Missão

Nossa missão é divulgar artigos de pesquisas científicas a respeito da arqueologia, antropologia, geografia, sociologia, cronologia, história, linguística, genética e outras ciências relacionadas à cultura de “O Livro de Mórmon - Outro Testamento de Jesus Cristo”.

O Livro de Mórmon conta a verdadeira história dos descendentes do povo de Leí, profeta da casa de Manassés que saiu de Jerusalém no ano 600 a.C. (pouco antes do Cativeiro Babilônico) e viajou durante 8 anos pelo deserto da Arábia às margens do Mar Vermelho, até chegar na América (após 2 anos de navegação).

O desembarque provavelmente aconteceu na Mesoamérica (região que inclui o sul do México, a Guatemala, Belize, El Salvador, Honduras, Nicarágua e parte de Costa Rica), mais precisamente na região vizinha à cidade de Izapa, no sul do México.

Esta é a região onde, presumem os estudiosos, tenha sido o local do assentamento da primeira povoação desses colonizadores hebreus.

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segunda-feira, 12 de julho de 2010

A Autoria do Livro de Mórmon

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George Potter

The Nephi Project -  Nov/2000, Bear River City, Utah Copyright 2000
Todos os direitos reservados   www.nephiproject.com

Tradutor Elson C. Ferreira - Curitiba/2004

      Hoje em dia a Hipótese Documentária ou a Alta Crítica é a metodologia usada pelos estudiosos nas principais universidades do mundo tanto nos seminários judaicos quanto nos cristãos. A linha de estudo põe de lado suposições dogmáticas a respeito da autoria da Bíblia, e utilizam-se da lingüística, arqueologia, história e outras disciplinas para decifrar a autoria das escrituras.

A escola de Hipótese Documentária de investigação bíblica precisou de um milênio para finalmente fosse aceita pelos estudiosos a teoria prevalecente da origem dos cinco livros de Moisés, o Pentateuco. Antes de 1830, ano da primeira edição do Livro de Mórmon, os estudiosos que apoiavam esta linha de raciocínio eram perseguidos. Um dos notáveis eruditos, Benedict Spinoza, escreveu em seu Tractaus político-teológico (1670 a.D.: "É...mais claro que o sol da manhã que o Pentateuco não foi escrito por Moisés, mas por alguém que viveu muito depois de Moisés (i)

Sob seu vigamento hipotético, eruditos bíblicos têm acumulado substanciais evidências de que nem Moisés ou qualquer outro homem foi autor do Pentateuco. O corpo de evidências para esta conclusão inclui um padrão de duplicatas (múltiplos registros de um mesmo evento), eventos que aconteceram depois do tempo de Moisés que ele não podia ter conhecimento, contradições ao informar os mesmos eventos, estilos de escrita indicativos de períodos posteriores, e considerável evidência histórica apoiando os motivos dos autores ao alegarem tempo e lugar no qual a hipótese alega que os livros foram escritos. Apesar de os líderes da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ter geralmente criticado a Hipótese Documentária (ii), outros têm tido uma visão mais tolerante.

J. Reuben Clark Jr. Escreveu: Eu não estou realmente preocupado, e nenhum homem de fé deveria estar, a respeito da exata autoria dos livros da Bíblia. Mais do que um dos profetas poderia muito bem ter escrito parte dos livros agora reunidos em um só título. Eu não sei. Nesse caso, o quê fazer? A literatura de Shakespeare não seria perdida nem diminuída porque Bacon a poderia ter escrito. (III)

De acordo com a "Encyclopedia of Mormonism", A Igreja de Jesus Cristo dos S.U.D. não tomou posição oficial concernente à coleção e a transmissão destes textos no Pentateuco.

Por que usar uma hipótese controversa para testar a autoria do Livro de Mórmon?     

Primeiro: é exatamente por esta razão. Sendo geralmente rejeitado pela maioria dos estudiosos do Livro de Mórmon, evidências da Hipótese Documentária provêm um teste mais imparcial do que é usualmente oferecido pelos estudiosos do Livro de Mórmon.

Segundo: as evidências compiladas pela Hipótese Documentária representam um enorme corpo de investigação bíblica. Usando as inferências da Hipótese Documentária para testar a autoria do Livro de Mórmon reúne as reivindicações dos registros sagrados contra o que há de melhor na atual erudição bíblica.

Terceiro: proponentes da Hipótese Documentária têm focalizado sua pesquisa a respeito do Pentateuco num lugar e período relevante para as origens do Livro de Mórmon: a Palestina, no tempo em que as tribos de Israel foram divididas em dois reinos no ano de 922 a.C., e da destruição de Jerusalém em 587 a.C. Esta era a época que se acredita que pelo menos quatro versões dos Livros de Moisés foram escritos, e inicialmente editados em um só texto.

Sjodahl usa o segundo versículo do Livro de Mórmon para explicar por que isto é importante quando tentamos conectar os autores iniciais do Livro de Mórmon a este mundo antigo.

É certo que, se este versículo tivesse sido escrito por um impostor moderno, ele não teria escrito "na linguagem de meu pai", mas "em hebreu", porque este é o termo agora usado para denotar a linguagem e a escrita dos judeus no tempo de Lei. Mas Néfi não a conhecia por este nome. A expressão usada é, portanto, uma evidência inconfundível da genuinidade do livro. (iv)

Ainda, o autor tem várias reservas em usar evidências da Hipótese Documentária para testar a autoria do Livro de Mórmon.

