de sua iniqüidade e eles procuram tirar-lhe a vida. Ele viaja durante três dias através do deserto, com sua família. Néfi toma seus irmãos e volta à terra de Jerusalém, em busca do registro dos judeus. O relato de seus sofrimentos. Tomam as filhas de Ismael para esposas. Tomam suas famílias e vão para o deserto. Seus sofrimentos e aflições no deserto. Rota de suas viagens. Chegam às grandes águas. Rebelião dos irmãos contra Néfi. Ele confunde-os e constrói um barco. Dão ao lugar o nome de Abundância. Atravessam as grandes águas, indo para a terra da promissão, e assim por diante. Isto, segundo o relato de Néfi; ou, em outras palavras, eu, Néfi, escrevi este registro.
CAPÍTULO 1
Néfi inicia o registro de seu povo—Em visão, Leí vê uma coluna de fogo e lê um livro de profecias—Louva a Deus, prediz a vinda do Messias e profetiza a destruição de Jerusalém—É perseguido pelos judeus. Aproximadamente 600 a.C.
1 EU, aNéfi, tendo nascido de bbons cpais, recebi, portanto, alguma dinstrução em todo o conhecimento de meu pai; e tendo passado muitas eaflições no decurso de meus dias, fui, não obstante, altamente favorecido pelo Senhor em todos os meus dias; sim, havendo adquirido um grande conhecimento da bondade e dos fmistérios de Deus, faço, por isso, um gregistro de meus feitos durante minha vida.
2 Sim, faço um registro naalíngua de meu pai, que consiste no conhecimento dos judeus e na língua dos egípcios.
3 E sei que o registro que faço é averdadeiro; e faço-o com minhas próprias mãos e faço-o de acordo com o meu conhecimento.
Frequentemente o autor diz o que virá nas páginas seguintes e explica ou demarca o fim do que está dizendo. Por exemplo, o livro de Enos começa com:

“EIS que aconteceu que eu, Enos, sabia que meu pai era um varão justo—pois instruiu-me em seu idioma e também nos preceitos e na admoestação do Senhor—e bendito seja o nome de meu Deus por isso—E relatar-vos-ei a luta que travei perante Deus antes de receber a remissão de meus pecados.” (Enos 1: 1-2)

O livro de Mórmon começa com:

“E AGORA eu, Mórmon, faço um registro das coisas que vi e ouvi e chamo-o Livro de Mórmon.” (Mórmon 1: 1)

Similarmente, o livro de Jacó termina com: E eu, Jacó, vi que logo deveria baixar à sepultura... E termino meu registro nestas placas...” (Jacó 7: 27)

Dezenas de entradas editoriais iguais a essas são encontradas no Livro de Mórmon. A que propósitos elas servem?

Declarações iguais a essas são conhecidas nos documentos antigos pelo nome de cólofons, e como  Hugh Nibley observou vários anos atrás, eles aparecem em vários documentos egípcios.1 Por exemplo, o papiro de Bremer-Rhind abre com um cólofon que dá a data, os títulos do autor, informações genealógicas e uma maldição contra qualquer um que possa interferir com o documento; em outras palavras, um testemunho de que o registro é verdadeiro. Estes elementos textuais funcionavam na antiguidade como algo parecido com os direitos autorais ou um selo de qualidade.

Além das observações feitas por Nibley, pesquisas posteriores que examinaram estes cólofons mostram como O Livro de Mórmon foi compilado. O fato de que estes cólofons têm sido usados de maneiras diferentes nas publicações modernas, obscureceu sua natureza original.

Néfi, certamente, apresentou o padrão para O Livro de Mórmon. Tudo o que sabemos dele através dos livros de 1 e 2 Néfi é que eles foram escritos aproximadamente na mesma época, uns trinta anos depois que a família de Leí deixou Jerusalém.