Primeiro: não há nenhuma hipótese ou sumário aceito na Alta Crítica a respeito de seu achado. É uma linha de pesquisa bíblica que está em todo o mundo e crescendo.

Segundo: qualquer tentativa para reduzir as evidências da Hipótese Documentária num modelo simples o suficiente para usar como comparação às reivindicações de autoria do Livro de Mórmon, seria uma simplificação extrema.

Terceiro: pode parecer ao leitor que o autor concorda com as conclusões da Hipótese Documentária a respeito da autoria do Pentateuco. Eu não concordo, entretanto, não diminui minha consideração para com a qualidade de seu inquérito dedutivo e pesquisa empírica.

Para minimizar estas preocupações eu escolhi usar uma recente viagem de trabalho para representar o recente livro de Hipótese Documentária de Elliott Friedman, "Who Wrote The Bible?" Friedman é a principal figura em Hipótese Documentária. (v) O estudioso SUD Kevin Cristensen chama o livro de Friedman de "uma pesquisa popular de evidência para a hipótese documentária que domina a moderna erudição bíblica"(vi). A "Harvard Magazine" avalizou o livro desta maneira: "É um acontecimento termos um livro tão legível e excitante como “Hwo Wrote The Bible?” Ele tem sobre isto a ressoante pancada da sólida verdade? Friedman escreveu de seu livro: "Eu falei quase exclusivamente em termos dos fatos em si mesmos - significando a evidência do texto e da arqueologia - e escolhi este modo porque eu precisava que ele fosse uma apresentação de evidências e conclusões em vez de uma história erudita ". (vii)

Se melhor estudioso bíblico provê evidências indiscutíveis colocando os autores do Livro de Mórmon na Palestina, entre os anos 922 e 587 a.C., seria tolo e ingênuo afirmar que alguém tenha escrito o livro em Nova York, nos ano de 1920.

O Livro de Mórmon reivindica seu autor inicial como Néfi. O jovem profeta escriba escreveu que a família de seu pai viveu em Jerusalém contemporaneamente a Jeremias, mas que fugiram da cidade antes de sua destruição (587 a.C). Antes de deixar Jerusalém, em direção à terra prometida, Néfi adquiriu as placas de latão, que parece ter servido como base teológica (1 Néfi 4:15,16; 5:21) e lingüística (1 Néfi 3:19). As placas de latão continham a genealogia da família de Néfi, que indicava que ele era um descendente de José (1 Néfi 5:14), confirmando que ele não era judeu, isto é, das tribos que formaram o reino de Judá depois da divisão do reino após a morte do rei Salomão. As placas de ouro de Néfi nos dizem que ele era da tribo de Manasses (Alma 10:3), e que sua esposa era da tribo de Efraim (viii); ambas as tribos que haviam sido parte do reino de Israel.

Néfi adquiriu as placas de latão em Jerusalém, a capital do reino do sul, Judá. Entretanto, Néfi tomou as placas da casa de um parente distante chamado Labão, também descendente de José, assim, do reino de Israel.

De particular interesse para este teste de autoria, é que as placas de latão continham uma versão dos cinco livros de Moisés (1 Néfi 5:11). Néfi copiou versículos das placas de latão em seu próprio registro para "instrução e proveito de meus (seus) filhos" (2 Néfi 4:15).

Dado que as placas de latão eram usadas para preservar a linguagem dos nefitas (1 Néfi 3:19) e para ensinar cada nova geração a ler (Mosias 1:2,3), nós podemos presumir que o estilo de escrita encontrado nas placas de latão foi adquirido pelos descendentes de Néfi e tornou-se um estilo que deve estar evidente no Livro de Mórmon. A este respeito, o estilo do autor original do Livro de Mórmon repousa em Néfi e em certo grau, sobre os escribas que gravaram as placas de latão. Em resumo, os primeiros autores do Livro de Mórmon eram das tribos que inicialmente formaram o reino de Israel. Eruditos bíblicos apoiam esta reivindicação de autoria?

Teste 1: Múltiplas Versões do Pentateuco

A premissa primária da Hipótese Documentária é que há evidências de que muitas versões dos livros de Moisés existiram durante o tempo em que as placas de latão foram escritas e por certo no tempo de Néfi. Richard Friedman sumariza esta hipótese: Há evidências de que os cinco livros de Moisés foram compostos pela combinação de quatro diferentes fontes de documentos em uma história contínua. Por propósitos práticos, os quatro documentos foram identificados por símbolos alfabéticos.

O documento que é associado com o divino nome Yahweh/Jeová foi chamado versão "J".

O documento que é identificado enquanto referindo-se à Deidade como Deus (o hebreu Eloim), foi chamado "E".

O terceiro documento, sem dúvida o maior, incluindo a maioria das seções legais e concentrando muitos assuntos que têm a ver com o sacerdócio foi, por isso, chamado "P" (Priesthood).

A fonte que foi achada somente no livro de Deuteronômio foi chamada "D" (ix)

O que Néfi vê nas placas de latão? J. M. Sjodahl sugere que “a coleção de Labão, conhecida no Livro de Mórmon como as Placas de Latão, deve ter sido não usualmente completa, a julgar pelo conteúdo. Ela deve ter sido uma coleção muito valiosa". (x)

Felizmente Néfi providenciou uma relação dos documentos contidos nas placas de latão, incluindo quatro tipos de escrituras, pelo menos três eram de natureza mosaica tendo profecias que datam de antes das placas iniciais (1 Néfi 5: 11-13).

As evidências da Hipótese Documentária para as versões J E D P correlacionam-se notavelmente bem com o que Néfi encontrou nas placas de latão. Este autor sugere uma possível comparação:
1- As placas de latão contêm "os cinco livros de Moisés" (v 11) o que se compara à combinação das versões E e J do Pentateuco. As placas de latão incluem os cinco livros da versão D. (o completo Exateuco E, J e P não foi combinado até Esdras. (xi).
2- As placas de latão continham um registro dos judeus desde o princípio (v 12). Compare com a versão J, cujo autor (ou autores) veio do reino de Judá.
3- As placas de latão continham as "profecias dos santos profetas desde o princípio" (v 13). Compare com a versão E, cujo autor (autores) veio das tribos que formaram o reino de Israel.
4- as placas de latão registram as "muitas profecias faladas pela boca de Jeremias" (v 13). Compare com o livro de Jeremias.
5- Néfi não descreve nenhum conjunto de placas equivalente à versão P ou versão Sacerdotal.
      Se estas comparações são acuradas ou não, a conclusão dos estudiosos bíblicos de que durante o período em que Néfi viveu havia diferentes registros das histórias desde o princípio até Moisés, é apoiada pelo livro de Mórmon.

Teste 2: As Versões E e J dos Livros de Moisés

Este segundo teste é mais explícito. As evidências no âmago da Hipótese Documentária afirmam que havia diferentes versões dos livros de Moisés usadas por cada um dos dois reinos. Friedman conclui, "se separarmos as histórias da versão E das histórias da versão J, nós teremos uma consistente série de indícios de que as histórias da versão E foram escritas por alguém preocupado com Israel e as histórias da versão J por alguém interessado por Judá" (xii).
O Livro de Mórmon apóia a teoria de que existiam versões separadas dos livros de Moisés para cada reino? A resposta é, logicamente, sim, e ele distingue estes dois registros por suas origens tribais mais do que qualquer outro registro antigo. Néfi e as placas de latão tinham suas raízes no reino de Israel, a terra da Hipótese Documentária da versão E.

No livro de Mórmon lê-se: "Portanto o fruto de teus lombos escreverá; e o fruto dos lombos de Judá escreverá; e aquilo que for escrito pelo fruto de teus lombos e também aquilo que for escrito pelo fruto dos lombos de Judá serão unidos,..." (2 Néfi 3:12)

O livro de Mórmon vai muito mais longe para explicar como a versão nas placas de latão (presumivelmente uma versão E do reino de Israel) é diferente da Bíblia moderna, que é baseada na Torah judaica: "... O livro que vês é um registro dos judeus, que contém os convênios feitos pelo Senhor com a casa de Israel; e contém também muitas das profecias dos santos profetas; e é um registro semelhante às gravações encontradas nas placas de latão, só que em menor número; não obstante, contém os convênios do Senhor com a casa de Israel, sendo, portanto, de grande valor para os gentios". (1 Néfi 13: 23)

Teste 3: Existiu uma versão dos livros de Moisés que poderiam ser identificados como "profecias dos santos profetas" (1 Néfi 5: 12)

      As "profecias dos santos profetas" das placas de latão não são identificadas como pertencente ao outro grupo, ou seja, os judeus. Pode-se assumir que este registro era sua versão tribal do livro de Moisés, a versão do reino de Israel, a versão E.

      A Hipótese Doutrinária apóia a ideia de que existia tal versão dos livros de Moisés nos tempos de Néfi. Friedman escreve: "Ambas as versões E e D dão maior ênfase no dever dos profetas - o que faz sentido, dado que seus heróis incluem figuras como Moisés, Samuel, Ahijah, e por último, Jeremias" (xiii). A versão D é identificada como Deuteronômio, a qual não cobre os eventos desde o princípio dos tempos. Entretanto, a versão E inclui a criação e enfatiza os profetas.

Estudiosos bíblicos concluíram que a versão E foi escrita por autores do reino de Israel. Isto não somente apóia a reivindicação de autoria do Livro de Mórmon, como também explica como o coletor Labão, da mesma tribo, veio a possuir o manuscrito.

Néfi explicou que a versão judaica diferia da versão de José ou Israel nas placas de latão. As placas de latão continham mais "profecias" (1 Néfi 13:23); ela enfatiza os profetas. Evidências para esse argumento são encontradas no Livro de Mórmon. Néfi escreve a respeito de seu pai recontando profecias de José do Egito (2 Néfi 3); presumivelmente da versão E, posto que, de acordo com Hipótese Documentária desta versão, dá-se especial tratamento a José (xix).  Esta profecia de José não é encontrada na Bíblia hebraica. Em resumo, a investigação bíblica confirma o que Néfi informou 2600 anos antes; havia uma versão dos livros de Moisés que enfatizava as profecias.

Teste 4: O Nome da Deidade, E (Eloim) e J (Yahweh/Jeová)

De acordo com Friedman, "o grupo Eloim inclui os nomes de todas as tribos de Israel. O grupo de histórias que invocam o nome de Yahweh são histórias de Rubem, Simeão, Levi e Judá" (xv).