28 “E haviam-se passado trinta anos desde que deixáramos Jerusalém.
29 E eu, Néfi, havia feito os registros de meu povo, até então, nas minhas placas.
30 E aconteceu que o Senhor Deus me disse: Faze outras placas; e gravarás nelas muitas coisas que são boas a meus olhos, para proveito de teu povo.
31 Portanto eu, Néfi, para ser obediente aos mandamentos do Senhor, fiz estas placas nas quais gravei estas coisas.
32 E gravei as coisas que são agradáveis a Deus. E se meu povo estiver satisfeito com as coisas de Deus, estará satisfeito com o que gravei nestas placas.
33 E se meu povo desejar conhecer a parte mais específica da história de meu povo, deverá examinar minhas outras placas.” (2 Néfi 5: 28-33)

Ele pode ter mantido algum tipo de diário durante anos ao longo de suas viagens, mas suas palavras conforme foram cuidadosamente aplicadas em frases nas suas placas de forma simples, um trabalho planejado, através do qual ele sentiu necessidade de guiar os passos de seus leitores.

Como ele guiou o leitor?

No começo de 1 Néfi, um cabeçalho que não é marcado com número,  diz: “Relato sobre Leí, sua mulher Saria e seus quatro filhos”, e termina com, “eu, Néfi, escrevi este registro”.

Em 1 Néfi 1: 1-3, Néfi afirma que ele fez o registro e que este é verdadeiro:

“EU, Néfi, tendo nascido de bons pais, recebi, portanto, alguma instrução em todo o conhecimento de meu pai; e tendo passado muitas aflições no decurso de meus dias, fui, não obstante, altamente favorecido pelo Senhor em todos os meus dias; sim, havendo adquirido um grande conhecimento da bondade e dos mistérios de Deus, faço, por isso, um registro de meus feitos durante minha vida.
2 Sim, faço um registro na língua de meu pai, que consiste no conhecimento dos judeus e na língua dos egípcios.
3 E sei que o registro que faço é verdadeiro; e faço-o com minhas próprias mãos e faço-o de acordo com o meu conhecimento.”

Então, em 1 Néfi 9, Néfi apresenta uma discussão (todo o capítulo) sobre o que tratam os capítulos 1-8, além de uma declaração de o que se seguirá. O “amém” no final do capítulo assinala que ele terminou seu editorial.

Em 1 Néfi 14 ele novamente sumariza e mais uma vez conclui com “Amém”:

29 “E testifico que vi as coisas que meu pai viu; e o anjo do Senhor deu-mas a conhecer.
30 E agora termino de falar sobre as coisas que vi enquanto estava arrebatado no espírito; e se todas as coisas que vi não estão escritas, as que escrevi são verdadeiras. E assim é. Amém.” (1 Néfi 14: 29-30)

Muitos outros editoriais similares comentados por Néfi podem ser mencionados, por exemplo:

“Os iníquos, portanto, serão apartados dos justos e também daquela árvore da vida, cujo fruto é mais precioso e mais desejável que todos os frutos; sim, é a maior de todas as dádivas de Deus. E assim falei a meus irmãos. Amém.” (1 Néfi 13:36)

Tais editoriais servem como demarcadores e divisões naturais no texto. De certa maneira, eles tomam a função de parágrafos, pontuações e outros dispositivos de escrita que não eram usados na antiguidade.

Os leitores do Livro de Mórmon encontrarão estes demarcadores naturais em todo o livro. Muitos escritores do Livro de Mórmon seguiram o exemplo de Néfi. Mórmon apresenta prefácios em cada livro que resumiu,  exceto em Mosias, para o qual Palavras de Mórmon é um prólogo expandido. Além disso, ele escreveu introduções como parte do material original que ele incorporou em seu resumo atual das placas de Néfi. Entre os mais óbvios desses pontos estão seus comentários precedentes ao registro da colônia de Zenife (antes de Mosias 9) e antes do relato de Alma, que começa com Mosias 23. Finalmente, Mórmon leva o leitor saber, em em Mosias 29: 47, que o livro de Mosias é escrito e que a orientação do registro está mudando.

“E assim terminou o reinado dos reis sobre o povo de Néfi; e assim terminaram os dias de Alma, que foi o fundador da igreja deles.”