Em concordância com esta conclusão da Hipótese Documentária, teria sido esperado que Néfi, de Israel, chamasse a deidade "Deus" ou "Eloim". Quer dizer, mesmo apesar de ele ter vivido em Judá, ele deve ter sido ensinado sobre a terminologia religiosa pelos sacerdotes de Israel, incluindo seu pai. Entretanto, se Néfi invocou o nome de Jeová como deidade, ele teria usado a terminologia de Judá, e estudiosos bíblicos teriam questionado a autenticidade de autoria do Livro de Mórmon. Estudiosos do Livro de Mórmon tem aplicado esta técnica relacionada ao nome de Cristo para mostrar que o Livro de Mórmon foi escrito por mais do que um autor (xvi). Friedman escreve: "As duas histórias têm dois quadros diferentes do que aconteceu. Agora, as três investigações notaram que a primeira versão da história da criação sempre se refere ao Criador como Deus - trinta e cinco vezes. A segunda versão sempre se refere a ele por seu nome Yahweh Deus - onze vezes. A terceira versão nunca o chama de Yahweh; a segunda versão nunca o chama de Deus. (xvii)

Ao traduzir o Livro de          Mórmon, Joseph Smith diferenciou "Deus" de "Jeová". O Livro de Mórmon refere-se à deidade como "Deus" 1339 vezes. O título "Jeová" é somente encontrado no Livro de Mórmon duas vezes, uma vez na citação de Isaías (um profeta de Jerusalém que teria escrito no estilo "J", veja 2 Néfi 22: 2), e na última sentença do Livro de Mórmon, onde Morôni está claramente referindo-se a Cristo, não ao Pai, como Jeová (Morôni 10:33, 34).

Teste 5: O texto do Livro de Mórmon contém um possível preconceito ou influência do autor que é descendente do reino de Israel, durante aquele período?

Por si só, a preferência do Livro de Mórmon em nomear a deidade prova pouco. Néfi pode ter selecionado fortuitamente sua preferência pelo nome da deidade, o que foi seguido pelos autores subseqüentes. Entretanto, estudiosos da Hipótese Documentária argumentam que existem indicadores específicos que distinguem a autoria de E da autoria de J, e que quando considerados juntos estes indicadores provêm evidências indiscutíveis quanto às origens dos autores dos livros de Moisés. Friedman explica: A acumulativa e consistente conclusão de todas essas evidências, parece-me, é (1) os primeiros investigadores estavam certos a respeito da existência de duas fontes, J e E; (2) a pessoa que escreveu a versão J estava particularmente interessada no reino de Judá, e a pessoa que escreveu a versão E estava mais interessada no reino de Israel". (vviii)

O Livro de Mórmon atesta o preconceito do escriba do reino de Israel ou uma origem do reino de Judá?

Por exemplo, uma chave símbolo no reino de Israel era a serpente de bronze que Moisés tinha feito ao Senhor (xix). Este ícone é mencionado na versão E e no Livro de Mórmon (1 Néfi 17: 41), mas não aparece na versão J (xx). O oposto é verdadeiro a respeito da arca do convênio, um importante ícone para Jerusalém e para o templo, e, portanto, para o reino de Judá. A arca é mencionada na versão J, mas ela não aparece na versão E ou no Livro de Mórmon.

Friedman mostra que diferentes versões dos livros de Moisés contêm uma "corrente de indícios para identificar seus autores" (xxii). Entretanto, deve-se tomar cuidado ao comparar os indícios de E e J para a inclusão ou exclusão do Livro de Mórmon ou das placas de latão.

Primeiro: nós não temos uma lista de todas as histórias das placas de latão ou das placas maiores de Néfi.

Segundo: a inclusão ou exclusão de um evento bíblico no Livro de Mórmon é algo inexpressivo. Ambos os reinos compartilham todas as histórias bíblicas e a mesma fé básica.

Apenas se existir evidência história significativa mostrando um padrão que forneça uma base racional para explicar por que esta evidência está presente ou não, podemos então concluir que os autores do Livro de Mórmon eram de um reino ou de outro.

Que padrão indicaria um preconceito seguro: A Hipótese Documentária aponta para a animosidade que existia entre os reinos de Israel e o reino de Judá naquele tempo. O autor inicial do Livro de Mórmon estava familiarizado com a inimizada entre os dois grupos. Ao selecionar versículos do livro de Isaias para copiar nas suas próprias placas menores, Néfi fornece possíveis indícios quanto aos sentimentos de sua família para com o povo do reino de Judá.   "Manassés, Efraim; e Efraim, Manassés; eles juntos serão contra Judá" (2 Néfi 19: 21), e "Porquanto a Síria, Efraim e o filho de Remalias tiveram contra ti maligno conselho, dizendo: Subamos contra Judá e atormentemo-la; repartamo-la entre nós e ponhamos um rei no meio dela, o filho de Tabeal". (2 Néfi 17: 5,6), e "O Senhor fará vir sobre ti e sobre o teu povo e sobre a casa de teu pai, pelo rei da Assíria, dias que nunca vieram, desde o dia em que Efraim se separou de Judá". (2 Néfi 17:17)

Friedman fornece várias preferências iconográficas e téo-polícitas que podem ser usadas para distinguir o período dos dois reinos. Aqui estão três:

1- A posição de Moisés e Aarão: pensamentos da Hipótese Documentária atual sugerem que E é uma fonte que enfatiza particularmente a Moisés como um herói, muito mais do que se faz na versão J. Nesta história é a intercessão de Moisés para com Deus que salva o povo da destruição. E também revela especialmente o dever pessoal de Moisés na libertação do cativeiro de uma maneira que a versão J não faz (xxiii).
Na versão do reino de Israel, Moisés é um herói, enquanto que Aarão é mostrado numa luz desfavorável. As razões apontadas por Friedman são que o provável escritor da versão E era um sacerdote levita de Shiló (xxiv). Os sacerdotes de Shiló orgulhavam-se de serem descendentes de Moisés. Os sacerdotes em Judá eram descendentes de Aarão (xxv).

O nome de Moisés é registrado 63 vezes no Livro de Mórmon, enquanto que Aarão, o primeiro sumo-sacerdote da ordem Levítica nunca é mencionado. De acordo com Friedman, a versão E de Moisés mostra "uma poderosa composição refletindo um especial interesse e simpatia pelo profeta (3 Êxodo 3:8), enquanto que a versão J focaliza-se na posição de Jeová na libertação" (3 Êxodo 3: 10) (xxvi).

Aqui estão apenas umas poucas referências a Moisés no Livro de Mórmon:

"Sejamos fortes como Moisés; porque ele por certo falou às águas do Mar Vermelho e elas dividiram-se para um e outro lado" (1 Néfi 4:2)

"Ora, sabeis também que o Senhor ordenou a Moisés que fizesse esse grande trabalho;" (1 Néfi 17:26)

"E suscitarei Moisés pra tirar teu povo da terra do Egito”. (2 Néfi 3:10)

2- O Convênio: Durante o período entre 922 a.C a 587 a.C. a Palestina era mais uma terra de tribos do que de nações-estado. Nenhuma outra rivalidade era mais intensa do que entre as tribos de José (Manasses/Efraim) e Judá. O centro da disputa era qual tribo tinha o direito à primogenitura ou o convênio com Deus. O reino de Israel clamava que a primogenitura pertencia aos reis efraimitas (1 Reis 11: 35-36), enquanto que o reino de Judá clamava o convênio de Davi no qual Deus prometeu o trono para a tribo de Judá (2 Samuel 7: 16). Estudiosos bíblicos notam que a versão E mostra a primogenitura como sendo dada a Efraim, filho de José (Gênesis 48: 8-20), enquanto que a versão J tem a primogenitura como sendo dada a Judá (Gênesis 49: 8) (xxvii). A pessoa de Judá é mencionada somente três vezes no Livro de Mórmon, e em cada uma delas o autor está apenas citando uma fonte bíblica. Isto é, os profetas do Livro de Mórmon nunca usam o nome de Judá enquanto estão fazendo uma escritura original (xxviii). O Livro de Mórmon menciona seu meio-irmão José 31 vezes.

Quem porta o convênio da primogenitura no Livro de Mórmon, José ou Judá? O livro não especifica; assim não é possível determinar a posição do autor com respeito a este assunto somente pelo texto. O Livro de Mórmon menciona quatro vezes a "promessa" que o Senhor fez a José, e provê a ele uma terra de herança. Ambos são indicativos de uma primogenitura (xxix). Entretanto, o livro declara em seis lugares que os Judeus são o povo do convênio do Senhor.

De acordo com a Hipótese Documentária, a condicionalidade do convênio com os judeus é um indicativo de que o escritor tem origens no reino de Israel. Os pesquisadores modernos estão confusos sobre estas inserções a respeito do convênio de Davi. Algumas vezes as inserções reiteram esta promessa de que os reis descendentes de Davi reinariam para sempre, mesmo se eles pecassem (2 Samuel 7); mas algumas vezes eles parecem dizer o oposto, que os reis poderiam governar somente se eles não cometessem pecados. (1 Reis 8: 25)(xxx)

Em alguns versículos, o Livro de Mórmon sugere que o convênio Judaico é condicional: "Pois eis que vos digo que todos os gentios que se arrependerem serão o povo do convênio do Senhor; e todos os judeus que não se arrependerem serão lançados fora, portanto o Senhor não faz convênios a não ser com os que se arrependem e acreditam em seu Filho, que é o Santo de Israel". (2 Néfi 30: 2)

Em outros lugares no livro o convênio parece ser uma eterna espera por parte dos judeus em serem restaurados a ele: "E eis que elas (minhas palavras) irão aos judeus incrédulos; e com esta finalidade irão - para que sejam persuadidos de que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo; para que o Pai realiza, por meio de seu mui Amado, o seu grande e eterno propósito de restituir aos judeus, ou a toda a casa de Israel, a terra de sua herança, que o Senhor seu Deus lhes deu em cumprimento de seu convênio". (Mórmon 5:14)
O convênio judaico no Livro de Mórmon é eterno, portanto incondicional no sentido de que ele não será retirado; contudo é condicionalmente aplicado a cada judeu baseado em sua retidão. Compare os versículos acima com a descrição que Friedman dá do convênio judaico em Deuteronômio: "O convênio de Davi, portanto, tornou-se somente na promessa de que o trono estava eternamente disponível à família de Davi. Mesmo se ele estivesse desocupado, como presentemente, há sempre a possibilidade de que um descendente de Davi, um messias, pudesse algum dia vir a governar com justiça". (xxxi)