O livro de Alma começa com um prefácio de sessenta e oito palavras e termina com um sumário no último verso. Entre eles estão outros guias fornecidos por Mórmon. No começo de Alma 5 começa um prefácio: “Relato de Alma, que era filho de Alma...”, e conclui em Alma 6: 8 com uma diretriz editorial terminando com “Amém”:

“E Alma começou a pregar a palavra de Deus à igreja que estava estabelecida no vale de Gideão, segundo a revelação da veracidade da palavra que havia sido proferida por seus pais; e segundo o espírito de profecia que estava nele, conforme o testemunho de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que viria para redimir seu povo de seus pecados, e a santa ordem pela qual fora chamado. E assim está escrito. Amém.”

Um prefácio antes de Alma 17 começa com o relato da missão dos filhos de Mosias (se estendendo pelo capítulo 26). Declarações de apoio para o registro de Shiblon estão em Alma 63: 1 e 11.

“E aconteceu, no começo do trigésimo sexto ano em que os juízes governaram o povo de Néfi, que Siblon se encarregou das coisas sagradas que Alma havia confiado a Helamã.
Portanto se tornou necessário que, antes de sua morte, Siblon entregasse as coisas sagradas ao filho de Helamã, que se chamava Helamã, sendo chamado pelo nome de seu pai.”

Podemos discernir que, em alguns casos, partes de documentos antigos na posse de Mórmon foram inseridos na íntegra. Zenife, por exemplo, escreveu na primeira pessoa e Mórmon incorporou seu registro intacto. O livro de Helamã, capítulos 7 a 12, tem um título formal: "Profecia de Néfi, filho de Helamã". Pelo menos parte de Helamã, capítulos 13 a 15, intitulado "A profecia de Samuel, o lamanita, aos nefitas” é citação de outro documento em vez de um parafraseado de Mórmon. Enquanto isso, o  cólofon no início de 3 Néfi, que introduz o que se segue como “Livro de Néfi”, apresenta informação genealógica que não são dadas em nenhum outro lugar:

Caixa de texto: TERCEIRO NÉFI
LIVRO DE NÉFI
FILHO DE NÉFI, QUE ERA FILHO DE HELAMÃ

E Helamã era filho de Helamã, que era filho de Alma, que era filho de Alma, descendente de Néfi, que era filho de Leí, que saiu de Jerusalém no primeiro ano do reinado de Zedequias, rei de Judá.

CAPÍTULO 1
Néfi, filho de Helamã, deixa a terra e seu filho Néfi encarrega-se dos registros—Embora haja abundância de sinais e maravilhas, os iníquos planejam matar os justos—Chega a noite do nascimento de Cristo—É dado o sinal e surge uma nova estrela—Aumentam as mentiras e os enganos e os ladrões de Gadiânton matam muita gente. Aproximadamente 1–4 d.C.
1 ORA, aconteceu que terminou o nonagésimo primeiro ano e haviam-se passado aseiscentos anos desde que Leí saíra de Jerusalém; e nesse ano Laconeu era o juiz supremo e governador de toda a terra.
2 E Néfi, filho de Helamã, partira da terra de Zaraenla deixando aNéfi, que era seu filho mais velho, encarregado das bplacas de latão e de todos os registros que haviam sido escritos e de todas as coisas que haviam sido preservadas como sagradas desde a saída de Leí de Jerusalém.
Esses cólofons não são consistentemente apresentados ou claramente identificados nas edições modernas do Livro de Mórmon, mas os leitores podem procurar por elas e ver como agem na função de guias através desta compilação de registros que foram reunidos a partir de muitos autores e de várias placas e registros. Esta característica do texto mostra não apenas a impressionante complexidade do Livro de Mórmon, mas também os grandes esforços feitos por seus autores e editores para tornar o registro tão claro quanto possível.

(Este boletim de atualização de 1990 foi baseado em pesquisas de John A. Tvedtnes. Esse tópico é discutido num trabalho mais extenso no artigo Colophons in the Book of Mormon, John Sorenson e Melvin Thorne, eds.; Rediscovering the Book of Mormon - Salt Lake City, Utah: Deseret Book e  F.A.R.M.S., 1991, 32-37)

Fontes, placas, registros e manuscritos do Livro de Mórmon.

Notas: 

1. Lehi in the Desert, The Collected Works of Hugh Nibley (Salt Lake City, Utah: Deseret Book e F.A.R.M.S., 1988), 5:17-19.

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