Friedman acredita que o autor de Deuteronômio é do reino de Israel e tinha conexão com os autores da versão E (xxxii). Ele resume as crenças do autor como tendo... descrito a promessa do convênio a Davi como sendo em parte condicional e em parte incondicional. O direito ao trono de Judá em Jerusalém era incondicional, ele deveria pertencer aos descendentes de Davi para sempre, mas o trono de toda Israel pertenceria a eles somente se eles fossem dignos. (xxxiii)

A doutrina contida em Deuteronômio e no Livro de Mórmon sobre o convênio de Davi são notavelmente semelhantes, mas se opõe à definição de convênio encontrada na versão J. Para os autores do reino de Judá o convênio é incondicional.

3- A Proibição dos Ídolos: As versões E e J diferem no mandamentos que proíbem os ídolos. A versão do reino de Judá proíbe somente imagens fundidas, as quais os estudiosos bíblicos vêm como objetivando os bezerros de ouro de Jeroboão ou o El-touro que marcou os dois santuários do reino de Israel. Por um lado a versão E denuncia tanto as imagens fundidas quantos as gravuras, incluindo os querubins (xxxiv) do templo de Jerusalém. A lei, conforme encontrada no Livro de Mórmon, concorda com a versão E; ela proíbe tanto as imagens fundidas quanto as gravuras (v. Mosias 13: 13 e 1 Néfi 20:22). Néfi parece confirmar este princípio quando inscreve em seu registro as palavras de Isaias "Como fiz a Samaria (Efraim) e aos seus ídolos, não o farei igualmente a Jerusalém e aos seus ídolos?"(2 Néfi 20: 11)

Quando comparado com as conclusões das pesquisas bíblicas, parece haver pouca dúvida de que o Livro de Mórmon foi escrito com certo preconceito do autor do reino de Israel daquele período. Portanto, como o livro declara, os autores do Livro de Mórmon devem ter sido o produto da fé e das tradições daquele reino.

Teste 6: Haviam profecias "proferidas pela boca de Jeremias"?:

À primeira vista, este pode parecer que seja um duro teste para a autoria do Livro de Mórmon. Cada Bíblia e a Torah contém o livro de Jeremias. A chave é que até há poucos anos foi amplamente afirmado pelos estudiosos que foi Jeremias quem escreveu o Livro de Jeremias. Hoje em dia os estudiosos acreditam que foi Baruque, filho de Nerias quem o escreveu. "Então Jeremias chamou a Baruque, filho de Nerias; e escreveu Baruque da boca de Jeremias todas as palavras do Senhor, que ele lhe tinha revelado, no rolo de um livro".

Friedman escreve: "Nós temos um retrato explícito de Jeremias ditando suas profecias a Baruque, o qual as escreveu no rolo de um livro”. (Jeremias 36: 4) (xxxv) O livro de Mórmon é consistente com as evidências bíblicas ao declarar que as placas de latão, que continham as profecias  de Jeremias, não foram escritas por sua mão, mas foram "proferidas pela boca de Jeremias" (1 Néfi 5: 13)

Teste 7: Lei foi colega de Jeremias?

O texto de Néfi sugere que seu pai era um colega espiritual do profeta Jeremias (1 Néfi 7: 14). Como isto pode ser confirmado?

Primeiro: Lei conhecia as escrituras que Jeremias havia citado (1 Néfi 5:13). Como Lei as poderia ter conhecido sem que ele tivesse seguido Jeremias e ouvido seus sermões?

Segundo: Parece que Néfi e seus descendentes admiravam Jeremias, pois ele é citado pelos profetas do Livro de Mórmon mais de quinhentos anos depois de sua morte (Helaman 8: 20).

Terceiro: Lei sabia quando Jeremias havia sido colocado na prisão (1 Néfi 7: 14).

Quarto: A mensagem de Lei parecia ser o eco da mensagem de Jeremias, "arrependei-vos ou sereis destruídos", e a reação dos judeus à mensagem de Lei era similar a como eles trataram Jeremias; ele foi ridicularizado (1 Néfi 1: 19-20) e procuraram tirar-lhe a vida (1 Néfi 2: 13).

Considerando que Lei era do reino de Israel, o pensamento da Hipótese Documentária argumentaria que ele deveria ter as mesmas raízes religiosas que Jeremias. Há algumas pesquisas bíblicas que sugerem que a mensagem de Jeremias era realmente a mesma que a de Lei. Néfi, filho de Lei, falou de Moisés como uma grande figura heroica, cujo exemplo eles procuravam seguir (1 Néfi 4:2). Néfi usa a história da serpente de bronze enquanto ensinando seus irmãos (1 Néfi 17:41). O Livro de Mórmon inclui um profeta do Novo Mundo chamado Samuel, possivelmente indicando que o nome do Samuel bíblico aparecia nas placas de latão e que o profeta do Velho Mundo era tido em alta estima pelos descendentes de Lei.

De acordo com as evidências da Hipótese Documentária, estes são paralelos diretos daquilo que Jeremias ensinou. Friedman acredita que Jeremias era um sacerdote levita de Shiló, que havia sido o centro religioso do reino de Israel. Jeremias, como Lei, provavelmente era um descendente dos refugiados que vieram do reino sulista de Israel para Judá antes da invasão de sua pátria pelos assírios. Friedman escreve que Jeremias " é o único profeta que alude a história da serpente de bronze de Moisés. A história dessa serpente vem da versão E, a fonte escriturística de Shiló.

O rei Zedequias esmagou essa serpente. A destruição de uma velha relíquia que estava associada com o próprio Moisés provavelmente foi como um a bofetada nos sacerdotes de Shiló. Eles eram os únicos que contavam essa história, eles tinham Moisés em grande estima, e eles podiam ter sido descendentes de Moisés.

...Ele (Jeremias) é também o único profeta a referir-se a Samuel, o sacerdote-juiz-profeta que era a maior figura da história de Shiló. Jeremias fala de Samuel lado a lado com Moisés como os dois grandes homens da história do seu povo. (xxxvi). Entretanto, a maior evidência significativa de que eles ensinavam a mesma mensagem era o tratamento que davam ao convênio de Davi. Nós já vimos como a doutrina do Livro de Mórmon sobre o convênio condicional / incondicional compara-se exatamente com aquela do Deuteronômio. Mas o que isso tem a ver com Jeremias e Lei? De acordo com Friedman, todas as evidências sugerem que Jeremias ditou a Baruque os ensinamentos de Moisés, que se tornaram o livro de Deuteronômio. (xxxvii)

Teste 8: A versão P existiu no tempo de Néfi?

Em minha comparação entre as quatro versões da Hipótese Documentária dos livros de Moisés com as placas de latão, eu sugiro que a versão P, a versão dos códigos e leis sacerdotais, não estava nas placas de latão. Entretanto, isto não é uma falha do Livro de Mórmon, mas sim um argumento convincente de que sua autoria é genuína. Por quê?

Primeiro: do que a Hipótese Documentária nos fala do conteúdo desta versão, seria improvável que Labão, Néfi ou qualquer outro do reino de Israel a tivesse considerado como escritura sagrada.
Segundo: apesar de que a versão P não é explicitamente mencionada no Livro de Mórmon, há vários versículos no livro que sugere a existência dessa versão.

Friedman credita a versão P como contendo "um tremendo corpo de leis, cobrindo quase trinta capítulos de Êxodo e Números, e todo o livro de Levíticos (xxxviii). Essas leis e códigos escriturísticos dos profetas do reino de Israel teriam sido incluídos nas placas de latão? São elas escrituras? Não há corpo de leis ou códigos no Livro de Mórmon. De acordo com o professor Eduard Reuss os escritos da versão P nunca foram mencionados pelos profetas antigos (xxxix). Se eles não foram mencionados pelos profetas, porque eles teriam que ser encontrados nas placas de latão? Certamente, a argumentação da Hipótese Documentária implicaria em que os autores do reino de Israel não teriam lugar para a versão P entre seus sagrados registros".

Da mesma forma, o Livro de Mórmon sugere que doutrinas ou manuscritos que incluíam falsos ensinamentos circulavam entre os judeus no tempo de Lei. A versão P era, de acordo com a Hipótese Documentária, uma invenção dos sacerdotes de Judá; ela era refutação das versões J e E.

Jeremias era da escola da versão E, e ancestral reino de Israel. Estudiosos bíblicos apoiam que Jeremias era extremamente crítico à versão P. Friedman explica: Jeremias conhecia as leis sacerdotais e as histórias. Ele não gostava delas, mas ele as conhecia. Quão hostil ele era para com elas pode ser visto numa extraordinária passagem no livro de Jeremias. Ele diz ao povo: "Como dizeis, somos sábios, e a thrah de Yahweh está conosco? De fato, aqui, está feito como uma mentira, a pena mentirosa dos escribas". (xl)

Jeremias era abertamente crítico à versão P. Por quê? A Hipótese Documentária sugere que a versão Sacerdotal P diminui a importância dos profetas e da Torah e impulsiona a necessidade de uma adoração centralizada e dos sacerdotes. Sacrifícios e outros ritos podiam somente ser realizados através de um sacerdote e usualmente apenas num templo. Já a versão E enfatiza os profetas. Toda a versão P, de longe a maior de todas as versões, somente menciona os profetas uma vez. (xli) Realmente, a infrutífera missão de Jeremias e de Lei de persuadir os judeus a rejeitar a versão P é o que possivelmente levou ao fim do que os estudiosos chamam de "a grande época dos profetas". Este período terminou pouco depois da morte de Jeremias. (xlii) Um profeta em particular pareceu ter sido trivializado pelo autor da versão P. Foi José do Egito. Friedman explica: A história de José, por exemplo, é de quase dez capítulos nas versões J e E, mas é de apenas umas poucas sentenças na versão P. Nós podemos explicar isto parcialmente reconhecendo que a pessoa formou a versão P rejeitava os anjos, os sonhos, os animais falantes, e o antropomorfismo de J e E. Assim ele eliminou a maioria das histórias de José, que envolve seis sonhos. (xliii)

Assumindo que a Hipótese Documentária da versão P existiu, Lei certamente estaria lado a lado de Jeremias ao proclamar essa falsidade. As própria revelações de Lei vieram em forma de sonhos (1 Néfi 2:2; 3:2, 8; 16:9) e a figura central dos ensinamentos de Lei era o profeta José, o grande patriarca de sua família (2 Néfi 3) Profetas e profecias eram a crença central de Leí e Néfi . A razão pela qual Néfi foi enviado para obter as placas de latão era que assim a família teria um registro das profecias dos santos profetas. (1 Néfi 3: 19-20) Néfi ensinava que "[as coisas espirituais] foram manifestadas ao profeta pela voz do Espírito" (1 Néfi 22:2), e que as palavras dos profetas são necessárias para a salvação.

Realmente, a existência de uma versão P, que diminui a importância dos profetas, é fortemente incluída no texto de Néfi. Escrevendo a respeito da missão de seu pai, Néfi declara, "E quando ouviram estas coisas, os judeus iraram-se contra ele; sim, como haviam feito com os profetas antigos, a quem tinham expulsado e apedrejado e matado; e procuraram também tirar-lhe a vida." (1 Néfi 1: 20) Mais tarde ele escreveu que "Jerusalém deveria ser destruída por causa da iniqüidade do povo. Pois eis que rejeitaram as palavras dos profetas." (1 Néfi 3: 17-18) Néfi não está falando apenas de alguns eventos do passado, mas de uma rejeição dos profetas pela geração corrente em Jerusalém, talvez aqueles que estavam seguindo a versão P. Ele escreve: "Pois eis que o Espírito do Senhor logo cessará de lutar com eles; pois eis que eles rejeitaram os profetas e lançaram Jeremias na prisão. E procuraram tirar a vida de meu pai, a ponto de fazerem-no sair da terra." ( 1 Néfi 1: 14)

Teste 9: A versão D: Como Deuteronômio pode ter sido parte do Livro de Mórmon?

Estudiosos da Hipótese Documentária acreditam que as versões E e J eram combinadas nos primeiros quatro livros de Moisés, antes da versão P ter sido escrito algum tempo entre os anos de 722 a.C e 609 a.C (xliv).

Portanto, uma versão dos quatro primeiros livros de Moisés realmente existia no tempo de Néfi. Entretanto, o jovem profeta identificou um conjunto de escrituras nas placas de latão que continham os cinco livros de Moisés. Era isso possível no tempo de Néfi analisando sob as conclusões trazidas pela moderna erudição bíblica? A Hipótese Documentária afirma que o livro de Deuteronômio, versão D, era o livro encontrado no Templo de Jerusalém por Hiquias em 622 a.C (xlv) e como Friedman afirma, ele foi provavelmente ditado por Jeremias. Estudiosos bíblicos declaram que o rei Josias usou esse livro pra instigar uma reforma religiosa em todo o seu reino. (xlvi) É razoável acreditar que o rico Labão, o qual era associado  aos anciãos da cidade de Jerusalém (1 Néfi 4: 22), teria estado de posse de tal código religioso e o teria inscrito nas placas, junto com outros registros sagrados. Labão parece ter sido um membro influente do reino de Israel na comunidade de refugiados instalada em Jerusalém depois da queda desse reino em 722 a.C. Os estudiosos sugerem que Jeremias era um sacerdote da ordem que tinha estado em Shiló, e fazia parte da mesma comunidade refugiada de Lei e Labão. Se Jeremias ditou o Deuteronômio, Labão indubitavelmente teria tido acesso a ele.

O registro do Livro de Mórmon de que o Deuteronômio estava nas placas de latão está em harmonia com as evidências dos estudos bíblicos. Se a afirmativa de Néfi de ter visto os cinco livros de Moisés tivesse ocorrido vinte e cinco anos antes, as atuais evidências bíblicas poderiam ser usadas para despachar o Livro de Mórmon como uma fraude. Entretanto, o oposto é que acontece. Néfi deixou Jerusalém com uma cópia dos cinco livros de Moisés antes da destruição dessa cidade pelo rei Nabucodonosor. As evidências da Hipótese Documentária implicariam que tal asserção apenas poderia ser verdadeira se o autor inicial do livro tivesse deixado Jerusalém entre os anos de 622 a.C (quando Deuteronômio foi descoberto no templo) e perto do ano 587 a.C (o ano em que Jerusalém foi destruída).

O Livro de Mórmon registra que Néfi deixou Jerusalém perto do ano 597 a.C. Sendo que os estudiosos bíblicos afirmam que o Deuteronômio foi descoberto em Jerusalém no ano de 622 a.C, o autor original do Livro de Mórmon devia estar situado em Jerusalém ou perto dela, na ocasião em que Néfi declara que sua família deixou a cidade. As evidências históricas sobre a autoria de Deuteronômio não eram conhecidas em 1830, e ainda determina que o primeiro autor do Livro de Mórmon devia ter estado em Jerusalém no tempo em que ele reivindica ter estado.

Em resumo, a principal escola de estudos bíblicos, a Hipótese Documentária, provê evidências convincentes nas áreas da lingüística, iconografia e história que podem ser usadas para mostrar que o primeiro autor do Livro de Mórmon veio de descendentes do reino de Israel e que eles estavam intimamente familiarizados e atentos com as comunidades teopolíticas de Jerusalém no ano 600 a.C.

Para ter escrito no Livro de Mórmon, seu autor inicial deveria ter vivido em Jerusalém, ter descendido das tribos do reino de Israel, e ter conhecimento de primeira mão as doutrinas que eram apoiadas e rejeitadas pelo profeta Jeremias.

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